- E aí, Oren? Ou Lorena? O quê você decidiu?
CONTINUAÇÃO...
- Primeiro, tenho algumas perguntas a fazer, seu Cesar.
- Diga...
- Terei que viajar todos os fins de semana, certo?
- Não, apenas os fins de semana que você for selecionada. Como você fez muito sucesso, tenho certeza que será selecionada, pelo menos nos primeiros finais de semana.
- Ok, mas o que eu quero saber é se meus clientes podem vir até aqui na nossa cidade. Tenho medo da minha família descobrir, entende?
- Como já disse isso a você, o encontro necessita de um acordo em comum. Se alguém não concordar, não há o encontro. É claro que deverá haver um motivo razoável para isso. E cai entre nós, esse seu segredinho de ser menina é questão de tempo para todos saberem.
- Não me preocupo tanto em tornar público minha opção, mas sim em ser uma prostituta para o senhor.
- Você não é uma prostituta, Lorena! É uma acompanhante, você não tem "cafetão", nem tem que prestar contas comigo! Conheça novas pessoas, novos locais, ganhe dinheiro, viva sua identidade reprimida, Lorena!
Fiquei pensando, se não tinha cafetão, qual era o papel do seu Cesar então? Ainda tinha uma última pergunta:
- Seu filho, o Cesinha, participa disso?
- Claro que não, Lorena. Tenho minha família exemplar de fachada. Por que a pergunta?
- Não. Nada não. - "família exemplar", só na sua cabeça, seu Cesar. Seu filho até já me comeu. Fiquei pensando em falar, mas não tive coragem.
Assinei o contrato. Para meu espanto, a cópia que entreguei assinada, seu Cesar imediatamente rasgou. Com um sorriso malicioso começou:
- Agora, preste bastante atenção. Você já deveria saber que sua assinatura de nada tem valor e ainda mais num documento desse. - balancei a cabeça concordando. O tom ameaçador começou a me fazer tremer naquele momento. E continuou:
- A partir de agora, Lorena, tenho sua palavra que será minha empregada. Dei a você a chance de escolher. Não aceito desistência mais. Tenho sua vida nas minhas mãos. Não queira saber o que eu posso fazer, ou você poderá pagar muito caro, minha cara.
Meu sangue gelava ouvindo aquelas palavras. Parecia que tinha vendido minha alma ao diabo. Agora era tarde, eu tinha que honrar meu compromisso. Nem passava pela minha cabeça do que aquele homem era capaz. Saí do carro e entrei correndo em casa.
Teresa ainda me chamou, mas não dei ouvidos. Deitada na cama, comecei a refletir sobre o que acabara de fazer. Fui interrompida apenas por uma voz doce me chamando:
- Oren, meu filho, venha almoçar. - era minha avó.
***
A sexta-feira chegou. A desculpa de viajar para meus avós não era problema. Arrumei minha mochila, coisa pouca, pois a maioria das minhas roupas ficaram no hotel do seu Cesar. Saí de casa às 15:00 em direção a rodoviária. No ônibus, fui pensando na minha vida. Ainda não sabia se tinha feito a escolha certa. Pelo menos fui sincera com André. Nossa amizade foi para o espaço. Apenas troca de olhares. Não voltávamos mais juntos do colégio, não fazíamos mais nada juntos. Sentia sua falta. Ao mesmo tempo, pensava em Fernando, no fim de semana maravilhoso que ele me proporcionara. Realmente me sentira uma fêmea ao lado daquele homem. Merecia aquele dois homens na minha vida?
Quase duas horas depois cheguei na cidade onde seu Cesar "mandava" em tudo. Uma pessoa já conhecida me aguardava no ponto de desembarque. Era a Marta.
- Olá Lorena! - pelo menos não errou meu nome.
- Oi Marta. O que faz aqui?
- Você é V.I.P., Lorena! Seu Cesar fez questão que eu recebesse você aqui.
- Nossa, quanta honra. - depois descobri que ele a mandou pra ter certeza que eu viria. Seu Cesar pensava em tudo.
- Venha, Lorena. Vamos para o hotel.
Chegando no hotel, fui direto para o meu quarto com a Marta.
- Posso saber "minha agenda", Marta?
- kkkkk...agenda? hum...gostei da sua denominação. Olha, no seu celular vai chegar uma mensagem dizendo com quem estará nesse final de semana. Mas posso ir adiantando que aquele homem do seu primeiro encontro, não me lembro do nome dele.
- Fernando! - falei quase gritando.
- Isso, Fernando. Ele estará com você hoje.
Meu coração disparou. Minha melancolia desapareceu em um instante. Mais um final de semana com Fernando. Marta saiu e então comecei a me arrumar. Tomei um banho bem demorado. Escolhi um vestido preto que Fenado me dera no primeiro encontro. Coloquei uma calcinha preta fio dental para não marcar o vestido, escolhi o sutiã com enchimento e pus o vestido. Comecei a me maquiar quando o celular tocou. Mensagem, duas mensagens já. A primeira era avisando que Fernando era meu cliente do fim de semana, a outra ele avisando que chegaria em 15 minutos.
Tratei de correr. Finalizei a maquiagem, pus um saltinho básico, coloquei minha peruca ruiva e desci para esperá-lo na recepção. Na entrada do hotel, um segurança, que eu nem havia notado quando entrei, olhava a rua.
Às 18:00 horas, o carro de Fernando para em frente a recepção. Fui de encontro a ele. entrei pela porta de trás
- Boa noite, Lorena. Infelizmente não tenho uma boa notícia.
CONTINUA...