Until The Very End - Cap 19 "Why?"

Um conto erótico de Lipe
Categoria: Homossexual
Contém 1492 palavras
Data: 09/04/2014 23:43:21
Assuntos: Gay, Homossexual

Meus amores, espero que gostem desse novo capítulo =) Desculpe a demora! Beijos e abraços!

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Demorou um mês para eu e Fernando ter nossa primeira discussão. Começou porque eu simplesmente perguntei se ele queria que eu comprasse algo no mercado. Mas eu não o culpo, ele estava tenso por causa do seu filho. Caio piorara bastante nesse mês.

Com as sessões de quimio e de radioterapia, Caio vomitava bastante, sua imunidade estava baixa e pegava doenças facilmente. O médico reduziu as doses e a concentração delas. A preocupação era visível nos olhos de Fernando.

Essa discussão não foi a primeira e nem a última. Elas sempre começavam por motivos fúteis, como uma ida a padaria, ida ao mercado, um comentário inoportuno. Sempre depois delas Fernando se trancava no quarto com Caio, e eu ia para a biblioteca.

Durante o tempo que eu ficava na biblioteca, eu comecei um projeto novo. Eu precisava esfriar a cabeça, e fazia isso desenvolvendo coisas. Eu ia desenvolver meu próprio avião de controle remoto. Não era fácil, mas também não era impossível. Bem, isso era o menor dos meus problemas.

Cada novo dia eu acordava e sentia aquele perfume perfeito do Fernando. A enfermeira-babá que cuidava do Caio enquanto o Fer trabalhava, chegava antes de irmos para o trabalho.

No trabalho Fernando ficava impaciente para voltar para casa para ver seu filho. Em casa, Caio ficava brincando com o Feroz, jogando vídeo-game, vendo desenhos e claro, impaciente para ver seu pai.

Caio passou a me chamar carinhosamente de “Tio Lipe” ou “Tio Felipe”. Imaginei que quando Fernando falava de mim para ele, usava esses termos. Ele brincava o tempo todo com Feroz, mandando-o sentar ou pegar uma bolinha. Os dois eram grandes amigos.

Bom, um ano e meio se passou desde que Fernando veio morar comigo. Felizmente Caio foi muito bem no tratamento. Tivemos que sair correndo com ele para o hospital algumas vezes por causa de sangramentos, doenças e machucados, mas nada fora do “normal”.

No fim desse período, o tratamento do Caio chegara ao fim. Ele sofreu muito durante esse tempo, mas no fim ele venceu o câncer. Mas para isso acontecer definitivamente, faltava apenas o transplante de medula.

Para isso, todos os que quiseram e se importaram fizeram o teste. Mas, como vocês devem saber, o transplante de medula é mais complexo que o de sangue. É muito mais difícil achar doador, por sorte, o nosso chefe era compatível. De bom grado ele fez a doação.

Era a última noite de tratamento do Caio no hospital. Ele acabara de ser sedado para o transplante final. O nosso chefe também estava sedado. O médico recomendara a eu e Fernando ir para casa, comer algo, descansar. Caio estava no hospital há três dias e Fernando não arredou o pé de lá.

Com relutância eu convenci Fer a ir para casa, mas nós não iriamos para lá. Eu o levaria a outro lugar. Entramos no carro, e eu comecei a seguir para o Morro do Papagaio. Como eu disse, era noite, mas não uma noite qualquer, o céu estava limpo e era lua cheia.

A principio Fernando não prestou atenção no caminho que eu tomara, mas logo após percebeu que não estávamos indo para minha casa. Ele me perguntou apreensivo:

- Onde nós estamos indo? – Eu parei o carro e perguntei:

- Já ouviu falar de “Dá ou Desce”? – Ele me olhou nervoso e preocupado, então eu liguei o carro, segui adiante e completei – Hoje não. Eu vou te mostrar um lugar, acho que você vai gostar...

Ele seguiu em silencio ainda preocupado. Mas na hora que chegamos lá, ele despreocupou.

- Eu lhe apresento o Morro do Papagaio – Ele ficou abismado com a vista. O céu estrelado, a lua cheia iluminando a paisagem escura estava espetacular. Eu mesmo nunca tinha visto aquela paisagem tão bela...

- Eu já ouvi falar daqui, mas nunca vim. Mas... Por que você me trouxe aqui? – Ele perguntou curioso.

A imagem do Fer ali estava simplesmente linda. Aquele ser perfeito e com um cheiro magnífico me encarando com os olhos verdes. Perdi o ar por um instante e disse:

- Esse lugar foi meu companheiro nas horas ruins, e nas boas também. Ali naquele canto tem todas as garrafas de vodka, whisky e outras bebidas que eu consumi aqui, sozinho ou com um amigo. Achei que você gostaria de ver. O clima aqui em cima é outro. Com uma música e vodka, dá quase para atingir o Nirvana... – Fernando riu. Para quem não sabe, Nirvana é um estado de espírito mais elevado, o mesmo que Buda atingiu.

Ficamos lá sem dizer uma palavra, só observando a paisagem. Não estava frio, sentíamos a brisa batendo no rosto. Após um tempo, nos voltamos ao hospital, parando antes apenas para comer algo na lanchonete.

