O rapaz da guarita - Capítulo 16

Um conto erótico de BrunnoLemme
Categoria: Homossexual
Contém 2090 palavras
Data: 28/01/2014 22:16:53

CAPÍTULO 16

As coisas ficaram bem mais tranquilas então. Fiquei tocado e bem impressionado com a maturidade dele, e desencanei um pouco. Decidi investir, levar como desse e quem sabe ou eu me acostumava com o jeito dele de ser - que me atraía e me assustava ao mesmo tempo - ou ele sossegava comigo, o que eu, de certa forma, duvidava.

Passamos a noite de Sábado prá Domingo juntos, literalmente namorando... Passeamos prá comprar algumas coisas que ele precisava prá viagem, comemos fora, voltamos prá casa e preparamos o jantar juntos, assistimos vídeo comendo pipoca e terminamos num 69 delicioso no sofá.

Era quase 10 da noite, estava preparando para levá-lo prá casa - ele queria assim - quando veio o convite.

- Brunno... queria ir contigo em um lugar.

- Onde ? Agora ?

- Topa ?

- Poxa, você bem que podia ter chamado mais cedo, né?

- Mas só dava prá ir à noite rapaz...

- Lá vem...

- Vamos? Desde que te conheci tenho vontade de ir lá contigo...

- Onde é ?

- Surpresa... eu te levo.

- Olha lá...

Pela primeira vez desde que nos conhecemos, ele assumiu a direção. Pegamos o corredor Norte-Sul e ele colocou uma música light, Marisa Monte preenchia a noite agradável. Tava bom. Pensei por um momento que ele ia prá paulista ou região dos jardins. Tentava não passar minha ansiedade, mas tava curioso prá caralho...

Onde ele queria me levar?

Na altura do Ibirapuera ele contornou, margeou o parque e então entramos no autorama. O vai-vem de carros era o sinal do movimento.

Eu já tinha ouvido falar do autorama, tradicional ponto de pegação paulistano no estacionamento externo do Ibirapuera, mas nunca tinha ido lá. Ele passou devagar por vários carros estacionados e foi se dirigindo para um canto mais no fundo.

Eu via de tudo. Alguns grupos de homens bebendo e conversando do lado de fora dos carros, alguns com a porta aberta e som ligado. Vários circulavam entre os carros, literalmente caçando. Passávamos também por alguns carros com casais dentro, namorando, conversando, indo além...

- Daniel, não é perigoso?

- Não devemos nada e não vamos fazer nada... só conversar entre iguais... rs

- Cara, sei lá...

- Relaxa. Às vezes tem uma ronda aqui, mas nada de mais.

- Você vem sempre aqui, cara?

- Sempre que vinha à Sampa eu passava por aqui sim... Gosto do ambiente.

Eu não sei se gostava...

Ele estacionou em uma vaga, num lugar longe do barulho mas com vários carros ao lado, não era afastado nem escuro. Fiquei mais tranquilo. Desligou o motor, abriu o vidro do motorista e saiu...

- Vem !

Saí, e ele me esperava encostado na porta do vidro aberto. Me abraçou por trás e me puxou junto ao seu corpo. Virou meu rosto e me buscou em um beijo...

Era estranho e ao mesmo tempo muito bom ficar assim com ele, às claras, publicamente, sem receio e necessidade de ficar controlando gestos, olhares e palavras para não incomodar e se sentir incomodado... Naquele momento eu entendi o recado dele.

- Como é bom ficar assim...

- É!

- É foda, cara! É foda a gente que se gosta não poder demonstrar nosso sentimento onde quer que seja... Isso me revolta. Ainda bem que há poucos lugares assim...

- Daniel, mas é ilusão né cara? Não deixa de ser um gueto...

- Eu sei. Mas a gente pode ter a sensação que está na rua, com gente em volta, e que não está fazendo nada que todo o mundo não faz por aí...

Tive que rir com sua filosofia...

Ele me virou de frente e nos beijamos gostosamente, nossas mãos explorando nossos corpos, sua língua envolvendo a minha, seu corpo rijo chamando o meu. Não sei se o ambiente, o local, o barulho em volta, mas meu pau cresceu na hora e instintivamente fui buscar o dele, pulsando...

Ele me puxou de volta prá dentro do carro, reclinou os bancos, tirou minha camisa enquanto também se livrava da dele e, ao invés de fechar o vidro meio aberto do lado do motorista, abriu até a metade o do lado do carona. E caiu sobre mim, descendo com sua boca pelos meus mamilos, minha barriga, até abocanhar meu cacete duro e babando.

Me chupava enquanto com as mãos, explorava minhas coxas...

