Nossas bocas se devoravam em beijos quentes e vorazes.
Encostei meu Pokémon contra a parede, sarrando meu corpo no corpo dele. Depois desviei minha mão da sua bunda para seu pau, tocando naquele instrumento magnífico e duro. O pau do meu namorado era simplesmente perfeito. Como eu sentia saudades de tocar naquela pica, de sentir aquele mastro pulsando excitado na minha mão, de sentir toda aquela energia de homem insaciável que meu primo exalava, de respirar todo aquele cheiro de masculinidade que ele tinha e que me deixava com as pernas bambas...
Como eu sentia saudades de perder o fôlego, o rumo e os sentidos ao lado de alguém...
Começamos um a ensaboar o outro. As mãos de Guilherme passeavam pelo meu peitoral, massageando minha pele. Era relaxante sentir as mãos de Gui espalhando a espuma do sabonete sobre meu tórax.
Enquanto isso, minhas mãos deslizavam pelos braços fortinhos do meu primo, espalhando o sabonete naquela pele macia e levemente bronzeada.
E assim, fomos um lavando outro. Até ficarmos limpinhos.
Assentei no chão para ensaboar os pés do meu príncipe. Minhas mãos tocavam aqueles pés lindos, passando o sabonete pelo tornozelo, calcanhar e descendo até chegar nos dedos.
Ao mesmo tempo que massageava aqueles pés maravilhosos, eu via aquele pênis levemente duro na minha frente.
Então chegou um ponto que não resisti. Inclinei meu corpo pra frente, peguei aquele pau com minha mão direita e cai de boca.
Senti aquele polenguinho semi-duro entrar na minha boca, invadindo-me os lábios.
O meu Pokémon tinha um pau grande que aos poucos foi crescendo dentro da minha boca na medida em que o massageava com meus lábios e o lambia com a minha língua.
O polenguinho foi endurecendo até ficar completamente rígido e duro dentro da minha boca.
Meu primo desceu suas mãos em direção a minha cabeça e começou a me segurar pelos cabelos, controlando o ritmo com que minha boca acariciava sua enorme pica.
Ele começou a gemer de prazer.
- Isso Dodói!!! – ele exclamava. – Chupa gostoso o seu macho, vai... Isso... Chupa que esse pau é todinho seu, só seu.
Eu chupava saboreando cada centímetro daquele pau.
- Vai Dodói. Não pára que tá muito bom. Satisfaça o seu macho. – ele falava.
Os gemidos do meu primo foram gradativamente ficando mais alto.
Eu notei o ritmo ir acelerando.
Depois de algum tempo, Gui já estava gritando e suas coxas estavam batendo freneticamente contra meus ombros, num rito louco e desesperado.
- ISSO DODÓI... CHUPA GOSTOSO O SEU HOMEM... – ele gritava e apertava meus cabelos. – VAIII... AHHHH... HHHHH...
Senti então meu primo ejacular dentro da minha boca, despejando toda a sua porra em mim. O enorme jato quente e espesso do esperma de Guilherme se misturou com minha saliva, que eu saboreei por alguns segundos e depois engoli.
Eu me levantei e Guilherme me abraçou meigamente. Pegamos as toalhas e começamos a nos secar.
Saímos do banheiro e fomos para o quarto.
Mas aquela bundinha do meu primo na minha frente estava me provocando. Cheguei por trás e o abracei, roçando um pênis em seu bumbum.
Meu pau ficou instantaneamente ereto.
- Tarado! – exclamou Gui.
- Tarado por essa bundinha deliciosa. – eu falei e dei uma apertadinha naquele bumbum gostoso. – Tô de olho nesse tesouro desde a hora do banho.
Guilherme se arrepiou ao sentir minha mão pegando em sua bundinha e minha voz sussurrando em seu ouvido.
- Você tem que ficar me provocando? – ele falou.
- É você que está me provocando com esta bundinha. – eu retruquei. – Deixa eu brincar com ela, vai?
- Não sei cara...
Eu agarrei Guilherme por trás.
- Ôhh Pokémon Gui... Deixa, vai... Eu sei que você gosta...
Nisso, peguei no pau dele e senti que já estava meia-bomba, só pelo fato de eu estar atrás dele, roçando meu corpo nele.
Guilherme virou seu rosto para trás enquanto eu continuava a esfregar meu pau duro entre as nádegas dele. A excitação foi crescendo entre nós dois.
- Empina essa bundinha pra mim. – eu ordenei, interrompendo o beijo.
Comecei a passar a cabeça do meu pau na entradinha de Guilherme. Ele, contudo, parecia nervoso e tenso, inseguro.
- Eu não tenho camisinha!- ele exclamou, meio aliviado de não precisar seguir em frente com aquilo...
- Calminha, Pokémon. – eu falei sorrindo, todo safadinho. – Eu tenho uma na minha carteira.
- Ahh... – exclamou Gui.
Fui na minha carteira, peguei o preservativo e voltei para Guilherme, dando-lhe um beijo gostoso.
- Mas a gente não tem lubrificante, cara! – ele disse.
- Isso, a gente resolve facilmente.
Coloquei Guilherme contra a parede de costas pra mim.
- O que você está fazendo, cara? – perguntou Guilherme preocupado.
- Eu vou te lubrificar. – eu respondi.
- O quê?
- Relaxa aí e aproveita... – eu falei, me agachando.
Abri o bumbum do meu primo e vi aquele cuzinho perfeito na minha frente.
Aproximei meu rosto e comecei a lamber a região em volta do buraquinho, só para provocar meu Pokémon Gui.
Guilherme estranhou e ofereceu certa resistência para o que eu estava fazendo. Era uma sensação diferente para ele. A gente nunca tinha feito aquilo antes. Mas aos poucos ele foi cedendo.
Minha língua percorria a periferia do ânus de Guilherme. Não era uma bundinha totalmente lisinha, mas também não era excessivamente peluda. Tinha poucos pêlos.
Fui aproximando minha língua do cuzinho apertadinho de Gui. Notei que ele empinou levemente a bundinha, para facilitar o meu trabalho. Isso só podia significar que ele estava gostando, porém não queria admitir.
Ele se sobressaltou quando a umidade da minha língua finalmente tocou seu ânus. Eu sabia que ali era uma região sensível ao toque e que eu poderia proporcionar muito prazer ao meu Gui.
Comecei a lamber o buraquinho do meu namorado. Como a gente tinha acabado de sair do banho, o cuzinho do meu Gui estava limpinho e cheirozinho, estava uma delicia ficar ali lambendo a florzinha do meu primo.
Guilherme ia cada vez mais empinando a bundinha pra mim.
Com minhas mãos, fui abrindo mais ainda as nádegas dele, até deixar o buraquinho dele totalmente exposto.
Continuei lambendo aquele botãozinho gostoso, deixando-o totalmente ensopado de saliva e, sem avisá-lo, penetrei minha língua dentro dele.
Guilherme exclamou assustado. Fui enfiando minha língua até o máximo que deu e comecei a fuder aquele buraquinho com a minha língua.
Guilherme tentava disfarçar seu prazer. Mas ele estava adorando sentir a minha língua fuder a bundinha dele, seu corpo se contorcia em pequenas cosquinhas, sua boca soltava gemidos abafados e ele agora abria as pernas e empinava ainda mais o quadril para que minha língua fosse mais fundo dentro dele.
Eu me levantei e comecei a sarrar meu pênis no cuzinho de Guilherme que agora estava molhado com a minha saliva.
Peguei a camisinha e coloquei no meu pau.
Com cuidado e carinho enfiei a cabeça do meu pau dentro de Gui.
- Com cuidado! – ele advertiu. – Tem mais de um ano que a gente não faz isso. É como se eu estivesse virgem de novo! Ele tá fechadinho.
E realmente. O cuzinho de Guilherme estava muito apertadinho, o que me deixava com mais tesão ainda. Mas eu precisava ter cuidado para não machucá-lo, eu não podia me deixar levar somente pelo meu tesão, senão eu iria acabar estuprando aquele moleque gostoso.
Sutilmente eu fui penetrando a bundinha do meu namorado. Gui parecia um pouco desconfortável, mas eu sabia que logo logo ele ia se acostumar...
- Ele tá grande... – comentou Gui, enquanto prendia a respiração. – Pra quê um pau tão grande, meu deus?
- É pra te comer melhor, chapeuzinho. – eu falei caçoando.
- Espera... Espera... – pediu Gui, mas eu não lhe dei ouvidos, fui penetrando meu pau no cuzinho dele até entrar ele todo.
- Agora respira com calma meu Pokémon. – eu falei. – Já já você acostuma.
- Acho que não vou conseguir acostumar, cara. – ofegou Guilherme. – Parece que tá me arrebentando por dentro.
- Calma, lindo. – eu o tranqüilizei.
Nisso, minha pica estava explodindo de dura dentro do cuzinho apertado de Guilherme. Quanto mais gemidinhos de dor ele dava, mais tesão eu sentia.
