Já faz algum tempo que não publico nenhuma de minhas "atividades" por aqui, gente. Sabe, às vezes, a vida é tão corrida que não temos horário para encaixar o todo de nossos afazeres. Às vezes, por licenciosas efemérides, às vezes, por questões mais sérias. Falando em seriedade, esses dias me aconteceu algo que preciso contar, pois deixou-me entre o riso do humor negro e o ato de benzer-me pedindo perdão a Deus. Do mais, sabe-se lá o julgamento que se pode ter ante tal ato.
Da última vez que nos encontramos, caro leitor ou ouvinte - como queira -, narrei meu encontro com a querida amiga Cristina. Aquela moça é uma figura. Seu encontro com um súcubo num cemitério fora arrepiante e ainda mais quando me deixou ver um pedaço de osso vindo de uma lasca de chifre do demônio que ficou em suas mãos. Pensei que isso seria a coisa mais mórbida que veria esse ano, mas a vida tem o poder de sempre estar se superando. Isso qualquer um pode comprovar.
Por esses dias recebi um telefonema da esposa de um amigo meu que não via há tempos. Após uns ligeiros cumprimentos, ela me disse que o marido estava na UTI do hospital Pasteur, no bairro do Méier, localizado no subúrbio do Rio de Janeiro. Também disse que estava chamando todas as pessoas que tinha significado algo na vida do casal para vê-lo, pois o médico avisara que sua vida teria pouco tempo. Sentindo o golpe, pois amigo é amigo, faça o tempo de ausência que for, agradeci a lembrança e dizendo algumas palavras de fortalecimento e consolo, peguei o dia e horário certo da visita.
Minha esposa não o conhecia e nunca se sentiu bem ao ver um hospital. Talvez sua saúde debilitada traga tal sensação, por isso não insisti que fosse comigo. Na verdade, ela só conhecia meu amigo Gilberto de nome devido aos fatos de nossa antiga amizade começada ainda no fim do Ensino Médio, onde tínhamos feito muita merda juntos e com outros amigos nossos.
O clima sombrio do hospital fazia pairar sobre todos uma aura de melancolia. Encontrei conhecidos que não via há anos e outros que vez por outra esbarrava nas esquinas da vida. Após alguns assuntos iniciais para quebrarmos o gelo de modo respeitoso à esposa de nosso amigo e sua memória, soube por intermédio de alguns dos presentes que ele tinha sido hospitalizado após um acidente de moto na Dutra. Era motoboy e como muitos de sua profissão, lidava constantemente com o perigo. Depois de quase uma década no serviço, infelizmente uma fechada acidental de um caminhão o fez perder o equilíbrio e seu corpo se chocou com força total no asfalto. Para sua infelicidade o capacete já desgastado pelo uso não resistiu ao impacto e se abriu como uma casca de ovo, expondo a cabeça para receber o golpe.
Todos ficamos muito tristes e cumprimentamos sua mulher. Ela estava sendo uma guerreira suportando a dor e tendo que consolar as duas crianças do casal. Dei todos os meus telefones de contato e até o e-mail para caso ela precisasse de algo. Falei de modo verdadeiro, pois um amigo está conosco do lado esquerdo do peito, como o velho Milton cantava, e dentro da carne mais do que o sangue.
Para a infelicidade de todos nós ele veio a falecer dois dias depois, deixando um casal de filhos e uma viúva. Poucos tiveram coragem e realmente outros compromissos impossibilitaram de que comparecessem ao velório. Como a viúva não tinha mais a quem recorrer, me ligou para auxiliá-la em algumas questões administrativas que a seguradora e o BO da Polícia Civil exigiam. Muita coisa era formalidade, mas tinha de ser feita e fui ajudar. Como minha formação em Administração também abriu leque para a área de seguros, aquilo não seria tão difícil para mim.
Tratamos de todo o necessário e tudo ficou encaminhado. Você que já leu meus relatos sabe como sou, agora você que ainda é marinheiro de primeira viagem não pense que eu estarei aqui contando que então a coisa esquentou e rolou alguma coisa entre nós dois. Isso é coisa de gente que publica contos em blogs fantasiosos ou em sites como aquele Casa dos Contos Eróticos que de vez em quando leio.
