Nunca compreendi a origem dos desejos homossexuais, é biológico ou definido pelo jeito que se lida com os complexos na infância?
No meu caso eu "desenvolvi" aos poucos os meus fetiches, aos treze, fui levado -obrigado- pra psicólogos. Entendo bem que não é comum um garoto de treze anos ser fissurado em mortos e escrever poemas antropófagos. E foi essa paixão pelo "além-túmulo" que definira minha profissão. Hoje aos 27, sou médico legista, lido com mulheres e senhoras mortas; garotos, homens...
O que relatarei aqui é a minha primeira experiência com necrofilia, antes que me julguem um misantropo, digo, não o sou. Me relaciono muito bem com as pessoas, ganho bem, moro em um bom apartamento, e tenho relacionamentos sexuais com pessoas "vivas". Fico com ambos os sexos. Porém -apesar de não ser regra- me satisfaço pouco com quem foge a minha preferência, minha obsessão.
- Dr. Júlio, temos um cadáver em decomposição e precisamos urgentemente de você, é um caso sofisticado e qualquer exploração de um legista novato alteraria o resultado. - falou o médico-chefe, aquele velho não tardaria seria mais um corpo pra eu abrir, ele já estava com o pé na cova.
- A polícia sempre me empurra estes casos, depois que nós solucionamos eles levam o crédito. Como está o corpo?
-Você verá, mas apesar de estar se desmanchando, ainda assim tem o aspecto mais atlético que o seu- falou o velho, ironizando o fato de eu passar a maior parte do tempo examinando corpos, fazendo às vezes o trabalho de outros médicos da equipe. Daí não me sobra tempo pra malhar, sou magro e pra piorar -alto. Uma confissão: quando volto pra casa me masturbo com fotos que tiro de defuntos sem roupa.
- Esse aqui é o Guto, ou era pelo menos, segundo amigos ele morreu por enfarte, mas sabe se lá qual droga ele ingeriu, ele e os amigos estavam numa balada, jovens... - falou enquanto descobria o corpo.
- Sabe o motivo dele estar em decomposição? Os seus grandes amigos o deixaram numa mata perto de uma encruzilhada, a polícia suspeita de homicídio, por isso é seu encargo descobrir a droga, daí veremos se o envenenaram ou ele só cheirou cocaína em demasia. Relataram que ele usara a mesma quantidade de todos, qualquer peça mal encaixada no depoimento é importante. Tente ver se não há outra droga. Alguma coisa cheira mal nesse caso, e não me refiro ao corpo.
- Eu odeio esses casos, encarregue outro.- falei. Mas olhando de perto me arrependi da recusa.
Um homem loiro, tinha o corpo bronzeado como um surfista, ele não era "forte", via-se que ainda era definido, embora estivesse com a pele se desintegrando. Estava com os lábios roxos, as unhas, o cheiro que pra muitos é insuportável, pra mim era como um feromônio. Fiquei de costas pro médico pra esconder a ereção, não tinha impulso pra falar, eu estava diante de uma situação sem precedentes, aquele ser era mais que um cadáver fetichizado por mim, era um corpo sem ideias, uma perfeição para o sexo, eu poderia fazer o que eu quisesse. Aquele aspecto mórbido e inerte me dava ímpetos de tocá-lo, passar a mão naquele corpo gelado que me fazia esquentar. A boca era tão bem desenhada que de perfil parecia uma rosa a desabrochar, sua cor de lavanda a fazia uma rosa híbrida. Um ponto de luz refletia no lábio inferior, como se ele captasse os refletores pra si, mostrando sua magnitude.
- Quero o corpo, vou dissecá-lo se for preciso, mas quero trabalhar nele sozinho, posso solucionar sem ajuda. - falei olhando diretamente pro Cadáver.
- Não se preocupe, daqui ele vai direto pro crematório, apesar de exigir minúcia o caso é simples, temos todas as pistas no corpo. Você é o melhor! - disse o velho indo embora. Deixando eu ficar só com o meu Adonis, a carcaça me trazia a ideia de uma vulnerabilidade genuína, que logo era revertida em fetiche, minha cabeça montava um teatro, uma situação sexualizada por mim para a consumação do ato sexual.
