Como era o primeiro dia de aula, não tinha muito o que fazer, ficamos apenas conversando, os professores se apresentaram, até certo ponto normal. Estava tão empolgado com o começo das aulas que esqueci que poderia ser igual ao segundo ano. Voltei para casa, separei meus materiais e comecei a estudar, me empolguei e só reparei as horas às dez da noite, comi algo e fui dormir, não queria me atrasar no segundo dia de aula.
Mais um dia começava normalmente, levantei tomei um banho, tomei meu café e fui para a escola. Chegando à escola me deparo com Izaki descendo do carro.
Eu- Bom dia.
Izaki- Bom dia. – como se não se importasse.
Eu- Está gostando da escola?
Izaki- Até que é legal.
Não tinha mais o que perguntar, estava sem assunto, caminhamos em silencio até o momento que seguíamos caminhos diferentes.
Eu- Boa aula.
Apenas sorriu andando para o lado oposto. Entrando na sala encontrei Eduardo sentado deitado sobre a carteira.
Eu- Bom dia. – empolgado.
Eduardo- Bom dia. – levantando e mostrando seu rosto de quem não dormiu.
Eu- Você está bem? – sentando.
Eduardo- Estou, apenas fiquei acordado até tarde conversando com a minha mãe.
Eu- Algum problema em casa?
Eduardo- Não, não precisa se preocupar, às vezes a gente empolga conversando.
Deu um sorriso e um selinho.
Eu- Volte a dormir, vou beber água.
Eduardo- Você é o melhor. – voltando a deitar sobre a carteira.
Encontrei Rafael no caminho estava com uma cara que eu nunca tinha visto, ele acabou me acompanhando, quando voltamos para a sala o professor já estava na porta. Hora do intervalo, já estávamos preparando para ir para o refeitório.
Eduardo- Podem ir indo na frente, preciso resolver um problema antes.
Achei estranho, mas não me importei, fomos para o refeitório, encontramos Raquel já sentada esperando, poucos minutos depois Eduardo entra no refeitório com Izaki que fazia uma cara de quem não estava gostando da conversa. Eduardo caminha até a nossa mesa, deixando Izaki na fila da cafeteria.
Eu- Está tudo bem?
Eduardo- Apenas o de sempre quando se trata do Izaki.
Rafael- Ele parecia não estar gostando da conversa.
Eduardo- Ele não estava. E vocês o que me contam. – mudando o assunto.
Acabamos mudando de assunto, nada interessante, quando o intervalo estava preste a acabar, Raquel já havia saído da mesa.
Rafael- Vou ao banheiro, a gente se encontra na sala.
Esperei Rafael sair do refeitório.
Eu- Qual o problema, você parece preocupado?
Eduardo- Não é nada, e que além excesso de sono o Izaki me deixa nervoso.
Eu- Entendi.
Estava realmente curioso para saber.
Eduardo- Você deixa bem claro quando está decepcionado.
Eu- E que você fala como se conhecesse tão bem ele, queria interagir mais, mas ele não deu muita oportunidade, e vendo você assim com ele me faz pensar que ele não gosta de mim.
Eduardo- Não é nada disso, Izaki apenas não tem muita paciência. Ele é um bom amigo da maneira dele, mas é. – parou me olhou- Não sei se você reparou, mas ele é bem magro para a idade dele e para o seu tamanho.
Eu- Realmente ele é magro, mas achava que era tanto .
Eduardo- Essa semana ele perdeu mais peso ainda e sua mãe estava preocupada.
Eu- Ele está com algum problema?
Eduardo- Psicológico. – disse rindo- ele não come, apenas quando é forçado, ele sempre foi assim. Às vezes acho que ele tem medo de ficar gordo ou algo parecido. Fui dar uma dura nele pra ver se ele parava com isso ou pelo menos não desmaie do nada.
Eu- Ele já desmaiou? – espantado com aquilo.
Eduardo- Varias vezes. – levantando.
Voltamos para a sala, comecei a querer saber mais sobre o Izaki, Eduardo cuidava dele como se fosse um irmão mais novo, queria me aproximar mais dele. As aulas acabaram, acabei indo para a casa do Eduardo, ele queria ver um filme e passar à tarde comigo. Almoçamos ravióli, e fomos ver um filme de terror chamado Demônio, fiquei em dúvida sobre o gênero do filme, não sabia se ele havia escolhido por diversão ou pelo fato que eu tenho medo, me assusto fácil e tenho muito medo. Eduardo sentou no sofá ao meu lado e me abraçou.
Eduardo- Não precisa ficar com medo, eu estou aqui para te proteger.
Apenas o abracei, ao longo do filme fiquei do mesmo modo, algumas cenas eu o apertava com mais força, ele fazia o mesmo, me sentia protegido no meio dos seus braços, acho que aquele foi o dia que eu comecei a gostar de filmes de terror.
Eduardo- Viu, nem foi tão ruim.
Me abraçou me deu um beijo.
Eu- Verdade.
Eduardo- O que você quer fazer? Hoje sou seu. – com um sorriso doce no rosto.
Eu- Acho que hoje estou um pouco romântico, a gente podia ir tomar sorvete. – apertando ele com um abraço.