Passados alguns minutos, senti que ele estava mais acostumado, então comecei a bombar num ritmo devagar.
Gui gemia e contorcia o rosto enquanto eu fodia deliciosamente o rabinho gostoso dele.
- Véi, como que eu estava com saudade de entrar em você! De possuir você! – eu exclamei.
- É? – falou Gui taradinho.
Meu tesão acho que foi contagiando meu primo e quando eu percebi, ele já estava excitado também e de pau duro.
- Quem é o homem agora? Quem é o homem agora, hein, hein? – eu urrava enquanto fodia a bundinha do meu namorado.
Meu pau estava duro igual uma viga de aço e eu estava arreganhando com prazer o cuzinho do meu primo.
- Tá gostando de ser arreganhado? – eu perguntava tarado.
- Ahhh Dodói, não para cara. – falou finalmente Guilherme, deixando o constrangimento e a vergonha de lado. – Continua cara. Não pára. Tá muito bom.
Gui se masturbava enquanto sentia meu pau arrombando seu rabinho.
- Isso Guizinho, dá gostoso pro seu macho. – eu ordenava. – Rebola no meu pau, vai...
Guilherme obedecia e dava umas reboladinhas de leve no meu cacete, me deixando mais louco de tesão ainda.
- Ahhh Dodói, seu pau é muito grande...
- Você gosta do cacete do seu macho? Gosta?
- Gosto! Vai... Isso... Assim...
Fui aumentando progressivamente o ritmo das estocadas. Nós dois parecíamos dois animais selvagens se acasalando. Era simplesmente muito bom comer aquela bundinha do meu primo.
Percebi a respiração do meu primo ficar cada vez mais ofegante. Depois de alguns minutos, vi ele não resistir e gozar enquanto meu cacete arregaçava ele. Logo imediatamente depois de gozar, o cuzinho dele se contraiu, estrangulando de forma prazerosa o meu pau. Eu não resisti e gozei também dentro dele, sujando o preservativo que cobria o meu pênis.
Deitamos exaustos na cama, um namorando o outro com os olhos.
Guilherme ficou fazendo carinho no meu rosto...
- Eu não fiquei com ninguém lá na Irlanda. Tive várias oportunidades, mas simplesmente não quis. Fiquei até surpreso por não sentir vontade de querer ficar com alguém, sabe. Só conseguia pensar em você e nada mais. – declarou-se Guilherme.
Em seguida meu primo ficou me encarando, esperando que eu dissesse algo. Porém, diante do meu silêncio, ele resolveu se adiantar.
- E você? Você ficou com alguém?
Ele fez uma carinha tão meiga pra fazer a pergunta. Tive vontade de morder aquele anjinho. Tão fofinho com aquela carinha de carente.
Hesitei em respondê-lo.
- Bom Gui... Eu achei que você tinha terminado comigo né... – eu falei.
- An... – exclamou Gui, pedindo pra eu prosseguir na fala.
Ponderei durante um curto instante.
- Daí eu tinha terminado com a Monise, mas depois acabei voltando pra ela... Entende?
- Ahhhh... suspirou Gui, parecendo bastante aliviado. – Mas e garoto? Eu tô perguntando de garoto. Você ficou com algum outro garoto?
A aflição disfarçada de tranqüilidade na voz de Guilherme me deixou preocupado. A imagem de Ferdinand pairou sobre a minha cabeça. A resposta demorou a sair da minha boca.
- Não. – eu finalmente disse. – Eu não fiquei com nenhum garoto.
A mentira fez com que eu desviasse meu olhar para a parede, incapaz que eu era de mentir olhando nos olhos.
Guilherme sorriu feliz e me abraçou.
- Eu sabia! – ele exclamou. - Ahh cara, eu te amo tanto...
O sorriso de Guilherme era lindo e ele ficava ainda mais bonito com aquele rostinho alegre e buliçoso.
Não consegui retribuir o mesmo sorriso radiante. No lugar, apareceu no meu rosto um sorriso azedo, fraudulento, de quem viu uma rachadura no chão, mas colocou um tapete por cima pra esconder a verdade.
- Você é só meu. – ele falou.
Naquele momento, eu me senti a pessoa mais especial e sortuda do mundo...
Gui avançou seu rosto sobre o meu e nossos lábios se encontraram para um beijo romântico e carinhoso.
5 minutos depois o alarme do meu celular tocou, interrompendo os dois pombinhos que se entrelaçavam em beijos apaixonados e caricias inocentes.
- Meus Deus! – exclamei. – O livro! Preciso falar com a Taís antes que ela chegue em casa.
Levantei-me apressado da cama. Tinha sido uma boa estratégia ter colocado o alarme para tocar.
Guilherme se levantou também, vestindo sua cueca que estava no chão.
- Você vai ficar aqui. – eu falei para ele. – Eu prefiro ir sozinho. E você também deve estar cansado da viagem.
Gui assentiu com o rosto.
Vesti rapidamente minhas roupas e sai da pousada, peguei o carro e fui embora em direção à rua da casa de Monise.
Chegando lá, parei o carro num lugar mais afastado da casa dela e fiquei esperando Taís na esquina da rua.
Os ponteiros do meu relógio rodaram, o vento soprou, o tempo passou. Esperei mais de 30 minutos por Taís.
Eis que finalmente a vi apontar na rua, carregando um fichário na mão.
Corri até ela, minha respiração denunciava a minha tensão e ansiedade.
- Marcos? – estranhou ela.
- Taís...
Eu não sabia ao certo como abordar o assunto com ela.
- Eu tô precisando do livro que te emprestei. – eu falei ofegante.
- Você tá falando de “O Príncipe”? – ela indagou. – É tão urgente assim?
- É. É urgente. – eu respondi.
- Por que é urgente? – ela perguntou inocente.
- Porque é. – eu respondi seco. – Você já leu ele?
- Já. – ela respondeu.
A resposta dela veio como uma onda de choque.
- Todo? – perguntei engolindo em seco.
- Sim. Todo. – ela falou.
Senti-me mais aliviado. Se ela tinha lido todo e estava agindo normal comigo, era porque ela evidentemente não tinha visto o bilhete de Guilherme.
- Você pode me devolver o livro então? – eu pedi.
- Não. – ela respondeu, mantendo a mesma tranqüilidade na voz.
- Não? Por que não? – perguntei.
- Eu quero mostrar uma coisa para Monise antes de devolver o livro pra você... – ela disse.
Coloquei a mão na testa. Minhas pernas começaram a tremer.
- Que coisa? – eu perguntei ingênuo.
Subitamente Taís mudou o tom de sua voz.
- Não se faça de boba, sua bicha escrota. Eu quero você longe da minha irmã, tá entendendo!?
Taís voltou ao seu andar, passou por mim me dando uma ombrada e seguiu rumo a sua casa.
- Espera Taís. – eu pedi. – Você ainda não contou para a sua irmã?
Taís parou e virou-se pra mim.
- Ainda não. – ela respondeu. - Ainda não achei a melhor forma de mostrar pra ela. Eu sei que vai ser muito difícil pra ela...
Aproximei-me da irmã de Monise.
- Taís, por favor, não conte para ela. Por favor. – eu supliquei.
- Ela é minha irmã! É claro que eu irei contar para ela, e nada que você fizer poderá mudar a minha idéia. Se fosse o contrário, eu iria querer que ela me contasse e iria querer ter ela por perto para poder abraçá-la e chorar.
Dito isso, Taís novamente se virou e prosseguiu em seu caminho.
- Espera! – eu pedi mais uma vez.
Ela parou, me encarando com repudio.
- Deixa eu contar pra ela. – eu pedi. – É o mínimo que eu tenho que fazer.
Taís parou por um momento...
- É... Se você ainda tem algum respeito por ela, o mais certo seria você contar pra ela. É a coisa mais digna a se fazer... Mas sinceramente? Pra mim, você não tem mais dignidade nenhuma. Você é um veado otário que enganou a minha irmã.
As palavras de Taís me machucavam. Até pouco tempo atrás nós dois nos dávamos super bem e agora era simplesmente muito estranho vê-la me tratando assim.
Mas o meu respeito e consideração por Monise era maior. Eu queria que ser sincero com ela. Se ela tivesse que saber do meu romance com Guilherme, eu preferia que ela ficasse sabendo de mim do que pela irmã dela.
- Por favor, deixa eu mesmo contar pra ela. – eu pedi.
- Tá bem. – concedeu Taís. – Quando que você vai contar?
- Deixa só passar a Festa Country, porque a gente já comprou os ingressos...
Taís vacilou por alguns segundos.
- Está bem. Mas se você não contar no dia seguinte depois da Festa Country, conto eu! – ela falou e foi embora.
Minha cabeça começou a borbulhar... Qual seria o melhor jeito de contar? Haveria o melhor jeito? Eu sabia que a noticia seria um tremendo choque para Monise. Eu não conseguia nem imaginar como que ela iria reagir.
A Festa Country era daqui a dois dias. Portanto, isso significava que eu teria apenas dois dias para pensar como que eu jogaria a "bomba" em Monise.