Foda-se como ele morrera, não queria saber a razão de eu ter ganhado tal presente, queria preservá-lo, tê-lo como única companhia, cheirar o corpo que deixara de ter o frescor da vida, eu dispensaria quem fosse só por ele, meus pensamentos eram dele, esperei a minha vida toda até achar quem me fizesse perder a razão. Pensei e decidi: iria levá-lo comigo, mas antes iria provar dele.
Tranquei a porta; comecei a beijar seu peito -de leve, não queria desmanchar aquela escultura-, beijava o pescoço e passeava a boca devagar até seu rosto, levava choques térmicos quando sua pele fria era tocada por minha boca, eu o aquecia. Beijei de uma forma literalmente única, a única coisa que mexia era minha boca e a língua dentro daquele cadáver que recebia meus beijos apenas como um invólucro, não os retribuia, mas os recebia sem rejeitar, como se deixasse ser beijado. Pensei "nada de pressa, vou explorar e conhecer ele por inteiro", abria seus olhos puxando as pálpebras -eram pretos e opacos- e inclinei usa cabeça pra que ele "visse" minha língua andando naquele corpo, deixando rastros de brilho naquela pele.
Com facilidade do hábito, virei o corpo dp morto, ele ficou de bruços, as costas marcadas de unhas denunciavam um ato sexual recente antes de sua morte, mas agora ele não era mais um garanhão, eu iria fodê-lo muito.
Aquela bunda era perfeita, não era depilada mas também não chegava a ser peluda, ou pelo menos não era excessivamente. Tirei o jaleco, os sapatos, tudo que eu vestia, escorria uma fileira de líquido seminal do meu pênis(como uma linha de saliva consistente), peguei esse líquido e entreguei na cabeça do meu pau -que logo ficou escurregadia- para foder aquela bunda, deitei de bruços nas suas costas, passei os braços envolta dele e o abracei, aquele cheiro me deixava louco, inebriado, fazia com que meu corpo reagisse por conta própria, sem parar processar os comandos do cérebro, era como se eu estivesse bêbado.
Esfregava o pau na bunda dele e o apertava forte, ele parecia que iria se desmanchar em pedaços onde eu apertava. O soltei de meus braços e abri sua bunda, fiquei puxando uma banda com uma mão e com a outra guiava meu pau praquele cu, depois de enfiado, voltei a separar a banda com as duas mãos e empurrava meu quadril pra frente, enfiando parte a parte o meu pau. Consegui senti-lo todo, aquele cu era apertado pra caralho,todo o meu pau estava envolvido! Lambia sua orelha e pescoço, e mexia meu pau dentro dele em sincronia com o movimento do quadril. Comecei dar várias estocadas violentas, pedaços de carne em decomposição junto a fezes sujavam meu pau, eles estava se decompondo com as estocadas, comecei a meter puxando sua cabeça pra trás pelos cabelos, ela ía pesada, mas como se estivesse solta do pescoço, enfiei bem fundo e fiz o máximo de força pra frente empurrando sua próstata, e gozei com o pau enterrado dentro dele. Eu estava suado, com o cheiro dele, alguém perceberia, veria meu esperma transbordando do cu do defunto, as depressões que ficara nas partes do corpo onde apertei. Mas eu não me arrependi de nada; me vesti, limpei o morto, mas não coletei uma amostra de DNA, não examinei clinicamente, ou abri o corpo. Prometi a mim mesmo que não contrataria a origem do presente, saber de sua causa de morte me tiraria o tesão, o mistério é o senhor do prazer.
Dei o caso como encerrado, meu laudo pra ele: morte por enfarte, que fora desencadeada por um nível elevado de cocaína para seu organismo. Hoje só me restam lembranças -que inspiram minhas punhetas- daquela máquina de foder, e também o arrependimento de não ter arriscado a minha vida sequestrando o morto.
R.I.P Guto.