Capítulo Vinte e Sete
PESADELO
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Logo que cheguei na empresa me troquei e fui para o 20º andar. Ao chegar fui direto na sala de Adam para explicar o motivo de chegar atrasado.
- bom dia – falei.
- bom dia – falou Adam.
Eu fui até a mesa dele e me sentei na cadeira de frente para ele.
- eu só queria dizer que não vai acontecer outra vez o atraso, meu celular não despertou e meu pai não me acordou como de costume.
- está tudo bem? É a terceira vez essa semana que você chega atrasado. Algum problema com você ou seu pai?
- está tudo bem – falei mentindo, eu não podia contar o que estava acontecendo, pois isso só pioraria a situação dele.
- qualquer coisa pode falar comigo – falou Adam – nós continuamos amigos, mesmo depois de termos transado eu ainda te considero amigo.
- OK – falei me levantando.
- nós estamos bem – perguntou Adam me fazendo parar.
- o que? – perguntei olhando para ele.
- quer dizer, estamos bem depois de tudo oque aconteceu entre nós? Você está com raiva de mim?
- claro que não Adam.
- que bom – falou ele sorrindo e apertando os lábios.
- viu para a recepção.
- só um aviso. Estou esperando todos chegarem, pois vou anunciar algo e você tem que estar presente.
- tudo bem – falei – vou lá fora ligar meu computador e assim que precisar de mim é só me chamar.
- tudo bem – falou ele.
Sai da sala e voltei ao posto de trabalho.
Todos iam chegando, me cumprimentando e entrando na sala de Adam. Assim que todos chegaram Adam ligou e pediu que eu entrasse.
Eu entrei e fiquei em pé, pois todos os lugares estavam ocupados.
- bom dia – falou Adam.
Todos responderam.
- bom eu gostaria apenas de conversar com vocês sobre uma ideia que eu tive. – ele então se arrumou na cadeira e olhou pra mim. – Mike como está indo o trabalho? Acumulado?
- um pouco – falei – desde que Fritz chegou eu tenho acumulado mais serviço, especialmente pelo crescimento de investidores e de casos que estamos pegando.
- exatamente e é por isso que eu pensei em contratar outro assistente.
- outro assistente? – falou Xavier – você não acha que o Mike é o suficiente?
- não será pra mim – falou Adam. – vai ser o seguinte, assim que eu contratar um novo assistente Mike vai estar apenas a meus serviços, novo assistente ira fazer apenas o serviço que vocês cinco passarem para ele. O que vocês acham?
- ótimo – falou Gray – faz tempo que precisamos de um assistente, as vezes precisamos e ficamos sem jeito de pedir para Mike, afinal você passa praticamente todo o serviço que precisamos.
- por isso vou contratar só um. – falou Adam.
- perfeito – falou Vanessa.
- mas como vamos fazer no caso de mim? – perguntou Fritz. – eu quase não fico na empresa e às vezes estou com pacientes e vou precisar que o assistente vá até meu trabalho ou onde estiver.
- sim, eu pensei nisso e o assistente ficará em transição, onde vocês estiverem ou precisarem dele, ele estará.
- se for assim, eu concordo – falou Fritz.
- ele não será como o Mike que tem uma mesa de trabalho. – falou Adam – Mike eu vou começar as entrevistas e assim que contratá-lo vou precisar que você o treine.
- sim senhor.
- ótimo – falou ele. – bom pessoal é só isso que eu tenho para dizer por enquanto.
Sai da sala e todos aos poucos foram embora. Antes de ir embora Fritz veio até mim.
- Mike, você vai fazer algo hoje à noite? – perguntou ele quase sussurrando.
- não.
- o que você acha de passar a noite lá em casa? Nós podemos ir a locadora de filmes e passara noite assistindo filme, como você disseque gosta.
- pode ser – falei.
- ok, eu venho te buscar ás 18h00min. – falou ele – até mais tarde.
- até – respondi.
Na parte da tarde eu liguei para meu pai para avisar que não passaria a noite em casa. O telefone chamou, mas ninguém atendeu. Eu liguei no trabalho dele, mas ele não ido trabalhar. Eu teria que passar em casa antes de ir para ver como meu pai estava.
Assim que o expediente acabou eu me arrumei e desci até o estacionamento do subsolo e esperei Fritz chegar. Depois de 15 minutos esperando eu vi o carro dele se aproximando.
Ele parou e eu entrei e assim que fechei a porta eu fui até ele e demos um selinho.
- que saudades – falou ele.
- também – falei. – é difícil te ver de manhã e não poder te dar um beijo.
- concordo, por isso digo que devemos contar para todos.
- não – falei – já te disse que não quero.
- tudo bem – falou ele.
- olha, eu vou precisar fazer algo antes de ir embora.
- o que? – falou ele saindo do estacionamento e indo para a rua.
