Olhei pra trás com um sorriso pra ele e pensando: "velho tarado". Fechei a porta do consultório e fui de encontro a Marta.
- E aí meu bem, como foi? - ela me perguntou.
- Normal. - normal como sempre a tarada que sou, eu pensei.
- Então vamos.
Nos despedimos da atendente e saímos.
CONTINUAÇÃO
O resto do dia foi muito calmo. Almocei no hotel, depois subi para o meu quarto e aproveitei pra descansar um pouco, afinal a noite anterior e a manhã foram bastante "puxados". Passei a tarde no meu quarto aguardando a noite chegar e eu me encontrar com André. Enquanto a noite não chegava, fiquei pensando na manhã maravilhosa que tive no consultório do Dr. Juarez. Uma gozada deliciosa com o supositório no cu e os dedos do doutor atolados em mim. Foi um momento muito erótico, ao lembrar acabei melando um pouco minha calcinha.
Aproveitei e tirei da bolsa minha receita com os hormônios que ele prescrevera. Eram dois. Vou abrir um parêntese aqui. Hoje, sei que para um menino se transformar em uma menina terá que tomar um hormônio antiandrógeno (para diminuir a testosterona) e um hormônio chamado Estradiol (que provoca a feminilização). O uso do supositório (à base de progesterona) que o Dr. Juarez enfiou na minha bunda serve para que o nosso libido continue e não diminua com o uso do antiandrógeno. Existem outras formas além do supositório. Basicamente é isso. Não farei nenhuma propaganda de medicamentos aqui, a internet está ai, quem quiser pesquisar pode fazer por sua conta, mas aconselho um acompanhamento médico como eu fiz. Voltemos ao conto.
Às 17:00h, resolvi me arrumar pra sair. Guardei a receita e fui me vestir. Coloquei uma calcinha preta de rendinha (eu ia me encontrar com André), uma calça jeans bem justa que realçava minha bunda, uma blusa azul e um saltinho básico. Passei uma maquiagem bem simples (pó, blush e batom laranja) e saí do hotel.
Cheguei ao bar, onde o Ivan trabalha, quase anoitecendo. Ivan ainda arrumava as mesas com outro garçom.
- Tem mesa disponível? - perguntei a ele fazendo uma cara bem sexy.
- Ainda não abrimos, mas pra senhorita sempre terá uma disponível. Queira sentar-se, Lorena!
- Hum, lembrou do meu nome, Ivan!
- Como poderia esquecer?! Foi um prazer servi-la ontem!
- Obrigada, Ivan. Vou ficar nessa (mesa) aqui. Estou esperando o André.
- Vocês sabem muito bem o perigo que estão correndo se encontrando em público. Ainda mais tão próximo do hotel do seu Cesar.
- Eu sei, Ivan. Mas André preferiu se encontrar aqui.
- Vocês tem algo muito especial. Dá pra ver no olhos de vocês
- Ah, Ivan...já tivemos. Estamos tentando retomar. Não sei se ainda há jeito...
- Há jeito pra tudo, Lorena. Eu sei que vocês se merecem. Está escrito.
- Escrito? Onde? (risos)
Ivan também rio. Ele teve que se retirar para terminar de arrumar as mesas. Fiquei olhando a rua, o movimentos dos carros, das pessoas andando, de longe observava a entrada do hotel do seu Cesar. O movimento na entrada da recepção estava aumentando.
- Por conta da casa. - Ivan me trouxe um drink. Agradeci a generosidade com um sorriso.
- Ivan, você pode me falar mais do seu Cesar?
- Olha, Lorena, o que eu posso contar é que ele é muito respeitado na cidade. Já foi prefeito daqui, tem a polícia local do lado dele, e dizem que ele é perigoso.
- Perigoso?! Como assim? - perguntei um pouco assustada.
- Olha, nada confirmado, mas dizem que umas pessoas sumiram a mando dele. Mas não posso confirmar isso a você.
Meu Deus, aquilo me fez refletir. Ivan voltou ao bar. O sol desapareceu no horizonte. A noite estava particularmente linda nesse dia. Começavam a chegar clientes. Sempre aos pares. Homem com mulher, homem com homem, mulher com mulher, homem com travesti (quando dava pra reconhecer). Apenas eu sozinha em uma mesa. Já eram quase 20:00h e nada do André chegar. Ivan já me servia o quarto drink.
- Ai Ivan, será que ele não vem? - perguntei já um pouco aflita.
