Obrigada meninas pelos comentários, sim esse conto já rendeu rsrs.
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Júlia caminhava lentamente sobre o tapete vermelho com pétalas de rosas, sorrindo, chorando emocionada, rumo ao altar da igreja, linda em seu vestido de noivo. Cantando e tocando no altar Jorge e Mateus:
E pra deixar acontecer
A pena tem que valer
Tem que ser com você
Nós, livres pra voar
Nesse céu que hoje tá tão lindo
Carregado de estrelas
E a lua tá cheia refletindo seu
rosto
Dá um gosto de pensar
Eu, você e o céu e a noite inteira
pra amar
E quando o sol chegar
A gente ama de novo
A gente liga pro povo
Fala que tá namorando
E casa semana que vem
Deixa o povo falar
O que é que tem?
Eu quero ser lembrado com você
Isso não é problema de ninguém
Eu quero ser lembrado com você
Isso não é problema de ninguém...
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Mas muitas coisas aconteceram até chegar este dia grandioso...
Logo que se mudou com Fernanda, Júlia se sentia estranha como se não fizesse parte daquele ambiente.
Mesmo estando em contato direto com a natureza, faltava algo para Júlia. Em um dos passeios de cavalo com Fernanda, Júlia estava comendo um delicioso bolo de fubá com creme de leite quando teve uma lembrança de Bianca. Foi o passeio no parque antes da tentativa de homicídio, Bianca lhe dava um selinho e ela não recusava.
- Mãe por quê você não gosta da Bianca?
- Ela quer te transformar em algo que você não é minha filha. Duas mulheres namorar, casar, adotar um filho e ser uma família, isso não é certo.
- Quanto preconceito! Pra mim já chega de piquenique, vou pra casa.
- Lembrou de algo, Júlia?
- Talvez.
Júlia percebeu o quanto sua mãe era preconceituosa e ignorante à tolerar o amor, pois amor não escolhe estereótipo, só sentimentos.
Ganhou uma caminhonete de Fernanda, depois do almoço Júlia decidiu ir à cidade e exigiu ser sozinha, disse estar se sentindo sufocada por sua mãe que mal a deixava entrar no banheiro sozinha.
Júlia ligou para o Orfanato e pediu para falar com a diretora, onde ficou sabendo toda a verdade. Decepção por saber ter se afastado da única pessoa que se importava com ela, algumas atitudes deviam ser tomadas.
Júlia foi ao cabeleireiro mandou cortar o cabelo na altura dos ombros, pintou de vermelho. Colocou um pircing no nariz, um na língua, e fez um pequena tatuagem na mão, sendo o desenho uma bandeira gay escrito em I love girl lesbian. Tirou aquela roupa de vaqueira, fez um estilo mesclado entre rockeira e patricinha, preto com rosa, pulseiras, cordão no pescoço, bota cano longo e boné virado de lado.
Se olhou no espelho e sorriu, Fernanda ia passar mal quando a visse. Tomou uma cerveja gelada, estava saindo do shopping um rapaz segurou sua mão, quis beijá-la, Júlia quase esfregou a tatuagem no rosto do homem. Riu dele, correu pelos corredores do shopping fugindo do garoto e seu grupo de amigos. Em um dos corredores esbarrou em um homem, ia pedir desculpa, mas ao olhar os olhos do sujeito lembrou da foto que Fernanda a mostrou, aquele só podia ser seu pai.
- Menina você não olha por onde anda?
- Desculpa... Pai.
- Pai?
- Sim. Você é esse cara aqui da foto com minha mãe, Fernanda. - Pegou a foto na carteira e mostrou para ele. - Você não tem ideia do quanto Fernanda ainda te ama. Mesmo seu pai tendo te mandado estudar fora do país, não um só dia, pelo menos nesses dias que eu tô com ela, que Fernanda não fale em você com os olhos brilhando de amor. Você casou?
- Não. Que brincadeira é essa menina? Se eu tivesse uma filha eu saberia. E tenha certeza, ela não ia estar desse modo. Esses jovens de hoje em dia... - Saiu resmungando.
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Estava de noite quando Júlia chegou, estava levemente alterada pela bebida, passou por Fernanda na sala sem sequer dar boa noite, foi para seu quarto comendo seu lanche e ouvindo música no celular. Fernanda falou com Júlia, o som no fone de ouvido estava alto. Bateu à porta do quarto, de novo não obteve resposta. Entrou, viu Júlia arrumando sua mala, com as coisas que tinha trazido, tirando inclusive a roupa que veio do shopping. Fez rasgos na calça com a tesoura, colocou a camisa mais "gay" que ela tinha, com gel arrepiou os cavelos, óculos escuro no rosto, saiu com a mala na mão.
Fernanda não conseguiu pronunciar palavras durante esse processo, só tomou uma atitude quando Júlia foi à cozinha tomar um copo de suco, afinal estava muito calor. Puxou os fones de ouvido das orelhas de Júlia e pegou o celular, olhou números discados, último número era o de Bianca.
- O quê significa tudo isso, Júlia?
- Liberdade. Conhece?
- Pra mim isso é rebeldia. Pra quê a mala?
- Vou embora. Bianca está me esperando.
- Bianca... Sempre ela!
- Sim. Viu minha tatuagem que linda?
- Você é louca????!!!! Tira já isso daí!
- Fernanda isso é uma tatuagem de verdade, não é daquelas de chichete que saí com água.
Fernanda deu um tapa no rosto de Júlia, pegou um faca e foi para cima da filha.
- Eu vou tirar essa coisa nojenta de você...