Pois bem, assim que o caso foi resolvido, ela se despediu tomando um táxi até em casa e eu fiquei ali mesmo dizendo que era momento de despedir-me de meu amigo antes que houvesse mais gente no velório. Entendendo a situação, o rapaz que tomava conta do necrotério disse que o expediente estava monótono e acabaria por aproveitar que já passava da meia noite para tirar um cochilo. Com poucas pessoas no local, ficava basicamente o guarda noturno na portaria, o vigia que me deixava ali próximo ao meu amigo e eu. O vigia acabou deixando a chave comigo crendo que não havia mal de deixar comigo que parecia um cara normal.
Realmente eu estava abalado de saber que um cara jovem como ele, aos trinta e quatro anos estava ali estendido levado pela morte. Sua gaveta tinha sido fechada, porém o vigia tinha avisado que se eu quisesse, poderia abrir para prestar a homenagem da despedida. No atual estado das coisas nem sei se teria forças para ir ao sepultamento, então resolvi ficar. Tinha avisado em casa que iria passar a noite ali.
Quando dei por mim, vi que havia recebido duas chaves. Devido aos contra-tempos, acabei esquecendo onde era a capela de meu amigo. Pensei em comprar um café para aquecer a noite que tinha ventos frios. Fui andando tentando recordar. Tinhas duas chaves, a que dava para a porta número cinco e a da porta número sete. Olhei bem e fui para a primeira.
A capela estava vazia. O caixão coberto pela manta repousava ao centro. Deus, estava só eu e meu amigo. Sentei e comecei a recordar todo o nosso passado. Estava tenso e até derramei algumas lágrimas, buscando me conter. Após alguns minutos lembrando das sacanagens que ele aprontava, fui até seu corpo e tirei a manta para ver seu rosto, porém dei um passo para trás assustado. Não era seu corpo, mas outro que estava ali. Devia ter errado de capela.
Envergonhado por perturbar o descanso daquela pessoa, ia sair, mas ao olhar mais para aquele rosto, fiquei encantado. Era uma jovem. Devia ter entre dezoito e vinte e dois anos. Cabelos lisos e castanhos, uma beleza fina. Por curiosidade desci mais a manta e um corpo bem feito foi sendo desvelado. Sei que não era o momento, mas algo como um tesão começou a ser desperto em mim por estar fitando aquela criatura. Aquela bela mulher, apesar de morta, ainda atraía olhares. Se existe um outro lado da vida (espero que não ou por coisas como essas vou diretamente abraçar Satanás e tomar com seu tridente no rabo), ela devia estar encantada de ainda fascinar alguém. Será?
Bem, se ela estivesse fascinada, certamente não teria ficado muito com o que desenrolou-se a seguir. Estava muito encantado com aquela beleza. Pensei em sair, pois se fosse pego por alguém provavelmente não conseguiria achar explicações ou dar desculpas para o que estava fazendo ali naquelas circunstâncias.
Por uns momentos pensei, refleti. Uma e meia da manhã. Ao nosso redor só o silêncio sepulcral da morte. Após tirar todo o seu manto, encontrei seu corpo. Me aproximei e mesmo que estivesse fria como o gelo, beijei seus lábios. Beijei novamente. Ela não correspondia, mas isso pouco importava.
Em instantes parecia estar pirado. Não tomava conta de meus atos e com jeito a suspendi. Agora, que se dane se alguém estivesse vendo ou nos pegasse! A levantei como se fosse minha própria noiva e mais doido que o personagem do livro Macário do Álvares de Azevedo, a deitei sobre o banco de pedra coberto de azulejos. A porta estava fechada e o silêncio quase absoluto era tudo o que tínhamos.
Me deitei ao seu lado e acariciei seus cabelos. Não podia desarrumá-la ou alguma família sofreria com a imagem do corpo violado daquela ente querida. Com cuidado então fui abrindo sua roupa e mesmo que a rigidez cadavérica não auxiliasse muito, consegui movê-la. Nossa, que corpo perfeito ela tinha! Era mais bela na morte do que muitas na vida. Não sei quem era ou seus sonhos, se havia tristeza ou alegria em seus dias, mas era irrelevante tudo isso ante a plena paixão em mim despertada.
