Cap. 4
De repente sinto um empurrão.
- O quê você está fazendo- ele falava em um tom normal, mas assustador. Ele estava olhando pro chão, como se estivesse refletindo
- Desculpa, por isso. Foi, sem querer. Foi impensado. Desculpa- ele não respondeu, apenas pegou suas coisas e saiu. Eu fiquei pensando na besteira que eu tinha feito. Ainda não conhecia esse Danilo direito. Quem sabe o que ele faria sabendo daquilo. Espalharia pra todo mundo, diria que eu era viado, inventaria um monte de histórias. Como é que eu fui me apaixonar por um homem meu Deus. Será se ter beijado ele me faz um viado. Será se gostar dele me faz um viado. Eu não tive, não tenho culpa de estar gostando dele. Eu não o escolhi.
Minha cabeça estava dando um nó depois daquele acontecido. Eu me deitei no chão da cozinha e fiquei lá por horas, até que ouvi Michelle entrando.
- Nossa Luiz, tá meio bagunçado aqui ein- eu me levantei logo quando vi que ela estava entrando- o quê você estava fazendo deitado ai
- Eu estava pensando em algumas coisas
- Ah é. Tipo em mim.
- Não, sim, não... Estava pensando em outras coisas
- Tipo, em sexo...
- Não estava pensando na gente
- Ah não. Mas eu estava, porquê você não me come igual fez naquele dia- ela se jogou, literalmente em cima de mim, mas eu cortei seu barato na mesma hora
- Para Michelle
- O quê houve com você Luiz
- Michelle, eu quero terminar o nosso namoro- nem eu acreditava no que tinha acabado de dizer
- O quê- ela sentou no sofá, parecia não acreditar- porquê...- ela olhou pra mim com os olhos marejados.
- Porquê. Acabou o amor. Eu estou apaixonado por outra pessoa, e sou integro demais pra te enganar.
- Então você está me trocando
- Não. Apenas estou esclarecendo as coisas. Eu não vou começar a namorar com essa pessoa, acho que nunca vou namorar com ela, mas não vou te enganar Michelle. Você vai ter que saber que eu gosto de outra pessoa...
- Você ainda vai ser arrepender de ter me deixado.
Ela saiu pela porta, me causando arrepios incríveis logo após a sua saída. Eu resolvi sair um pouco pra espairecer. Comecei a andar a pé pela cidade. Até que parei numa praça bem bonita. No centro, um grupo de garotos, estavam tocando. E eles estavam tocando uma música que eu adoro. “ Dois Rios”, do Skank. Me sentei e fiquei olhando eles de longe. Imaginando como meus sentimentos estavam acabando comigo. E eu nem sabia o que se passava na cabeça dele.
NARRADO POR DANILO
O quê está acontecendo comigo. De alguma forma, olhar para a lua e as estrelas da minha varanda acalmava meu coração bobo e traiçoeiro. Meu coração saltitava, cada vez que eu me lembrava daquele beijo. Mas porquê. Porquê comigo. Logo comigo. O garanhão da família, aquele que pega todas e nunca se apaixona. Agora estava se apaixonando, e justamente por quem menos pensava em se apaixonar, por um homem... Comecei a chorar, ao perceber que aquele sentimento estava aumentando. Tinha medo do que poderia acontecer, tinha medo do que minha família faria quando descobrisse que eu estava tendo sentimentos amorosos por um homem. Não importa que o Luiz seja um homem integro e honesto, ele é homem. E isso já seria o bastante para meu pai me deserdar, e me renegar como filho. Porquê este coração imbecil estava fazendo isso comigo. Me lembrava a cada minuto, a cada segundo, a cada centésimo de segundo, daquele beijo que tínhamos dado naquela cozinha. Queria arrancar meu coração fora, e gritar e dizer “ Não se apaixona por esse homem”. Mas não poderia fazer isso. De repente, recebi uma mensagem de um número que eu não conhecia, e estava escrito assim.
“ Amor não se escolhe, acontece. Não pense no que os outros vão pensar, siga o seu coração, e se entregue ao amor. O amor que vai te fazer bem, e feliz, pelo resto da sua vida. Esqueça tudo o que os outros disserem. O que importa é você”
Olhei o número, estava desconhecido. Aquela mensagem tinha me dado força de vontade. Decidi sair um pouco, tirar o baixo astral do corpo. Vesti uma roupa bem bonita. Com um camisa verde estampada, uma camisa aberta branca, uma calça jeans preta, e um tênis branco, com detalhes vermelhos. Fi-fiu. Tirei algumas fotos em frente ao espelho, e sai. Andando mesmo. Estava afim de andar, e curtir mais daquela lua, que emitia uma luz tranquilizadora e maravilhosa. Fui andando, até que cheguei numa praça, que nunca tinha visto. Era bem linda, iluminada e arborizada. Parecia que estava vazia, até que eu ouço uma música. Fui andando pra o centro da praça, parecia uma das músicas que eu mais gostava, Amor não se escolhe, Raffael Machado, cuja letra é essa.
“Foi tão lindo
Como a gente se conheceu
Como não acreditar no destino
E o seu brilho
Ofuscou tudo, que eu um dia, esperava encontrar em alguém
E agora, mil razões pra buscar esse olhar
Milhões de motivos, pra me aproximar
Te amar ah ah ah
Quando o amor chega tão de repente
Invade sonhos, toma conta da gente
Amor não se escolhe
Amor acontece
E quando manda o coração
A gente obedece
Foi tão lindo
Como a gente se conheceu
Como não acreditar no destino
E o seu brilho
Ofuscou tudo, que eu um dia, esperava encontrar em alguém
E agora, mil razões pra buscar esse olhar
Milhões de motivos, pra me aproximar
Te amar ah ah ah
Quando o amor chega tão de repente
Invade sonhos, toma conta da gente
Amor não se escolhe
Amor acontece
E quando manda o coração
A gente obedece
Nãnãnãrãnã nãnãrãnã
Nãnãnãrãnã nãnãrãnã
Nãnãnãrãnã nãnãrãnã”
Ao final, eu só conseguia pensar que meu santo estava querendo me deixar mais carente neste dia. Olhei ao redor, e conseguia ver um grupo de jovens tocando, até que fim uma pessoa sentada na praça que me chamou atenção, de repente presto mais atenção e percebo quem é. Vou me aproximando e sento ao seu lado. Ele olha pra o meu rosto, mas permanece calado, até que eu decido quebrar o gelo.
- Porquê você fez aquilo- ele olhou pra mim, e eu correspondi o olhar
- Porquê... Estou apaixonado por você
Continua
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