Capítulo dezoito: O almoço mais indigesto da minha vida.
Toquei a campainha da casa de Nathan naquele dia sentindo meu corpo inteiro tremer como vara verde. Meu coração pulsava em um ritmo tão frenético que eu podia jurar que dava para ver através do meu casaco branco.
— Boa tarde Sr. Thompson — lhe desejei quando nela abriu a porta para me receber.
— Boa tarde Lucas — Seu tom de voz extremamente formal me deixou ainda mais nervoso — Entre.
Obedeci sentindo seus olhos me acompanharem. Susie estava brincando com uma boneca Barbie em frente a lareira acesa da sala.
— Susie, vai chamar seu irmão — O jeito que a Sr. Thompson falou com Susie tinha sido tão sério que até a menina se assustou.
Ela correu escada acima nos deixando sozinhos na sala.
— Sente-se — ela me indicou uma poltrona de couro negra que ela havia comprado junto com o resto da nova mobília.
— Gostei do que fez na sala — tentei puxar assunto — Ficou mais acolhedora.
— Ela se serviu de um copo de conhaque do novo bar ao lado da televisão — Obrigada. Os outros móveis estavam deixando essa sala com um aspecto nada "acolhedor".
Ela se sentou em minha frente e cruzou as pernas enquanto bebia seu conhaque. Não pude pensar em nada para dizer naquele momento e senti que ela se sentiu incomodada pelo meu silencio, pois não parava de cruzar e descrusar as pernas.
— Oi amor — Nathan desceu as escadas carregando Susie no colo.
— Oi Nan — respondi a chanson estranho ele me chamar de "amor", pois ele nunca me chamou assim antes.
Ele colocou Susie ne chão que correu para a Barbie no tapete e continuou a brincar com ela. Nathan se sentou no braço da minha poltrona e passou seus braços por trás de mim apoiado nas costas da mesma. A Sr. Thompson pareceu realmente incomodada com aquilo.
— Mãe eu te apresento meu namorado, Lucas — tive de conter uma risadinha, pois de todos ele era o que tinha mais problemas em dizer meu nome corretamente. Lucas dito por ele soava como Louqueis.
— Não precisa fingir que não o conhecia antes Nathan — sua mãe deu outro gole no conhaque.
— Então por que pediu que eu o apresentasse como Namorado?
— Tinha que ver com meus próprios olhos — ela disse como se ainda tivesse alguma esperança de Nathan ser hétero.
— Bom... Aqui está — Nathan disse pousando a mão em meu ombro de forma acolhedora.
— Vou ver o almoço — Ela se levantou e foi até a cozinha sem deixar de lado o copo de conhaque.
— Acho que ela não gosta de mim — eu disse a Nathan.
— Relaxa Luke. Ela nunca gostou de você. Só te aturava — a sinceridade em suas palavras me fez rir.
— E você fala isso assim pra mim? — fingi estar perplexo.
— A vai dizer que não sabia?
— Claro que sabia — disse rindo — E que história é essa de me chamar de amor?
— Porque? não gostou? — perguntou frustrado.
— É claro que gostei, mas foi estranho. Não é a sua cara.
— E o que é a minha cara? — indagou aproximando o rosto do meu.
— Isso que está prestes a fazer — disse me aproximando ainda mais de Nathan.
Ele sorriu e repousou seus lábios gentilmente sobre os meus.
— Mãe! Mãe! — A voz de Susie nos separou — Eles estão se beijando!
— E o que que tem garota? — Nathan perguntou a ela.
— Papai disse que mínino só pode beijar menina! — Susie estava completamente abalada.
— A vai brincar — Nathan desdenhou e voltou a me beijar.
— Mãe!
— O que é Susie?
Ao ouvir aquela voz eu me afastei de Nathan.
A Sr. Thompson apareceu na porta da cozinha.
— Eles estão se beijando e o papai disse...
— Eu não estou nem ai para o que o seu pai disse Susie! Ele morreu e tudo o que ele disse morreu com ele. E vocês dois deixem para se beijarem quando estiverem sozinhos, pelo menos por enquanto. Até eu me sentir confortável com essa situação.
— Me desculpe Sr Thompson. Foi um erro meu e não de Nathan — assumi a culpa para não coloca-lo em encrenca.
— Imaginei que fosse — disse se saindo da sala.
— Ela não disse isso — Nathan tentou se levantar, mas eu o impedi.
— Deixa pra lá Nathan.
poucos minutos depois ela nos chamou para almoçar. A cada garfada no macarrão com queijo eu me sentia mais desconfortável. A Sr Thompson bebia uma taça de vinho atrás da outra sempre me observando.
— Então Lucas — ela disse meu nome com desdém — O que pretende fazer depois de terminar a escola?
Nathan olhou com raiva para a mãe por conta da forma que ela disse meu nome.
— Eu pretendo entrar para a faculdade de Marketing.
