Depois desse encontro de mãos, ele virou o rosto, e fomos calados até a festa. E assim foi também na festa. Ele pouco se manifestou. Ficou sentado, bebericou um pouco, e logo pediu pra lhe levar em casa. Pegamos o carro, e voltamos pra casa dele, pouco tempo depois estávamos parados lá na frente. Um silêncio reinou quando eu parei o carro, eu olhava pra o lado, olhava pra ele. Até que ele se mexeu.
- Boa Noite- ele falou, me dando um beijo no rosto.
- Boa noite- ele saiu sem olhar nos meus olhos. Quando vi, ele ja tinha entrado dentro de casa. E eu fiquei pensando, porquê será que ele tinha ficado tão estranho durante a noite. O que será que eu tinha feito. E o que aquele beijo no rosto significava, será se tinha algum significado. Voltei pra casa logo em seguida. Fui entrando, ainda pensativo, e levei um susto logo de cara.
- Aonde você estava Davi- minha mãe me esperava no sofá, e de uma vez se levantou, me assustando.
- Ai mãe que susto- falei com o coração batendo forte- estava numa festa.
- Meu filho, você é príncipe, não pode ficar até tão tarde na rua- ela se virou- estava com aquele garoto.
- O Ricardo?
- Pelo visto ele é pobre não é.
- Ele é sim. Mas é muito feliz, apesar de ter perdido a mãe a pouco tempo
- Meu filho, você não deve se relacionar com a classe baixa, isso não é um bom exemplo. Tem que arranjar amigos do seu nível, e tem que se casar.
- Eu não quero me casar mãe, e não vou mudar meus amigos porquê a senhora não os aprova. Os amigos são meus, não seus- falei, me retirando. Casamento. Sempre que ppensva nessa palavra, pensava em como iria contar pra minha mãe que eu era homossexual. Tomei um banho, e fui dormir. Depois de um sonho esquisito, acordei cedo. Fiz toda a minha higiene, e quando desço a escada, adivinha quem eu encontro.
- Ricardo, o que você está fazendo aqui.
- Eu preciso conversar com você.
- Pode vir pro meu quarto então- falei, subindo novamente as escadas- o quê houve ?- falei logo quando entrei
- Meu pai Davi, ele, sofreu um acidente- ele correu pra me abraçar.
- O que aconteceu com ele
- Hoje de manhã, ele saiu pra comprar comida, e acabou caindo na rua, ele bateu a cabeça e está no hospital, o que vai ser de mim sem meu pai Davi, como eu vou viver- falava ele, entre soluços. Eu só fazia o apertar. Como era bom ter o seu corpo colado ao meu, parecia que nós nos uniamos
- Calma, ei, olha pra mim- falei, levantando a cabeça dele- vai dar tudo certo, vamos ter fé- falei, limpando os olhos dele- eu estou aqui, não vou deixar nada acontecer com você, nada- ele me abraçou novamente, e depois se soltou. Olhava para os meus olhos, e eu admirava seu lindo rostinho, traço a traço. Soltei um sorriso involuntário, quando olhei pra sua boca. Passei minha mão sobre o seu rosto, quando de repente, sou surpreendido com um beijo. Ele beijava lento e calmamente, com um muito carinho, e ternura. Parecia que nossas bocas eram desenhadas uma para a outra, parecia que eu tinha achado a outra metade, a metade que faltava, a que completava o meu coração. Ate que por impulso ele se soltou de mim.
- O quê eu estou fazendo- ele olhou pro chão, e olhou pra mim- estou beijando um homem, eu não sou viado- falou ele saindo correndo da minha casa.
- Ricardo, espera- falei descendo as escadas rapidamente. Passei pela porta as pressas- Calma Ricardo, espera aí- de repente ele tropeça e cai no chão- Ricardo- gritei ao vê-lo cair- Você esta bem- falei, segurando ele e o ajudando a levantar
- Me solta- ele gritou
- Porquê você fez aquilo- falei, ofegante, depois dessa corrida. Ele parecia totalmente desnorteado.
