Breno:
Era tudo que eu precisava. Tentei checar meu e-mail mas a internet do meu celular resolveu não funcionar. Mas depois da ótima noite que eu tive, estava relaxado e nada estragaria isso.
Devolvi o carro e fui a pé para o trabalho. Na porta do prédio tinha mais papparazzis, possivelmente outra celebridade ganharia sua versão em game. Estranho eu não ter sido avisado...
Entrei pelos fundos, entrei pelo refeitório e escutei risinhos entre as funcionárias quando passei. Quando cheguei no corredor, corri para pegar o elevador. Entrei e percebi uns sorriso estranhos. No elevador tinha chefe de outros setores alguns funcionários.
-[Bom dia Breno.]
-[Bom dia Oliver.]
-[Faz algum tempo que não nos vemos. A continuação do seu jogo promete.]
Não gostava do tom daquele abutre. Era um dos desenvolvedores que corria risco de ser demitido por falta de patrocínio. Muitos dentro da empresa não gostavam de mim por ter subido tão rápido de estagiário a chefe de setor.
-[Espero que sim. O contrato com os patrocinadores já foi assinado.]
-[Que bom. Tem suas vantagens ser tão intimo da chefia.]
Me virei e vi todos me olhando com um jeito debochado e desdém. Cheguei no meu andar e sai dali sem entender direito. Sentei na minha mesa e meu assistente veio com um ar sério e distante, diferente do seu jeito animado.
-[O repórteres insistem em falar com você. Você tem mais de 70 mensagens e eu dou o mesmo recado que você não tem nada a declarar. O presidente quer ver você agora.]
Me levantei e olhei sem entender nada. Caminhei ouvindo cochichos e comentários que apesar de não conseguir entender as palavras sabia que era sobre mim.
Quando entrei na sala do meu chefe, ele estava na frente do computador e sem desviar o olhar, ele me mando sentar.
-[Breno você é alguém que eu tenho uma enorme respeito e carinho, por ter visto um menino ser tornar alguém tão respeitoso e talentoso. Por considerar tanto você, eu chamei você para ouvir a história toda da sua boca.]
Olhei pra ele sem entender nada. Fiquei esperando ele me dar alguma luz.
-[Senhor, me desculpe mas eu não estou entendendo nada.]
Ele olhou pra mim procurando acho que alguns traço de mentira no meu rosto. Ele era como um pai pra mim e se alguém me conhecia tão bem nesses últimos anos era meu chefe.
-[Você realmente não sabe? Não viu televisão ou entrou na internet?]
-[Não. Eu sai com meu namorado ontem e vim direto pra cá. Meu celular não está conectando na internet.]
Meu chefe passou a mão no rosto e me olhou mais uma vez. Ele virou a tela do computador pra mim e se levantou olhando a janela. Ele só fazia isso quando estava preocupado.
Olhei a tela e vi uma foto minha com Maurício que levei um tempo para reconhecer pois estava com um terno preto, óculos escuros e um menininho no colo que deveria ser Flávio com uns 5 anos.
Embaixo uma matéria típica de sites de fofoca, que contava sobre o recluso presidente de uma grande empresa se envolve com um dos funcionários da divisão de jogos que ganhava diversas vantagens sobre isso.
Nos outros sites mostrava as fotos de mim e Maurício no nosso encontro e como ''eu sabia arrancar favoritismo do meu chefe''. Eu não consegui ler o resto. Estava confuso com tudo aquilo e precisava de respostas. A pessoa que me darias essas respostas estava na minha casa.
-[O senhor pode me liberar por hoje?]
-[Fique a vontade.]
Sai dali e voltei pra minha sala. Peguei o celular extra do meu assistente e fui olhando todos os sites que falavam sobre nós. Tive que sair escondido mais uma vez e corri para um táxi.
Alguns diziam que nós tínhamos um caso a vários anos e que Maurício havia se casado para garantir o nosso futuro. Também descobri que Maurício era muito rico, ganhando dinheiro investindo em todo tipo de negócios com a empresa do sogro que o deixou como presidente por estar muito doente.