Como um louco embriagado pelo tesão, consegui despi-la parcialmente, mas o suficiente para que fosse concluída a minha vontade. Seus seios firmes e médios apontavam e não detectei nenhuma cicatriz em sua pele. Talvez tivesse morrido de causas internas ou alguma doença, mas o certo é que fosse o que fosse, nada pode alterar tamanha beleza tenra como a de uma menina, apesar de ser mulher.
Deitei-me entre suas pernas e passando os lábios em seus mamilos os suguei. Brincava com a língua por seu corpo e desci até sua boceta. Sem odores que pudessem prejudicar o ato, degustei cada centímetro de sua zona do prazer. Beijei novamente seus lábios e seus olhos (agora de pálpebras abertas por mim) com um verde acobreado me fitavam de outra vida, outro mundo, outro plano.
Não aguentando mais de prazer, tirei da bolsa o creme que levo sempre que preciso comer o cu de alguma mina (ou travesti ou veado) que não curte fazer a seco e emplastei sua boceta. Abraçando seu tronco, meti com tudo. Apertava seu corpo mais e mais conforme estocava mais fundo. Não havia preocupações com gemidos, pois era a mais inerte das amantes.
Socava com tesão alucinadamente. Metia com toda a vontade e sentia seu corpo tremer com a pressão da pirocada. Soquei diversas vezes com vontade e não aguentei... Beijando sua boca colando minha língua a sua, gozei forte. Estava a dois dias sem meter. Detesto masturbação, por isso só gozo se houver companhia. Punheta, só se for de outra mão em meu pau, pois a minha não dá, é solitário demais. Com o corpo tenso, gozei e esporrei aquela boceta com vigor. Vários jatos a inundaram por dentro. Deixei que o cacete ficasse até latejar pela última vez.
Retirando a pica daquele "templo" de prazer, beijei-a e limpando com um lenço o mais que pude, consegui deixar sua xana o mais seca possível. Com esmero total ajeitei suas roupas e a pus com carinho novamente no caixão. Coberta pela manta, dificilmente alguém verificaria o que houve com ela. No máximo seria enterrada e haveriam as despedidas.
Beijando sua boca pela última vez fui à porta e saí tomando cuidado para não ser barulhento e alertar alguém que pudesse estar ali velando mais alguém ou que fosse funcionário. Então passei à capela de meu amigo. Agora, mais relaxado pelo afã sanado de ter encontrado na carne morta o avivamento de meu prazer, velei o corpo de Gilberto.
Às seis horas da manhã fui embora enquanto chegavam os primeiros parentes para vê-lo. Eram do interior de Minas, assim como meu amigo, embora radicado no Rio há anos. Eram seus pais e irmãos. Conversei e passei os detalhes técnicos a todos. Disse que logo mais voltaria e poderíamos conversar com mais calma. Precisava dormir. Eles agradeceram o carinho que tivera por seu ente amado.
Na primeira padaria que vi entrei e comprei um café com pão para encher a barriga. Nem jantara direito na noite anterior. Ao chegar em casa, minha mulher falou rapidamente comigo, me dizendo para que fosse dormir, pois logo deveria ir ao funeral em menos de três horas. Era só um cochilo mesmo. Pelo menos ela iria comigo.
Antes de fechar os olhos, da bolsa, guardado em um bolso falso, retirei duas preciosidades que ficariam para a posteridade como itens que jamais deixariam aqueles momentos apagados: uma flor de seu caixão e uma foto que tirara dela deitada sobre o banco. Guardei tudo com cuidado e carinho e sorrindo pensei que nunca mais a veria, mas embora isso fosse um fato explícito, o que nunca saberiam é que além de eu ter estado nessa noite, ela levava consigo uma parte minha.
Fechei os olhos, não sem dizer dois versos da Divina Comédia de Dante que tanto significavam no momento:
"Lasciate ogni speranza voi che entrate". (Percam as esperanças todos aqueles que aqui entrarem)
"Amor condusse noi ad una morte". (O amor nos conduziu a uma mesma morte).