Vozes masculinas se aproximam cada vez mais, não ouso olhar para trás, seria audácia de mais. Mas quando não mais que de repente ouço uma voz grave, o pouco rouca e ameaçadora:
- Ei seu filho da puta, o que você está fazendo aí?
Sem me dar chance de responder ganho de presente por minha coragem superficial um forte pancada na minha cabeça, que tira um pouco de consciência que eu tinha até o momento.
Acordo meio zonzo e assustado com uma roda de pessoas formada em minha volta, como se tivessem me esperando despertar, e estavam. Tinha mais ou menos oito pessoas, ainda meio confuso não sabia muito bem o que perguntar primeiro, mas com muito esforço saiu um:
Eu- Onde estou?
Eles se olharam com se tivessem escondendo algo de mim, porém nada respondeu. Olho para o lado e vejo aquele mesmo homem que estava mais ensanguentado do que uma vaca depois do abate, ele muito ferido e estava com os olhos abertos fixados olhando para algo no teto, seu reflexo.
Eu- oi, como se chama?
Ele continua com olhar fixado para o teto daquele quarto que mais parecia um porão, estava um pouco assustado. Eu intrigado com aquele homem que vi em situação deplorável tempos atrás (me fez lembrar, que diabos de dia é hoje?). Já estava me sentido melhor, o suficiente para me levantar e ir até ele e perguntar-lhe:
Eu- que lugar é este?
Ele fala pausadamente logo após alguns segundo de silêncio:
Ele: também não sei, estou tão confuso quanto você. Quando acordei já estava aqui...
Eu- como se chama?
Ele- André
Eu- hum! Me chamo Enzo, eu acho... ( falei pondo a mão na minha nuca que doía muito)
Ele deu um sorriso de canto de boca. Logo após as oito pessoas que estavam me encarando antes de eu despertar vieram até nós, meio chorosas (ou sei lá). Marina uma das oito mim explicou algo meio sem nexo, coisa do tipo:
Marina- Estamos na Colômbia, não sei como vim parar aqui como a maioria também não sabe (todos).
Eu pergunto entrando em desespero, quase dando um piti:
Eu- como? O que eu estou fazendo na Colômbia? Quem me trouxe? EU QUERO RESPOSTAS...
Nesse momento mais bicha da minha vida, André segura minha mão sem falar uma palavra, apenas a segura com olhos inundados de lágrimas. (acho que se contendo para não dá um piti também).
Marina e todo grupo propõe de procurarmos ajuda em qualquer lugar, só precisamos imediatamente sair dali de uma maneira ou de outra (agora de quais maneiras? Era uma incógnita para todos). Com um pouco de esforço André se levanta apoiando-se em meus ombros, dá uma volta com braços em meu pescoço (quanta intimidade, não acham?). saímos daquele casebre (ou porão) e seguimos sem saber pra íamos, mas com um objetivo, VOLTAR PRA CASA O QUANTO ANTES.
Mais de três horas caminhando sem rumo, o sol já estava se pondo, então decidimos para ali mesmo, em uma vila que aparentava ser bem pobre (muito pobre). Nos acomodamos debaixo de uma arvore bem grande, a noite estava fria, me faltava ar (acho que por causa da altitude).
Sento-me em qualquer lugar e o André me segue, nos encaramos um bom tempo, como nos dissermos um para o outro através do olhar, - “fala alguma coisa cara, não está vendo que estou desesperado?”
Após alguns minutos ouço uma grande explosão, resultando em fumaça por toda parte, luzes fortes tomam conta de todo local, me deixando praticamente cego, André em um ato rápido segura minha mão esquerda e tentamos justos sair daquela cortina de fumaça cor de rosa.
Gritos presente por toda parte, André consegue me puxar até uma viela escura, eu só consigo chorar, nada mais... Ele tentar me acalmar, mas é em vão. Ele me abraça forte (eu entre choros só consigo pensar que homem mais afetivo, ou posso também dizer que homem mais HOMOafetivo).
Depois de algumas horas saímos do “beco” escuro um pouco apreensivos, olhamos por toda parte com a esperança de avistarmos alguma daquelas pessoas com quem estávamos, mas não avistamos ninguém. Ele com os olhos cheios de lagrimas repetia várias, e várias vezes... EU QUERO SAIR DAQUI, EU QUERO SAIR DAQUI...
*Senti necessidade de mudar o nome do conto*