Gente, seus comentários fofos são o que me faz continuar a escrever mais. Eu adoro vocês, principalmente os que acompanham desde o início. E cariocavasco, o conto ficou pequeno porque eu vario os tamanhos pra não cansar os leitores, e deixá-los ansiososAcordei no dia seguinte, com uma sensação boa no peito. Não lembrava o que era de jeito algum. Quando eu tomei banho, e senti a água caindo, eu lembrei da piscina, e depois lembrei do almoço na casa de Gabriel. Foi incrível! Mal podia esperar pra que ele viesse dormir aqui em casa. Hoje seria o dia em que eu perguntaria pra ele sobre a tal Larissa, porque eu fiquei curioso. Tomei o café, escovei os dentes e esperei meu pai trocar de roupa para me levar.
- Calma, Daniel! A gente já tá chegando!
- Oba, oba, oba...
- Você ama esse menino, não é? - Perguntou meu pai, puxando o freio de mão, e me dando um beijo na testa. - Você trouxe sombrinha, né?
- Aham!
- Então eu te busco mais tarde. Tchau.
- Tchau, pai!
Saí do carro e entrei na escola. Entrei na sala, e fui cumprimentando todo mundo até chegar no meu lugar. Olhei para Gabriel, e ele não olhou pra mim. Estranho. Quando foi a troca de professor, depois da aula, fui até a mesa dele.
- Ei? - ChameiOi?
- Cadê meu abraço?
- Abraço? Cê tá louco? De onde cê tirou isso?
- Gabriel? - Estranhei. - O que tá acontecendo?
- Que que foi, menino? Tem mais o que fazer não?!
Voltei pro meu lugar, com o coração partido. O que aconteceu? Meu Deus, será que foi alguma coisa que eu fiz? Sentei na cadeira e abaixei a cabeça, antes de receber uma mensagem. "Meu bebê, fica tranquilo. Eu ainda te quero.". Eu estava muito confuso agora, e então, ele olhou pra mim e fez um joia com a mão. Mandei uma mensagem: "O que tá acontecendo?". Ele respondeu: "Não quero que ninguém saiba que nós estamos juntos. Vão pensar que eu sou gay.".
Aquela foi a faísca que eu precisava pra desabar em choro por dentro. Poxa, O CARA ME BEIJOU NUMA CAMA, E FICOU AGARRADO COMIGO! E ELE NÃO QUERIA QUE PENSASSEM QUE ELE É GAY? Mandei isso pra ele, e ele respondeu: "É que eu quero ser seu namorado, mas sem ninguém ficar sabendo...".
Puta que pariu! "Escuta aqui, Gabriel. Eu quero ser seu namorado, mas não vou ficar às escondidas. Se você não quiser me assumir, ótimo. Vou entender e partir pra outra.".
Ele olhou pra mim com uma cara triste. "Não, Daniel, você está se precipitando. Eu quero te assumir, mas não agora.". Respondi: "Então quando vai ser?". Ele respondeu: "Eu não sei.".
Levantei da minha cadeira, fui até ele e sussurrei no ouvido dele.
- Então eu não sei quando eu vou te amar de novo.
- O quê?
- Isso mesmo. Agora você tá livre pra ficar com A MULHER que você quiser. E isso inclui a Larissa também.
Ele olhou para frente. Senti seu sangue gelar. Ele colocou a mão nos olhos, como anteontem, quando eu perguntei o porquê dele ter me batido. Mas ele não chorou. Fiquei sentado na cadeira o resto da aula, ignorando-o. Ele não me mandou nenhuma mensagem mais. No intervalo, eu me escondi, num ponto que dava pra ver o lugar onde ficava todo dia lendo livro. Ele apareceu por lá, e ficou me procurando. Ele ficou sentado, esperando eu aparecer, só que, mesmo com meu coração em aperto, eu não apareci. Ele abaixou a cabeça e ficou quieto.
Voltei pra sala e continuei ignorando-o. Eu estava sofrendo mais que ele, mas meu orgulho me ajudava a superar esse sofrimento. Saí correndo da sala de aula quando o último sinal tocou, e entrei no carro do meu pai. Ele me cumprimentou com um beijo na testa, como sempre fazia, e dirigiu para casa.
- Pai, qualquer coisa, eu não estou em casa. - Eu disse, subindo as escadas.
- Tá, mas por quê?
- Eu e Gabriel tivemos um desentendimento.
- Você quer conversar?
- Depois. - E fechei a porta do quarto.
Quinze minutos. Quinze minutos contados no relógio do meu celular, a campainha toca. Abro a porta do meu quarto bem devagar, e meu pai atende.
