Nos dois dias seguintes ao meu último encontro com o John passei o tempo todo ocupado com o trabalho e meio que ocupei a minha mente e me “esqueci” dele. Na quinta à noite dei uma olhada na minha agenda telefônica e me dei conta de que eu não tinha o número dele. Droga. Fui dormir puto da vida e rezando para que ele aparecesse no horário marcado mas na sexta de manhã, veio a surpresa: meu celular tocou e o número era desconhecido.
- Alô.
- Oi, Eduardo?
- Sim.
- Aqui é o John.
- Oi, tudo bem?
- Mais ou menos... na verdade eu liguei pra desmarcar nosso almoço.
Meu dia tinha que começar ruim.
- Você tá com problemas?
- Apenas o trânsito. Eu estou indo para o outro lado da cidade e com certeza não chegarei a tempo mas eu queria saber se podemos remarcar para mais tarde, próximo das 19 h.
- Claro – eu respondi quase que imediatamente.
- Ok, então a gente se encontra no mesmo lugar nesse horário. E salva meu número.
- Considere salvo.
- Ok – disse ele e deu pra ouvir um breve riso. – Então até mais.
- Até.
Estava óbvio que estávamos flertando um com o outro e eu não poderia deixar essa chance escapar e iria me aproveitar dela, principalmente o fato dele remarcar o encontro.
Cheguei um pouco antes ao local e não demorou muito eu o avistei e ele veio até mim.
- Espero não estar atrasado.
- Não não, eu que cheguei mais cedo.
- Ah sim. Vamos entrar?
- Na verdade, não. Como você remarcou não tive tempo de fazer reserva aqui à noite, teremos que ir a outro local.
- Entendo... vamos?
Era engraçado que a cada término de frase ele lançava um riso encantador. O levei até o meu carro e partimos.
- Então, onde vamos? – perguntei ele.
- Não muito longe.
Não demorou cinco minutos e estávamos em frente ao meu prédio e ele ao perceber soltou outra risada.
- Você se incomoda? – perguntei, com medo de que ele recusasse.
- Não.
- Ok, então vamos subir.
Ao entrarmos no apartamento, mostrei onde ele poderia deixar a mochila que ele carregava e disse para se sentir à vontade.
- Espero que não se incomode em vir aqui, é que foi a forma mais viável que encontrei de conversarmos.
- Tudo bem.
- Então, enquanto eu termino de preparar o jantar porque você não me diz que curso você faz lá?
- Hahahaha você insiste em dizer que sou aluno.
- Desculpa, é que eu pensei que... – eu estava realmente envergonhado. Até porque é uma mania minha tirar conclusões precipitadas.
- Ok. Então, eu sou professor.
- Sério? – não consegui esconder o espanto.
- Aham e não sei o porquê do espanto.
- É que você aparenta ser tão... novo.
- Aparento, e quem disse que não sou?
Eu imaginava o quanto ele estava se divertindo, ele tinha resposta pra tudo e jogava as bombas todas em mim.
- Ok, vou parar de supor as coisas. E que tal você falar mais de si mesmo.
- Nossa, para um publicitário você é ruim de conversa. – disse ele caindo na gargalhada.
- Vai brincando. Mas como soube que eu sou publicitário?
- Você acabou de me dizer.
- Bingo.
- Hahaha Para gravar um comercial, deduzi que fosse. Enfim, como estou na sua casa, suas regras. Como eu disse eu sou professor lá, há três anos.
- Tá, agora você me deixou assustado.
- Eu estou na sua casa sendo que o conheço há menos de uma semana, acho que eu deveria estar.
- Deveria nada, sou um amor. – demorei a me tocar no que havia falado.
Ele riu, talvez envergonhado.
- Pronto, agora só esperar ficar pronto.
Eu havia preparado uma lasanha e acabara de deixá-la no forno. John havia sentado próximo ao balcão que dividia a cozinha da sala e me acompanhava com os olhos enquanto eu arrumava as louças.
- Então, você é professor de que?
- Língua e literatura inglesa.
- Legal. Mas posso te fazer uma pergunta?
- Claro. – disse ele dando um gole de água que havia pedido.
- Quantos anos você tem?
- Quantos anos você ACHA que eu tenho? – disse ele.
- Por favor, não me joga essa.
- Hahaha Ok, tenho 25.
A cada minuto de conversa eu ficava impressionado com ele e mais tinha interesse pelo mesmo. E pensar que as surpresas só começara.
- 25 anos e professor de universidade... parabéns.
- Haha deixa disso. E você, faz algo além da publicidade?
- Sim, também tenho uma empresa de fotografia e mídia de cobertura de eventos.
- Legal, sou péssimo em tirar fotos.
- Depende né? Para fins profissionais realmente não é qualquer que tem técnica mas algo mais pessoal, tudo é válido.
- Tão otimista você. Isso soou tão inspirador – disse ele em tom brincalhão.
- Isso se implica a você também, vai dizer que é um bicho de sete cabeças aprender inglês? Pra você foi?
- Haha Nem um pouco.
- Sério? Com quantos anos você começou a ter contato com o inglês.
- Desde bem pequeno.
- Sorte sua, eu demorei um pouco. Minha paixão sempre foi tirar fotos.
- Isso é bom. Mas é que eu não tive muita escolha, sou bem familiarizado com as línguas. Opa, com os idiomas. – disse ele, rindo.
- Olha, garoto... você fala mais quantos idiomas?
- Fora o inglês e português, mais três.
- Nossa. Isso me lembra que quando eu vi você conversando com um rapaz lá na universidade em inglês jurava que você era inglês.
- Sério? Por incrível que apareça foi a dedução mais próxima do acerto que você fez. Na verdade, eu sou irlandês.
Ele não parava de me surpreender e aos poucos eu me afeiçoava mais a ele, o carisma dele me impressionava e o tesão que eu sentia por ele antes, dava lugar a um carinho principalmente depois que ele me contou a sua história.
ContinuaOlá, pessoal. Obrigado pelos elogios e pelos comentários, isso me estimula e mais a contar nossa história.
sonhadora19, espere mais um pouquinho e terá sua resposta.
Kklinhos, espero ter alongado mais o conto.
Abraços.