- Meu Deus, que bicha fresca. O Gabriel diz passando a mão no rosto.
- Fresca?! Eu só andei nessa coisa uma vez e quase morri com aquele sacolejo todo.
- Celo, eu não queria dizer nada não, mas você ta sendo muito mimado. O Wanderson me beijando.
- Está sendo não. Ele é mimado. Pra você ter uma idéia ele ficou quase um dia inteiro sem comer, porque queria uma cama nova e a tia Martha não queria dar. Mas Sabe por que ela não quis dar? Porque ele tinha feito a mesma coisa um mês antes e ela já tinha comprado uma cama nova. O Biel diz.
- Serio isso, Celo? O Wanderson pergunta rindo.
- Foi diferente, além de um mês ser muito tempo, a cama que eu vi era muito mais bonita do que a que eu tinha ganhado.
- Vem o ônibus ta chegando.
- Daí-me forças Senhor. Eu digo entrando no ônibus.
Entramos no ônibus, sentei e o Wanderson sentou do meu lado e fomos a viagem toda em silêncio.
O ônibus parou na praça e nós descemos.
- Foi tão ruim assim? O Wanderson pergunta e me beija.
- Prefiro um táxi.
- Para de bobeira. Ele diz me pegando pela cintura, me beija e se despede.
Seguimos para minha casa e a tia Monique estava lá.
- Oi tia, oi tio. Digo subindo a escada correndo com as meninas e o Biel.
O Biel entra e deita na minha cama.
- Cara, você ta todo sujo. Sai daí. Diz a Luiza para o Biel.
- Depois o Celo, limpa.
- Escravo Isauro agora, né?!
Conversamos sobre tudo que possa imaginar, quando percebemos já estava de noite e só percebemos porque o Wanderson chegou.
- Vocês ainda estão aqui?
- Você casou e eu não sabia, bicha? Pergunta o Biel com cara de deboche.
- Não é isso, é que já são 19hs. Responde o Wanderson.
- Serio? O Gui vai me matar. Diz Luiza levantando da cama.
- Matar? Ele é seu namorado ou seu dono? Pergunta o Biel.
- Haha, muito engraçado. É que eu marquei de encontrá-lo na praça 19h30min. Ela diz saindo.
- Vai au au.
- Gabriel, para de se meter na vida dos outros e vamos embora. Diz a Carla levantando.
- Vamos. Beijo e sonha comigo. O Biel grita saindo com Carla e Sarah.
- Finalmente sós. O Wanderson diz vindo me beijar.
- Espera, eu to muito sujo. Digo o afastando de mim.
- É só um beijo.
- Me espera tomar banho.
- Rápido que eu quero... Você.
Pego minha roupa e vou para o banheiro, tomo banho, me arrumo e saio secando o cabelo.
- Marcelo, preciso falar com você. Diz o Mauricio serio.
- Fala.
- Vamos lá no quarto.
Eu o sigo, entramos e sentamos na cama.
- Olha, faz tempo que eu to querendo conversar com você, mas você nunca ta em casa, quando ta nunca ta sozinho. Mas, enfim.
- Fala logo, Maurício, ta me deixando curioso.
- Bom, eu queria saber como você... Saiu do armário? Ele diz fazendo aspas com os dedos.
- Bom, eu meio que nunca tive dentro de um armário, mas pra que você quer saber disso agora?
Ele só me olha.
- Não vai me dizer que você...
- É. É isso mesmo. Eu sou gay.
- Me desculpe a expressão tão 2009, mas eu to rosa chiclete.
- Serio, que não dá pra perceber?
- Muito serio. Eu jurava que você gostava de bu... Prefiro não falar essa palavra. Me dá ansia.
- Mas agora me explica, como assim nuca esteve dentro de um armário?
- É que eu sempre dei muita pinta. Sabe? A mão, como diz o César (Pai do Félix, para quem não sabe) meus trejeitos sempre foram muito claros. Nunca tive isso de “Ah, vou assistir futebol, vou controlar minha mão, etc. Pra ninguém saber que eu sou gay.”.
- Mas quando você falou: “Mãe, pai eu sou gay”?
- Eu não precisei. Minha mãe me pegou beijando um garoto no quarto. E sinceramente não sei como te dizer pra fazer isso. Só acho que você tem que revelar.
- Mas não é tão fácil quanto foi pra você. Sua mãe é a pessoa mais liberal que eu conheço, já o meu pai além de antigo é quase um pastor.
- É verdade, acho que vai ser muito difícil.
- Obrigado Marcelo, ta me ajudando muito. Ele diz com um sorrisinho cínico no rosto.
- Desculpa, mas eu não sei o que dizer.
Nesse momento meu celular toca.
- Fala Wanderson!
- Onde você ta?
- To no quarto do Maurício, já to indo.
- Rápido.
- Mau, vou ter que ir depois a gente continua.
- Mau?
- É. Vou te chamar assim agora.
- Gostei.
Vou para o meu quarto.
- O que você tava fazendo no quarto com seu primo gato?
- Conversando. Só conversando.
- Esquece. O que você quer comer hoje?
- Sei lá... Que tal hot dog?
- Você sabe que eu não gosto de hot dog.
- Eu como o hot dog e você come outra coisa.
- E dormir? Quer dormir lá em casa?
- Depende da senhora lá em baixo.
Eu termino de me arrumar, desço, o Wanderson pergunta a minha mãe se eu posso dormir na casa dele e ela deixa. Vamos a lanchonete, comemos, depois vamos para a praça tomar sorvete e vamos para a casa do Wanderson. Eu entro, cumprimento a família dele e subimos.
- Deixa eu terminar de ler o caderno?
- Não. Você riu de mim. Nós vamos assistir um filme.
‘ Mais um daqueles filmes chatos de ação ou Super Heróis. ’ Pensei.
Ele coloca o filme e eu fico esperando. Quando percebo, finalmente ele tinha comprado um filme que eu gostava.
- Finalmente, um filme bom. Achei que ia dormir de novo.
- Sabia que você ia gostar. Ele diz sorrindo e deitando do meu lado.
Depois de um tempo ele desce pra buscar pipoca. Quando o filme acaba eu já estou morrendo de sono.
- Serio que você vai dormir?
- Não é isso que as pessoas fazem quando estão com sono?
- Se é pra me tratar assim prefiro que você durma.
- Desculpa! É que eu cheguei muito tarde ontem ainda estou com sono. Digo o beijando.
- Vou pensar.
- Vai pensar? Digo subindo em cima dele.
- É. Vai ter que suar muito pra ter o meu perdão.
- Suar? Nem pensar. Tenho nojo de suor.
- Então, melhor, vai ter que rebolar muito pra ter meu perdão.
- Ai já é outra história. Digo sentando no colo dele.
