Maurício estava muito chapado de drogas e bebidas quando Júlia chegou de noite, juntando suas coisas.
- Aonde pensa quê vai, Júlia?
- Embora, Maurício.
- Você tá louca se acha que eu vou permitir. - Pegou as roupas de dentro da mala e jogou no chão. - Daqui, você não saí, viva.
Maurício pegou uma faca na cintura, mostrou para Júlia.
- Que isso, Mau? Pára, você tá me assustando...
Maurício foi para cima de Júlia, ela correu para fora do barracão, não tinha ninguém lá para ajudá-la. Na rua, Júlia acabou tropeçando e caiu, nisso deu tempo de Maurício alcancá-la.
- Você tinha tudo pra ser feliz comigo Júlia, mas preferiu me troca por uma bucetuda rica. Se eu não vou te ter ela também não terá.
Maurício deu três facadas em Júlia, enquanto lutavam, uma no braço, uma no peito e uma na barriga. Ele fugiu correndo ao ver o carro de Bianca virar à esquina. Ao passar pelo carro mostrou a faca suja de sangue e gritou que ela seria a próxima, depois sumiu correndo matagal à dentro.
- Júlia?! Meu Deus... Você vai ficar bem, calma, continua respirando...
Bianca chamou o socorro, esperando junto ao corpo de Júlia, segurando a mão dela, afimando que ela iria ficar bem.
Por não ser parente Bianca teve que ir em seu próprio carro seguindo a ambulância até o hospital.
Levaram Júlia direto para a sala de cirurgia, tinha perdido muito sangue em um dos ferimentos, preocupando os socorristas, depois o médico.
Bianca foi até uma igreja do outro lado da rua, em frente ao hospital, sentou no banco e olhou para a imagem do Cristo crucificado:
- Bom... Não sei se você tá me ouvindo lá de cima ou se tem olhado por essa pobre alma que aqui está... Eu sei que Júlia apareceu na vida quando eu mais precisava de alguém para amar, e eu me entreguei de novo. Não posso perdê-la agora... Nem nunca! Jesus, sabe eu sempre tive tudo que o dinheiro oferece, nunca senti necessidade de te pedir algo e nem sequer sei rezar. Não sei como anda meus créditos com o Senhor, mas me ouça nesse momento, salva a Júlia, não deixa ela morrer. Ela está começando a viver agora, por favor deixe ela ficar mais um pouquinho comigo. Eu sei que alguns condenam o meu amor, o amor de toda pessoa homossexual, mas você preza o amor como um sentimento, sem sexo. Na verdade sempre teve "gay's" no mundo, até na época que tu andou por aqui. Está entendendo? Nem eu mesmo me entendi que dirá o Senhor. A vida da Júlia é muito importante para mim, ajuda naquela operação, eu preciso dela aqui comigo. Perdoa eu pelo modo de falar e me dê uma resposta positiva. Amém.
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Na sala de cirurgia:
- Parada cardíaca.... Preparem o aparelho... Choque mínimo.
Primeira tentativa, sem sinal de batimentos. Júlia estava morta, com os olhos abertos, viu um vulto branco atrás do médico, aparecia humana, segurando os ombros do médico. *[tipo igual ao filme: cidade dos anjos]*
O "Ser" sorriu para Júlia, era a terceira tentativa de reanimá-la, sinais fracosde respiração apareceram na máquina do hospital. Logo O "Ser" acenou em forma de oração para Júlia, desaparecendo. Júlia voltou a inconsciência, enquanto a cirurgia continuou.