- Porquê você não sai da minha cabeça garoto- falava ele, olhando pra mim- eu nunca senti nada por homem, e agora eu não te tiro do pensamento, porquê ?- ele voltou a correr, mas parou e correu na minha direção. De repente pulou sobre mim, e me beijou novamente- eu preciso de você.
Logo ele começou a me puxar, pedindo pra irmos ao hospital, ver seu pai. Fomos até um hospital público. Ele deu o nome do pai dele, e foi liberado a visita. Fomos ver como o pai dele estava, e em todas as salas que eu passei, as pessoas me olhavan e admiravam. Logo chegamos na sala dele. Ele estava bem ferido, com diversos cortes na cabeça. Ricardo começou a chorar ao ver seu pai naquele estado. Ele me abraçou logo em seguida.
- Porquê isso aconteceu com ele Davi, meu pai sempre foi um bom homem, sofreu tanto com a partida da nossa mãe, e agora está lá naquela cama- falou ele, de olhos fechados.
- Eu vou fazer de tudo pra salvar seu pai. Ele vai para o melhor hospital do reino, já.
- Mas eu não posso...
- Não fale nada, eu faço tudo por você- ele sorriu. Seu pai foi transferido para o outro hospital. Em poucos dias ele estava bem melhor, e logo recebeu alta e voltou pra casa.
- Pronto papai, estamos indo pra casa- falou Ricardo, colocando seu pai no carro. Eu dirigi, e passei do caminho.
- Nossa casa é ali Davi, esqueceu
- Eu sei que é lá
- E então ?
- Você vai ter um surpresa- Paramos em frente a uma casa bem bonita e grande
- O que nós estamos fazendo aqui- falava ele olhando tudo aquilo
- Pega- falei dando a chave pra ele- é todo seu- ele abriu um largo sorriso
- Eu não posso aceitar Davi- falou devolvendo a chave
- É um presente meu pra você, não me faça essa desfeita- falei, devolvendo a chave
- Eu nunca vou poder te recompensar- ele respondeu e me abraçou.
- Deus o abençoe- falava o pai dele, abismado com tudo aquilo. Ele saiu, e logo foi abrir a porta. Entrou e ficou de queixo caído. Eu havia comprado também um apartamento pra mim, mas ainda não me mudaria pra lá. Eu comprei os melhores móveis, quadros, e tudo mais. Comprei tudo o que eu achava que era a cara dele.
- Isso aqui deve ter saído muito caro- ele dizia.
- Aproveitem- falei sorrindo. Eles pegaram as roupas na outra casa, e logo estavam instalados na casa nova. A noite, nos fomos sair.
- Você é maluco Davi- falava ele, no meu ouvido. Eu tentei beija-lo logo em seguida, mas ele desviou- eu preciso pensar, ainda estou muito confuso, nunca pensei em namorar um homem- dizia ele, olhando pro chão
- Tudo bem, eu espero.
E assim segui esperando por algum tempo. Toda vez que eu tocava no assunto, ele dava a mesma desculpa. Será que aquilo foi só uma queda que ele teve por mim.
NARRADO POR RICARDO
Eu havia decidido ir ao Lago Dinherist esfriar a cabeça. Lá eu conseguia pensar muito bem, me sentia livre, liberto. E pensei em diversas coisas, na minha vida, no meu pai, e principalmente, no Davi. Eu tinha certeza, estava apaixonado por ele. Mas tinha um problema, ele era ele, e não ela. Ele era homem. Eu pensava em tudo, nos beijos que eu dei nele, nos seus sorrisos lindos, nos seus carinhos, e ah. Quem eu estou querendo enganar, eu não vou conseguir ficar longe dele. Peguei, e sai correndo em direção ao apartamento novo dele. Cheguei lá, eu estava muito ansioso pra vê-lo. Bati na porta, ele demorou a atender.
- Quem é- falou ele
- Você nem imagina- falei, rindo. Logo ele abriu a porta, e eu literalmente voei sobre ele, e o enchi de beijos.
- Eu te amo Davi
Continua
