Eu acordei e olhei no relógio. 3H da manhã, Felipe dormia calmamente na cama dele. Ele me escutou levantando.
-Nossa. Demorou pra acordar ein? Já estava ficando preocupado. - Ele sorriu.
-Não precisava. Eu limpei as lágrimas secas dos meus olhos.
-Eu soube do que o Bruno te fez. - ele sussurrou. - Mancada . - Ele olhou para cima.
-Nem me fala. - Eu comecei a chorar. - Sabe. Eu amava ele. Como... como ele pode. - Eu puxei a manta e deitei de novo. Não queria começar a chorar.
-Ei. - Felipe se levantou. - Posso dormir com você? - ele perguntou.
Eu nada falei, apenas fui para o canto para ele se juntar a mim. Ele pegou a minha manta também. Ficamos frente a frente, ele me deu um beijo na testa.
-Não chora. - ele sussurou.
-Vou tentar. - Eu sussurrei de volta.
Felipe me abraçou e eu de lado pus minha cabeça em seu peito.
-Obrigado. - Eu disse.
-Por que?
-Por estar comigo. - Eu sussurrei.
Ele riu.
- Voce tem que melhorar logo, só acho, quem é que vai invocar comigo toda hora? - ele fez carinho no meu rosto, suas mãos eram grandes. E tinha algumas veias saltadas.
-Se eu te perguntar uma coisa... você vai ser sincero? - eu perguntei.
-Depende. - Felipe riu.
-Bruno tá usou drogas ontem não usou? - eu sussurrei.
-Olha... - ele suspirou.
-Sério. Eu sei que sim. Ele usou. E... eu estou com raiva dele. Mas estou preocupado. Ele nunca havia usado antes. Eu nunca vi ele como ele estava ontem. - eu engoli em seco.
-Bruno estava estranho mesmo ontem. Ele não anda comigo desde ontem. - Felipe engoliu em seco.
-Eu estou tão... preocupado com ele. Apesar de tudo. Sabe... eu amo aquele filho da puta. - Eu bufei.
Felipe envolveu seus braços em mim.
-Esquece. - Ele sussurrou.
-Vou tentar. - Eu disse sorrindo.
Eu me lembro que ficamos quietos e logo peguei no sono. Acordei no dia seguinte com a cabeça no peito de Felipe, ele com os braços em volta de mim. Foi estranho. Eu achei estranho, por que eu tinha eu estava a um dedo da boca dele. Não pensei nisso e me levantei. Eu o cubri com a manta, estava uma manhã fria, e fui tomar um banho.
No banho eu pensei em tudo (não bati punheta tá u-u) , Pensar na mancada de Bruno era doloroso, e eu sempre pensava. Uma parte minha se derretia e ficava besta ainda quando ele chegava perto, mas outra parte, ficava fazendo remixes com as lembranças daquela noite. Por um momento eu refleti. E lágrimas escorreram dos meus olhos. Eu saí do banho e sequei o cabelo, logo Felipe acordou.
-Ei. Por que não me acordou? - ele perguntou com os olhos inxados.
-Desculpa, eu não quis te atrapalhar. - Eu sorri.
-Você... andou chorando? - ele se levantou e chegou perto de mim.
Ele estava com uma camiseta azul e uma bermuda preta.
-Não. Impressão sua. - Eu me afastei.
-Está tudo bem? - ele me olhou chocado pelo jeito que eu me afastei dele.
-Está. - Eu olhei para baixo.
-Por que você está me tratando assim?
-Por nada. Eu estou normal.
-Não está não. Vamos jogar a real. O que está acontecendo?
-Felipe. Você me beijou ontem.
-Eu... eu... - ele ficou totalmente sem palavras.
-Você o que? Sabe. Você é legal e tal. Mas no fundo você e o Bruno São a mesma coisa e eu no momento... quero ficar sozinho. E está é a questão. Você me conforta. - Eu sussurrei baixo e olhei para baixo.
Ele me encarou e eu coloquei um sapato e saí para fora.
O tempo estava nublado. Sequer parecia o dia anterior, que o sol reinava.
Alguns já se dirigiam a mesa do café. Eu suspirei e fui a direção contrária. Segui por uma trilha, era vazia. Não havia ninguém. O que eu achava bom. Eu sequer prestei atenção onde estava indo. Eu ouvia barulho de cachoeira, e fui seguindo naquela direção. Andando um pouco eu vi que estava chegando a uma cachoeira, lá tinha muita fumaça. Neblina na verdade, devido ao tempo nublado aquele lugar se tornava frio. Eu cheguei lá e avistei algumas pedras. Me sentei e observei os movimentos retilineos da nascente.
Até que vejo uma coisa estranha na pedra ao lado. Eu assustado olho e vejo uma menina e um garoto transando atrás das pedras.
-Ah não. - Sussurrei me levantando e voltando pela trilha.
'Só a minha vida pra ser bugada desse jeito. ' Pensei.