Eduardo concordou e logo chamou o motorista. Aquele era o dia que eu estava sonhando a tempos, ficar com ele, aproveitar todos os momentos. Chegamos na sorveteria, escolhemos, Eduardo é do tipo que gosta de coisas diferentes sempre fazendo misturas com sabores que não combinam. Sentamos em uma mesa e aproveitamos o fim da tarde, houve poucas palavras apenas olhares. Eduardo deixou em casa me deu um beijo, ainda dava para sentir o gosto do sorvete de limão e chocolate nos seus lábios, queria ficar ali, aproveitando aquele beijo. Fui me deitar pensando naquele beijo, estava excitado, imaginei um cenário onde o corpo do Eduardo estivesse coberto com aquele sabor doce que havia provado mais cedo, comecei a me masturbar sonhando em me deliciar com ele. Acordei no outro dia morto, parecia que minha energia tinha sido sugada, acabei me atrasando para o primeiro horário, decidi não entrar na sala, esperar no pátio até o segundo horário, Izaki estava sentado com os cotovelos apoiados sobre uma mesa e as mãos atrás de sua cabeça.
Eu- Izaki?
Izaki- Bom dia Daniel. – sem mover um músculo.
Ele lembrou meu nome, fiquei feliz por ter uma chance de não ser odiado pela única pessoa que tinha ligação com meu namorado.
Eu- Você está bem?
Izaki- Apenas dor de cabeça. – me olhando discretamente.
Eu- Precisa de algo? Quer que eu te leve para a enfermaria?
Izaki- Por que você está sendo legal comigo? - cortando o clima.
Fiquei surpreso com aquela pergunta, ele realmente era direto.
Eu- Não tenho nenhum motivo em especifico, apenas fiquei preocupado. – disse sabendo que não iria enganá-lo- Na verdade você é a única pessoa que conhece o Eduardo e ele se preocupa com você, acho que quero te conhecer melhor.
Queria ser honesto com ele, senti que não iria adiantar ficar inventando desculpas. Ele apenas deu uma risada.
Izaki- Ganhou pontos pela honestidade.
Fiquei aliviado, e lembrei-me do que o Eduardo tinha falado.
Eu- Você tomou café da manhã? Às vezes eu fico passo mal quando não tomo.
Izaki- Ótimo o Eduardo te contou.
Mais uma vez surpreso com aquilo, ele parecia adivinhar as coisas.
Eu- Ele me disse que você não gosta de comer, ele estava um tanto preocupado com você.
Izaki- Não é que eu não gosto, apenas esqueço.
Eu- Engordar um pouquinho não faz mal, você ainda vai continuar bonito, acho até que vai ficar mais. Ficar assim pode causar muitos problemas depois, tenho certeza que você quer aproveitar a vida ao máximo.
Ele se levantou e apenas saiu logo me veio a sensação de que eu havia exagerado, falei de mais e acabei com a única chance de me tornar amigo dele. O horário havia acabado, fui para a sala, cumprimentei o Eduardo e o Rafael e esperei o intervalo para falar com o Eduardo. No intervalo sentamos no nosso lugar.
Eduardo- Já volto. – disse indo na direção de Izaki que estava na fila da cafeteria.
Aquilo me deixou apreensivo, não sabia o que esperar, Eduardo se preocupava com ele e eu podia ter piorado a situação. Ele voltou me abraçou pelas costas.
Eduardo- Não sei o que você falou para o Izaki, mas muito obrigado. Te amo muito! – disse sussurrando no meu ouvido.
Eu- O que aconteceu? - disse virando para ele.
Eduardo- Me disse que tomou café da manhã e irá lanchar por sua causa. – ele estava realmente feliz.
Não tinha frases para esse tipo de momento, não disse nada, apenas achei estranho aquilo tudo. Ao final da aula, ficamos apenas eu e Eduardo, ele estava passando a matéria a limpo.
Eu- Você é sua mania de não copiar a matéria do quadro. – disse rindo dele.
Eduardo- Aprendo melhor só escutando, não sou multifuncional como você. – com uma cara de quem não sabia responder.
Eu- Relaxa estou apenas brincando.
Eduardo- Como sua noite, sonhou comigo? – disse mudando de assunto.
Eu- Pra falar a verdade eu sonhei sim, mas foi antes de dormir.
Eduardo- Sério? – parando de escrever.
Eu- Sério.
Eduardo- O que você sonhou? – sua cara entregava que ele já sabia o que eu havia feito.
Eu- Para de me olhar assim, vou ficar vermelho.
Eduardo- Então estou imaginando certo. Me diz o seu sonho pois já sei o que você fez.
Eu- Não quero falar disso no meio da sala. – já devia estar completamente vermelho, estava muito envergonhado.
Eduardo- Se você me contar eu conto um meu.
Fiquei curioso em saber como ele fantasiava as coisas e acabei cedendo.
Eu- Ontem quando você me beijou deu para sentir o gosto do sorvete que você tomou, e acabei ficando excitado imaginando todo o seu corpo com sabor. Agora é a sua vez.
Eduardo- Já imaginei a gente na piscina, fico até animado falando. Melhor eu terminar de copiar isso, estou com fome.
Eduardo estava vermelho, coisa que não se vê todo dia. Saímos da escola, e levei ele para almoçar comigo e com a minha mãe.