— Marketing?! Que legal! E pretende atuar no Brasil mesmo?
Nathan tamborilava os dedos na mesa claramente irritado.
— Não sei ainda — respondi ainda me sentindo desconfortável. Talvez eu mude para cá para cuidar do marketing do restaurante do meu pai. Ele já é bem famoso, mas quem sabe eu possa torna-lo ainda mais.
— Que legal. E quanto a familia? Você pretende ter uma? O Nathan já começou a dele.
— Eu... Eu não sei — respondi — Eu... Eu...
— Ainda não falamos sobre isso mãe — Nathan respondeu por mim.
— Mas como vocês dois vão falar sobre isso? Lucas mora em outro continente e só vem aqui durante as férias. Como planejam ficar juntos tanto tempo para pensar em família?
Ela tocou em um ponto que eu não tinha pensado até hoje. Eu logo iria para casa. Duas semanas para ser mais exato. Nathan e eu ficaríamos separados um do outro por muito tempo. Como manteriamos nossa relação estando tão longe?
— Eu não sei — admiti infeliz — Nunca pensamos nisso.
— Imagino que não — pude sentir seu ar de vitorioso ao pegar a taça de vinho, girar o liquido e bebirica-lo.
— Muitos relacionamentos ficam até mais fortes com a distancia — Nathan contra argumentou — Tenho esperança que nosso caso seja assim.
A Sr Thompson sorriu desdenhando.
— Mas a maioria se desgasta. Ainda mais vocês sendo tão jovens. Podem conhecer alguém que mexam com vocês e ai como vão acabar cedendo. Isso é um fato.
— Eu nunca trairia Nathan — respondi e na mesma hora a imagem do que eu e Matt fizemos no carro me veio a cabeça e a expressão de certeza que eu queria formar em meu rosto se transformou em dúvida.
Ela percebeu e deu uma garfada no macarrão.
— Agora que Nathan vai ser pai, ele vai ter de ficar com Jessica o tempo inteiro para lhe dar assistência — ela disse insinuando algo — Não te incomoda tal proximidade?
— Nem um pouco — eu disse inseguro.
— Tem certeza? — ela fingiu estar chocada — Por que eu ficaria cheia de ciumes se meu namorado tivesse de ficar tanto tempo com a ex, ainda mais ela estando gravida dele.
— Chega mãe! — Nathan gritou batendo na mesa de madeira com o punho — Você disse que ia tentar!
— E eu estou tentando querido — Ela disse como se ele a tivesse ofendido profundamente — Estou tendo uma conversa amiga do com o seu namorado.
— Tudo o que estou vendo é você plantar sementes de desconfiança na cabeça dele!
— Agora você está sendo injusto Nathan — por um momento não acreditei que ela tivesse dito isso — Eu nunca faria isso e você sabe disso.
— Só o que eu sei é o que eu vejo. E o que eu vejo é você tentando nos separar. Você disse que iria me aceitar, mas ao invés disso você quer me separar dele!
— Não vou permitir que fale assim comigo Nathan Daniel Thompson! Já para o quarto de castigo!
— Agora está me castigando sem motivo? — ele indagou — Foi para isso que me pediu para voltar? Para me separar do meu namorado e me por de castigo? Por que se for você é igual a ele!
Ela se levantou e deu um tapa na cara de Nathan que se levantou e foi bufando para o quarto. Senti ódio dela por isso e tudo o que eu queria era saltar por cima da mesa e encher ela de porrada,as ao invés disso respirei fundo e disse:
— Acho melhor ir para casa — me levantei deixando meu prato praticamente intocado em cima da mesa.
— Também acho — seu tom de voz era muito áspero.
— Se acha que dessa forma ele vai mudar e ser da forma como você quer, está enganada. Você só vai nutrir nele um ódio profundo por você. É isso que você quer? Ele vai crescer, sair de casa e nunca mais voltar. Natais, aniversários, feriados... Todos esses dias você vai pensar nele e ele não vai estar com você. Mal vai ver o seu neto. E sabe de que vai ter sido a culpa?
— Saia da minha casa — disse com a voz chorosa.
— Isso memo. A culpa vai ser sua. Só sua!
— Sai da minha casa! — Ela gritou para mim.
Eu dei dois passos em direção a porta da cozinha, mas me virei e disse para ela:
— Talvez esteja certa e nós não vamos ficar juntos muito tempo, mas outros virão e não poderá se livrar de todos. Obrigado pelo almoço Sr Thompson e o macarrão estava muito salgado, mas o que vale é a intenção.
Me virei e sai daquela casa por um momento me sentindo vitorioso.
Era por volta de dez da noite e eu já estava deitado para dormir quando escultor uma batida de leve na janela do meu quarto. Me viro para ver e me surpreendo ao constatar que era Nathan. Corri até a janela e a abri deixando o ar gelado entrar em meu quarto me fazendo tremer.
— Achei que estava de castigo — disse a ele.