Eu relaxei, o momento e o local me fizeram relaxar, e me deixei levar. Acariciava seus cabelos curtinhos e sua nuca, passava a mão por suas costas desnudas, massageava seu peito e sentia sua língua me explorando e devorando deliciosamente. Ele me provocava com suas mãos firmes, me olhando com aquele olhar faminto, me deixando mais doido ainda...

Era inevitável que o movimento sutil e nossos corpos refletisse no carro. Dava prá sentir que ele balançava um pouquinho, o que é claro, atraiu espectadores. Em um dos momentos que abri meus olhos, vi dois rapazes bonitos, sem camisa, encostados no carro ao lado e nos observando com gula. Eles alternavam seus olhares entre nossa brincadeira e entre eles mesmos, alisando os cacetes presos em suas calças justas.

O que inicialmente me assustou, logo passou a me excitar. Não estava provocando ninguém, brincando com o sentimento de ninguém, simplesmente curtindo e "provocando" outras curtições. Os rapazes foram se aproximando, e sem deixar de nos observar, em minutos estavam um ao lado do outro, se tocando, as bocas se buscando, dando início a uma outra brincadeira.

Acho que Daniel notou. Levantou-se do banco e veio buscar minha boca também...

- Minha hora de assistir um pouco...

Ele se deitou em seu banco, e levou minha cabeça ao seu pau. Abriu ainda mais o vidro e ao mesmo tempo que acariciava minha cabeça, comia o lance dos carinhas com os olhos.

- Fala sério cara, não é um tesão...?

- Hã hã, gemi com minha boca cheia e ocupada...

- Engole tudo vai...

Eu engolia, mas estava louco de vontade de voltar a ver o que rolava lá fora... Para não desapontá-lo, substituí minha boca pela minha mão molhada, e subi encostando meu rosto no dele. Continuei a tocar uma punheta gostosa prá ele, e ele começou a retribuir. Nessa altura, éramos nós dois olhando pros caras, e eles se beijando, batendo uma também olhando prá gente...

Daniel começou a gemer alto e a se contorcer no banco, como que querendo mostrar que estava prestes a gozar...

Surtiu efeito...

Os carinhas aceleraram o movimento com suas mãos, um desceu com a língua pelo peito do outro, e o primeiro jato de porra foi lançado ao ar. Como que o sinal tivesse sido dado, todos nós gozamos simultaneamente, nos gemendo e nos contorcendo até acabar...

Os rapazes sorriram e se abraçaram do lado de fora, como que agradecendo. Retribuímos o sorriso e deitamos no banco, repousando um no peito do outro. Ele deu uma piscadela simpática para os rapazes, se inclinou e fechou o vidro.

- E aí ? Foi bom prá ti?

- hehehehe... Mentira se eu disser que não. Excitante cara...

- Muito bom, né ? Eles curtiram também...

- Claro...

- Vai Bruno, se recompõe e vamos lá fora tomar alguma coisa... Puta calor...

Nós nos ajeitamos e saímos do carro, sem camisa. Fechamos o mesmo dessa vez e fomos andando, de mãos dadas, até uma barraca que vendia bebida. Era uma sensação boa... Como numa balada GLS, mas outdoors e com uma sensação maior de liberdade, reforçada pela presença de algumas poucas mulheres simpatizantes ou sei lá o quê...

Pedimos duas cocas e sentamos no meio fio, juntinhos, abraçados, curtindo o momento.

- Queria ter vindo antes contigo, mas tinha medo de você sair correndo...

- Você acha que eu sou um puta caretão mesmo, né?

- Hum... mais ou menos...

- Eu sei. Talvez se fosse antes, eu teria saído correndo mesmo...

- pois vai se preparando. Tem outros locais assim que quero ir contigo.

- Sério ? Então você é um profundo conhecedor de roteiros GLS heim ?

- Profundo conhecedor não. Conheço alguns. Já ouvi falar de outros. Mas não tinha sentido ir sozinho. Meu lance não é caçar, é aproveitar essa sensação... é dividir...

- É se mostrar né ?

- Não ME mostrar... TE mostrar talvezIsso não me assusta tanto mais. Onde mais você quer ir ?

- Ah... vamos deixar na surpresa. É mais legal...

- Me adianta um vai...

- Bom, posso te dizer que o próximo será no Rio... Nesse nunca fui, mas já ouvi falar e sempre quis ir...

- Caraca...

- Então é por isso Daniel ?

- O quê ?

- Que você planejou tudo ?

- Ah, Bruno... menos né? Claro que não... Como eu podia planejar o treinamento velho ? Só aproveitei a oportunidade do lance e a chance de ter você comigo prá eliminar um dos meus pontos a ser visitados oras... Que há de mais nisso ?

- Se eu não fosse... Se não fosse comigo... Você iria lá mesmo assim ?

Silêncio.