Voltei para a pousada onde estava Guilherme. Conversei com ele sobre a situação. Ao invés dele me ajudar, ele ficou bobo-alegre de saber que eu ia terminar com Monise e que agora eu seria só dele.
Depois voltei para casa. Marcelo, meu irmão que vocês já conhecem, estava cuidando de Márcio, meu irmão de 5 meses de idade que tinha nascido. Meus pais tinham saído.
Fui direto para meu quarto. Peguei o porta-retrato em cima da minha estante. Havia ali uma foto minha com Monise. Eu estava olhando para cima fazendo pose de artista e ela estava com a cabeça apoiada em meu ombro, sorrindo. Senti um vazio dentro do peito. Comecei a lembrar dos meus bons momentos com Monise. Sim, nós tínhamos tido nossos bons momentos, nossas risadas que só a gente entendia, nossos instantes de cumplicidade, nossos planos para o futuro... Era triste saber que iria acabar e dessa vez seria impossível ter volta, eu estava prestes a confessar para ela que eu estava apaixonado por outro garoto... Eu não sabia se teria forças para isso, mas ao mesmo tempo não podia deixar que ela ficasse sabendo disso pela boca de Taís.
Era um fim de namoro injusto. Depois de tudo que eu e Monise tínhamos vivdo, eu tinha acreditado que ela seria para sempre... Vida complicada, quisera eu mandar em meu coração. Também não adiantava eu viver com ela uma mentira, esse era o único argumento que me consolava.
Sequei as lágrimas que desciam dos meus olhos, me perguntando se algum dia ela me perdoaria...
Deitei na minha cama, coloquei meus fones no ouvido e fiquei escutando música, deixando o tempo passar e recordando a vez que eu tinha pedido Monise em namoro pela primeira vez... Ela tinha me respondido que ia pensar... Eu passara praticamente uma semana inteira ansioso e sem comer direito, esperando a resposta dela...
No dia seguinte, de tarde, levei Guilherme à rodoviária. Ele estava indo para São Paulo e de lá pegaria um ônibus para Vinhedo.
- Apesar de a gente ter ficado praticamente um ano longe, mesmo assim vou sentir saudades de você. – ele falou.
- Eu também. – eu respondi
- Boa sorte com Monise. – ele me desejou. – Vai dar tudo certo, tenho certeza. Você é um menino de ouro, não fique se remoendo de culpa. Você não tem culpa de nada, são coisas da vida.
- É... Acho que você tem razão.
- Me mande noticias sempre que der.
- Você também! – eu falei.
- Claro. Assim que as coisas se acertarem melhor lá, eu volto aqui pra te visitar.
- Vou ficar esperando. – falei, fazendo carinha triste.
- Ohh. Que lindo que você fica com essa carinha. – retrucou Gui. – Não fique assim Dodói, pense no futuro lindo que a gente vai ter.
- Tá bem. Boa sorte lá Gui.
- Não preciso de sorte. Eu tenho o espírito empreendedor. – sorriu Gui.
Nos demos um forte e demorado abraço. Poupamos o público de ver um beijo homossexual na rodoviária, não nos sentíamos bem, preferíamos agir como se fossemos dois amigos, embora as vezes fosse difícil.
Vi Gui passar pela catraca de embarque, dar as malas para o comissário colocar no bagageiro e em seguida mostrar a passagem para o motorista e entrar no ônibus.
Três minutos depois, o comissário e o motorista entraram o ônibus, que manobrou em ré para sair da vaga, para logo depois partir em direção a avenida. Consegui ver Gui na janelinha do ônibus, me dando tchau e aos poucos ir se distanciando, até perdê-lo de vista.
Voltei para casa melindrado, mas ao mesmo tempo feliz e me sentindo sortudo por ter encontrado Guilherme na minha vida.
No outro dia, dia de Festa Country, “Tudo Novo”, era o slogan da festa, de certa forma até um pouco irônico com o que eu estava vivendo.
A Festa Country era uma festa tradicional na cidade, que já estava na 10° edição, eram quatro dias de shows.
Eu, Monise, Taís e o namorado de Taís tínhamos comprado nossos ingressos com três semanas de antecedência para o terceiro dia da festa, que teria Cidade Negra e Armadinho.
...
Cheguei na casa de Monise às 21h20min da noite. Monise e Taís estavam no quarto se arrumando. O namorado de Taís, chamado Diogo, estava na sala, vendo televisão enquanto esperava.
- Tranqüilo? – cumprimentou-me Diogo, já tínhamos sido apresentados fazia algum tempo.
- Tranqüilo... – respondi.
O namorado de Taís era loirinho de olhos claros, 23 anos, estava no último ano da faculdade de Arquitetura e, na minha modesta opinião, ele era muita areia para o caminhãozinho da Taís (inclusive, Taís era bem mais feia que Monise. Em beleza, Monise estava anos-luz na frente da irmã mais velha)... Em todo casso, Taís e Diogo já namoravam a um ano e meio (Menos tempo do que eu e Monise ao todo).
- Mulheres... – bufou Diogo impaciente. – Ruim com elas... Pior sem elas...
- Eh... – concordei de forma alheia.
- Precisam demorar tanto? – ele indagou.
- Ow, você tem que fazer igual a mim. Se já sabe que elas vão atrasar, chegue atrasado. Você não viu o horário que eu cheguei?
- Hun... É verdade... Velhaco você hein...
- Vai vendo...
- Bom, pelo menos tem a novela para eu me distrair... – ele falou deboxando.
Aos 15 minutos que faltavam para dar 22h00min, apareceram as garotas na sala, devidamente bonitas.
Diogo fez aquele assovio de admiração. Eu, como não sabia fazer aquele tipo de assovio, simplesmente exclamei.
- Você tá linda. – disse pra Monise.
Instantaneamente recebi um olhar de desaprovação de Taís, como se ela me dissesse, “Estou de olho em você, nem tente gracinhas com a minha irmã”.
Fiquei, então, me questionando se Taís teria contato para Diogo sobre o meu ‘adultério’ e atos imorais que eu tinha feito com a irmã dela. A julgar pela conversa que eu tinha tido com ele, Diogo parecia não ter mudado em nada, ou ele fingia muito bem ou Taís não tinha lhe contado absolutamente nada sobre meu envolvimento com Guilherme.
- Tá todo mundo com o ingresso? – perguntou Diogo.
Todo mundo balançou a cabeça, indicando que sim.
Fomos para o Parque de Exposições, onde ocorria a Festa Country, de ônibus para não nos preocuparmos com carro.
O local estava lotado de gente.
Além do palco principal, havia o Boulevard Country, que era uma área com vários bares e, além disso, havia uma área com vários brinquedos radicais.
Resolvemos dar uma volta, pra ver se encontrávamos conhecidos, essas coisas. Tipo fazer um reconhecimento do lugar.
Achamos uma mesa num bar do Boulevard Country e decidimos assentar lá. Ficamos lá bebendo cerveja e conversando durante uns 40 minutos. Eu me sentia um pouco constrangido na frente de Taís, ela ficava me encarando de uma forma devoradora, como se eu fosse fugir a qualquer momento e ela não quisesse me perder de vista, não me deixando esquecer do compromisso que eu tinha assumido de no dia seguinte terminar meu namoro com Monise e explicar que eu estava gostando de um garoto.
Eu ficava me perguntando se eu realmente precisava explicar que eu estava gostando de um garoto, não bastaria apenas terminar o namoro com Monise? Mas Taís tinha sido clara, eu teria que contar para Monise sobre Guilherme...
Enquanto isso, Monise e Diogo pareciam despreocupados. Nada assombrava a cabeça deles.
Foi então que Diogo teve a idéia de querer ir num dos brinquedos radicais que havia na festa.
- Ah não, amor... Que coisa infantil... – resmungou Taís.
- Vamos, vai ser legal. – insistiu Monise. – Que você acha amor?
- Ah... Por mim tudo bem... – eu respondi.
- 3 votos a 1. – sorriu Diogo. – Vamos Tatá, você vai se divertir.
Caminhamos em direção a um brinquedo chamado “Queda-Livre”, que era o que estava mais próximo da gente.
Não havia fila grande para o brinquedo, a maioria das pessoas já estava indo para palco principal, pois já estava próximo do horário do show e aquela área onde estávamos era bem distante do palco principal, então poucas pessoas estavam por ali.
O “Queda-Livre” era um brinquedo onde a pessoa era erguida a uma altura de 60 metros. De lá, a pessoa era largada e caía numa rede que ficava suspensa a 20 metros do solo, que amortecia a queda.
- Quem vai primeiro? – perguntou Diogo.
Ficou todo mundo quieto...
- Vocês estão com medo! – exclamou ele. – Então eu vou primeiro. Mas vocês vão ter que ir também depois de mim.
Ele pegou a câmera fotográfica que estava dentro do bolso traseiro e entregou para Taís.
- Tatá, eu quero que você me filme pulando.
Taís pegou a câmera das mãos de Diogo e selecionou a função de filmadora da câmera.