- eu vou precisar ir lá em casa, eu preciso falar para meu pai que não vou dormir em casa e acho que o celular dele está descarregado – menti.
- tudo bem – falou ele.
Assim que cheguei em casa eu sai do carro e abri o portão e a porta e vi a casa toda escura.
- pai? – falei ligando as luzes. Fui até a área, a cozinha e ele não estava. Eu subi as escadas e ele não estava no quarto dele e nem no meu. Fui no primeiro quarto de hospedes e ele não estava.
- ele só pode estar lá – falei indo em direção ao último quarto. Eu abri a porta e meu pai estava sentado na cama com um copo de bebida na mão olhando para nada.
- pai? – falei – mas ele não se moveu e nem olhou pra mim. – o senhor está bem?
Ele tomou um gole da bebida e olhou pra mim.
- oi?
- pai eu só queria dizer que não vou dormir em casa.
- ok – falou ele tomando outro gole e voltando a olhar para o nada.
Sai do quarto e fechei a porta. Eu fui andando e desci as escadas pensando no meu pai. eu tinha que ajuda-lo, mas não sabia se conseguiria ajuda-lo sozinho. Eu tranquei toda a casa e entrei no carro do Fritz.
- falou com ele? – perguntou Fritz.
- sim.
- vamos então?
- sim. – falei.
E logo ele partiu.
Antes de irmos para a casa de Fritz passamos na vídeo locadora e alugamos dois filmes. Assim que chegamos a casa dele, ele foi pedindo comida japonesa e eu me sentei no sofá. Eu não conseguia tirar meu pai da cabeça, eu ficava pensando em como ele estaria se sentindo, depressivo, bebendo já faz três semanas e não ia mais para o trabalho, eu realmente precisava fazer algo. Eu me assustei quando Fritz repousou as mãos no meu ombro.
- te assustei foi?
- quase me matou – falei.
Ele deu a volta no sofá e se sentou ao meu lado.
- está pensando no que?
- em nada.
- você parece estar deprimido, você não queria vir?
- queria sim, não é nada – falei forçando um sorriso.
Ele me abraçou e deu um selinho na minha boca.
- vou fazer você esquecer o que estiver pensando. – ele disse isso me dando um beijo de língua.
- já esqueci – falei dando um beijo no rosto dele.
- você quer tomar um banho? – perguntou ele.
- quero sim.
- você pode vestir uma bermuda minha – falou ele.
Eu o segui até o quarto dele e Fritz pegou uma bermuda de dormir e colocou em cima da cama e saiu do quarto.
Eu arranquei minha roupa e entrei debaixo do chuveiro quente. Eu fechei os olhos sentindo a água na minha pele, tudo o que vinha na minha mente era meu pai. Eu não conseguia tirá-lo da minha cabeça.
Tomei o banho e vesti a bermuda e logo que sai Fritz tomou o banho dele. Enquanto Fritz estava no banho à comida chegou, eu paguei e coloquei na cozinha. Eu estava preocupado com meu pai e aproveitei para ligar no celular dele.
O telefone chamou e ninguém atendeu, meu pai ainda estava bebendo. Minha vontade era de ir embora, mas Fritz não acharia nada legal se eu fizesse isso e eu também queria ficar na companhia dele afinal tínhamos ficado o dia todo separados.
- a comida chegou? – perguntou ele descendo as escadas.
- sim. – falei forçando um sorriso.
Ele se aproximou de mim e me deu um beijo demorado.
- eu te disse que meu beijo melhorava o astral.
- sim – falei.
Nós comemos e começamos a assistir um dos filmes. Apagamos todas as luzes e sentamos bem pertinho um do outro com um cobertor sobre nossas pernas.
Enquanto assistíamos eu peguei meu celular e ficava ligando para meu pai, mas ele não atendia.
- tudo bem? – perguntou Fritz – parece que você não está se concentrando no filme.
- estou sim – falei.
- o filme está ruim?
- não – falei – é só impressão sua.
- tudo bem, se estiver ruim nós podemos tirar.
- ok – falei.
Nós continuamos a assistir o filme e Fritz começou a alisar minha perna e a todo o momento dávamos beijos. Certo momento não ligávamos mais para o filme e tudo o que fazíamos era beijar.
Eu fechei os olhos e senti ele beijando meu pescoço e eu apertei o ombro dele e logo pedi que ele parasse.
- me desculpa – falei.
- o que foi? – perguntou ele.
- eu não posso fazer isso, eu preciso ir embora.
- eu fiz algo que você não gostou?
- não é você, é meu pai. eu estou preocupado com ele.
- aconteceu algo com ele?
- eu não sei, faz dias que ele não via trabalhar e fica só dentro de casa eu tenho medo de deixa-lo sozinho. Desculpa-me por isso, mas você pode me levar em casa?