- Responde Daniel...

- Você quer a verdade?

- Sim. Por favor.

- Acho que sim.

Foi impossível não ficar vermelho. Fechei a cara.

- Você pediu a verdade.

- Eu sei. Tenho que largar a mão de ser besta. Às vezes esse é o pior pedido...

- Hum... ciúme agora?

- Claro porra! Quer que eu desse risada e fingisse que tudo bem?

- Porra Daniel. Fui ao Rio uma vez na minha vida, quando tinha 16 anos de idade. Como te disse, sempre quis ir nesse local. Eu vou ter uma chance agora. Você me perguntou se eu iria. Sim, iria! Eu ia pegar alguém ? Ficar com alguém ? Provavelmente não. Como te disse, meu lance não é caçar...

- Ah, Daniel. Corta essa velho. Eu sou da raça também, sei como é isso...

- Pense o que quiser então porra. Eu provavelmente iria lá prá conhecer o terreno sim, prá ver o que rolava e prá planejar algo contigo. Se eu NÃO estivesse contigo, aí seria outros quinhentos.

- Sei...

- Ei, olha prá mim...

Ele puxou meu rosto e me olhou fundo nos olhos.

- Bota uma coisa nessa sua cabecinha dura. Eu estou contigo. Eu gosto de você. Eu quero ficar contigo e estou jogando mais que aberto... Não estou escondendo nada de ti. É demais te pedir prá confiar em mim um pouquinho mais?

- Daniel... olha prá vc cara. Vc é um puta homem bonito, másculo, macho, sedutor, com um olhar que me dá raiva, seguro, resolvido... Não é prá ficar com o pé atrás...

Ele deu uma risadinha, virou os olhos daquele jeito...

- É. Tem razão. Você tem motivo prá se preocupar...

- Seu viado!

- Hahahahahaha!

Ele riu gostoso e me puxou, beijando minha boca.

- Relaxa seu bobo. Sou seu, enquanto você me quiser. Vou te provar.

Era o que eu mais queria

Nós ficamos no autorama até por volta das 3h. Vi de tudo um pouco lá... Caras simplesmente bebendo e batendo papo em grupos, que pareciam somente buscar aquela liberdade ou sensação de liberdade da qual falei, solitários provavelmente não assumidos andando de um lado pro outro, que às vezes entravam em um carro ou encostavam em um canto e saiam fora, nóias em busca de droga, casais que chegavam de carro, encostavam, nem saiam do carro, faziam dali um drive-in e depois do sexo se mandavam, garotos muito novinhos, coroas... Era quase um Queer as folk sem glamour e na vida real...

Prá quem curte sacanagem é um prato cheio, prá quem curte filosofia também...

Confesso que curti, não o ambiente em si, mas a sensação de estar ali. Antes de ir embora ficamos de pé ao lado do carro por um bom tempo nos beijando, falando bobeira um no ouvido do outro, falando alto coisas que só podíamos falar alto trancados em casa, expressando nosso carinho em público sem restrições...

Foi interessante notar que ele chamava a atenção, mas eu também. Quando passava alguém de carro e parava encarando - alguns casais vão em busca de aventura a três - ele me abraçava e dava uma piscadinha como quem dissesse "tamo de boa", e quase cheguei a notar uma pitada de ciúme em um coroa bonito que me cantou na cara dura com insistência...

- Vamos embora cara? A semana vai ser dura...

- Vamos sim. Você me deixa em casa ?

- Claro.

Eu o deixei com a promessa de passar a noite lá e deixá-lo no aeroporto na Terça de manhã. Iríamos nos encontrar no Rio Quinta feira a noite e ficar até Domingo ao menos... Ele não me contou onde queria ir comigo. Fiquei tentando imaginar, mas eu não era tão por dentro de locais de pegação nem em Sampa, imagina no Rio... Já tinha ouvido falar no aterro do flamengo, cinemões e trilhas, mas tudo me parecia mais perigoso ainda... Sem preconceito. Mas se meter onde não se conhece numa cidade que não é a sua...

Na verdade, o Rio sempre me pareceu um convite ao prazer.

Era hora de experimentar.

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Comentários

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Valeu pelo feedback meninos! Continuem comentando, ajuda a me fazer continuar! Abração prá vcs!

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Caralho...Uma relação tem de ser baseada no amor e carinho, mais acima de tudo na confiança.Daniel tem se mostrado um cara centrado, que sabe o que quer.

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O Daniel está me surpreendendo, embora pareça muito volátil ainda sim é bem sincero consigo e com os outros... cara isso está cada vez melhor!

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bom demais Bruno. torcendo para dar tudo certo entre voces !se bem que acho que ele vai dar rolo ainda. Daniel parece ser bem instavél !

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