- E aí, Gabriel?
- Olá, senhor. O Gabriel tá aí?
- Ele... Tá pra casa da tia, e volta à noite.
- Você poderia deixar uma carta pra ele?
- Deixo sim. Você quer entrar?
- Por favor.
Gabriel sentou-se no sofá e tirou um caderno e uma caneta da mochila e começou a escrever. Algumas vezes ele parava, pensando numa forma de escrever todos os sentimentos numa carta. Ele ficou ali por uns 10 minutos, e meu pai assistindo a maldita da TV. Quando o Gabriel terminou, ele dobrou o papel e grampeou, entregando ao meu pai.
- Tchau, senhor.
- Tchau, Gabriel.
Eu saí da porta do quarto assim que a porta da sala se fechou e meu pai me entregou a carta. Fui pro meu quarto e comecei a ler.
"Daniel.
Sinto muito pelo desentendimento que passamos. Me desculpa por ter feito isso que eu fiz. É que isso ainda é tudo muito novo pra mim! Até sábado eu só namorava meninas, e nunca parei pra pensar o que se passa na cabeça de um outro homem. Eu achei que você entenderia se eu não dissesse que eu tenho um namorado. Imagina o que pensariam de mim? Minha cabeça tá muito embaralhada agora. Se você quiser terminar agora, eu não ligo. Ainda vou continuar sentindo sua falta todos os dias. Se não quiser, apenas me dê um tempo pra organizar tudo, e aí eu digo pro mundo inteiro ouvir. E não quero discutir com você sobre Larissa.
Gabriel."
Eu chorei. Desabei ali em cima da minha cama, no meu travesseiro. Não comi, nem saí do quarto. Meu pai voltou pro trabalho, e deixou a comida na mesa da cozinha. Saí do quarto e desci pra cozinha. Preparei meu prato, esquentei no microondas e liguei a TV. Tava passando As Loucuras De Dick e Jane. Era até engraçado o filme. Ele me fez esquecer um pouco o Gabriel. Já eram umas 19 horas. 19 HORAS? EU PASSEI UM DIA INTEIRO CHORANDO? QUE MERDA! Eu nunca fiquei assim por ninguém antes.
No dia seguinte, meu pai me levou à escola, e tudo correu normalmente. Ignorei Gabriel, e isto estava o machucando. Sentei no meu esconderijo, li um livro e ele não apareceu. Ele também parou de ficar me procurando. Já cansei daquilo. Voltei para a sala, e nossa querida professora disse que quinta e sexta não teria aula. Perfeito. Era o que eu precisava para evoluir meus personagens num mmorpg que eu havia achado há uns dias.
Fui pra casa, almocei e fiquei jogando a tarde toda. Quando chegou a noite, meu pai pediu pizza e eu fiz um para casa enquanto comia. Chico ficou jogando comigo, subindo no teclado e bagunçando minhas táticas. Eu estava praticamente esquecendo o que aconteceu entre mim e Gabriel.
- Daniel, hoje eu não vou poder te buscar na aula, porque eu vou pra São Paulo com o César (Era o chefe dele). - Disse meu pai, no carro, me levando pra escola.
- Ok.
- Você sabe voltar pra casa, eu deixei a comida pronta, é só esquentar. Vou voltar no sábado.
- Ok.
- Você não vai sentir saudades de mim não?
- Hahahaha! Claro, né, pai? - Eu falei. - E também o Chico tá aqui.
- Ótimo. Se quiser alguma coisa, peça à sua tia.
Abracei meu pai e entrei na escola. Gabriel parou de olhar pra mim, e eu sabia que estava fazendo a coisa certa, mas arrependido. Tentei ignorar, mas não dava. No intervalo, dois meninos olhavam pra mim o tempo todo, passando a mão em seus paus. Eles chegaram pra perto de mim.
- Oii, Daniel. - Imitando um jeito afeminado de falar.
- Oi. - Respondi, sem dar muita bola.
- O que você tá lendo?
- A cabana.
Eles olharam pros lados.
- A gente tá ligado que você curte piroca.
- Quantas essa bundinha linda já recebeu?Ela deve tá querendo duas de uma vez, né?
Salvo pelo gongo. O sinal havia tocado, e eu subi pra sala. Que merda. Ainda bem que tinha o feriado pela frente. Assim que o último sinal tocou, eu saí da escola e andei até o ponto de ônibus, pra esperar o meu. Quando eu vi aqueles dois garotos de antes parados, olhando pra mim. Eles começaram a vir na minha direção.