Capitulo onze: Natal
Normalmente eu durmo como uma pedra a noite inteira, mas isso não aconteceu naquela noite. Consegui cair no sono, mas acordava todas as vezes que Nathan se mexia. Por volta de quatro da manhã senti que ele se levantou da cama. O acompanhei com os olhos quase que fechados para que ele não percebesse que eu estava acordado. Nathan caminhou até suas roupas no chão e começou a vesti-las. Depois se sentou no chão abaixo da janela e começou a chorar baixinho para não me acordar. Tive de me segurar para não ir até ele, mas estava com um pouco de raiva pela forma fria com que ele me tratou na noite anterior.
— O que eu fiz? — ele murmurou tão baixo que qualquer ruido poderia ter abafado sua voz — Por que eu sou assim, Deus? Por que eu? O que eu fiz para merecer isso? Meu pai vai me odiar quando descobrir. Me odiar mais do que já me odeia. Por favor Senhor, me ajuda! Eu não quero ser assim.
E depois o silencio. Ouvi-lo orando daquela forma me fez sentir pena de Nathan. Aos quatorze anos os meninos geralmente saem com os amigos, causam alguns problemas aos pais com sua rebeldia e imaturidade. Ficam com as garotas e tentam a todo o custo perder a virgindade para se caber com os amigos. Mas Nathan não era como a maioria. É um bom filho, não causa problemas a sua familia. É estudioso, está no time de hóquei da escola e é o queridinho do treinador. Mas o pai e ele entram sempre em atrito. O Sr Thompson sempre critica Nathan por seu jeito meigo e comportado. Reclama pelo filho sempre zelar pela aparência com muito esmero. Fala mal de sua sensibilidade e de seu carisma. Despreza seu jeito doce e seu comportamento. Ele vive falando para a Sr Thompson que Nathan é "frutinha" e que ele merecia uma boa surra para virar macho. Uma idiotice aos olhos da mãe de Nathan, mas em certo porto ela dava forças ao marido sempre conversando com Nathan para que ele não fosse daquele jeito como se de algum modo ele pudesse lutar contra o que é e o que sempre será. E além de tudo ele era apenas um garoto jovem e imaturo demais para conseguir lidar com tudo o que lhe está acontecendo.
Ele se levantou do chão e veio até mim. Fechei completamente os olhos para que ele pensasse que eu estava dormindo. Senti o colchão afundar onde ele se sentou.
— Me desculpa Luke? Nada disso é culpa sua e mesmo assim todos os dias eu oro para que você saia da minha vida. Eu te amo como nunca amei ninguém e sei que nunca serei aceito por isso — ele respirou fundo e repousou sua mão em meu cabelo e o acariciou gentilmente — Você fica ainda mais bonito quando esta dormindo. Ontem você me chamou de anjo, mas dormindo você que parece um anjo. Me perdoe pela forma que te tratei ontem? Juro que não foi minha intenção ser tão frio, mas eu estava chateado. Eu te amo Lucas — Aquela era a primeira vez em anos que ele me chamava de Lucas e não de Luke e mesmo que as seu sotaque fizesse meu nome soar estranho, eu pude sentir o amor em meu nome. E isso só me fez com que eu me sentisse pior.
Nathan começou a cantarolar uma canção de ninar que sua mão compôs especialmente para ele quando ele era um bebê. Eu a ouvi centenas de vezes quando dormia na casa dele na infância. Nathan tinha medo do escuro e mesmo com a luz noturna ligada e a porta do quarto entreaberta para que a luz do corredor iluminasse ainda mais o quarto, Nathan só dormia se sua mãe lhe cantasse a música. A letra falava sobre um jovem príncipe que se casaria com uma linda princesa para se tornar rei, mas ele tinha medo de que a princesa não o amasse e da forma que ele a perdeu para o medo. Uma música triste ao meu ver, mas Nathan a adorava.
Não sei bem quando dormi, mas quando acordei Nathan não estava mais ali. Ao meu lado havia apenas o espaço que ele ocupou na noite anterior.
Me levantei da cama vesti uma calça de moletom e uma camiseta branca e surrada. Quando sai do meu quarto para procurar por Nathan encontrei com meu pai saindo do banheiro com a. cara verde por conta do enjôo.
— O senhor viu Nathan? — perguntei ao meu pai que pois a mão nas têmporas para evitar a dor de cabeça.
— Vi, ele foi pra casa ce... — ele parou de falar abruptamente ao me ver — Você está usando maquiagem?
Eu havia me esquecido disso completamente.
— É... Que eu...
— Quer saber? Esquece. Minha cabeça esta dolorida demais para me preocupar com as coisa que meu filho gay faz com seus amigos no quarto. Pouco responsável, eu sei, mas hoje eu não estou afim.
E entrou em seu quarto sem dizer nada. A manhã se passou solitária. Meu pai ficou no trajeto quarto banheiro, banheiro quarto. Cindy estava furiosa de por ele ter bebido muito na noite anterior e foi para a casa dos pais para espairecer.
A tarde me arrumei e fui para a casa de Jess dando graças a Deus por ter comprado outro presente para Kim já que eu afanei seu cahecol rosa. Quando cheguei já estavam todos lá inclusive Nathan que estava bem como se nada tivesse acontecido. Comemos e bebemos muito. Ao anoitecer realizamos o amigo oculto. Jess começou. Como previsto Nathan adorou o casaco que a ajudei acolher. Nathan me tirou e eu ganhei um casaco parecido com o dele, mas era preto. Kimberly gritou histericamente e até me deu um Celinho na boca quando lhe dei a quarta temporada de the Vampire diaries e bluray. Matt por sua vez ganhou ingressos para um jogo de hóquei e deu a Jess um estojo gigantesco de maquiagem com tudo o que se podia imaginar e ela adorou.
— Tenho que dizer algo a todos vocês embora alguns já saibam.
— Desembucha então Mat! — Nathan o incentivou.
— Eu estou apaixonado por um menino.
Primeiro veio o silencio e depois as risadas.
— Agora você não é o único gay entre nós Lucas — Jess disse rindo. — Mas quem é esse garoto?
Matt achou melhor agir a falar. Ele me beijou de uma forma tão terna que mesmo que quisesse, não poderia resistir. Porém o beijo durou pouco. Houve o som de um golpe e quando dei por mim, Matt estava no chão e Nathan entre nós com as mãos cerradas em punhos.