"A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa. Quando se vê, já são seis horas! Quando de vê, já é sexta-feira! Quando se vê, já é natal... Quando se vê, já terminou o ano... Quando se vê perdemos o amor da nossa vida. Quando se vê passaram 50 anos! Agora é tarde demais para ser reprovado... Se me fosse dado um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio. Seguiria sempre em frente e iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas... Seguraria o amor que está a minha frente e diria que eu o amo...”Obrigado pelo lindo poema Nina M!
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Quero agradecer a todos que leram, se identificaram, comentaram e participaram do meu relato, estou finalizando o restante da minha história, lógico que não é o final, por que eu tenho que correr atrás da minha felicidade todos os dias, mas as coisas mais importante desses seis anos eu compartilhei aqui com cada um de vocês. Acredito que mais uns 4 ou 5 capítulos e terminoO Igor já estava com dois anos, falava muito e todo dia aprendia alguma coisa nova, parecia um gravador, repetia tudo que ouvia e a gente pensava um milhão de vezes para dizer alguma coisa na frente dele.
Ele ouviu a minha mãe falando: nossa agora fudeu!
Ficou pela casa toda dizendo fudeu.
Aí mãe que bonito ensinando essas coisas pro moleque.
Se fosse eu quem tivesse dito aquilo o mundo teria caído né?
Mas como foi ela quem disse tudo bem!
Aí Binho daqui a pouco ele esquece para de ser paranóico menino.
Um filho de dois anos aprendendo sobre as coisas ainda, tendo o pai gay morando com outro homem na casa da mãe, tinha tantas coisas para se pensar naquele momento
Por isso eu achei melhor estudar mais sobre adotar uma menina, era uma idéia maravilhosa, mas ainda era cedo.
O William achava que o momento era propício já que a gente estava se dando muito bem.
Começamos então a ir num lar de crianças e nessas visitas eu conheci uma linda menininha, tinha lá seus seis anos, uma cicatriz no braço esquerdo, queimadura.
A responsável pelo lugar nos informou que a menina sofreu um acidente com palitos de fósforos e álcool, a mãe se drogava e vivia dormindo em qualquer canto, o pai não se tinha noticia alguma se estava vivo ou se a morte o levará só havia aquela menina linda, toda tristinha no pátio, sem muitos amigos, e sempre tentando esconder aquela marca no braço que ela segurava disfarçando a cicatriz quando respondia as perguntas que eu fazia.
Tudo bem menininha?
Sim.
Como é seu nome?
Laura.
Quer ir tomar um sorvete com a gente Laura?
Hum-Hum!
Não era o que ela queria falar.
Lógico que as moças do lugar não nos receberam com os braços abertos, quem aqui é gay e tentou adotar uma criança deve saber dos empecilhos que o sistema nos coloca na frente da gente, para que fique difícil a adoção.
As tias como eram chamadas, torciam o bico quando eu e o William aparecíamos no lugar para ver a Laura.
Ela era uma garota muito inteligente, já estava aprendendo a ler e já escrevia o seu nome, pelo menos nisso as tias eram focadas, na educação das crianças.
Um dia ela nos disse que gostaria de ter um cachorro, aquilo foi à chave para abrir o coraçãozinho dela.
Eu peguei meu celular e mostrei as fotos do Marley, ela ficou doida no cachorro, e ele também ficaria maravilhado com a nova dona.
Começamos com um longo processo de papéis, documentos e aprovações!
Nossa tinha dias que eu queria desistir, de tanta coisa que eles inventavam para que a adoção fosse realizada.
Eu via força nas palavras do William que sempre me colocava pra cima, me confortava e me dava animo para continuar.
Amor aquela menina já pegou amor por você, agora não é hora de desistir, vamos num passo por dia, sem pressa, assim quando ela vier de vez, não vai sofrer um baque, será naturalmente.
E assim o fizemos dia pós dia nós esperávamos ansiosos pela nossa filhinha.
Freqüentei os cursinhos exigidos pela vara de infância, fizemos uma avaliação de perfil para terem certeza que tanto eu quanto o William não tínhamos nenhum problema, depois da avaliação seria aceito ou não o nosso pedido de adoção, mas mesmo assim ainda não estava finalizado, depois de tudo se aceito nós poderíamos pegá-la no lar, para passeios ou visitas a nossa casa, se ela se acostumasse aí sim, iria ficar conosco, com uma supervisão do conselho tutelar, nossa gente como é triste o sistema de adoção em nosso país.
Eu não fiz festa alguma para o Igor no aniversário dele, o presente seria uma viagem em família para a nossa casa na praia, meu filho ainda não tinha ido ao lugar em que eu e a Estela havíamos feito ele rs.
Organizamos tudo e no dia 15 de Novembro nós viajamos para a praia, eu o William, a minha mãe, o Ricardo a Laura e o Jorge.
Demos uma folga para a mãezona, o bebê estava por vir e a Estela precisava descansar rs.
Pedi que o Raul cuidasse do Marley naqueles três dias de viagem.
A praia estava com uma quantidade até que significante de pessoas foi muito legal ver quatro rapazes com um garotinho e duas senhoras andando atrás de nós, reclamando do cansaço, vire e mexe as duas paravam para sentar, e a gente não queria ficar num lugar só rs.
Foi um final de semana muito especial, lá eu pude conhecer de verdade o cara que cuida do meu primo, ele é simples, não tem luxo e está sempre disposto a tudo para agradar.
Cozinha super bem, muito bom com as conversas e sempre tem algum assunto que prenda a atenção de todos.
Minha tia ia adorar o genro, esse sim foi escolhido a dedo rs.
Sábado à noite nós resolvemos dar uma volta na orla e umas meninas vieram nos entregar alguns panfletos de uma casa que seria inaugurada naquele dia.
O Ricardo ascendeu o pavio para ir conhecer o lugar, eu já estava mais sossegado, mas percebi que o William ficou com vontadinha também.
Môr você quer ir? Perguntei a ele já sabendo da resposta rs.
Ele riu com aqueles dentinhos tortos que me fascinavam.
Está certo gente vamos embora levar o Igor, tomamos um banho e depois a gente retorna.
Deixei o Igor com a minha mãe e a Laura em casa e voltamos para o tal lugar, era todo iluminado, muita gente bonita e elegante, por ser uma casa de litoral eu imaginei um povo de regatinha e sandálias nos pés, mas não gente toda engajada e estilosa.
Mas era um lugar muito legal, as musicas que eu amo ouvir e dançar, as bebidas, nossa foi uma noite perfeita e uma coisa melhor ainda é que o povo que freqüentou o lugar não mexeu e nem se incomodou com a gente, criançada toda zen rs.
Combinei com os meninos de a gente voltar no carnaval, só que com o resto da galera, ou dos meninos como tinha sido da outra vez, eu não queria viajar no réveillon e dessa vez o Igor iria ficar conosco até o nascimento da outra criança.
Estela não quis saber o sexo, por isso todos tinham suas opiniões eu só queria que tivesse saúde, amado ele ou ela já era.
Domingo após o almoço voltamos para casa.
Aquele final de semana foi muito bom, mas quando se esta com a galera toda reunida dá pra fazer mais coisas, viajar em família é muito bom, mas não tem muita zuera.
Continua..