Como Chamas 4x09: CARMA É UMA DROGA!!!
Tudo bem.
Eu havia perdido o amor da minha vida por um vacilo meu. Ok. Talvez não totalmente, afinal, Felipe não me esqueceria tão facilmente... não esqueceria, certo?
Comecei a correr ainda mais e apertei os grandes fones de ouvido contra minha cabeça. Eu nunca fui um cara chegado a esportes ou exercícios físicos, mas considerando toda a correria dos últimos meses, talvez eu tenha me tornado algo mais que apenas sedentário ou preguiçoso. Estava quase completando a volta no meu bairro e nem mesmo havia suado. Estava dobrando a esquina quando notei uma placa branca coberta por letras vermelhas na porta de um prédio antigo.
ARTES MARCIAIS E DEFESA PESSOAL - AULAS, TRATAR COM LUCAS.
Era o que dizia. Parei para pensar por um segundo. Aprender a aquilo seria a solução para os meus problemas. Se eu soubesse me defender ajudaria muito a evitar esses problemas que tenho com Felipe e meus amigos.
Andei respirando fundo ate aquele prédio. Sim eu estava mesmo fazendo isso.
Andei ate o balcão e uma garota de cabelos curtos ruivos e coberta de tatuagens se virou para mim.
- Oi, eu estaria interessado em aulas de defesa pessoal.
Um garoto forte e de pele morena clara passou por mim, jogou sua bolsa com o logotipo da academia no balcão e piscou para a recepcionista esquisita.
- Cleo, pode pegar minha roupa por favor?
- Claro.
A garota já ia se levantando, me ignorando completamente.
- Ei, eu cheguei aqui primeiro. Falei e a menina se voltou para mim com uma cara de não-me-importo-com-isso.
- E quem é você? Perguntou o cara como se achasse absurdo o fato de eu ter reclamado.
- Quem é você? Eu perguntei de volta sem olhar para ele.
- Bem, eu sou...
- Não se dê ao trabalho, não me importo. Pode me dar a ficha de inscrição e me dizer quando começa a próxima aula?
A garota me entregou a ficha e uma caneta com a maior mal vontade do mundo, quase podia ver claramente a cena dela me matando com a caneta.
Me afastei e o garoto fez o que quer que ele tinha que fazer e subiu para aonde ocorria as aulas. Preenche tudo e entreguei a ela.
- Você pode começar hoje e me trazer o dinheiro na próxima aula.
- Serio? Mas nem estou arrumado e...
- É a primeira aula, é importante.
Acabei concordando e subi. Entrei na sala com a placa dizendo Defesa Pessoal e me sentei no dojô ao lado de uma dúzia de outros garotos que pareciam tão perdidos, mas não tão deslocados como eu. Graças a Deus o garoto folgado não estava na minha classe. Provavelmente era apenas mais um aluno bobo e indisciplinado e folgado e... AI DROGA! MEU PROFESSOR!
O garoto andou pela sala olhando nos olhos de todos e eu tenho que dizer que não o encarei de volta. Meu rosto queimava, eu podia sentir, mas não podia em levantar e correr como eu queria.
Suspirei e tentei não olhar para ele. Aquelas sérias as piores próximas duas horas da minha vida.
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Horas mais tarde, eu estava sentado na cafeteria perto da escola esperando ansiosamente pelo meu cappuccino Latte. A aula havia sido melhor do que eu pensava.
Aprendi uma chave de braço muito ágil e simples, e também a lição de que não se deve ser grosseiro com pessoas estranhas porque elas podem acabar sendo um professor ou professora no futuro e lançar alfinetadas a aula toda pra você.
- Como conseguiu chegar aqui? Perguntou Brad parado ao meu lado e já segurando um copo de cappuccino.
- Como já conseguiu um?
- Uma garota do segundo ano pegou pra mim.
Me segurei para não revirar os olhos. Havia algo errado ali, tinha que haver. Eu sempre fui legal com todos e popular, e ninguém nunca tinha me trago café.
- Não sei se deveria estar tomando isso, por causa do meu físico, mas é viciante.
- Que isso, você tem um corpo lindo, não é? Perguntou uma garota do primeiro ano se aproximando de mim. Isso era serio?
- Ah, desculpe, está falando comigo? Eu disse e me virei de costas. A menina se encolheu e sumiu assim como apareceu.
- Alguém está de mal humor.
- E alguém está se achando o clare-vidente.
Brad riu e colocou a mão em minha cintura.
- Como se alguém pudesse ter uma carreira com isso.
Notei que ele se aproximou e estava se aproveitando disso. Quase pensei em fingir que caia, mas não podia. Queria Felipe de volta, era ele que eu amava. Afastei a mão de Brad.
- O que foi? Soube que não está mais namorando.
- Quem disse isso?
- Importa?
O sinal tocou e tive que sair da fila para voltar a sala. Aquela noite podia ficar melhor.
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Estávamos todos saindo da escola, alguns correndo para o carro de seus pais, outros indo com seus paqueras e eu parei perto do portão.
- Ei, vamos? Me virei para frente e avistei Leon em sua moto em encarando com um belo sorriso no rosto. Isso era lindo, mas não era nada bom.
- Foi mal, mas meu pai já está chegando. Tenho uma coisa pra fazer, fica pra próxima.
- Ah, serio? Que pena cara, mas você sabe que temos que conversar ne?
- Sei sim, mas não hoje e nem agora.
- Ok, Hum, boa noite.
- Boa noite. Respondi olhando para a rua.
- Posso te ligar mais tarde?
Ah que droga! Aquele era o tom de "estou me arrastando porque gosto de você e quero que note isso" ? Era sim!
- Eu te disse, vou estar ocupado.
Leon ficou realmente devastado. Aquilo partiu meu coração, mas como achei que partiria. Éramos amigos, eu pensava nele assim agora.
- Mas se eu tiver um tempo livre eu te ligo.
Ele sorriu, pouco, mas sorriu. E finalmente deu partida. Me virei na direção oposta e comecei a correr. Minha casa não ficava nada perto da escola, então aquela seria uma longa caminhada.
Correndo alguns quarteirões, notei que um sujeito de boné e moletom estava realmente me seguindo. Dei uma volta em um quarteirão e ele fez a mesma coisa. Estava atras de mim.
No desespero, corri para um beco próximo o mais rápido que pude. Apanhei um pedaço de madeira que encontrei e me escondi atras da grande lata de lixo. Segundos depois, ouvi os passos dele entrando no beco.
Parte de mim, torcia para ser Nick, assim eu poderia chutar o traseiro dele, mas a outra parte torcia para que não fosse. Afinal, ele poderia me matar.
Quando o homem de boné, passou por mim sem ver, me aproveitei. Pulei e bate na cabeça dele com toda força que pude reunir e joguei a madeira no chão, correndo para longe.
Eu não queria saber quem era, só queria ficar longe. Afinal, já tinha problemas demais para lidar!