-Só me prometa uma coisa.
-O que?
-Que nunca irá se esquecer de mim.
-Claro meu irmão. Seus olhos já estavam cheio de lagrimas.
-Tome fique com isso, para se lembrar de mim nos bons e nos maus momentos. Rasguei aquela única foto que tinha de recordação da nossa família.
-E se não nos vermos nunca mais?
-Nunca mais é muito tempo Christian.
-Te amo mano.
-Também te amo, agora está na sua hora vai que sua nova família esta te aguardando.
-Eu prometo que venho te ver Marcelo.
...
Essas foram as últimas palavras que soara de sua boca, aquele semblante tristonho, mas quem é que iria adotar um garoto de 18 anos como eu ?
Bom me chamo Marcelo tenho 27 anos, aos 14 meus pais morreram num acidente de carro deixando eu e meu irmão Christian sozinhos ele apenas com seus 9 anos de idade ,a única solução foi um orfanato onde passei um tempo da minha vida, onde deixei a vida confortável para viver com meu irmão naquele maldito orfanato o que eu mais pedira a Deus todas as noites antes de dormir era que ele arrumasse alguém para adotar meu irmão mais novo, eu me viraria ele era mais importante do que tudo nessa vida onde dei todo meu sangue para vê-lo sorrindo.
-Celo a diretora disse que uma família quer nos ver.
-É a mesma coisa de sempre Chris, eles vem nos vê ficam de dar uma resposta e somem.
-Eu ainda tenho esperanças de ter uma família novamente.
-Me desculpe faze-lo pensar que ninguém vai querer adotá-lo você tem 13 anos eu já tenho 18, quem é que vai querer adotar um garoto de 18 anos?
-Calma Celo vai que eles gostem dos dois.
-Duvido muito disso.
-A diretora está vindo ai.
-Garotos se aprontem pois tem um Casal querendo conhece-los.
O sorriso no rosto de Christian era o que me mantinha de pé, eu faria de tudo para que ele fosse adotado, não queria ver ele crescendo ali naquela miséria, ele merecia todo o conforto do mundo, as vezes ele me pegava ali no banheiro chorando, era o único momento que eu tinha para desabafar e pedir a Deus para que tirasse meu irmão daquele inferno.
Arrumamo-nos e descemos para ver o que nos aguardava, Christian descia contente essa poderia ser a esperança de termos novamente uma família.
-Meninos em primeiro lugar gostariam de apresentar o Casal que gostariam e adotar um de vocês, estes são o senhor Martins e esta a senhora Suzana.
Depois de alguns papos furados e algumas perguntas bobas o casal deu o veredito.
-Bom garotos eu e minha esposa adoramos vocês, Christian você nos conquistou com essa sua simpatia essa sua pureza e você Marcelo com essa sua atitude e maturidade porém não queremos uma pessoa tão velha.
-Todos os casais dizem isso moça, já me adaptei, não ligo muito para isso, fique com meu irmão e me garanta que ele irá ficar bem, eu sei me virar.
-Mais Celo, eles não podem separar a gente somos irmãos.
-Chris me escuta, vá com eles, eu não vou conseguir te dar um futuro aqui dentro, eles já são mais vividos tem experiência de vida, faz isso por mim mano, não quero ver você sofrer.
Christian só sabia chorar nesse momento, tive que manter a postura de durão, queria ver ele bem, mas por dentro estava destruído, estava perdendo uma parte de mim.
-Você é um garoto exemplar poucas pessoas possuem esse caráter. Disse Suzana
-Obrigado, só garanta que meu irmão ira ficar bem.
-Tem a minha palavra.
-Que bom assim fico mais aliviado.
A diretora acompanhou Suzana e Martins a seu escritório para que pudessem dar entrada em toda aquela papelada, burocracia de orfanato. Acompanhei Christian até o quarto para que pudesse fazer sua mala.
-Chris não fica assim vai, você vai ter uma família agora.
-Minha família é junto a você Marcelo.
-Que futuro eu poderia dar a um garoto de 13 anos sozinho sem nada ?
-Promete que não vai se esquecer de mim?
-Como vou te esquecer ? Me prometa que se puder irá vir me visitar.
-Eu prometo que irei pedir aos meus pais novos que me tragam para te ver.
Dei um abraço apertado em meu irmão e o acompanhei até o carro, uma das piores perdas que tive na vida foi de perder meus pais a segunda maior perda estava acontecendo naquele momento. Me despedi de todos e fui para meu quarto desabar, bancar o machão já tinha se esgotado eu precisava botar para fora toda aquela tristeza.
Passado alguns dias eu estava na mesma, aquela solidão batia no peito um nó na garganta, o sorriso do meu irmão estava me fazendo falta.
Um mês se passou e a diretora veio falar comigo.
-Marcelo precisamos conversar.
Fomos até a sua sala para ver o que ela tinha a falar.
-Então Marcelo te chamei até aqui para te comunicar algo muito importante.
-Aconteceu algo com meu irmão ?