Júlia correu para fora, novamente esbarrou em seu pai. Ele segurou Fernanda, tomou a faca da mão dela, a abraçando, dando seu apoio enquanto Júlia ia embora à pé.
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Bianca nunca estivera tão triste esses dias, sua mãe chegou ao ápice do vício em bebidas alcoólicas, precisou ser internada em uma clínica para reabilitação. Aleck conseguiu uma autorização para administrar os bens financeiros de Elizabete, usando o fato de ser marido dela.
Aleck pensou desta vez ter obtido êxito ao ter seu pedido aceito pelo juíz da comarca, ele só não contava com a vingança de uma das esposas. Sim, a mulher africana o denunciou na embaixada americana no Brasil. Aleck foi preso ao sair do banco com 200 mil dólares em uma valise, iria responder por pelo menos três crimes; bigamia, falsidade ideológica e sonegação de imposto, àquela dívida que seu pai deixou de herança. Por ter servido na guerra foi preso em quartel general, voltando a sentir o inferno em vida.
A primeira notícia boa do dia foi saber que seu pai deportado para os E.U.A, logo em seguida seu celular pessoal toca, no visor o nome Júlia, dentro do peito de Bianca o coração acelerado.
- Oi, Júlia. Que saudades.
- Nos vimos tem poucos meses.
- Pra mim é muito tempo longe de você. Eu queria poder te ver todos os dias.
- Eu mudei um poquinho... Perai já te mando uma foto de como estou agora. Só liguei pra saber se aquele suco pode ser tomado por esses dias? Se você tiver muitos compromissos de trabalho ou pessoal eu entendo.
- Sempre estarei disponível pra você, Júlia.
- Obrigada. Eu lembrei de você.
- Sério?
- Sim. Eu, você, um parque e você me beijando. Também de um beijo em um banheiro. Conversamos melhor amanhã quando eu chegar aí.
- Ótimo, te espero, beijo.
- Beijo.
Júlia tirou foto no espelho do banheiro do shopping, mandou para Bianca, obtendo como resposta no sms; Huuum delícia, tá mais gostosa ;) .
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Júlia voltou para a fazenda com a passagem de ônibus comprada na rodoviária, para embarque de madrugada. Fernanda surtou, sinal claro de loucura foi querer remover sua tatuagem à cortes de faca.
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Júlia não impediu o beijo de Bianca ao desembarcar do ônibus, com gula sua língua procurou por de Bianca, se embolando durante o beijo.
Bianca levou Júlia para uma barraca de suco e vitaminas, no centro. Júlia pediu suco morango com leite, com gotinhas de chocolate em barra preto derretido e gotinhas de leite condensado. Bianca pediu suco de abacaxi com hortelã e leite.
- Huuum, que delícia! Deixa eu experimentar o seu?
- Claro, eu já pedi diferentes pra uma tomar um gole da outra, rsrs.
- Sabia que você é muito linda e que eu tô apaixonada por você?
- Que sou linda sim, já sabia. Que está apaixonada é novidade.
Júlia puxou Bianca para um beijo calorosa sem se preocupar com as pessoas no calçadão.
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A partir desse dia elas estavam namorando oficialmente. O pedido de casamento foi muito escroto não vale à pena lembrar.
Fato curioso, talvez nem tanto, a data do casamento foi marcado para o dia*[casar dia de finados deve dar azar pra uns e sorte pra outros]*
Elizabete cuidou dos preparativos para a festa, à pedido de Júlia mandou contratar Jorge e Mateus para cantar na cerimônia na e na festa.
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Ao acabar a música a Juíza perguntou:
- Bianca, por quê você está casando de preto?
*[vestido de noiva preto? o_O EXISTE]*
- Você errou a pergunta.
- Ok. Bianca diga seus voto.
- Júlia quando você chegou em minha vida estava tudo um caos
Seu jeito especial mudou o meu astral!
Te amar foi fácil
Difícil
Foi não tê-la em meus braços.
Há muito tempo eu não ia na igreja
Mas por você naquela cama
Eu fiz essa proeza.
Enfim você acordou
Mas seu mundo estava diferente
Você não se lembrava de nada
Pior, você não se lembrava da gente.
Meu mundo desabou
Você foi embora
Mamãe doente, Papai na cadeia
E eu curtindo "fossa".
Me dê essa essa alegria!
Quer ser minha pra sempre?
Ser minha mulher, eternamente?
- Sim, meu amor. Aceito. Bianca, não tenho mais que meu amor pra te oferecer, espero que seja o bastante. Será quê você aceita casar comigo e viver até ficar bem velhinha ao meu lado, confundindo nossas dentaduras? Brigando de bengalas depois dividir a sepultura?
- Sim, meu. Eu te amo!!!
- Te amo mais.
Trocaram alianças, se beijaram. Como o combinado para o fim da cerimônia, Jorge e Mateus cantando:Eu te vi e já te quis
Me vi tão feliz
Um amor que pra mim era sonho
Surpreendente provar
Do que eu só ouvi falar
Que você resolveu me mostrar
Logo eu que nem pensava
Eu não imaginava te merecer
E agora sou o dono desse amor
Eu nem quero saber por quê
Eu só preciso viver
O resto desta vida com você
Eu te vi e já te quis
Me vi tão feliz
Um amor que pra mim era sonho
Surpreendente provar
Do que eu só ouvi falar
Que você resolveu me mostrar
Logo eu que nem pensava
Eu não imaginava te merecer
E agora sou o dono desse amor
Eu nem quero saber por quê
Eu só preciso viver
O resto desta vida com vocêFIM :)