- Tá filmando já? – perguntou Diogo, sorrindo pra câmera.
Taís fez um sinal de beleza.
Diogo foi em direção a entrada do brinquedo, pagou o ingresso, um dos funcionários do brinquedo instalou os equipamentos em Diogo e ele começou a ser erguido em direção ao céu, enquanto gritava de emoção e dava tchau para a câmera.
- Gente... É muito alto. – exclamou Monise.
Ficamos os três observando o namorado de Taís sendo lentamente erguido por cordas através de uma espécie de guindaste, ao mesmo tempo as redes que iriam amortecer a queda eram erguidas paralelamente, elas ficariam 40 metros abaixo de Diogo e 20 metros acima do chão.
Depois de poucos minutos, o guindaste parou e Diogo ficou suspenso no ar. Eram mais de 60 metros que nos distanciavam dele.
As redes terminaram de subir o que faltavam.
Uma expectativa ficou no ar...
Ele, então, foi solto dos cabos, caindo em queda-livre, sem corda segurando ele, sem nada, apenas o ar.
Era uma visão pitoresca, quase bucólica, ver aquele corpo caindo solto daquela altura.
Poucos instantes depois o corpo atingiu a rede, que desceu alguns metros amortecendo a queda.
Em seguida, a rede foi vagarosamente descendo até o chão. Diogo veio correndo em nossa direção, gritando e fazendo sinais para a câmera.
- Muito louco, meu! – ele berrava em adrenalina. – Bom demaisss!!! Acho que nunca me senti tão livre na minha vida hehehe.
Diogo estava todo agitado e tals.
- Amor, você tem que ir! Vai lá, que eu filmo você. – falou Diogo para Taís.
Taís acabou se deixando contagiar pela euforia de Diogo. Entregou-lhe a câmera.
- Diz um oi pra câmera. – pediu Diogo para Taís.
- Oi. – disse Taís dando um tchau para a câmera.
Em seguida ele virou a câmera para mim e Monise.
- Vocês acham que ela vai ter coragem mesmo de pular? Acham ou não acham? Não precisam ficar com vergonha da câmera... Marcos, você acha que ela pula?
- É... Acho que sim. – eu respondi.
- E você Monise?
- Acho que sim também. – sorriu Monise.
Depois do teatro todo em frente a câmera, Taís se dirigiu ao brinquedo.
O operador colocou os equipamentos nela e, após isso, ela começou a ser içada pelo guindaste em direção ao alto.
Diogo acompanhava a subida de Taís com a câmera, hora dando zoom, hora tirando o zoom.
Era impressionante a altura com que eles erguiam as pessoas.
Finalmente o guindaste parou. O corpo de Taís estava pequeno lá ao longe.
Então, o aparelho soltou o corpo de Taís e ela começou a cair em queda-livre, igual Diogo.
Mais uma vez, a pitoresca e bucólica imagem de um corpo humano caindo, frágil e vulnerável.
- Gente? A rede não está baixa demais não? – perguntou Monise.
Reparei na rede que amortecia as quedas. Ela não estava tão alta como antes.
Não houve tempo sequer de exclamar.
Vi o corpo de Taís caindo direto na rede e logo em seguida se espatifando no chão, a altura em que a rede estava não conseguira amortecer a queda dela...
5 meses depois
- Você tem certeza? – perguntou Adriano, por MSN.
- Pra dizer a verdade, não... – eu respondi. – Acho que vou desistir.
- Lucas, relaxa. Eu tenho certeza que você vai gostar. – disse Adriano pra mim.
Hesitei por alguns segundos. Depois finalmente teclei no MSN.
- Ah, quer saber!? Eu vou sim!!! – eu exclamei.
- É isso aí! – teclou Adriano.
Fechei o MSN e fui tomar meu banho.
Uma ansiedade invadia meu corpo. Eu estava prestes a fazer algo que eu jamais tinha imaginado que faria na vida...
A água quente escorria pelo meu corpo, lustrando minha pele. Meus pensamentos alheiavam-se em algures, enquanto meus olhos se perdiam em alhures.
Terminando o banho, me enxuguei e fui para o quarto vestir minha roupa.
Passei desodorante, depois peguei uma calça jeans azul escura e uma camisa pólo listrada de branco e verde. Calcei meu sapatênis do Mr. Cat, coloquei meu relógio de ponteiro no pulso, passei um gel no cabelo e fiquei me arrumando em frente ao espelho do guarda-roupa, vendo qual era a melhor maneira de deixar o meu cabelo. Quando me dei por satisfeito, peguei meu perfume do Hugo Boss e passei um pouco no pescoço e nos braços.
Em seguida, peguei minhas chaves de casa, meu celular, minha carteira e me dirigi para a porta do quarto..
Porém, antes de sair, um livro escondido entre ”Harry Potter” e ”O Conto da Ilha Desconhecida”, chamou a atenção dos meus olhos.
Caminhei até ele e o tirei da estante.
A capa trazia estampada o título “O Príncipe”.
Abri o livro nas últimas folhas. Havia ali um longo bilhete escrito à caneta, ocupando as cinco últimas páginas da obra.
Não consegui resistir e reli o trecho final da mensagem.
[...] "Queria te dar o mundo... Mas não o tenho.
Tenho para te dar somente aquilo que trago dentro de mim. E o que trago dentro de mim é o amor que você desperta. Tão puro, doce e imenso que eu mal posso explicar. E que junto dele carrega todas essas pequenas coisas que descrevi e muito mais. Muito mais do que cabe nesse papel.
É o que tenho e é o que te darei hoje e sempre.
Ass.: Guilherme"
Fechei o livro com lágrimas escorrendo dos meus olhos. Respirei fundo, sequei as lágrimas com as minhas mãos e ergui a cabeça. Guardei novamente o livro na estante e sai do quarto.
Eu estava sentindo um imenso vazio dentro do meu peito. Eram dez e meia da noite e eu caminhava pela calçada. As pessoas na rua pareciam alienígenas, os carros pareciam discos voadores. Eu me sentia como se eu não estivesse dentro do meu próprio corpo.
O meu cabelo levemente bagunçado me dava um toque de sensualidade hollywoodiana, enquanto meus olhos divagavam no horizonte em distração.
Atravessei uma rua, caminhei mais um cadinho e então avistei Adriano na esquina. Ele estava me esperando. Era um garoto não muito alto, magricelo e com os cabelos escuros escorridos até o ombro.
Cumprimentei-o com um aperto de mão.
- Lucas... – ele falou. – Eu achei que eu nunca iria te conhecer...
- Eu também achei que você nunca iria me conhecer... – eu respondi em um tom levemente sarcástico, ele não percebeu.
- Tem o quê? Praticamente um ano que a gente conversa por MSN, né!?
- Por aí. Deve ser uns dez meses.
- É... Desde que você chegou da Bolívia ou sei lá de onde. – falou Adriano.
Eu tentava me manter calmo.
- Você tá nervoso? – ele perguntou.
- Bom... – eu falei soltando um pequeno riso. – Eu nunca fui num lugar desses...
- Relaxa, você vai ver que não é nada de outro mundo...
Eu passava a mão na testa (um tique que eu tenho quando estou nervoso). As minhas têmporas suavam discretamente.
- Então, vamos? – disse Adriano.
Hesitei. Eu não tinha certeza nenhuma de que queria ir para aquele lugar... Mas que outra opção eu tinha? Eu precisava desesperadamente me distrair!
- Vamos! – exclamei.
Andamos poucas quadras e lá estava aquela pequena casa de dois andares, espremida entre dois prédios altos. Na porta havia um menino emo, metido a estilosinho, que era uma espécie de recepcionista da boate, era quem anotava os nomes e entregavas as comandas; ao seu lado havia um segurança.
Antes de nos aproximarmos mais da casa, Adriano deu uma parada.
- Tem certeza, Lucas? – ele perguntou.
- Não. – eu respondi. – Mas vamos mesmo assim.
Adriano sorriu e caminhou em direção à entrada da boate. Eu fui logo atrás.
Olhei para o céu, desacreditando que eu iria entrar numa boate GLS(!). Há apenas poucos dias atrás eu nunca teria imaginado isso. Era muita loucura para a minha cabeça. Há poucos dias atrás eu acreditava que ia ficar com Guilherme para sempre... Mas ele tinha terminado o namoro comigo e agora parecia que minha vida não havia chão, minha vida parecia flutuar sem sentido.
- Qual o seu nome? – perguntou o menino emo.
- Adriano Botelho.
O menino emo escreveu o nome de Adriano em uma lista e em seguida entregou-lhe uma comanda com o seu nome. Adriano subiu as escadas que adentravam a boate.
- Boa noite. – sorriu o menino emo. – Qual o seu nome?
Gelei na hora. Eu não queria falar o meu nome verdadeiro. Imagina o meu nome ficar registrado naquele lugar...
- Lucas. – eu falei mentindo, mas tremendo de medo que ele me pedisse para olhar a minha carteira de identidade e visse que meu nome era, na verdade, Marcos.
