Capitulo treze.
ENZO
— Bom dia — ele sussurou em meu ouvido naquela manhã de domingo. Seu hálito era doce e quente me inebrava de uma tal forma que me fazia esquecer tudo. Ou quase tudo.
— Bom dia — respondi finalmente abrindo os olhos e me virando para ele. Daniel estava deitado nú em minha cama e sua pele negra parecia brilhar sobre a luz quente do sol que invadia o quarto pela janela — Dormiu bem?
— Como um bebê — respondeu me dando um selinho.
Daniel e eu nos conhecemos logo no meu primeiro dia de faculdade e nos demos muito bem desde o inicio. Fora, três anos de amizade até que começamos a namorar três meses antes.
— Quer tomar café? — indaguei sorrindo.
Daniel se levantou da cama e caminhou até a mesa do computador. Não pude deixar de olhar para aquela bunda redondinha e dura que ele tinha e imediatamente me lembrei de como eu a mordi inteirinha noite passada. Daniel pegou uma bandeija de café da manhã e a trouxe para mim. Nela havia bolo de laranja fatiado, maçãs em bubos, pão, manteiga, queijo branco e uma jarra de suco de laranja. No centro da bandeija se encontrava um copo comprido com uma rosa.
— Isso responde sua pergunta? — ele sorriu ao repousar a bandeja em cima de mim.
— Você não existe sabia disso? — disse para ele.
Eu não gostava de fazer comparações, mas eu tive um namorado antes de Daniel, Anderson, era o nome dele. Ele nunca fez nada romântico para mim. Com ele era sexo e beijos o dia inteiro e eu não queria só isso. Queria alguém que me fizesse um carinho ou uma gentilesa, alguém que me fizesse sentir que eu era especial e que era amado. Com Daniel eu tinha isso e mais.
— Só queria agradar meu Amorzinho — ele pegou um cubo de maçã e o comeu — E ontem você disse que o Miguel só ia voltar para casa hoje a noite, mas quando eu estava pelado na cozinha ele entrou e eu fiquei todo sem graça.
Me deu uma crise de risso incontrolável naquela hora.Daniel era um rapaz bastante tímido e que não gostava de ser notado. Nem consigo imaginar a cara dele quando Miguel chegou em casa e o pegou nú na cozinha.
— Ninguém mandou ir lá pelado — provoquei — Deve ter matado ele de susto com o seu dote.
— Quase matei mesmo — ele riu — E quase matei a garota que estava com ele também, mas ela não entrou na cozinha.
— Miguel trazendo uma garota para casa? Essa deve ser estar gostam do mesmo dessa.
Apesar de Miguel ter me dito que traria várias garotas para o nosso apartamento, ele preferia ir na casa delas. Talvez ele não se semtisse a vontade comigo dentro de casa.
— Não e?! — ele concordou — Já estava na hora dele começar a gostar de alguém. Uma hora todo homem se cansa de sexo sem sentido.
— Eu nunca gostei disso — falei.
— Você nunca foi homem, né queridinho — ele provocou.
— Mas você me ama mesmo assim — respondi.
— Você sabe que amo.
Ele me beijou novamenteGABRIEL
Deixei a delegacia e entrei no carro com meu pai sem nem olhar para ele. Cobri minha cabeça com o capuz e coloquei meus fones de ouvido para escutar Truce da banda Death Angel. Meu pai arrancou com o carro e eu fiquei olhando a paisagem pela janela do carro.
— Eu cançei — meu pai disse — Cançei de tentar te ajudar Gabriel.
— Até que demorou — respindi.
— Você não dá a minima pra sua familia não é? — ele tinha o tom de voz choroso — Sua mãe chora todas as noites em que você não chega achando que aconteceu alguma coisa com você e quase sempre eu tenho que te buscar na delegacia por estar bêbado, roubando ou fazendo alguma outra merda!
— Não precisa me buscar. Meu namorado pode — respondi.
— Seu o que? — ele gritou.
Tirei um maço de cigarro do bolso e acendi um cigarro dentro do carro.
— Isso mesmo que você ouviu Jorge — ele fica puto quando o chamo pelo nome — Eu sou gay.
— Você está precisando ir na igreja o mais rápido possível — ele disse — E para de fumar essa meda! — Ele tirou o cigarro da minha mão e o jogou pela janela.
— Não me enche o saco não pai — desdenhei — Eu não ponho os pés naquela ,perda de igreja nunca mais! Cancei de ouvir o que eu tenho que fazer e o que devo pensar. Eu sou livre, o corpo e meu e eu dou o cu pra quem eu quiser.
— Isso não e você Gabriel! Esse e o demônio falando através de você.
Eu caí na gargalhada com aquilo.
