Bad Boy Saga 1 -O Coração de Pedra- Parte 8
Eu me aproximei do buraco e tentei encontrar coragem para entrar naquele lugar escuro. Tecnicamente Andrew estava certo. Eu poderia mesmo morrer lá em baixo se Valter resolvesse atirar, mas eu iria atrás daquele filho da puta. Ele não iria conseguir o que ele queria.
- Maninho... Por favor, tome cuidado. – Disse Andrew. – Tem certeza que quer fazer isso? Eu liguei para a polícia e eles já estão á caminho. Nem tem necessidade de você ir lá.
- Eu vou atrás daquele desgraçado. – Eu disse. Embora não sabia por que e nem o motivo. Sim eu estava com raiva, mas por que ir lá? Era como se alguma coisa estivesse me puxando para o buraco sombrio. – Vou fazer ele pagar por invadir a nossa escola e ainda se aproveitar do cargo de professor apenas para roupar uma relíquia barata.
Pulei no buraco e cai no chão imundo e fedido do túnel. Corri na direção em que Valter havia ido e tive que descer uns cem degraus até uma sala de concreto no qual eu tinha certeza que era a mesma do meu sonho. Era como se eu estivesse visto o futuro, e isso era legal. Aquela sala parecia ter mais de centenas de anos e havia uma espécie de caixa esculpida no centro, mas logo percebi que na verdade era um antigo caixão. Uma figura de uma caveira estava esculpida na lateral do caixão. Vi Valter empurrar a tampa que lacrava o caixão e ela caiu no chão se quebrando em várias partes. Ele retirou algo lá de dentro e logo percebi que era um pingente de coração feito com um cristal vermelho. Valter começou a soltar umas gargalhadas ridículas de vilão de quadrinho e então se virou para mim e ficou me encarando espantado.
- Junior? Mas o que... Como foi que você chegou aqui? – Ele perguntou falsamente. – Há não importa. Agora eu sou um dos homens mais ricos da cidade.
Valter retirou sua pistola da cintura e apontou para mim.
- Não tenho medo de você seu covarde! – Eu exclamei. Algum lado meu queria aquele pingente de cristal. Ele me hipnotizava com sua beleza. – Largue esse pingente seu ladrão...
- Nunca! – Valter exclamou ainda rindo malignamente. – É uma pena que eu vou ter que matar você aqui nesse lugar imundo. Não é um lugar sofisticado e bacana, mas vai ter que servir. Agora deixe que eu coloque o meu querido precioso.
Valter colocou o pingente em seu pescoço e então sorriu maliciosamente para mim. Ele destravou a pistola e apontou para mim novamente. Mas algo estava errado. O coração de cristal do pingente começou a se transformar em um tipo de pedra e então brilhou intensamente como se estivesse sido ativado quando Valter o colocou no pescoço. A pistola caiu da mão de Valter e ele ficou me olhando e se temendo. Ele começou a gritar alto e então eu pude ver os olhos dele começarem se transformar em chamas vivas e depois a pele dele se tornar negra como carvão. As chamas dos seus olhos foram se espalhando pelo corpo. Ele tentava gritar, mas sua voz não saía. Eu não sabia o que fazer. Ele caiu de joelhos enquanto sua pele queimava como se fosse papel velho e em alguns minutos o corpo dele virou nada mais que restos de cinzas. O pingente estava intacto no meio dos restos queimados dele e então pude ver o coração do pingente voltar a ser um cristal vermelho. Eu o peguei com as mãos, mas logo o joguei no chão por que a corrente de metal estava muito quente. Tirei a minha camiseta e á usei para pegar a jóia do chão e então á coloquei no bolso da minha calça. Joguei á camiseta no chão e olhei para á saída daquele lugar. A diretora Emily talvez fosse gostar de ver aquilo e os garotos também. Aquele pingente devia valer muito e podia pagar todas as contas do colégio e não precisaria mais do dinheiro do pai do Thales. Voltei a caminhar de volta á saída do túnel e quando cheguei à entrada do buraco, não tinha nenhum jeito para eu sair dali por que eu não conseguia agarrar á borda do buraco para poder sair á não ser que alguém estendesse ás mãos para me ajudar á sair.
- Andrew! – Gritei.
Logo ouvi vozes de vários homens se aproximavam da abertura e então um policial estendeu suas mãos para mim e me puxou para cima. Andrew sorriu ao me ver e o Josh estava... Encarando meu corpo. Ops! Acho que peguei o pingente e depois deixei a minha camiseta lá no túnel. Dois policiais examinavam o corpo de Xisto que estava caído imóvel no chão. Um dos policiais se aproximou de mim.
- O que exatamente aconteceu neste lugar? – Perguntou ele. – Devia ser algo grande por ter dois corpos no local. Pude ver que um foi morto por um tiro no peito e o outro foi esfaqueado no peito e na perna. Onde está o terceiro bandido que o garoto mencionou?
- Morto também. – Eu disse. Tecnicamente nem eu sabia como o Valter morreu, mas eu tinha que improvisar algo. – Morreu queimado lá dentro. Uma das bombas dele explodiu lá dentro e ele morreu.
- Mas você está bem eu posso ver. – Ele me desafiou. – Afinal estava lá dentro também. Como saiu impune da explosão?
- Por que eu estava longe do local onde houve á explosão. – Respondi.
- Certo, vamos examinar todo o local. – Disse o policial. – Vocês estão dispensados, mas podem ser chamados para responder perguntas, já que eram os únicos no local do crime. Vamos também examinar o vídeo que está na câmera do seu amigo. Obrigado por colaborar garoto.