- Humm... Lucas de quê, benhê?
Nuss, eu precisava falar um sobrenome, não tinha prestado atenção neste detalhe. Nessa hora deu um branco na minha cabeça. Eu simplesmente não consegui imaginar nenhum sobrenome. Eu só conseguia imaginar nomes esquisitos e sem sentidos na minha cabeça, tipo sobrenomes de elfos ou então Dursleys e Granger, coisas ao estilo fantástico que obviamente não serviam para a ocasião (Por que eu tinha que ser tão criativo? Era só pensar num sobrenome de um colega, porra!).
Passaram-se segundos aflitivos. O menino emo ficou me encarando. A minha boca gaguejava e o sobrenome efetivamente não saia. Precisava ser um sobrenome acima de qualquer suspeita, um sobrenome perfeito (Aff, por que eu tinha que ser tão perfeccionista?). E nisso, o tempo estava passando. A situação estava começando a beirar o ridículo.
- Err... Duarte... – eu finalmente consegui dizer, aliviado.
- Como é que é? – perguntou o menino emo.
Eu olhei para ele suplicante.
- É Duarte. – eu falei sorrindo, mordendo os dentes. – Lucas Duarte.
Meus olhos imploravam para ele não contestar a veracidade do nome que eu tinha dito e acho que ele percebeu a tensão no meu rosto.
- Claro. – ele falou, com um sorriso meio cúmplice.
Em seguida, ele me entregou a comanda. Suspirei tranqüilo e entrei na famigerada casa.
O local não estava exatamente vazio. Mas certamente também não estava cheio, nem sequer “semi-cheio”. Havia umas cabeças aqui e ali. E graças a deus nenhum conhecido.
- Isso daqui vai lotar depois, você ver. – falou Adriano. – Tá cedo ainda. O pessoal chega depois da meia-noite.
Olhei para o meu relógio no pulso. Adriano tinha razão, nem onze horas eram.
- Vamos assentar ali no bar. – sugeriu Adriano.
- Claro. – respondi.
Uma coisa eu precisava admitir, a casa era bem decorada, um estilo retro bem paramentado. Os garçons e a garçonetes eram estilizados de acordo com a decoração.
Adriano pediu uma caipirinha.
- A caipirinha daqui é ótima. – ele falou.
- A caipirinha daqui é ótima. – ele falou.
Eu dei um sorriso.
- Se é assim, então me traz uma também. – pedi para a moça.
Fiquei conversando com Adriano, assuntos de menor importância. Aos poucos, o lugar ia enchendo. Pedi minha segunda caipirinha, era boa mesmo. Enquanto Adriano me contava sobre a negligência dele com os estudos para o vestibular, meus olhos se perdiam entre as estantes do bar, observando as várias garrafas que ali se aparelhavam, eram tantas cores, tantos rótulos, bebidas que talvez eu nunca tivesse ouvido falar...
Os meus olhos lacrimejavam, o fundo da minha alma queria desesperadamente chorar.
- Obrigado por ter saído, hoje, comigo. – falei para Adriano.
- Que isso... Deixa de bobeira. Amigos são para isso. Foi bom que a gente finalmente se conheceu pessoalmente.
- É verdade. – falei meio cabisbaixo.
- Olha, você vai ver... Daqui a pouco você vai estar todo distraído, quando abrirem a pista de dança. É uma festa só, homem beijando homem, mulher beijando mulher...
- É... Eu vou ficar só olhando mesmo. Não vou beijar ninguém, quero só me distrair...
- Hehehe... sei... – falou Adriano, em tom meio cético.
- Tô falando sério. Vim aqui só porque precisava sair, e... e... e precisava de um lugar diferente.
- Relaxa Lucas, você tá muito tenso. A noite tá só começando
Era tão estranho ouvir alguém me chamando de Lucas. Tá certo que eu estava acostumado a ser chamado por esse nome na internet, mas escutá-lo ao vivo através da voz de alguém era algo que eu ainda não estava adaptado.
O tempo foi passando e não foi sem surpresa que quando eu dei por mim o local estava praticamente lotado, já era quase meia-noite, não demoraria mais muito para eles abrissem a pista de dança.
Aos poucos eu fui quebrando o preconceito com o lugar. Achei que só teria gente feia, mas para o meu contento, até que havia alguns gatinhos lá. Antes de eu entrar na casa, a minha projeção do local era de um ambiente mal freqüentado, cheio de homens com cuecões e casacos de couro e aquelas bibas bem espalhafatosas (nada contra, mas não achei outro modo de me referir à ‘elas’). A boate, contudo, estava longe disso. O lugar era bem freqüentado, pessoas bem vestidas, a maioria você nem diria que era gay, apesar de ter uma ou outra mademoiselle, a maioria dos caras eram bem discretos.
Foi então que a pista de dança abriu.
- Daqui a pouco a gente vai, deixa a pista encher mais. – falou Adriano.
Eu assenti com a cabeça, eu estava bebendo uma cerveja e já estava meio alegrinho.
Passaram-se 30 minutos e aí eu e Adriano nos levantamos e caminhamos em direção à pista de dança, havia uma porta que separava os dois ambientes.
Passei pela porta que separava o bar da pista de dança. Imediatamente raios lasers verdes vieram na minha direção. Além disso, flashes e vários outros dispositivos de iluminação agitavam a pista. O Dj estava tocando uma música bombante chamada “Wild Rose”.
Era totalmente diferente de uma balada hetero, onde os homens ficam parados iguais urubus observando as mulheres e as mulheres ficam dançando discretamente para não parecerem vulgares. Ali, ao contrário, o pessoal batia cabelo sem piedade.
Adriano me puxou para dançar. No começo me senti deslocado, balançando os ombros e os braços discretamente igual costumo fazer numa balada hetero. Era tudo muito diferente, meu olhar demorava ao redor, observando as pessoas, era surreal aquele lugar.
Onde estavam os beijos imorais que Adriano tinha falado? Já estávamos há alguns minutos na pista e até agora nada de extravagante tinha acontecido, tirando o pessoal que estava dançando descontroladamente!
Eu não sabia o porquê, mas algo dentro de mim queria com intensidade ver os beijos e as agarrações na pista de dança.
Coincidência ou não, foi logo após ter esse pensamento que eu avistei o primeiro par de caras se beijando, praticamente a menos de um metro de distancia de mim. Fiquei boquiaberto e não consegui tirar os olhos. A boca de duas pessoas do mesmo sexo se entrelaçando... E um estava apertando a bunda do outro...
Foi, então, naquele instante que eu comecei a me sentir mais solto e descontraído. Comecei a balançar discretamente minhas pernas e deixei que a música me guiasse.
Tocou uma música, tocou duas, tocou três. Quando eu percebi eu já estava totalmente embalado pelo Dj. Adriano também dançava. Era uma sensação boa, eu podia dançar do jeito que eu queria sem achar que ia passar vergonha. E não era dança desmunhecada não! Aliás, poucas pessoas dançavam de forma desmunhecada lá. Era, simplesmente, uma dança livre!
Começou a tocar “Piuí Abacaxi”. Aí que eu fui à loucura mesmo!!!
No meio de tantos rostos, de repente meus olhos se cruzaram com os olhos de um outro garoto e subitamente tudo pareceu silêncio. Eu senti uma energia estranha dentro de mim. Não consegui desviar os meus olhos dos olhos dele.
Era um rapaz bonito, cabelo curto, barba por fazer, vestia uma camisa pólo também. E olhando pra ele, eu podia jurar que ele tinha era errado de boate...
Nossos olhares se prendiam, como se um chamasse o outro. Ficamos alguns minutos assim e então comecei lentamente a me aproximar dele enquanto eu dançava. Percebi que ele também veio lentamente se aproximando de mim.
Fomos nos aproximando até ficarmos menos de trinta centímetros de distância um do outro. Eu e ele dançávamos, mas já estávamos totalmente fora do ritmo da música. Nossos olhos se devoravam, porém nenhum dos dois tomava a iniciativa.
Minha boca começava a secar pedindo por aqueles lábios que estavam na minha frente.
Inclinei a minha cabeça um pouco para frente. Ele também inclinou a cabeça dele para frente. Nossas bocas ficaram a menos de 5 centímetros de distância, seduzindo uma a outra.
Passaram-se alguns segundos e como que ao mesmo tempo, nossos lábios se encontram.
Nossas línguas se cruzaram em um gostoso beijo. Ao fundo, o som da música irradiava alegremente, as luzes e os lasers rodopiavam, mas tudo isso parecia em segundo plano.
Um sentimento bom e irreverente invadia o fundo do meu peito. Estar ali, beijando aquele garoto, na frente de outras pessoas, era uma emoção pela qual eu nunca tinha passado. Eu me sentia exposto, mas ao mesmo tempo eu não estava ligando para isso.
A sensação gerada por aquele beijo era tão gostosa, que nós dois fomos inconscientemente prolongando ao máximo aquele momento.
Depois de longos minutos, finalmente interrompemos o beijo.