O Maurício assumiu dois anos antes do lançamento do meu segundo jogo. Antes disso o projeto de continuação do meu jogo havia sido negado e descartado diversas vezes.
Cheguei em casa e minhas pernas tremiam. Eu queria uma explicação sincera e honesta sobre tudo que estava acontecendo e tudo que aconteceu no passado.
Quando entrei em casa, Maurício estava no meio de vários caras engravatados, dando ordens e gesticulando calmamente.
-Maurício?
-Só um minuto. Eu vou resolver tudo.
Ele continuou falando com todas aquelas pessoas, agindo como se eu nem estivesse ali e nada daquilo fosse sobre mim, sobre nós.
-Eu quero toda essa gente fora da minha casa! AGORA!
Os engravatados se entreolharam e olharam Maurício, que fez sinal para que saíssem.
Ficamos apenas nós e o silêncio.
-Acho que te devo uma explicação.
O tom da voz dele mudou e voltou ao que eu conhecia. Aquele calmo com um quase sorriso no rosto.
-Quando a Amada estava com 3 meses nós nos casamos. O pai dela cuspia que ela era uma vadia drogada que iria por outro fracasso no mundo. Por pura formalidade eu aceitei casar e viveríamos como amigos. O pai dela é um velho nojento e vive me chamando de viado e outras coisas. Com 7 meses, Amanda foi ficando cada dia mais debilitada e ela morreu, me deixando sozinho com um recém nascido.
Maurício passou a mão no cabelo e a colocou na nuca. Respirou e continuou.
-O pai dela não me deixava chegar perto de Flávio e eu até gostava disso. Nessa época eu considerava o Flávio como algo que tinha me tirado tudo. Eu não conseguia olhar pra ele sem sentir raiva. O pai da Amanda, o doutor Celso, resolveu que me transformaria em um homem de verdade. Me pôs na sua empresa como faxineiro e me fez crescer um degrau de cada vez. Eu sempre fui inteligente e esforçado e quanto mais eu trabalhava, mais longe de Flávio eu ficava.Doutor Celso me humilhava sempre que podia mas sabia que eu era um bom trabalhador.
-Onde eu entro nessa história?
-Quando Flávio tinha uns 5 anos, em umas das tentativas dele de conseguir minha atenção, ele apareceu com um jogo e balançou na minha frente enquanto eu trabalhava na sala. Eu tirei da mão dele e joguei no canto, aí ele abriu o berreiro. Eu me levantei de saco cheio e só pra fazer ele ficar quieto fui por o jogo. Atrás vinha o nome dos desenvolvedores e de cara eu vi seu.
Maurício olhou pra mim e deu um sorriso triste.
-Eu fui correndo para o computador e pesquisei sobre o jogo e você. Descobri a sua empresa, onde você morava e procurei li algumas entrevistas suas. Flávio tinha trago você de volta pra minha vida.
-O que você fez?
-Meu trabalho na época era procurar novos investimentos e eu achei uma boa ideia comprar a empresa que você trabalhava. Foi um pouco difícil convencer Celso mas ele sabia que eu não era idiota no trabalho e era o único momento que ele confiava em mim. Comprei a empresa e descobri que seu jogo iria ser descartado e você despedido.Eu resolvi interceder e impedir isso. Mexi uns pauzinhos e fiz seu jogo ter uma continuação. Com isso também consegui uma promoção pra você e garantir seu emprego.
-O QUE?! Você sabe o que estão falando sobre nós?! Sobre mim?! Sabe como é saber que eu fiquei em um emprego só por que eu transei com o presidente?!
-Você sabe que não é assim! Eu só queria que você ficasse bem!
-Manipulando minha vida?!
-Breno, eu sei que é estranho mas...
-Estranho?! Eu vim pra Londres pra ter minha vida! E agora eu descubro que tudo que eu tenho foi algo manipulado por você! Isso é assustador! Psicótico!
-Breno, você está nervoso...só se acalma um pouco.
