Cap.4
Voltei pra casa e entrei. A casa ficava tão vazia que chegava a dar medo. Era nessas horas que eu sentia a carência do sentimento de pai e mãe. Entrei no meu quarto e me deitei na cama. Fiquei lá, por horas olhando pro céu, e me perguntando o porquê de eu não ter conseguido ler a mente dele. Quando olhei o relógio, já eram 18h. Senti minha barriga roncar, desci e abri a porta da geladeira. Fiz a minha refeição enquanto meus pensamentos me levavam pra outro lugar. Deu umas 20h e eu fui me arrumar. Tomei um banho caprichado e sai. Tirei a barba, peguei uma camisa verde um pouco apertada e vesti. Coloquei um casaco, uma calça jeans preta e um tênis nike preto. Me olhei no espelho e como sempre, estava lindo.
- Eu me pegaria - falei rindo. Desci e vi a Isa
- Nossa, tá mais bonito do que o normal, vai sair ?
- Vou sim Isa, vou para aquele show de rock, não sei que horas eu volto. Boa noite
- Boa festa e boa noite pra você também.
- Valeu.
Peguei o meu carro e logo o tirei da garagem. Ia andando pelas ruas escuras de BH naquele momento. Em poucos minutos eu cheguei na casa dele. Me olhei no espelho e sai do carro. Bati na porta dele e logo aparece uma garotinha de uns 7 anos, linda.
- Oi tio
- Oi garotinha, você viu o Arthur por aqui ?
- Vi sim, ele tá lá em cima - falou ela, logo depois veio uma mulher falar comigo.
- Ah, você deve ser o Daniel, Arthur já tinha me avisado que você viria, vou chamar ele, aguarde só um minuto.
- Ok.
Me escorei na parede, quando ouvi uma conversa.
- E então, esse é namorado novo ? É o mais bonito que você já teve - era voz da mulher que havia falado comigo.
- Que horror mãe, ele é apenas amigo. Tchau, até mais tarde - essa era a voz do Arthur, então ele é gay. Um passo bem grande na nossa relação. Logo ele saiu pela porta. Quando ele saiu, quase caio pra trás. Ele tinha caprichado. Uma camisa preta, que o deixava incrivelmente lindo, uma calça também preta e um tênis adidas, o deixava maravilhosamente perfeito. Não consegui deixar de encara-lo, assim como ele também não.
- Oi -falei ainda o olhando atentamente
- Oi. Nossa, mas você tá lindo !!!- Só depois ele percebeu o que tinha dito - desculpa, eu não consigo evitar. Não tem problema se eu for gay né ?
- Não. Eu também sou- ele sorriu
- Sério ?
- Humrum. E então, vamos ?
- Vamos - ele entrou no carro e logo nos saimos andando. Diversas risadas dentro do carro, rock pra preparar o ambiente, muitas tentativas de leituras de mentes, nenhum sucesso. Muitas olhadas pertinentes, de um lado e de outro. Eu até me esqueci da carência. Logo chegamos no local. Estava lotado, mas como vip, e dono de camarote, não tinha que esperar.
- Nossa, nunca passei direto por uma fila.
- É melhor assim.
Estacionei o carro e logo fomos chegando no local. Passamos pela segurança e entramos no camarote. Dava pra ver o palco de frente, e todo o salão, àquela altura praticamente lotado.
- Eu nem acredito que estou aqui.
- Acredite , esse show vai ser incrível.
Em poucos minutos, a musica começou a tocar. E uma homenagem a Legião Urbana começou.
Tempo Perdido - Legião Urbana
Todos os dias quando acordo,
Não tenho mais o tempo que passou
Mas tenho muito tempo
Temos todo o tempo do mundo.
Todos os dias antes de dormir,
Lembro e esqueço como foi o dia
"Sempre em frente,
Não temos tempo a perder".
Nosso suor sagrado
É bem mais belo que esse sangue amargo
E tão sério
E selvagem,
Selvagem;
Selvagem.
Veja o sol dessa manhã tão cinza
A tempestade que chega é da cor dos teus
Olhos: castanhos.
Então me abraça forte e,
Me diz mais uma vez
Que já estamos distantes de tudo
Temos nosso próprio tempo,
Temos nosso próprio tempo,
Temos nosso próprio tempo.
Não tenho medo do escuro,
Mas deixe as luzes acesas agora,
O que foi escondido é o que se escondeu,
E o que foi prometido,
Ninguém prometeu.
Nem foi tempo perdido;
Somos tão jovens,
Tão jovens,
Tão jovens.
O show foi acontecendo de um modo mágico. A todo momento eu não conseguia parar de olha-lo. Ele era extremamente fofo visualmente.
- Ei, vou pegar alguma bebida.
- Ok. - ele saiu e eu fiquei lá, escutando aquelas músicas que provocavam reflexões. De repente, escuto um barulho de vidro quebrando. E um grito.
- Ai !!!- me levanto e vou ver o que era aquilo. De repente, me deparo com Arthur desacordado, e com um corte na cabeça.
- Merda !!!- chego perto dele e vejo como aquilo tinha acontecido. Ele devia ter escorregado. Era hora de usar meus poderes. Peguei minha mão e coloquei sobre o ferimento dele. Usei toda a minha força, e de olhos fechados, senti a mágica ser feita. Uma mistura de dor em meu corpo e êxtase se fez quando eu comecei a cura-lo. Abri meus olhos, e todo aquele sangue tinha sumido. A pele dele tinha ficado ainda mais bonita. Logo ele acordou.
- Daniel !!! Eu, escorreguei, me leva pro hospital, eu devo estar todo manchado de sangue.
- Você está louco !!!- tentei disfarçar- Você não escorregou, e nem está manchado de sangue. Só teve uma queda de pressão e eu te coloquei aqui. Vamos pra casa, você deve estar se sentindo mal.
Deixei ele em casa e fui pra minha. Ninguém estava acordado. Cheguei no meu quarto, tirei aquela roupa de festa e me deitei. Fiquei pensando.
- Será se ele acreditou ?
No dia seguinte, vi que não.
- Daniel, você me curou, de alguma forma, você me curou ontem ?
Continua
Gostaram ????