Sorrimos um para o outro.
- Qual o seu nome? – ele me perguntou no pé do ouvido.
Por alguns segundos hesitei, depois respondi no pé do ouvido dele.
- É Lucas e você?
- Matheus. – ele respondeu. – Você tem quantos anos?
- Dezenove. – eu falei. – E você?
- Tenho vinte.
Um ano mais velho que eu, pensei. Logo em seguida, voltamos a nos beijar. Depois de outro longo beijo, começamos a dançar. Matheus era um cara bem charmoso, tinha um olhar penetrante.
O Dj agitava a pista.
- Eu vou pegar uma cerveja pra mim. – eu falei para Matheus.
- Tranqüilo.
Antes que eu me afastasse dele, Matheus me segurou pelo braço.
- Mas você volta, né? – ele perguntou.
- Volto. – eu falei sorrindo.
Ele também sorriu e então eu abri caminho para sair da pista de dança.
No bar, o ambiente estava mais calmo, ao contrário da pista que estava fervendo. Assentei em um banco, tomei ar para descansar e estendi a minha comanda.
- Uma Brahma. – eu pedi.
Instantes depois o bartender me entregou uma Brahma. Depois escutei uma voz atrás de mim.
- Só observar né... sei...
Eu não precisava nem ter olhado para trás para saber quem era, eu tinha reconhecido a voz, era Adriano.
Fiquei instantaneamente corado, eu não tinha nem o que dizer...
- Ah ow...
- Hehehe. Relaxa Lucas. – em seguida virou para o bartender. – Aquela caipirinha, no capricho, tá.
Depois virou-se de volta para mim.
- Gatinho ele, hein.
- Ehh. – respondi sem graça
- Eu nunca tinha visto ele aqui...
Conversei mais um pouco com Adriano e em seguida pedi outra cerveja.
- Eu preciso ir, que eu deixei ele esperando. – eu expliquei para Adriano.
- Ah sim, claro.
Sai do bar com a cerveja na mão e fui para a pista. Passei rapidamente os olhos pelo ambiente e logo vi que Matheus estava no mesmo lugar em que eu o deixara. Ele me viu aproximar e abriu um sorriso.
Eu dei um gole na cerveja e em seguida ofereci para ele.
- Quer um gole?
- Ah, quero sim, valeu.
Entreguei a long-neck para ele. Matheus pegou a garrafa da minha mão e em seguida deu uma golada. Fiquei observando. Até para beber a cerveja ele era sensual. O bico da garrafa nos lábios dele, aquilo me excitou e eu fiquei imaginando aqueles lábios no meu pau.
Depois voltamos a nos beijar, desta vez com mais volúpia e intimidade. Intercalávamos beijos e passos de dança.
Progressivamente fomos caminhando em direção a um dos cantos da boate. Quando eu percebi, eu já estava prensando Matheus contra uma das paredes da boate, num cantinho bem discreto.
Meu pau começava a ficar ereto dentro da minha cueca, fazendo volume na calça. Comecei a roçar meu pau duro contra Matheus e percebi que ele estava gostando daquilo e ficando excitado.
Comecei a pegar com jeito nas coxas e na bunda dele. Ele suspirava de prazer. Senti o pau dele explodindo de duro dentro da calça.
Senti sua mão deslizar pela minha frente e apalpar o volume do meu pau. Eu fui ao delírio, era uma sensação muito boa ver a mão dele apreciando o volume do meu pau na minha calça.
Eu fui perdendo o meu controle, até que enfiei a minha mão dentro da calça de Matheus e comecei a pegar na bundinha gostosa dele e a apertá-la com força. A bundinha de Matheus era uma delicia.
Por sua vez, Matheus também enfiou sua mão dentro da minha calça, eu tomei um susto, e começou a segurar o meu pau que já estava duro igual uma pedra.
Aos poucos, eu fui abusando mais daquela bundinha gostosa, minha mão foi avançando até meu dedo chegar no cuzinho apertadinho de Matheus. Então, comecei a acariciar aquele rabinho. E nisso, meu pau começou a babar de tanto tesão.
Nos agarrávamos com mais intensidade, eu estava quase arrancando a calça de Matheus. Por alguns momentos eu chegava a esquecer que eu estava num lugar público.
Lentamente fui enfiando meu dedo dentro da bundinha de Lucas. Ele estava curtindo, tanto que discretamente começou a rebolar a bunda no meu dedo. Puts, aquele amasso estava muito gostoso.
Nossos corpos estavam cada vez mais quentes. De repente senti Matheus desabotoando a minha calça. Tomei um susto. Olhei para os lados assustado. Mas ali onde estávamos era um local meio breu onde as luzes da pista não chegavam, só quem olhasse com muita atenção é que nos veria.
Senti Matheus pegar o meu pau e colocá-lo para fora da cueca. Eu via a expressão de prazer no rosto dele em tocar na minha pica.
Ele então agachou-se na minha frente e ficou cara-a-cara com o meu pênis, que neste momento já estava explodindo de duro. Por alguns segundos, ele ficou admirando a beleza da minha vara. Em seguida ele começou a punhetar o meu pau bem devagar, colocando a cabeça do meu pau para fora da casinha, depois para dentro, depois para fora, depois novamente para dentro, contemplando a perfeição do meu pau.
Então, a boca dele foi se aproximando do meu pau. Em início, ele lambeu a cabeça do meu pau com a sua língua, perpassando sua saliva por cada extensão da cabeçona do meu pau. O meu pênis pulsava excitado. Em seguida, os lábios dele cobriram a cabeça do meu pau. Ele chupava a cabeça do meu pau com vontade. Sentir a saliva de Matheus molhando a minha pica era uma sensação muito prazerosa. Então, a boca de Matheus começou a avançar para o resto do meu pau. Quando eu percebi, ele já estava me pagando uma deliciosa boquete, as minhas mãos estavam segurando os seus cabelos e socando o rosto dele contra o meu pau. Eu estava literalmente fudendo a boca de Matheus.
Não demorou muito e eu gozei dentro da boca dele. Como eu estava há muito tempo sem gozar, saíram dois grandes jatões de porra do meu pau, inundando a boca de Matheus com o meu elixir e também fazendo com que escorresse um pouquinho pelo canto da boca dele.
...
A balada chegava ao fim. Eu tinha ficado, praticamente, a noite inteira ao lado de Matheus. Eu ainda achava inacreditável que eu tivesse achado um menino como aquele numa balada gls. O lugar realmente tinha me surpreendido.
Eu e Matheus trocamos os nossos números de telefone e prometemos um ao outro combinar de encontrarmos no outro final de semana.
Despedi-me dele com um selinho na boca e fui ao encontro do meu amigo Adriano.
- Aproveitou hein!? – disse Adriano, me zuando.
Eu fiquei extremamente sem graça. O que Adriano estaria pensando de mim? Eu tinha lhe dito que eu ficaria só observando a movimentação. Mas acontecera justamente o oposto, os amassos que eu e Matheus havíamos feito tinham sido os mais imorais da boate.
- Eh. – eu respondi. – Poxa, tô mó sem graça ow. Falei para você que eu estava triste hoje e tal. Que eu precisava era só me distrair. E aí acabei meio que perdendo o juízo.
- Ihhh! – exclamou Adriano. – Mas isso que você fez foi se distrair, ué...
Eu dei um sorriso. Adriano gostava de debochar ds outros, mas quando se tratava de fazer um amigo se sentir bem, ele sabia fazer isso com muita maestria.
No final de semana seguinte, eu consegui a chave do apartamento do Henrique.
Henrique era um amigo meu da faculdade. Ele morava sozinho. A família dele era de outra cidade. Então, era comum que em muitos finais de semana ele viajagesse para visitar os familiares e aí ele deixava a chave do apartamento dele comigo.
Na sexta-feira, Matheus me ligou e nós combinamos de ir ao cinema.
Depois do cinema fomos para o apartamento de Henrique e ficamos namorando. O clima foi esquentando. Quando eu percebi, o meu pau já estava com uma camisinha, eu estava deitado na cama de Henrique com as pernas abertas e Matheus estava por cima de mim, rebolando no meu pau. O corpo dele subia e descia no meu pau, era uma delicia.
Terminamos a noite abraçadinhos, eu liguei meu MP3 no som de Henrique e selecionei uma música da Emma Bunton chamada Maybe . Ficamos eu e Matheus ouvindo.
No outro final de semana combinei com Matheus de irmos ao teatro, depois do teatro alugamos um DVD e fomos assistir no apartamento de Henrique. Depois do filme rolou um sexozinho básico, Matheus ficou de quatro para mim e eu não resisti, acabei comendo a bundinha dele. A gente parecia estar se dando muito bem, tanto na cama como fora da cama.
Passaram-se mais dois finais de semana. Um belo dia eu estava no MSN e Adriano veio conversar comigo. Ele me perguntou se eu ainda estava ficando com Matheus e eu respondi que sim.
- Por quê? – perguntei.