— Demônio pai? Jura? — zombar de suas crenças era outra coisa que ele odiava — Se e ele agindo sobre mim e me fazendo gostar de dar o céu então deixa ele aqui quietinho que eu gosto. Você não tem ideia do que e sentir um pau entrando e saindo do seu cu até te deixar todo assado. Não sabe o que e chupar um caralho...
— Para Gabriel — ele estava se irritando.
— ... até ele gozar na sua boca e te lambusar com aquela porra quente...
— Eu disse para parar!
— Não sabe como e dar prazer para um homem que te chama de putinha...
— Eu disse pra calar a boca! — ele me deu um tapa no rosto com tanta força que os fones saíram de meus ouvidos — Fora do carro! — ele abriu a porta para mim.
— E como eu vou para casa? — indaguei furioso pelo tapa que ele me deu.
— Manda teu macho te levar — ele me empurrou para fora e eu cai do carro.
Mal tive tempo de me levantar e ele arramcou com o carro me deixando sozinho naquela rua onde algumas pessoas me olhavam na fila da lotérica.
— O que foi? — gritei para eles — Nunca viram uma bixa ser posta para fora do caro não? — as pessoas começaram a cochicar entre si — Vão se foder bando de fofoqueiros!
E comecei a andar pela rua sem rumo como sempre. Havia um espaço vazio dentro de mim onde minha alma morava, mas agora esse espaço estava vazio. Era como se minha alma tivesse fora de mim desde aquele vinte de dezembro em que ele foi embora. Desde então nada mais importava. Bebia, fu,ava, roubava... Tudo para poder voltar a sentir algo além do vazio e da solidão, mas nada era muito eficazENZO.
— Fala para o Daniel parar de desfilar pelado pela casa — Miguel me provocou enquanto fazíamos compras naquela noite.
— Ele normalmente ele não faz isso, mas você disse que só ia voltar a noite — respondi pegando dois pacotes de macarrão — Você o deixou muito sem graça sabia?
— Eu o deixei sem graça? Experimenta chegar em casa e ter um cara negro, forte e pelado na sua cozinha. Enzo, eram nove da manhã! Eu não esperava esse tipo de coisa.
— Eu teria adorado — lhe respondi sorrindo.
— A e esqueci que você gosta desse tipo de coisa — ele sorriu.
Eu lhe dei um tapa na nuca de forma amigável e isso só o fez rir.
— Deixa de ser bobo garoto.
— Eu estou mentindo por acaso? — nem precisei responder — A coisa entre vocês está ficando séria não e?
— Está. Estou gostando muito dele e ele parece estar gostando de mim. Sexta que vem ele me chamou para jantar na casa dele.
— Não sabia que ele era assumido para a familia.
— Mas e — respondi — E pelo que me contou eles o apóiam bastante.
— Isso e bom. Significa que vocês não precisam se esconder.
— Da minha familia sim — lembrei a ele — imagina o escândalo que eles iriam fazer.
— Imagino...
Meu celular começou a tocar e eu vi que era minha mãe.
— Por falar no diabo — Atendi — Alô?
— Oi filho — a voz da minha mãe estava chorosa como eu só tinha ouvido na primeira vez em que ela me ligou avisando que Gabriel tinha sido preso por roubar — Você vai estar em casa amanhã?
— O que houve mãe? — indaguei preocupado.
— Eu não vou! — pude ouvir nitidamente a voz do meu irmão do outro lado da linha.
— Vai sim! — meu pai gritou com ele do no telefone.
— Uns probleminhas com seu irmão — ela respondeu chorando — Vai estar em casa ou não?
— Vou sim, mas o que houve?
— Amanhã nós conversamos — ela disse.
— Eu já disse que não vou!
— Cala a boca! — meu pai gritou.
Pude ouvir o som de couro batendo na pele e meu irmão gritando no telefone.
— Tchau Enzo — minha mãe choramingou no telefone.
— Mãe! — Gritei em vão, pois ela já havia desligado.
— O que houve? — Miguel perguntou preocupado — É o Gabriel de novo?
Assenti. Obviamente o problema era com meu irmão e um problema dos grandes, pois eu nunca tinha ouvido meu pai gritando e nem batendo em meu irmão. Será que descobriram? Perguntei a mim mesmo sentindo medoE essa e a segunda parte do conto ou a "second season" como disse M(a)rcelo. Espero que tenham gostado e agora as coisas vão ser um pouco diferentes e novos personagens vão surgir como o Daniel, que vocês conheceram nesse capitulo. As coisas também vão ficar mais tensas entre os personagens.
Estou cada vez mais feliz de ver gente nova comentando aqui assim como gente já conhecida por mim. Vocês são muito especiais para mim. Comentem a vontade. Leio cada comentário e os releio várias vezes. Podem ser grandes como o seu Neto M., ou podem ser pequenos como o de vocês lucasbelmont e P33dr0r!ck. Adoro todos.
Obrigado pelo carinho de vocês e até o próximo!