Depois daquela noite os dias seguiram em uma rotina infernal, tirando as horas que passávamos na rua, nos divertindo. As vezes eu me pegava olhando pro Marcelo que nem um bobalhão. Não aconteceu nada demais, além de nós dois dormirmos juntos todas as noites. Era tão bom sentir o corpo dele colado no meu. As batidas do coração dele. Sua respiração no meu pescoço. As vezes alguns beijos que ele me dava nas costas... Ainda não havíamos nos beijado de verdade, por causa do namoro dele com a Julia, e eu não conseguiria beijá-lo. E mesmo se beijasse, morreria de remorsos depois. A única coisa que eu podia fazer era deitar no peito dele a noite e dormir. Mas mesmo sendo pouco eu já me sentia muito satisfeito. Marcelo era um cara incrível e eu admito, estava completamente louco por ele. Só queria ficar do lado dele.
Também comecei a reparar que Julia e ele estavam se distanciando... Os dias se passaram e logo tivemos que voltar para Brasília, já que minhas aulas na faculdade iriam recomeçar. A viagem foi demorada, mas muito calma. Me sentei ao lado de Marcelo no avião e as vezes ele segurava minha mão e sorria. Nesses momentos me passava um arrepio super forte pela espinha. Quando desembarcamos, nem percebi que Marcelo teria que voltar para sua casa.
-Willian, vem comigo? Meu notebook tá com um probleminha, você pode me ajudar? - Disse ele.
-Claro que posso. - Disse meio sem jeito.
-Tudo bem, eu levo suas malas. - Disse meu pai.
-Vamos então. - Disse Marcelo, sorridente.
-Depois eu passo lá, hein amor. - Disse minha irmã, dando um beijo no rosto de Marcelo.
-Tá bom! - Marcelo respondeu, a seco.
Fomos pro táxi e no caminho pra sua casa ele não falou nada. As vezes me olhava e sorria um pouco. Eu adorava o sorriso dele, meio bobo, meio menino. Quando chegamos, eu o ajudei com as malas. Entramos e fomos direto para o seu quarto, que pra minha surpresa, era bem arrumado. Aliás, a casa toda era bem arrumada, pra um cara da idade dele e que mora sozinho.
-Você morava aqui com sua mãe? - Perguntei, e logo fiquei vermelho, pela garfe.
-Não, a gente morava em outra cidade do DF. Quando ela morreu decidi me mudar, mudar de cidade, de emprego. Recomeçar a vida. - Disse ele, vindo em minha direção e me abraçando.
-Você é muito corajoso!
-Por que? - Ele perguntou.
-Eu no seu lugar não saberia nem o que fazer. Eu não sei se teria forças, numa situação como essa.
-Eu também pensava o mesmo, mas quando aconteceu eu fiquei desolado, sem saber o que fazer. Mas a gente tira essas forças de algum lugar. Então eu decidi mudar minha vida e seguir sem minha mãe, já que era só o que me restava.
Ficamos por um bom tempo abraçados.
-Agora deixa eu ver esse seu notebook. - Disse saindo dos seus braços.
-Sério que você acreditou nisso? - Ele perguntou rindo.
-Claro!
-Eu jurava que você tinha sacado. - Disse ele, ainda aos risos.
Ele me abraçou de novo e continuamos rindo.
-Vem, vou fazer um almoço pra gente. - Disse ele, me puxando pelo braço pra cozinha.
Eu me sentei e fiquei vendo ele cozinhar. Ele estava concentrado.
-Nem sabia que você cozinhava.
-Moro sozinho, tenho que me virar. - Disse ele, sorridente.
Logo ele terminou e almoçamos juntos. Quando terminamos, nos sentamos no sofá e fomos ver um filme qualquer na TV. Ele deitou a cabeça no meu colo e eu fiquei fazendo carinho em seu cabelo. Vimos dois filmes e logo anoiteceu.
-Marcelo, eu vou ligar e pedir um táxi, já tá tarde.
-Não, dorme aqui. - Ele disse, se levantando do meu colo.
-Não, e o que a Julia vai pensar?
-Deixa que dá sua irmã eu cuido. - Ele pegou o celular do bolso e fez uma ligação. - Oi Ju. Então, é que eu o Willian saímos e bebemos um pouco, então eu achei melhor deixar ele dormir aqui em casa hoje, aliás, ele já capotou aqui no sofá... Tá bom, avisa pra ela então... Aham... Boa noite!
-E então?
-Ela vai avisar pra sua mãe, vem. - Ele me puxou pro quarto.
Foi então que ele se tocou que nem tinha desfeito as malas ainda.
-Vai lá tomar um banho, enquanto eu arrumo tudo aqui. - Disse ele, me entregando uma toalha azul.
-Tá bom, então.
Fui para o banheiro e tomei um banho bem relaxante. Pensei um pouco na vida e fui quarto. Ele já havia arrumado tudo.
-Demorei tanto assim no banho?
-Não, eu que arrumei bem rápido mesmo. Agora vou tomar banho também. Deixei uma cueca nova pra você ali na cama.
Ele foi pro banheiro e eu fui vestir a cueca boxer que estava na cama. Tinha mesmo cheiro de nova, que nunca foi usada. Vesti e me deitei na cama dele. Alguns minutos depois ele veio, já de cueca e se deitou do meu lado e me abraçou.
-Eu tava com saudade disso, sabia. - Disse ele.
-Eu também. - Respondi.
Acabamos pegando no sono. No dia seguinte acordamos cedo. Ele fez um café da manhã especial pra gente. Logo tive que voltar pra casa. Quando cheguei Julia logo me puxa pro seu quarto.
-Justo no dia que eu tinha que conversar com você, você some?
-O que você quer conversar? - Perguntei, impressionado com o desespero dela.
-Lembra daquelas vagas pra estudar em Londres?
-Lembro. lembro sim.
-Então... Eu sou um das contempladas.
-Meu Deus! - Disse, arregalando os olhos.
-Eu vou pra Londres, semana que vem...
CONTINUA!
Oi gente, desculpa pela demora pra postar essa parte. Eu estava sem inspiração esses dias pra escrever e não queria fazer um continho meia boca pra vocês. Obrigado pelo apoio e carinho. Beijos!