- Sabe o que houve... É que eu vi ele ontem lá na boate e ele estava com outro garoto. – respondeu Adriano.
Aquela noticia me deixou mal. Eu pensei que estava rolando um sentimento entre mim e Matheus, mas obviamente eu havia me enganado, era só uma pegação mesmo...
Nas semanas seguintes, Matheus não parou de me procurar, mas eu sempre desconversava. Ele insistiu de todas as formas para conversar comigo, mas eu simplesmente não sentia mais vontade de tentar alguma coisa com ele. Então, paulatinamente, nós dois fomos perdendo contato, porque eu simplesmente era indiferente sempre que ele vinha falar comigo. Terminei com ele sem ao menos dar qualquer satisfação...
1 ano e meio atrás.
- Calma, filho. – ela falou. - Você precisa descansar agora...
- COMO ELA ESTÁ? – perguntei com a voz alterada, nervoso.
- Ela está viva... – respondeu minha mãe. – Ela está viva...
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O acidente de carro que se sucedera após o show da Vanessa da Mata tinha sido um grande baque, sem sombra de dúvidas. Todos os meus pensamentos estavam concentrados em Monise, em saber se ela estaria bem ou não.
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Entretanto...
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Também, um outro pensamento não saia da minha cabeça...
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Era o arrependimento que eu sentia por ter me deixado envolver com Guilherme.
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Naquele exato momento, deitado na cama do hospital, eu me sentia a pior pessoa do mundo, indigno até mesmo do carinho que minha mãe estava fazendo nos meus cabelos. Eu tinha traído Monise com um homem. E pior, por causa dele, eu tinha cometido um acidente de carro, pondo em risco a vida de uma pessoa que se importava comigo, a Monise. Era por ela que eu deveria sofrer e não por Guilherme.
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Foi, então, nesse instante, que eu resolvi mudar o curso da minha vida. Eu ia me dedicar a quem merecia a minha dedicação e essa pessoa era a Monise, ela sim nunca me abandonara, fosse qual fosse o momento, ela sempre estivera ao meu lado. Ela nunca me deixara na mão, sempre me apoiara nos momentos difíceis. Estava decido, eu ia passar uma borracha e esquecer que eu já estivera perdidamente apaixonado por meu primo, disposto a fazer a maiores loucuras por ele, inclusive fugir de casa. Eu sabia que não ia ser fácil esquecer tudo que eu tinha vivido com Guilherme, mas eu ia lutar com todas as minhas forças
- Ela ficou internada dois dias no CTI. – falou meu pai, fazendo referência a Monise.
- E quê mais? – eu perguntei tenso.
- Ela se machucou no pé esquerdo... Teve uma fratura exposta...
Meu pai se assentou na minha cama, respirou fundo e me explicou que o osso no tornozelo de Monise havia se esfarelado no impacto do acidente de carro.
A notícia me deixou mal pra caramba.
- Ela terá que usar cadeira de rodas... – acrescentou meu pai.
- Cadeira de rodas? Por quê?
Aparentemente a fratura tinha sido grave demais para ela usar apenas muleta. Ela sentiria dores se andasse de muleta, então era preferível usar cadeira de rodas, embora ela pudesse movimentar a outra perna e tals...
Monise ficou em cadeira de rodas durante 3 meses. Durante esse tempo sofri muito, me sentia culpado ao vê-la sem poder andar, foram tempos bem difíceis pra mim.
Quando ela voltou a andar, nós ainda namoramos durante mais um mês, mas nosso relacionamento estava inviável, eu ainda não tinha conseguido me cicatrizar do machucado que Guilherme fizera em mim e isso se refletiu no meu namoro com Monise, nosso relacionamento foi ficando desgastado e ela acabou terminando comigo.
Acho que a dor que eu senti quando Monise terminou comigo foi maior do que quando Guilherme foi embora... Eu realmente fiquei muito mal, não comia direito, passava o dia dormindo, não tinha interesse em fazer nada.
Foi então que chegaram as férias do meio do ano e eu decidi fazer um mochilão para Machu Picchu, para tentar me distrair e superar a dor que eu estava sentindo de não estar mais com Monise, acho que foi por isso que meus pais nem me vetaram muito a viagem, eles sabiam que eu estava precisando dessa viagem.
Foi no meu primeiro dia em Santa Cruz de La Sierra (Bolívia) que eu conheci a Chantelle, da Nova Zelândia, e o Ferdinand, da Áustria, dois simpáticos mochileiros que também estavam indo para Machu Picchu.
Ferdinand era daqueles europeus bem gatinhos, sem contar que a pronúncia do inglês dele tinha um sotaque austríaco que fazia qualquer calota polar derreter. Eu tinha mó tesãozinho nele, ainda mais depois de sentir como que era o beijo dele. Eu tinha beijado ele por causa de uma brincadeira boba (nem tão boba assim) que Chantelle tinha inventado chamada “Gay Chicken”. Mas fora isso, ainda não tinha acontecido nada entre mim e Ferdinand.
Ele estava muito bêbado e eu o ajudei a tirar as roupas. Notei que ele tinha as pernas bem bonitas, assim como os braços. Só que eu também estava muito cansado e caí na minha cama, dormindo.
No dia seguinte, acordamos com um pouco de ressaca, fazia céu claro com sol forte.
Por comodidade, acabamos almoçando de novo no restaurante brasileiro que havia perto da praça central da cidade, já sabíamos que lá era um bom restaurante.
Seria meu último momento com Chantelle e Ferdinand.
Depois do almoço eu pegaria um ônibus para La Paz, para então seguir para Machu Picchu, no Peru. Chantelle e Ferdinand pegariam um ônibus para Sucre, antes de irem para Machu Picchu, eles queriam conhecer o deserto de sal boliviano, o chamado Salar de Uyuni.
Eu até queria muito ir com eles, mas eu não tinha tempo, em 13 dias em tinha que estar de volta em Santa Cruz de La Sierra para pegar meu vôo de volta para o Brasil, eu não tinha tempo para fazer baldeações. Se eu fosse para o Salar de Uyuni, eu não teria tempo de ir para Machu Picchu.
Terminando de o almoço, fomos para o terminal rodoviário. Nós três com nossas mochilonas nas costas.
A rodoviária estava ainda mais bagunçada que no dia anterior (como se fosse possívelMas o que está acontecendo aqui? – eu indaguei.
Chantelle e Ferdinand deram de ombros, tão perplexos quanto eu estava.
“Coisa de Bolívia”, eu pensei, “Não deve ser nada demais.”.
Chantelle e Ferdinand me acompanharam até o guichê da companhia que fazia o itinerário para La Paz, o meu ônibus saia primeiro que o ônibus deles.
- Yo quiero un pasaje hasta La Paz. – eu falei para o funcionário que estava atrás do guichê.
O rapaz me olhou como se eu fosse a pessoa mais retardada do mundo e começou a rir
Fiquei naturalmente irritado e sem entender o que estava acontecendo.
Ele virou para um outro funcionário que estava ali próximo e disse às gargalhadas:
- Ele quer ir para La Paz!!!
O outro carinha desandou a rir também e eu fiquei corado de raiva, encarando com fúria o sujeito que estava rindo de mim.
Depois de uns bons minutos, ele finalmente se acalmou.
- Amigo. – ele disse. - A estrada está interditada.
- Interditada? – eu perguntei. – Como? Ontem mesmo eu vim saber do horário que o ônibus saía e não me disseram nada de estrada interditada...
O funcionário respirou fundo, como se eu fosse mais um turista estúpido e desinformado.
- Os indígenas bloquearam a estrada para La Paz. – ele falou.
- Bloquearam?
- Não há como ir para La Paz. – disse o rapaz, pondo ponto final na conversa e demonstrando que estava sem paciência para dar mais explicações.
Mais tarde eu iria descobrir que era um fenômeno comum na Bolívia os indígenas bloquearem as estradas como forma de fazerem protestos políticos. Eles enchiam 2 km da estrada com pedras, tornando inviável a travessia de qualquer carro ou ônibus.
- Como que eu vou para La Paz, então? – perguntei para o funcionário.
- Não irá... – ele respondeu com simplicidade.
Comecei a gaguejar, um pouco desesperado com a situação.
- Mas deve ter um jeito... – eu falei tenso. – É uma emergência. Eu tenho que chegar em La Paz para ir para Cuzco...
- Lamento. – disse o funcionário. – O único jeito é de avião.
Para mim, era simplesmente inviável ir de avião, eu teria que fazer várias conexões desnecessárias e o preço ficaria muito caro, eu já tinha checado isso antes de optar por ir de ônibus.
- O que houve? – perguntou Ferdinand se aproximando.
Pela expressão que eu carregava no rosto, ele tinha notado que as coisas não tinham saído da maneira como eu queria.
Eu estava totalmente desolado, sem saber o que fazer agora...
- O que houve, Marcos? – repetiu Ferdinand.
- Os índios bloquearem a estrada para La Paz. – eu respondi de forma robótica.
- O quê? Não acredito... Então é por isso que está essa confusão na rodoviária.