Antes de sairmos do carro para o hospital, Fernando disse:

- Obrigado Lipe, eu precisava mesmo desse momento para relaxar...

- Não foi nada. Quando quiser ir, eu te levo lá.

- Bom, agora que o Caio melhorou, eu vou me mudar e pagar pelo...

- Nada disso, isso é uma ofensa Fer – Eu o interrompi sério.

- Assim que eu achar uma casa...

Fechei a cara e não respondi, simplesmente sai do carro. Ele saiu atrás também em silencio.

Chegamos no hospital e o Caio estava saindo do transplante. A cirurgia ocorreu bem e ele seria liberado assim que houvesse melhoras de imunidade. Ele ficaria dormindo até o outro dia, mas nos foi permitido vê-lo.

Fernando, naturalmente ficou no hospital e eu fui para casa. Voltaria no outro dia cedo para ver-lhes. Senti a casa estranhamente vazia, mas o perfume de Fer ainda estava no ar. Deitei na cama que ele dormia e o cheiro era ainda mais intenso. Estava enlouquecendo ali.

Fui para biblioteca trabalhar no meu projeto que estava quase pronto. Trabalhei durante a noite toda até que enfim, acabei. Só faltava testar, mas eu estava cansado e fui dormir.

Dormi pouco. Acordei, tomei um banho, comi algo e fui para o hospital. No meio do caminho passei na padaria pra comprar algo para o Fer.

No hospital Caio já estava acordado. Ele ficaria mais uns dois dias para ficar forte o suficiente para ir para casa. Conversei com o médico e ele me passou todas as instruções do pós-operatório.

Os dois dias passaram e Caio finalmente voltou para casa. Ele deveria ir algumas vezes ao médico para fazer alguns exames, mas nada sério. Fernando felizmente cansou-se da ideia de se mudar e convenceu-se a ficar morando comigo, mas só se ele pudesse dividir as contas da casa, aceitei sem problemas.

Como eu já disse antes, eu e Fernando discutíamos as vezes. Mas é normal quando pessoas moram juntos. Por sorte, Caio raramente presenciava isso. Geralmente era quando ele já ia dormir, e eu e Fer ficávamos na sala vendo TV e conversando. Como sempre ele ia para seu quarto e só saia no outro dia cedo.

Mas o ruim aconteceu mesmo num dia comum, ou melhor, em uma noite comum. Era sexta-feira, e para celebrar o fim-de-semana (descanso merecido) eu fiz um excelente jantar, com direito a sobremesa.

Após todos comermos, fomos jogar vídeo-game na sala. Ficamos lá jogando, eu, Fernando e Caio até tarde. Rimos muito, brincamos muito. Foi uma noite realmente divertida. Caio, com sono, foi para seu quarto dormir, acompanhado de seu pai. Eu, naturalmente, fui para o meu.

Lembro como se fosse hoje. No meio da noite eu acordei para beber um copo d’agua. Fui até a cozinha e lá tinha um envelope em cima da bancada. Estava endereçado a mim, e era de Fernando. Abri correndo e li. Dizia o seguinte:

“Lipe, agradeço de coração tudo o que você fez por mim e meu filho nesses quase dois anos. Não há forma de eu te agradecer pelo o que você fez. Graças a você Caio está vivo, tem um lar e tem um exemplo de vida melhor que eu. Mas eu simplesmente não posso mais viver ai. Estou saindo por tempo indeterminado de viagem. Não é nada com você, e sim comigo. Cuide do Caio para mim. Obrigado. Att Fernando”

Li e reli umas mil vezes. Fernando estava fugindo. Do que será? Ele não podia estar longe, olhei no relógio, era quatro da manhã. Presumi que ele saia há duas horas. Sentei no sofá da sala pensando aonde ele poderia ter ido, segurei para não chorar. Pensei na rodoviária, casa de algum amigo, pra empresa mas todos os lugares pareceram sem sentido.

Comecei a ficar preocupado. Ele não havia levado nada, exceto uma mochila com algumas roupas. Então eu tive certeza aonde ele fora. Olhei para a janela e vi. Era lua cheia.

Troquei de roupa correndo, peguei o carro e subi o Morro do Papagaio. Não deu outra. Cheguei lá, e lá estava ele sentado, chorando observando a paisagem banhado sob o luar.

- Fernando – chamei ele, chorando, e ele me olhou, também chorando. Pensei um instante e perguntei:

- Por que?

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Comentários

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Concordo com você, Will(WY)! Nunca um personagem me irritou tanto assim! Se eles ficarem juntos será como uma "parada de misericórdia". Fala sério!

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Maravilhoso, torço por eles, acho que agora engata um romance.

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NOSSA BOM DEMAIS. ACHO QUE JÁ SEI O MOTIVO DO FERNANDO TER FUGIDO, ACHO QUE ELE SE APAIXONOU PELO LIPE DURANTE ESSE TEMPO.

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Cara na boa o felipe e muito trochá de ainda ficar correndo atrás do fernando era pro fernando correr atrás do felipe isso e resultante

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