'Riisos.' Minha consciência macabra estava ativa, e rindo da my face u_u
'Você estava legal sem falar.' Eu sussurrei.
'É enengraçado como tudo na sua vida da errado. Você vai pra um lugar lindo pra ficar sozinho e o que? Encontra sexu!' Ele(eu) ria.
'Cala a boca vai.' Eu sussurrei de volta.
'E aí. Além disso é corno e tem um gato dando em cima de você. Por que você não faz um sexu gostoso com ele?! ' ela perguntou.
'CALA A BOCA POR FAVOR. ' eu gritei.
-Oi? Precisa de ajuda? - perguntou um garoto que eu tropecei.
-Aaah... na-na - naooo ! - eu gaguejei. De susto , uma hora eu estava sozinho, num lugar sem ninguém, e agora, bato minha cabeça no peito de um garoto.
-Tem certeza? - ele sorriu. - Porque você acabou de dar um grito alto. - Ele sorriu novamente.
-AH. Não ligue. Sabe, eu sou assim. Desculpa. E ai, boa trilha. - foi ridículo, mas eu fiz sinal de jóia e sorri igual um tosco e saí vazado dali.
Estava no fim da trilha.
O garoto era bonito. Sei que vocês querem saber isso. Mas na hora nem liguei. E como eu disse , o mundo não é gay. Eu saí correndo. Uau. Que ótimo. Hoje definitivamente não era meu dia. Olhei as horas. Amanda já devia estar no refeitório, segui para lá. Entrei e por um momento eu tive a impressão que todos me olhavam. Eu mordi os lábios e procurei alguma mesa logo.
Logo avistei Amanda, que estava sentada sozinha. Graças a Deus.
Me sentei e ela me encarou com as mãos na cabeça.
-Oi. - Ela disse secamente.
-Oi. Tudo bem? - Eu perguntei.
-Não. To com cara de quem tá bem? - ela rebateu.
-Não. Mas sei lá. Só queria saber.
-Agora já sabe.
-Nossa. - Eu a encarei boquiaberto.
-Eu to de ressaca ! Ódio isso! - ela gralhou.
-Eu acordei assim. - eu mordi a maçã dela. Ela não ligou. Somos assim.
-Ah. Que bom. Eu não lembro de nada de ontem. Sabe... minha cabeça gira. Só lembro que ri demais. E... fiquei com alguém.
-É você ficou.
Ela fez cara de surpresa e tirou as mãos da cabeça.
-O que?! Eu desencalhei ?! - ela sorriu.
-Sim. E hum... ele está chegando. - Eu sorri.
Logo em seguida o garoto que o nome nenhum de nós sabia chegou em Amanda e a cumprimentou com aquele baixo. Eu sorri. Aleluia, ela desencalhou. Amanda parou o beijo e sorriu.
-Ah.... é. - Ela gaguejou.
Me toquei que ela não sabia o nome do garoto, nem eu.
-Qual seu nome mesmo? - Eu sorri. -Ontem eu estava bêbado nível hard e digamos que eu tenha esquecido.
-Ah. Meu nome é Bruno. Bruno. - Ele sorriu.
Eu mudei a cara na hora.
Brunos não prestavam.
Amanda me encarou na hora e sorriu.
-Algum problema? - ele perguntou.
-É que você tem um nome de cafajeste, mas tipo, nada demais. - Eu sorri e bufei.
Amanda riu alto.
-Não liga. - ela riu.
-Ele me chamou de cafajeste? - ele perguntou a ela.
-não! Não chamei você. É o seu nome. Ele atrai coisas ruíns, entao. Mas você pode ser diferente! - eu gemi.
-Tá. Eu não entendi nada. - Ele sussurrou para Amanda.
-É. Longa história. - ela sussurrou de volta.
-Eu vou... andar. Sei lá. Depois nos falamos. -Eu disse aos dois.
-Tá bom, depois eu te ligo. - Amanda disse sorrindo e sendo beijada por Bruno 2.
O tempo estava feio naquele dia, e o frio só aumentava, que louco , pensei comigo.
Decidi ir ao meu chalè buscar minha touca, era fácil minha orelha inflamar com o frio.
Cheguei lá e estava subindo a escada quanto escuto algumas vozes vindo do quarto.
-Cara. Eu amo aquele garoto. - Dizia uma voz.
-Mas você deu mancada. Eu te aconcelho a não correr mais atrás. - Percebi que aquela outra voz era de Felipe.
-Mas eu amo ele. Só Deus sabe o quanto eu estou sofrendo e o quanto me arrependo , tudo me lembra a ele. Tudo. É como se eu estivesse sem uma parte de mim. - Disse Bruno melancólico.
Meu coração na hora chorou. Eu suspirei e lágrimas escorreram dos meus olhos.
Eu estava definitivamente cansado de chorar e abaixar a cabeça para tudo. Eu rapidamente limpei as lágrimas e sem pensar, fechei a cara e entrei porta adentro.
Bruno e Felipe me olharam surpresos. O que não me admirou, já que o assunto era eu.