O carro para em frente a minha casa, viro-me para Anna. Seu rosto encoberto pela escuridão do carro, apenas seus olhos iluminados pelo poste solitário da rua. Vejo aquele castanho-claro ao fundo, sua pupila dilatada levemente. Sigo o contorno de seus olhos por aqueles grande cílios que o emolduram. Anna se aproxima e beija discretamente o canto da minha boca. Engulo em seco. Abro a porta e saio. Enquanto fecho a porta Anna solta uma piscadela para mim e sorri: Ate mais Julia.
-Até mais - respondo distraidamente.
Entro em casa tirando meu blazer e blusa, ficando na parte superior apenas com sutiã. Vou à cozinha e tomo um copo d'água, olhando para o teto, com os pensamentos embarcados e desconexos. Vermelho e castanho-claro.
Subo as escadas ja descalça, vestindo apenas calça e sutiã. Encaminho-me ao banheiro, onde deixo minhas roupas e sapato no granito da pia.
Sem roupa entro no box do banheiro e ligo a agua fria. Fecho os olhos e lembro da boca de Anna na minha, seus lábios nos meus, minha mão em sua perna, seu gemido baixo. Sinto meu coração batendo forte em meu peito. Saio ainda pingando água, me enxugo levemente, sinto as gotículas de agua descer pelo meu corpo. Coloco uma calcinha e me deito, cobrindo-me com o aconchegante edredom. Adormeço com as palavras feitas em tom de promessa "Até mais tarde, Julia".
Meu sonho começa conturbado, estou na chuva, no meio de uma avenida movimentado. Os carros velozmente passam ao meu lado, deixando rastros de luz. O barulho alto. Olho para o céu escuro e chuvoso, pingos salpicam o rosto. Solto então um soluço e percebo que as lágrimas salgam as gotas de chuva em meu rosto. Volto meus olhos para o horizonte e a cena muda. Encontro-me na varanda da fazenda, recordo a ocasião, aniversario. Observo uma pequena eu de frente ao bolo, esperando com expectativa o termino dos parabéns para apagar o fogo das velas. Sons estridentes são ouvidos cada vez mais alto.
Meus olhos pesadamente abrem com o barulho do celular tocando. Levanto-me cambaleante e o pego, atendo sem olhar o visor.
-Oi? - digo bocejando.
-Hei, maninha - uma voz masculina recepciona-me do outro lado.
Imediatamente desperta meus olhos se arregalam.
-Jonathan.