— E castigo alguma vez me impediu de fugir a noite e vim te ver antes?
Sorri e dei-lhe um Celinho.
— Vamos ficar no telhado olhando as estrela igual fazíamos quando eramos crianças? — perguntei ai ver a sacola cheia de doces em sua mão.
— Igual não, pois nunca fizemos isso no inverno.
Vesti meu casaco de lã azul e sai pela janela até o telhado que rodeava a casa. Era um pouco estreito e por isso fomos nos arrastando até a frente casa bem em cima da varanda onde Nathan limpou a neve com a mão e forrou uma toalha xadrez de picnic por cima das telhas de madeira. Nos deitamos na toalha e ficamos admirando o céu estrelado enquanto comiam os chocolate.
— Lembra da última vez que fizemos isso? — ele indagou.
— Foi um dia antes de eu ir morar no Brasil. Eu estava muito triste e você veio até mim e ficamos olhando as estrelas até dormimos.
— Lembra que sua mãe ficou maluca por que não te achava? — ele disse rindo dando um mordida barra de chocolate com amendoim.
— Claro que lembro! Tomei uma senhora surra por tê-la deixado preocupada.
— Ela pensou que você tinha fugido?
— Pensou.
E ficamos em silencio por um bom tempo apenas observando o céu noturno. Era uma noite com pouquíssimas nuvens no céu como tinha sido ultimamente. Já não nevava desde o Natal e logo logo toda essa neve iria derreter e todas as árvores se encheriam de flores, a grama oriá ficar verde , o sol brilharia quente no céu e as noites seriam um pouco mais curtas e eu e as estaria aqui para ver. A primavera sempre tinha sido minha estação preferida quando eu morava no Canadá e eu nunca mais a tinha visto. Sentia falta dos finais de semana quando meus pais me levavam juntos ao parque para eu brincar com meus amigos. Sentia de ficar até tarde na rua brincando de pega-pega e esconde-esconde. Sentia falta de estar em casa. E ali era minha casa.
— Uma estrela cadente Luke — ele me tirou dos meus devaneios me apontando uma rastro de luz branca que se movia vagarosamente no céu.
— Deveríamos fazer um desejo — disse a ele que assentiu.
Fechamos os olhos e fizemos nossos desejos em silêncio. Eu nunca quero ir embora. Foi o que desejei.
— O que pediu? — perguntei a ele quando abriu os olhos.
— Se eu contar não se realiza — ele disse — Mas o que você pediu?
— Se eu contar não se realiza — Disse retribuindo na mesma moeda.
Ele sorriu e subiu por cima de min me beijando.
— Eu pedi para nunca ir embora — disse entre beijos.
Dormimos ali mesmo ao relento. Eu tinha trazido um Edredom para nós embora isso não tivesse impedido que a noite fosse gelada. Acordei na manhã seguinte com uma voz chamando meu nome.
— Lucas? — Chamou novamente e desta vez eu a reconheci mesmo não acreditando.
— Eu não falei que eles tinham dormido no telhado de novo? — essa era a voz do meu pai.
Me levantei e olhei para baixo me assustando.
— Mãe? — indaguei ainda sem acreditar. Escorreguei pelo telhado até cai na neve fofa que amorteceu bastante a minha queda. Me levantei e a abracei apertado — O que está fazendo aqui?
— Bom, houve umas mudanças nos planos. Lembra do meu amigo Yuri da faculdade? Então, ele vai abrir um escritório de advocacia e pediu para em ser sócia dele. Vamos nos mudar para o Rio de Janeiro Lucas.
— Sério? — eu mal podia acreditar no que ela dizia. Finalmente sairiam os de Santa Catarina para irmos morar no Rio de Janeiro. Não era o Canadá, mas pelo menos teríamos a familia da minha mãe por perto, mas uma coisa ainda era estranha — Por que a senhora veio até aqui?
Ouvi um barulho no telhado e pelo canto do olho eu vi que Nathan havia acordado.
— Bom... — Como vamos para outro estado, eu tive de trocar sua passagem. Foi até mais barata e eu interei um pouco e deu para vir busca-lo. O problema é que só consegui passagem para amanhã de manhã.
— Amanhã? — meus olhos automaticamente se voltaram para Nathan que tinha o olhar sofrido.
— Infelizmente sim Lucas. Nós vamos embora amanhã. Sinto muitoEntão gente, esse foi mai um capitulo e espero que tenham gostado.
O que vocês tem achado da minha escrita? Vocês conseguem entender tudo o que eu quero dizer? Os personagens são bem construídos ou são rasos? A história faz sentido ou não? Os diálogos são bons ou são forçados?
Por favor me digam, pois como sou eu que escrevo, fica difícil para mim saber se minh escrita está boa ou não. Por favor respondam e até o próximo capitulo. Ah! e este conto já está em seus capítulos finais e ainda tem muita coisa para acontecer.