- claro – falou ele se levantando.
Fui até o quarto dele e vesti a minha roupa e ele vestiu apenas uma camiseta azul e nós entramos no carro.
- quer que eu passe a noite com você? – perguntou ele.
- não. Acho melhor que apenas eu fique com ele.
- tudo bem.
Nós seguimos viajem.
- se você precisar de qualquer coisa, pode me ligar a qualquer hora tudo bem?
- claro – falei.
Depois de um tempo já estávamos na porta da minha casa.
- obrigado por me trazer – falei – e me desculpa por estragar a noite.
- não precisa se desculpar, especialmente pelo motivo. Eu seria muito mesquinho se ficasse chateado por causa disso.
- obrigado – falei dando um selinho nele. – te vejo amanhã.
- te vejo amanhã – falou ele esperando eu abrir o portão e entrar. Logo ouvi o barulho do carro indo.
Logo que eu abri a porta da sala eu vi meu pai sentado no sofá com a TV ligada em um volume muito alto. Havia uma garrafa de bebidas em cima da mesa de centro e ele estava com um copo.
- pai?
- onde você estava? – perguntou ele com a voz um pouco fraca.
- eu te disse que ia sair, eu te liguei e o senhor não atendeu. Precisamos conversar pai.
Ele então ficou de pé, ele estava um pouco tonto.
- sobre o que? – perguntou ele sério tomando um gole.
- sobre você não ir ao trabalho, não sair mais de casa e ficar bebendo o dia inteiro.
- o que? Não posso beber dentro da minha própria casa?
- pode pai, mas é que...
- se uma bicha me embebeda e coloca o pau em mim dentro da minha casa, porque eu não poderia beber nela.
Aquilo me chateou um pouco.
- pai, o senhor está bêbado.
- cala a boca, cala a porra da boca – falou ele pegando a garrafa e enchendo o copo outra vez.
Eu não disse nada e apenas dei uns passos até ele.
- sai de perto de mim – falou ele.
- larga esse copo pai – falei levando as mãos de leve até o copo.
- POR QUÊ?! – meu pai gritou. - POR QUÊ? A casa é minha e eu faço o que bem entender.
Ele disse isso jogando o copo contra a televisão fazendo um estouro. Aquilo me assustou e me fez recuar. Eu olhei a tela a TV quebrada e olhei pra ele.
- o que está fazendo? – perguntei bravo – você não é assim.
- para de me dizer o que ser, o que fazer, como eu sou... a culpa é sua. Você fica trazendo esses homens pra dentro da minha casa.
- vamos pai, eu te levo pra cama – falei me aproximando e quando eu cheguei perto o suficiente para abraça-lo e leva-lo escada acima ele me empurrou e me deu um soco no olho com a mão direita. O soco me fez cair no chão em cima da mesa de centro que era de vidro e ela se quebrou nas minhas costas.
Meu pai colocou as duas mãos na cabeça quando me viu caído se contorcendo de dor.
- filho... eu... me desculpa.
Então me levantei e olhei no chão. Não tinha sangue. Por sorte o vidro era temperado e não teve nenhum estilhaço grande, mas meu rosto estava ardendo e doendo. Eu estava tonto.
- filho, me desculpa, eu não sei o que... – falou ele pausando e colocando a mão na testa.
- vamos, eu te levo pra cama. – falei passando a mão nas costas dele e o guiei até o quarto de hospedes com a cama de casal e o deitei.
- me perdoa – falou ele fechando os olhos na cama. Ele estava tonto e cansado.
- tudo bem, esquece isso e vai se deitar – falei saindo do quarto e fechando a porta. Quando a porta bateu foi como uma martelada no meu coração eu comecei a chorar. Coloquei a mão no meu olho e senti-o inchado e um pouco de sangue caindo.
Fui até meu quarto e entrei no banheiro e vi meu olho começando a inchar, vermelho. Chorando eu abri o armário odo banheiro e coloquei remédio no olho. Ardeu bastante, mas eu aguentei. Minha mão tremia enquanto o remédio entrava na ferida. Mais lágrimas escorriam.
Sai do quarto e desci as escadas indo até a geladeira e peguei gelo e coloquei em um pano e coloquei no olho. Eu olhei para a sala e vi a mesa e a TV quebrada com as lágrimas escorrendo dos olhos.
Comecei a sentir uma dor no quadril, provavelmente da queda e tive que subir a escada mancando. Eu fui até o quarto e abri a porta ele já estava desmaiado na cama. Eu fechei a porta e fui para o meu quarto, apaguei a luz e me deitei me cobrindo. Eu fechei os olhos esperando a dor ir embora, mas só aumentou a dor que eu sentia, mas eu preferi fechar se olhos fechados porque pelo menos assim parecia que tudo aquilo era um pesadelo.