Until The Very End - Cap 24 "Felipe, Felipe..."

Um conto erótico de Lipe
Categoria: Homossexual
Contém 1110 palavras
Data: 20/04/2014 08:51:49
Assuntos: Gay, Homossexual

Lembro de algumas luzes piscando, pessoas correndo, um barulho e nada mais.

Sonhei que eu estava na mesma estrada em que eu tive vários sonhos anos atrás. Dessa vez eu estava ao lado do Fer, mas ele estava deitado, todo ferido. Nada o que eu fazia ajudava, ele continuava imóvel. Eu queria chorar, queria gritar, queria correr, queria ajuda-lo, mas eu não conseguia fazer nada disso.

Uma luz surgiu no horizonte e foi aumentando gradativamente, até que tudo ficou branco. Eu já não estava mais na estrada e nem Fer estava comigo. Eu estava só. Estaria eu morto? Fiquei vagando na vã esperança de encontrar algo.

Algum tempo depois, escutei uma voz dizendo “Ei, ele está se mexendo!”. Senti tudo balançando, como se um terremoto atingisse aonde eu estava. Então, eu acordei.

Acordei no mesmo quarto branco que eu acordei quando eu tentei me matar. O mesmo médico que cuidou de mim estava do meu lado lendo uma prancheta.

- Olá, Felipe? Não sei se fico feliz ou triste de te ver... – Ele me disse.

- Fernando, como ele está? Está vivo? Bem? Aonde? O que aconteceu? – Perguntei ansioso e com medo da resposta.

- Uma pergunta de cada vez. Vocês sofreram um acidente, mas como pode ver, você está bem...

- E o Fer? – Perguntei interrompendo.

- Durante o acidente ele sofreu um traumatismo craniano. Está em coma. Seu quadro é muito instável. Não podemos garantir nada... – Aquela notícia de que Fer poderia morrer era demais para mim. A sensação de perdê-lo mais uma vez, só que dessa vez para sempre foi demais para mim.

- Qual é o quarto dele? Eu quero vê-lo!

- Felipe, você não pode...

- Doutor, se o Fernando morrer e eu não o ver antes disso, a próxima vez que você me ver, vai ser no necrotério... – O médico ficou pensativo, até que por fim ele disse:

- Ok. Uma enfermeira vai vim aqui e te leva lá.

O médico saiu do quarto e um tempinho depois uma enfermeira chegou com uma cadeira de rodas, para me levar até o quarto de Fernando. Ele estava no quarto ao lado, então foi uma “viagem” tranquila.

Essa foi a pior cena de Fernando que eu já vi. Ele estava todo coberto de hematomas, com várias faixas no corpo todo. Cheguei o mais próximo dele e fiquei passando a mão no seu cabelo, ou o que restou dele.

- Fer, acorda... A gente ainda tem que visitar muito o morro do papagaio... E também temos que arrumar seu quarto lá em casa... – Não consegui conter o choro. Nem percebi, mas estávamos sozinho no quarto.

Pouco tempo depois Caio chegou. Assim que ele me viu, me deu um forte abraço e começou a chorar muito.

- Felipe, ele voltou depois de tanto tempo... E eu o tratei mal! E agora... ele... – Ele não terminou a frase, mas eu sabia o que ele quis dizer. Eu deveria mostrar força, mas não consegui e chorei junto com o Caio.

- Eu queria prometer que vai ficar tudo bem...

Eu e Caio ficamos em volta da cama de Fernando. Depois uma enfermeira veio e me levou para o meu quarto. Eles serviram o jantar, uma comida horrível, mas eu tinha que comer, segundo o médico.

O período que eu passei no hospital, sempre que eu podia, passei ao lado de Fer. Ele ainda continuava muito instável. Caio ia, sob minhas ordens, às aulas, mas logo após ele voltava para o hospital ficar conosco.

Um dia, o médico veio ao meu quarto e enquanto via algumas coisas eu perguntei:

- Ele não vai melhorar né? – Ele me olhou com um olhar preocupado e me disse:

- O quadro dele é muito instável. A batida pegou do lado dele. Exames chegaram e o que está desestabilizando tudo é o fígado. Ele sofreu uma fratura séria nele...

- Então um transplante resolveria o problema...

- Sim e não. Um transplante nessa situação, muito provável que haja rejeição, como um corpo estranho. Mas se ele melhorar e seu quadro estabilizar, podemos coloca-lo na fila...

- Eu doo parte do meu fígado.

- Oi?

- Eu doo. Eu já vi casos de pessoas que doam parte de órgãos para outros. E fígado, se não me falha a memória, é o maior órgão do corpo humano. Acho que posso viver sem parte dele.

Ele me olhou meio desconfiado. Pensou um instante e disse:

- Éhh. É complicado. Não é simples fazer isso. Há riscos e o pós-operatório...

- Eu posso conviver muito bem. E é o seu trabalho fazer isso. E eu tenho dinheiro para pagar por esse transplante. Então, me teste. Se eu for compatível, assim que for possível, faremos o transplante.

- Ahh.. Tá.. – O médico saiu do quarto, me deixando sozinho. Algumas pessoas vieram me visitar. Lúcio, Lúcia e Gabi (sem o seu marido) ficaram algum tempo conversando comigo. Havia muito tempo que eu não via nenhum deles.

Eles foram embora na hora do almoço. Após o almoço veio um enfermeiro colher sangue e me levar para fazer o exame. Fiz todos os exames e fiquei no quarto do Fer, contando-lhe das visitas, do transplante e tudo mais. Algumas pessoas acham loucura, mas eu creio que ele me escutava.

No outro dia, o médico chegou no período da tarde e me falou, sério, o seguinte:

- Felipe, eu tenho uma notícia boa e uma ruim. Qual você quer ouvir primeiro? – Fiquei muito preocupado. Mas respondi:

- Fala a má. Depois você fala a boa...

- A má notícia é que você vai ter que ficar mais algumas semanas no hospital. A boa é que você é compatível com o Fernando. Acreditamos que no final da semana nós possamos fazer o transplante!

Explodi de felicidade. Quando Caio chegou e eu lhe contei as novidades. Ambos estávamos esperançosos.

A semana se arrastou lentamente. De fato Fernando melhorou muito. Sua cor estava melhor, seus sinais vitais também estavam melhores. Uma equipe de especialista desse tipo de transplante veio para realizar o procedimento.

Bom, eu não sou médico e por isso não sei ao certo o que aconteceu. Eu sei que fizeram milhões de exames e testes. Até que por fim realizaram a cirurgia. Tive que assinar alguns papeis de responsabilidade, pois os riscos eram muito altos.

Enfim, a cirurgia foi um sucesso. Segundo o médico, levaria alguns dias até Fernando acordar. Enquanto eu me recuperava, esperava ansiosamente para Fer acordar. Caio ia no hospital todos os dias. Ele ficava a maior parte do tempo com seu pai, mas sempre ia no meu quarto para me ver.

Uma semana se passou, a cada dia mais minhas esperanças exauriam. Será que Fernando nunca acordaria? Mas, um dia em que eu estava no quarto dele, conversando com Caio, ele disse duas palavras:

- Felipe... Felipe...

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Comentários

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Espero que eles tenham um momento de felicidade agora, continua que o conto esta excelente.

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QUE AGORA ELES POSSAM SER FELIZES. AH E CARA NÃO LIGA PARA AS CRÍTICAS QUE SÓ TE COLOCAM PARA BAIXO NÃO. SEU CONTO É DEMAIS. ABRAÇOS.

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