- Calma, Lorena. Ele pode estar em um desses encontros e não pôde sair ainda. Espere mais um pouco.
Respirei fundo olhando mais uma vez a rua. O efeito do álcool já começava a agir no meu corpo. Pedi um filé com batatas para aliviar mais a bebida.
Eram mais de nove horas da noite, quando vi André caminhando pela rua em minha direção. Estava com seu look habitual, bermuda, camiseta e tênis. Ele carregava nas costas uma mochila aparentemente bem cheia.
- Olá, Lol. Desculpa o atraso.
- Oi Dré. Pensei que você não viria mais.
- Fiquei preso no meu encontro. Mas presta atenção, Lol. - André puxou uma cadeira e sentou à mesa. - Vamos fugir ainda hoje, linda!
- Hoje?! Você tá doido, André? Não trouxe roupas nem nada. Não posso voltar para o hotel e arrumar uma mala, tenho um encontro amanhã. Eles iriam desconfiar!
- Olha, me escuta. A gente compra roupa pra você depois. Eu tenho dinheiro. Posso sustentar a gente por alguns dias, até a gente conseguir emprego.
- Ai meu Deus, Dré! Olha o que você tá falando! Que emprego a gente vai arranjar?! Ah, eu só tenho uma pequena dúvida...pra onde a gente vai fugir? Já pensou nisso?!
- Eu tenho tudo esquematizado, linda. Confie em mim.
André me olhava com uma cara de quem queria muito uma coisa. Não dava pra dizer não aqueles olhos cor de mel. Ainda tinha minha família, o que eu iria dizer a eles? Largar tudo em nome do amor? E seu Cesar? O que ele poderia fazer contra nós?
- André, eu topo. Mas minha família? E a sua? O que iremos dizer a eles? E o seu Cesar?
- Mais na frente a gente pensa em algo.
- Ah, então você não tem "tudo esquematizado"!
- Ei relaxa, apenas confie em mim, ok?
Olhei para o André com uma cara de quem não concordava com essa ideia, mas iria arriscar por ele. Chamei o Ivan:
- Minha conta, Ivan.
- Só um minuto, Lorena. Tudo bom, André?
- Tudo, Ivan.
- Pronto, aqui está.
- Tome, Ivan. Pode ficar com o resto de gorjeta. Adorei conhecer você, viu?
- Ei, que clima de despedida é esse? - perguntou-me Ivan.
- Não é nada. Fiz um olhar fuzilador para André. - É que amanhã tô retornando pra minha cidade e só voltarei no próximo fim de semana, quem sabe.
- Tudo de bom, Lorena. Adorei conhecer você também. André cuida bem dela viu!
- Pode deixar, Ivan. Valeu cara.
Saímos do bar. Pegamos a rua que passa por trás do hotel. Fomos em direção à rodoviária. Destino: não fazia a mínima ideia. Apenas dei um voto de confiança a André. Pegamos um ônibus com destino ao sul do estado. Acabei capotando durante a viagem.
Acordei já de manhã, ainda em viagem. André já estava acordado, observando a janela.
- Bom dia, Dré. Que horas são?
- São 7:00h. Estamos quase chegando.
- Chegando aonde, meu Deus?
- Não se preocupe, quando chegarmos você saberá.
- Peguei minha bolsa para olhar o celular. No visor, 5 chamadas perdidas. Era Marta. Mais do que normal, afinal eu tinha um encontro marcado para aquela manhã.
- Ligaram pra mim.
- Melhor desligar esse celular. Vão ligar pra você o resto do dia.
Mal André terminou a frase e o celular voltaria a vibrar. Desliguei e pus na bolsa novamente. Me aconcheguei no peito do André e fiquei contemplando a vista da janela. Eu estava com aquela sensação ruim quando fugimos de alguma coisa sem autorização.
- Chegamos, Lol.
- Meu Deus, mas aqui já é divisa de estado.
- É sim. De agora em diante aqui será nossa cidade. Vamos viver aqui, linda!
André mostrava muita empolgação. Eu queria acompanhar aquela euforia. Mas não conseguia. A incerteza não me deixava curtir aquele momento.
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Gente, desculpa mas esse conto não saiu como eu esperava. Eu tô gripadinha e não consegui escrever do jeito que eu queria a vocês. Resolvi publicar pra não deixar vocês sem uma continuação. Vou escrever a continuação na próxima terça-feira, sempre no período da tarde ok? Um beijão a todos meus leitores, em especial minha nova leitora Mel - CD. Podemos trocar muito experiências ainda amiga! bjsss