Eu dei de ombros, pouco me importando com a confusão que imperava na rodoviária. Ferdinand percebeu a minha expressão de sem rumo.
- E o que você vai fazer agora? – ele perguntou.
- Eu sinceramente não sei...
Naquele instante, eu estava com vontade de chorar, mas ao mesmo tempo sentia que era ridículo chorar por um motivo tão anódino, havia tantas coisas piores no mundo do que não poder ir para La Paz.
- Quando vão desbloquear a estrada? – perguntou Ferdinand para o funcionário.
- Eu não faço a menor idéia... Pode ser amanhã, assim como pode ser na semana que vem...
- E a estrada para Sucre? – perguntou Ferdinand. – Também está bloqueada?
- Não. A estrada para Sucre não está bloqueada.
Chantelle, que já estava ali próxima, prestando atenção na conversa, suspirou aliviada.
- E agora, Marcos? – ela me perguntou, externando uma solidariedade até certo ponto bem questionável.
Eu dei de ombros.
- Bom... Acho que vou esperar até amanhã e ver o que acontece... Fazer uma dança da chuva para ver se os índios desbloqueiam a estrada, né... Se não desbloquearem, bem...O meu vôo é só daqui a 13 dias, mas as vezes eu consigo negociar com a companhia aérea e adiantar a minha volta.
- Espera! – exclamou Ferdinand. – Eu acho que estou tendo uma idéia louca aqui...
Ele prosseguiu falando:
- E se você fosse com a gente? – ele perguntou com um sorriso todo radiante.
- Mas eu não vou ter tempo de ir em Machu Picchu. – eu respondi.
- Isso eu já sei. – respondeu Ferdinand. – Mas é melhor do que não ir em lugar nenhum. A estrada está bloqueada, você não vai conseguir ir para La Paz. Vem com a gente e depois você volta para pegar seu vôo.
A idéia parecia deveras boa. Contudo, o problema era que eu sempre fui uma pessoa resistente com mudanças repentinas de planos. Eu tinha planejado ir para Machu Picchu e demorava um certo tempo para eu assimilar a alteração no meu roteiro de viagem.
- Ah... Eu não sei Ferdinand... – falei hesitante.
- Cara, você vai ver, o deserto de sal é mais bacana que Machu Picchu. – ele falou empolgado.
Eu estava meio cético em relação ao tal deserto de sal. Não sei porquê, mas me soava como uma propaganda falsa de um lugar que não era tão maravilhoso assim. Porém, que outra opção eu tinha?
Era ir no deserto de sal, com a vantagem de ter a companhia de um gatinho austríaco ao meu lado ou então arriscar a sorte e esperar que os índios desbloqueasse a estrada a tempo.
Antes de tomar a decisão, conversei com alguns nativos e cheguei a conclusão que seria mais fácil um raio cair na minha cabeça do que o indigenato liberar a estrada a tempo para que eu fosse à La Paz. Diante da situação que não me deixava muita escolha, decidi ir com Ferdinand e Chantelle para Sucre.
Compramos três passagens de ônibus para a cidade de Sucre, seriam 16 horas de viagem até lá. Dormiríamos em Sucre e no outro dia pegaríamos um ônibus até a cidade de Potosí, considerada a cidade mais alta do mundo. Dormiríamos também em Potosí e no dia seguinte pegaríamos outro ônibus até Uyuni, a cidade que ficava próxima do deserto de sal.
Entramos no ônibus que nos levaria à Sucre.
É preciso dizer que era um ônibus caindo aos pedaços, mas apesar da precariedade, havia duas televisões de LCD no seu interior, o que de certa forma revelava as prioridades dos bolivianos. Eles preferiam um ônibus em mal estado, mas que tivesse televisões de LCD, do que um ônibus em bom estado, porém sem televisores.
Minha concepção sempre foi oposta. Pra mim, melhor seria gastar dinheiro arrumando o ônibus do que colocando TVs de LCDs... Mas enfim...
De qualquer jeito, as TVs estavam lá. O máximo que eu podia fazer era rezar para que ônibus não tivesse nenhum defeito durante a viagem, e olhe lá, porque sempre fui um pouco descrente, então não sei se minhas rezas realmente possuiam algum poder...
Logo de cara surgiu uma polêmica.
Quem assentaria onde? E do lado de quem?
Éramos três. Então duas pessoas assentariam lado a lado e a outra assentaria do lado de um desconhecido no banco de trás.
Foi Chantelle disputando para ficar do lado de Ferdinand e Ferdinand, por sua vez, timidamente, insistindo para ficar do meu lado.
Depois de muitas negociações diplomáticas (nem tão diplomáticas assim), impusemos (eu e Ferdinand) nossa vontade sobre a vontade de Chnatelle.
Confesso que fiquei levemente com pena da minha “amiga” neozelandesa. Ela ficou do lado de um boliviano gordo e fedido.
Aliás, parênteses aqui...
Eu descobri nesse ônibus que o povo boliviano é o mais fedorento do mundo. Era praticamente insuportável ficar ali dentro com aquele bando de cascões. Sem brincadeira, eles fediam pra caralho.
Principalmente as “cholas”. Elas eram as mais podres de todas. Um mistura de bosta com aterro sanitário, era horrível. Imagino que eles todos deveriam tomar banho apenas uma vez por semana, não havia outra explicação...
“Cholas” é nome dado para as índias gordas que tem na Bolívia, elas possuem um modo característico de se vestirem, com um chapeuzinho coco, uma saia cheia e um casaquinho de lá que elas usam como um sobretudo.
Ainda sim, os outros bolivianos também fediam. E, sinceramente, Chantelle tinha dado um baita azar. Ali onde eu estava eu já sentia o cheiro, imagina ela do lado daquele gordo asqueroso, que estava provavelmente à semanas, quiçá meses, sem tomar banho.
A princípio, eu achei que eu não ia agüentar ficar 16 horas dentro daquele antro fétido. Mas graças a deus, meu nariz foi se acostumando ao poucos com aquele tipo de cheiro (mas demorou a acostumar).
Depois que todos os passageiros embarcaram, o motorista deu partida no ônibus.
Dez minutos depois já estávamos na estrada. Cinqüenta quilômetros depois, a estrada asfaltada deu lugar à estrada de terra.
As televisões de LCD, então, foram ligadas.
O primeiro filme que passou foi “Taxi”, aquele com a Gisele Bündchen, filme que eu ainda não tinha visto. Foi engraçado assistir o filme em espanhol, com legendas em espanhol. Eu não sabia ao certo se eu prestava atenção nas falas ou nas legendas, acabou que eu fiquei variando entre os dois.
O filme foi interessante e ajudou a passar o tempo.
Foi só quando o filme acabou que eu olhei pela janela e percebi que a paisagem lá fora havia mudado completamente! A planície onde ficava Santa Cruz de La Sierra tinha dado lugar a um cenário de montanhas deslumbrante. A estrada de terra subia a serra margeando um rio que estava seco e que formava um lindo canyon. Era um estilo de paisagem que eu nunca tinha visto no Brasil. Era espetacular. E tudo de uma secura aguda e impressionante, o rio seco, a estrada seca.
Ao longe era possível ver um vilarejo, eu ficava me perguntando como que alguém era capaz de morar ali, no meio de um lugar tão seco...
A paisagem que eu via pela janela era deslumbrante, parecia um quadro em tom bucólico, só aquilo já fazia a viagem ter valido a pena.
Ligaram as TVs do ônibus de novo, ia passar um segundo filme.
Dessa vez foi um filme de artes marciais meio antigo, nem me lembro o nome.
Quando o filme acabou, o dia já estava escurecendo e, pela janela, eu via ao longe o sol se pondo, espalhando no céu uma fraca luminosidade alaranjada.
Por aqueles instantes, já estávamos dentro do ônibus a mais de seis horas e não havia tido nenhuma parada, eu estava precisando usar o banheiro, mijar. Eu começava a me perguntar quando é que o ônibus iria fazer uma parada e se Ferdinand e Chantelle também não estariam precisando tirar “água do joelho”. Eles tinham o quê? Bexigas do tamanho de uma bola de basquete?
Resolvi segurar a vontade. Não era possível que o ônibus iria demorar muito mais para fazer uma parada, eu não era o único ser humano ali dentro! Nesse tempo, me concentrei em ficar pensando outras coisas.
Repuxei assunto com Ferdinand, perguntando sobre o Salar de Uyuni, o tal deserto de sal.
Ele vomitou várias informações, das quais poucas eu realmente prestei atenção. Enquanto ele falava, eu fiquei observando a boca dele se mexendo, os lábios se movimentando com doçura, os dentes todos alinhados e branquinhos, formando um lindo contraste com os lábios vermelhos. Fiquei pensando em como ele era meigo, embora não tivesse nenhuma pintinha perto da boca... Também nem era preciso, ele tinha um olhar “43”, penetrante e ao mesmo tempo discreto, profundo e ao mesmo tempo alheio, sonhador e ao mesmo tempo furtivo, como se desejasse algo com intensidade