-Não a principio o que sei é que seu irmão está ótimo, vim para falar sobre você.
-Tudo bem pode falar.
-Então Marcelo, você já completou 18 anos e como a lei é bem clara, garotos que não são adotados até os 18 anos são obrigados a deixar o orfanato.
-Mas como assim ? Eu não tenho nada com quem vou ficar, onde vou morar.
-Olha Marcelo eu queria muito ficar com você mas não tenho condições o suficiente, eu comuniquei o seu caso a minha mãe e uma amiga dela se comoveu e disse que você poderia ficar lá com ela até arrumar um emprego.
-Olha eu não quero que ninguém se comova ou fique comigo por dó não diretora.
-Marcelo você esta bancando o durão, que opção o você tem agora ?
-Eu não sei mas posso me virar.
-Você não sabe como o mundo anda lá fora, por favor aceite ir morar com essa senhora, ela irá cuidar bem de você, me preocupo com você como se fosse meu filho.
-Tudo bem sei que não tenho outra opção.
...
Passou-se uma semana e fui embora do Orfanato,eu não tinha muita coisa a não ser minhas roupas e metade da foto do meu irmão. Todo aquele sofrimento que estava passando as vezes eu deseja a morte.
Cheguei na casa em que a diretora Márcia me indicou. A senhora que estava a minha espera morava sozinha, seu nome era Vera a única coisa que sabia a seu respeito e que havia perdido um filho no passado, Vera era uma senhora bonita de meia idade, cabelos ruivos e curtos olhos claros e de uma altura mediana.
-Seja bem vindo meu jovem.
-Eu que agradeço a senhora por me abrigar aqui.
-Não precisa agradecer tenho boas referencias a seu respeito, adoraria uma companhia.
-Fico muito grato, não quero dar trabalho, e seu marido concordou com a ideia de colocar um estranho em sua casa ?
-Não tenho marido a um bom tempo Marcelo, sou divorciada.
-Me desculpe. Disse caminhando até a sala olhando para um quadro na parede. – Esse era seu filho ?
-Sim, faleceu quando criança mas é algo que não quero comentar.
-Me desculpe.
-Não foi nada, não quer subir e conhecer o resto da casa ?
-Claro.
Subi e conheci o resto da casa, era uma casa muito bonita aconchegante, meu quarto era bem grande com um guarda-roupas embutido e uma TV na parede. Com o passar dos dias fui me a adaptando a nova casa a nova vida mas sempre com a esperança de um dia encontrar meu irmão.
Ao passar dos meses coloquei meus estudos em dia ,prestei vestibular para uma faculdade onde consegui uma bolsa integral, Vera havia ficado muito feliz ,por ela a mesma pagaria a faculdade mas seria abuso da minha parte ela havia feito muito por mim me deu um abrigo a oportunidade de estudar, nada mais justo estudar sem ter que envolve-la
A faculdade era numa cidade vizinha, Vera disse que alugava uma casa por lá e que no momento eu poderia ficar lá usufruindo do lugar.
-Vera não quero que pense que sou um abusado.
-Você não é te conheço a um ano e já sei muito sobre você.
-Obrigado por tudo, você me deu a oportunidade de viver de novo.
Dei um abraço apertado e fui fazer minhas malas, as aulas se iniciariam na semana seguinte. A casa era aconchegante já tinha alguns móveis e com o passar do tempo Vera me manda dinheiro para sobreviver, a essa altura eu já tinha arrumado um emprego, mas ela queria ajudar de qualquer forma e disse para mim usar a grana para tirar a carta de motorista, fiz como ela pediu tirei minha carta apesar de não ter um carro era bom ter um carro de algum colega da faculdade para dirigir quando quisesse fazer farra com as garotas.
...
Passou-se 5 anos e eu havia formado na faculdade, Engenheiro Civil, era o que eu sempre quis ser, elaborar projetos construir casas, neste dia nada mais justa do que comemorar com a minha segunda mãe, que me proporcionou tudo. Vera.
-Marcelo meu querido fico muito feliz de ter se formado.
-Eu que tenho que agradecer a Deus pela segunda mãe que tenho, que me ajudou na hora que mais precisei.
-Assim você me mata de tanta felicidade, queria te presentear com isso.
Vera tirou o um envelope da bolsa e me entregou.
-Tem uma chave de um carro aqui.
-É do seu Carro Marcelo, você vai precisar de um agora para o trabalho.
-Muito obrigado, estou sem palavras. Só sabia chorar naquele momento.
-Nunca vi meu menino chorar, não chora aproveita e vá curtir sua nova vidaLogo após o termino da faculdade consegui um estágio onde fiquei estagiando por dois anos, voltando de um dia estressante de trabalho um infeliz me cruza o sinal fazendo com que eu bata em sua bicicleta.
-Caralho não viu o sinal ?
-Desculpa estava pra ser assaltado.
Essas foram as ultimas palavras que ouvi daquele garoto desmaiando ali no chão.
Continua ?