Darkness of Heart - Chapter 1: Heart
Eu estava caído, sem nenhuma vontade de levantar. A dor que eu sentia era como se estivessem amaçando meu coração, eu não queria viver, não queria comer, não queria ninguém, só ele, meu Eric.
Já havia uma semana que ele havia ido embora. Elena me visitava todo dia, as vezes chorava comigo. Eu passei dias inteiros olhando para o nada pensando porque ele havia me deixado. Acho que ele me odiava pra fazer isso, ele sabia que eu iria sofrer, o que nós tínhamos era pra sempre, talvez a dor fosse eterna assim como nosso amor.
Sempre quis viver livre. Tarde demais, eu já estava preso a dor tanto quanto estava preso a Eric.
As dores em meu abdômen só aumentavam, as vezes eu chorava encolhido. Chorava pela dor física e emocional. Se eu comia era porque minha tia me obrigava, não porque eu queria.
Todo dia eu relembrava os meus momentos com ele, todos os dias, várias vezes, sem nunca esquecer.
Havia vezes que eu enchia a banheira de água e ficava lá por três horas chorando, a água morna fazia a dor no meu abdômen diminuir.
Minha tia tentara me privar de visitas, a única que eu gostava de ver era Elena, ela entendia minha dor, ela também fora deixada pra trás. Eric era seu único filho. Ele sempre segurava minha mão, ela até colocara minha cabeça em seu colo pra que chorasse.
Eu sempre achei que a pior dor era sempre a atual, mas agora eu podia dizer que essa era a pior, nem perder meus pais doeu tanto. Eu nunca me arrastei tanto, eu nunca quis tanto morrer. As pessoas diziam entender o que eu sentia, mas não, elas não sabiam, elas não carregavam o peso que eu estava sentindo, o veneno não queimava as veias delas, o ar nãos as sufocavam, elas não podiam dizer que me entendia.
***
Elena adentrou meu quarto com seu sorriso fraco. Eu não correspondi, não tinha vontade de fazer isso.
-Como está a dor?. Ela falou se sentando ao meu lado.
-Só piora, não passa, já tomei remédios. Falei olhando pra ela.
-Posso marcar uma ultra sonografia pra você.
-Posso ser atendido por você?
-Não, porque não sou especializada nisso, se fosse uma ultrassom sim, mas estarei com você se quiser. Eu assenti.
-Pode marcar.
-Vou marcar para daqui a dois dias tudo bem?
-Tudo bem. Suspirei pesaroso.
-Eu sei que sente falta dele, também sinto, ele sempre foi meu garotinho, meu homenzinho, mas ele escolheu ir, por mais que eu quisesse eu não poderia fazer nada, eu poderia ter feito se soubesse antes dele partir, mas ele não me disse, só deixou a carta. Acredite, ler aquela carta me doeu tanto quanto em você, mas tenho que lidar com a dor. Elena começou a chorar e segurou minha mão. - Seja lá o que você esteja passando, eu estou com você querido, nós perdemos a mesma pessoa.
-È pior do que se ele tivesse morrido, eu sei que ele está vivo, que foi escolha dele nos deixar. Falei soluçando.
-Você vai ficar bem, nós vamos ficar bem.
-Promete?
-Sim querido. Elena me abraçou.
-Obrigado. Eu falei.
-De nada. Ela falou me afastando do abraço e passando a mão em meu rosto molhado.- Tenho que ir querido, preciso dormir ou não estarei pronta para o próximo plantão.
-Tudo bem. Assenti.
-Adeus, fica bem.
-Você também.
Elena se foi e eu fiquei só novamente. As visitas dela eram sempre rápidas, mas ela nunca deixara de me confortar.
Se eu não estava deitado, era sentado, e sempre olhando pro vazio.
***
Era a noite, minha tia tentara me convencer a comer, apenas tomei chá com alguns biscoitos. Já eram 23:00 da noite. Ouvi um barulho na janela, pensei ser ele, mas era Caius. Apenas me ajeitei na cama.
-Vim ver como está?. Ele disse ao pé da cama, com os braços cruzados.
-E você se importa?. Falei olhando em seus olhos.