-EU NÃO VOU ME ACALMAR! EU ESTOU EM TUDO EM QUE É SITE DE FOFOCA,DIZENDO QUE TUDO QUE EU CONQUISTEI É POR QUE EU SEI FAZER UM BOM BOQUETE! É QUER SABER, É VERDADE! ELES TEM RAZÃO, MAIS UMA VEZ VOCÊ NÃO PERGUNTA NADA, FAZ O QUE ACHA CERTO E FAZ MERDA!
-Breno...
Sai e fui para o meu quarto, bati a porta e me tranquei. Maurício foi até minha e bateu devagar.
-Breno, me desculpa. Eu só queria você de volta.Desculpa por fazer tudo errado de novo.
Escutei seus passos e soquei meu travesseiro de tanta raiva que eu sentia. Chorei de raiva e acabei dormindo.
Acordei e já era início de noite. A casa estava silenciosa e resolvi dar uma espiada.
-Maurício? Flávio?
As luzes estavam apagadas. Fui até o quarto de hóspedes e vi que estava vazio. Olhei a sala e vi um pequeno bilhete no meu sofá apenas escrito "Desculpe".
Pegue meu celular e liguei para Jéssica.
-Você sabia?
-Não. Naquela noite que vocês saíram, Flávio me contou tudo.
-Eles foram embora.
-É claro. Se não Maurício vai ser preso.
-O QUÊ?!
-O Maurício não te contou? Ele não tem a guarda de Flávio. É por isso que a mídia está dando tanta atenção pra esse assunto. Ele abriu mão da guarda de Flávio quando ele tinha uns 6 meses e o entregou para o avô. Quando Flávio fez 6 anos, Maurício entrou na justiça para reaver Flávio.
Maurício é definitivamente louco.
-A decisão da justiça sai em 6 meses. Eles vão ir para o Brasil hoje a noite, às onze.
Fiquei quieto e como sempre Jéssica sabia o que eu sentia.
-Então Breno, vai deixar eles irem?
Desliguei o telefone e peguei a chave do meu carro. O aeroporto ficava 2 horas do meu apartamento, com o trânsito, cheguei no aeroporto 10:15pm. Fui até a área de embarque para o Brasil e vi Jéssica abraçando Maurício. Ela me viu e me escondi no banheiro. Flávio estava de cabeça baixa com uma cara de choro, mandei um sms para Jéssica dizendo para fazê-lo ir ao banheiro.
Ela me olhou com um olhar que me chamava de covarde. Alguns segundos depois Flávio vinha até o banheiro. Olhei meu reflexo me vi com um moletom de capuz e um jeans velho. Flávio entrou no banheiro e correu e me abraçou quase quebrando meus ossos.
Ele começou a chorar e eu só pude abraça-lo. Sentamos no chão e ficamos em silêncio.
-Desculpe não ter contado sobre tudo isso.
-Você não precisa se desculpar.
-Preciso sim. Eu sabia de tudo desde o começo mas deixei meu pai fazer isso.
-Vir pra cá não foi ideia sua.
-Mas isso não diminui minha culpa.
-Eu e seu pai já temos uma história bem complicada.
-Antes o meu pai ficar nessa fixação por você, ele parecia um zumbi que só trabalhava e obedecia meu avô. Depois ele começou a rir mais e ser um pai de verdade. Tudo graças a você.
-Eu não sei se posso perdoar seu pai.
-Eu amo vocês dois. E quero que os dois fiquem bem. Você não precisa perdoar ele agora, de um tempo pra si mesmo.
-Eu só queria que seu pai percebesse que eu não sou e não quero ser dependente de ninguém. Ele sempre age como bem entende sem perguntar se os outros apoiam ou aceitam o que ele impõem.
-Alguém deveria ensina-lo.
Olhei pra Flávio e ele sorriu. Nos levantamos e ele me abraçou outra vez.
-Tchau pai.
Flávio me soltou e foi caminhando para a porta.
-Flávio,quer me ajudar em uma coisa.
Ele sorriuOlá pessoal!
Estamos chegando ao fim! Ç.Ç
Nem acredito que vou finalizar mais um conto!
Então, o que acham que vai acontecer?
Pra dizer a verdade eu nem sei o q vai acontecer... e.e
O último deve sair na segunda ou terça, então fiquem ligados!
BJUS! :*