Aproximei-me do Andrew e do Josh e abracei os dois. Era bom estar vivo depois dessa loucura toda. Valter tinha razão... Morrer naquele lugar era mesmo desagradável. Coitado dele. Nem teria um enterro descente. Tomara que ele morra queimado novamente no inverno ardente.
- Acho que nos damos bem nessa não é? – Eu perguntei sendo sarcástico. – E vocês viram como o Thales fugiu como uma menininha.
- Ele ajudou Junior. – Disse meu irmão. – Se ele não tivesse aparecido no colégio e sido pego pelo o guarda, provavelmente estaríamos mortos agora. Com a ajuda da mamãe é claro.
- É talvez. – Eu disse rindo. – Mas mesmo assim ele fugiu como uma mulherzinha.
- Caramba... Esse seu colégio é irado. – Disse o Andrew rindo. – Acho que vou concluir o último ano aqui. Esse é o colégio mais louco que eu já vi. O professor atira no guarda noturno... Nossa. Será que nas salas de aula é divertido também?
- Menos Andrew. E vocês ainda não virão o que o professor Valter estava querendo. – Eu disse retirando o pingente do meu bolso. – O professor estava atrás disso e ele morreu lá embaixo de uma forma muito estranha.
- Mas esse é o pingente de cristal da lenda que ele mesmo nos contou na nossa sala. – Disse Josh. – O professor contou aquela lenda por que ele sabia que era tudo verdade e ele estava se preparando para roubar à jóia. Nossa. É uma jóia bonita e brilhante.
- É eu sei. – Eu disse encarando a pedra reluzente de cristal.
Meus olhos pareciam penetrar a pedra e ir bem além. Era bom segurar aquele pingente. Eu me sentia mais... Forte. Meu celular tocou e me tirou do transe. Era a minha mãe me ligando. Dessa vez eu atendi.
- Junior Black! Diga-me que diabos de onde você e seu irmão se meterão! – Ela exclamou pelo telefone. – Estamos quase jantando á mesa e vocês dois desapareceram de casa.
- Desculpe mãe, é que eu e ele saímos para... Tomar sorvete e já estamos voltando. – Eu menti. – A propósito, fez as panquecas com queijo que a senhora prometeu fazer desde á semana passada?
- Sim, e se apressem por que estão esfriando. – Disse minha mãe desligando.
Josh se aproximou de mim e ficou me olhando como se quisesse me beijar. Tornei as coisas mais fácies para ele. Eu mesmo o beijei loucamente por alguns minutos. Andrew sabia a verdade mesmo então não teria problema. Se bem que um dos policiais ficou nos encarando.
- Sem querer interromper o momento de vocês, mas só quero saber uma coisa Junior, meu maninho do coração... – Resmungou Andrew interrompendo o nosso beijo. – Cadê á sua camiseta?
- Eu acho que deixei no túnel. – Eu respondi sem entender. – E eu que não vou voltar lá para buscá-la.
- Então quer dizer que eu e você fomos para a sorveteria? – Ele perguntou rindo. – E quer dizer que você foi sem camisa? A mamãe não vai gostar nenhum pouco disso.
- Droga! – Eu exclamei. Ele tinha razão.
No caminho para á minha casa, eu não sabia o que fazer. Se eu chegasse em casa sem a camisa, eu estaria ferrado. Tecnicamente o Andrew estava tirando uma com a minha cara e o Josh percorreu metade do caminho quase sem falar nada. Eu o abracei de lado enquanto andávamos. Andrew me encarou sem graça. Provavelmente ele iria demorar para se acostumar com aquilo.
- Eu posso tirar á minha camiseta se você quiser. Aí você coloca. – Disse Josh me dando um selinho. – Minha mãe nem vai ligar por eu ter saído de casa e voltado sem camisa. Você sabe que ela é de boa nessa parte. E a propósito, acho que vou contar á verdade amanhã por que acho que vou cair na cama quando eu chegar em casa. Acho que nem vou jantar.
- Eu não sei o que eu seria sem você. – Eu disse á ele. – Você é lindo sabia?
- As garotas me diziam isso o tempo inteiro, então eu acho que acredito que sou bonito mesmo. – Ele disse sorrindo. – Mas eu nem me comparo com meu príncipe.
Eu ri. Eu nunca me achei bonito. Tudo bem que eu fazia sucesso com as garotas antes, mas eu nunca me olhei no espelho e disse á mim mesmo que eu era bonito. Quando estávamos nos aproximando da minha casa, Josh tirou sua camiseta e me entregou para vestir. Eu já havia visto ele sem camisa muitas vezes nas aulas de educação física do nosso colégio e até mesmo na casa dele quando eu dormia lá ou quando ele dormia na minha casa, mas vê-lo agora daquele jeito era diferente. Meu desejo de ficar agarradinho com ele havia aumentando. Ele sorriu para mim e me deu um beijo na bochecha. Coloquei á camiseta e me despedi dele. Ele seguiu para sua casa.
- Isso é estranho. – Disse Andrew para mim quando entramos no quintal de casa. – Você e ele... Tipo se beijando. Aliás, esse dia foi o mais louco da minha vida. Eu nem estou acreditando no que realmente aconteceu no seu colégio maluco. Nem acredito que impedimos uns bandidos de roubarem o colégio.
- É, nem eu estou acreditando. – Eu disse relembrando o jeito horrível que Valter morreu. – E quanto á mim e ao Josh... Sei que é estranho para você.
- Relaxa, eu disse que te apoiaria e é isso que vou fazer. – Ele disse me dando