-Sim, é claro, querendo ou não você faz parte da nossa alcateia, sinto isso mesmo você não sendo um lobisomem ou Eric não ser mais da minha alcateia.
-Desculpa ter falado assim é que tá difícil pra mim, entende?
-Entendo, e sei como é perder alguém que se ama, mas acredite Eric não morreu, ele só foi embora por um tempo.
-Por um tempo? Por um tempo?. Falei exaltado.
-È, um lobisomem não fica muito tempo longe do companheiro, mesmo que ele queira, ele não consegue, e Eric te ama, nem ele nem o lobo dele vai conseguir isso.
-Não faça isso Caius.
-O que?
-Não me dê esperanças, isso dói.
-Você deveria sair, vá ver o treinamento amanhã.
-Não estou com cabeça pra isso.
-Se não for eu venho te buscar. Ele falou arqueando a sobrancelha.
-Ok, eu vou. Suspirei alto.
-Se você não for eu venho te buscar. Ele saiu pela janela.
Pouco tempo depois entra Sam, ele sorri pra mim.
-Oi. Ele fala sem graça.
-Oi. Dou um sorriso fraco.
-Você tá melhor?
-Não, ainda sinto falta dele.
-Posso te fazer uma pergunta?
-Faça.
-Posso dormir aqui com você?
-O que? Porque?
-È que me sinto mal por te deixar sozinho, gosto de você, quero ser seu amigo.
-Você já é meu amigo Sam, um ótimo amigo, e sobre você dormir, pode sim.
-Valeu, e é sério que me acha um bom amigo?. Assenti.
-Você não ronca, não é?
-Não. Sam riu -Eu acho que não. Eu ri, ele riu.
-Parabéns Samuel, você conseguiu me fazer rir. Falei.
-Sou bom nisso, eu acho...
-È, nem tanto. Falei rindo.
-Como está Charlie?
-Bem. Falei apontando o gato ao lado da cama.
-Acho que tá tarde, é melhor você ir dormir.
-O que? Tá brincando né?
-Não, tá tarde e isso é hora de criança ir dormir.
-Mas Sam...
-Mas nada, vamos dormir. Ele falou tirando o tênis e se deitando ao meu lado, mas sem encostar em mim. Sam puxou o cobertor, para cima de nós dois, ele estava de frente pra mim. Minha tia bateu na porta e entrou, olhando Sam meio confusa.
-Opa, desculpa ter interrompido. Ela falou sorrindo sem graça.
-Ah tia Eliza, esse é meu amigo Sam. Falei indicando Sam que se levantou e foi até minha tia e beijou sua mão.
-Ora, mas que cavalheiro, e pelo visto um lobisomem também, porque não usou a porta da frente não é?. Minha tia sorriu.
-Desculpa Eliza. Sam falou sem graça.
-Tia Eliza, Sam vai dormir aqui ok?, Falei.
-Tudo bem, é bom pra você ficar com amigos, Boa noite Sam. Minha tia passou a mão no cabelo de Sam. -Boa noite Diego.
-Boa noite tia Eliza. Falei enquanto ela saia. Sam voltou e deitou na cama comigo.
-Sua tia é muito legal. Sam falou.
-Sim ela é, tem me ajudado bastante.
-Tenho percebido algo diferente em você.
-O que?
-Não sei, um cheiro diferente, mais forte, mas não ruim, é bom, só que diferente.
-Bom de qualquer forma eu estou aqui não?
-É está sim. Sam disse e fechou os olhos. Me virei de costas pra ele, e um silêncio pairou sobre o quarto, como uma brisa fria. Nenhum som, somente respirações. E não sei porque comecei a chorar. - Porque está chorando?. Sam perguntou, ele começou a alisar meu braço.
-Eu sinto falta dele. Falei baixinho.
-Eu estou aqui com você. Sam falou. Em seguida ele me abraçou por trás e encostou a cabeça em meu ombro. Era quente, e pela primeira vez desde que Eric havia partido, eu me senti bem, e seguro.
-Obrigado Sam, te amo. Falei encostando minhas costas nele o máximo que eu podia. Pela primeira vez eu dormiria bemEsse é o primeiro e ficou bem fraquinho, demorei três dias pra escrever ele. Tava sem inspiração.
Bom por hoje é só, comentem e até o próximo.
