Primeiramente gostaria de me desculpar por todos esses dias de ausência. Minha conexão com a internet foi reestabelecida ontem, mas por motivos de saúde estou com algumas limitações. Mesmo assim, estou voltando à escrita, para matar a curiosidade de todos aqueles que me mandaram e-mail, assim como o público em geral.
Vamos lá!Ao descobrir todas essas informações a respeito da Ana, um frio atravessou a minha espinha. A situação não poderia ser mais caótica, já que meu histórico com aquela galera era manchado por alguns fatos nada amistosos. Se eles continuavam no meu caminho, uma boa estratégia era necessária, para que uma atitude de contenção surtisse efeito. Resumindo, eu precisava dificultar os movimentos dela, e ao mesmo tempo necessitava me preocupar com aqueles que provavelmente estavam coordenando a situação.
O início desse processo era me mudar urgentemente. Mais do que nunca, a necessidade em ficar o mais distante possível era bem vista por mim. Com isso, o contato visual com a Ana iria limitar-se ao campus universitário, o qual não favorece um contato mais direto por parte dela. Feito isso, seria meio caminho até o sossego. A segunda parte, iria ser usar toda a particularidade da Ana contra ela mesma, já que não é segredo para ninguém que nosso país ainda não reconheceu a maconha (assim como qualquer outro tipo de droga), porém o uso dessas substâncias implica em um ato ilegal.
Mas diante disso, eis que surge um terceiro “porém”: a nossa segurança. Caso alguma coisa desse errado, eles saberiam o que fazer conosco, e então, as coisas poderiam ficar feias, muito feias.
_Murilo, você tem certeza que era ela?
_Sim. Não tem como não ser, eu não iria me confundir.
_Então temos que apressar a imobiliária. Precisamos nos mudar o quanto antes, não quero que ela tenha muitas chances de ficar perto de nós.
_Claro. Mas me diga uma coisa, no que você está pensando?
_Em acabar com essa farra.
_Algum plano em mente?
_Ainda não. Isso é horrível, mas no momento não consigo pensar em alguma coisa. Aquela festa está muito próxima, e acredito eu que não vamos conseguir nada concreto até lá.
_Você acha que o pai dela sabe?
_Eu acho que não, porque se o pai a deixou em um local, para depois a outra ir buscar, deve significar que o papai está andando nas escuras. Ponto pra nós, casa isso seja mesmo verdade.
_Concordo. E o que vamos fazer para descobrir mais coisas?
_Só existe uma pessoa que pode nos ajudar.
_Ele?
_Sim. O velho Manoel tem que voltar.
_Você confia nele? Ele pode estar por trás de tudo isso.
_Não confio completamente, mas que escolha temos? Além do mais ultimamente ele tem tentado ficar próximo da galera de novo.
_Pode ser um blefe.
_Talvez, mas não creio. Até porque ele não fica encarando nós dois.
_E quando vamos falar com ele?
_O mais breve possível, já que eu não estou mais suportando ficar nessa situação.
_Espero que ele realmente possa ajudar.
_Ele vai. Eu quero acreditar nisso.
_Eu também, mas é difícil acreditar que ele iria trair a confiança daquele povo por nós.
_Se ele não colaborar, vamos espionar ele também.
_Fácil falar, difícil fazer!
_Se concentra Murilo, foco!
_Claro, agora vamos descansar um pouco.
Fomos dormir para recarregar o fôlego emocional do qual estávamos necessitados. Porém foi inevitável não ficar com medo. Se até uma garota “perfeita” era capaz de andar com pessoas más, do que eles seriam capazes? E mais, qual era esse tipo de aposta? O que estavam apostando? Um “baseado”? Era melhor não pensar nisso, mas não consegui e passei boa parte da noite nessa situação.
No outro dia, logo pela manhã, levantei-me rapidamente para tomar um banho bem quente, tomar um café bacana e partir para a universidade. O Murilo estava calado naquela manhã, dizendo sempre que estava com medo de afrontar essas pessoas que poderiam facilmente fazer alguma coisa contra nós.
Eu também não estava entusiasmado, mas eu iria tentar resolver tudo da maneira mais pacífica possível.
Ao chegarmos no campus, encontramos o Victor no estacionamento, de costas para nós, falando no celular. Sendo assim, nem fomos até ele, nos dirigindo diretamente para a nossa sala. Pouco tempo depois de nos sentarmos e conversamos um pouco com a Thaís e a Patrícia, ele chegou.
_Vocês sabem quem estava me ligando?
Não aguentei de curiosidade.
_Quem?
_Manoel.
_E o que ele quer?
_Saber se alguma coisa estranha está acontecendo por aqui.
Isso era perfeito.
_E o que você disse?
_Tentei explicar o básico sobre a Ana.
_E o que ele disse?
_Que a conhece, e que vai tentar falar com ela.
Mas porquê? Será que o remorso é tão grande assim? Ou ela também era, por algum motivo, um desafeto para ele?
_Ele não quis entrar em detalhes sobre nada, mas adiantou que quer conversar com vocês dois. Algum de vocês mande uma mensagem combinando tudo certinho.
_Ok.
No horário do almoço, aproveitei para ir até a casa do Manoel, que não havia aparecido na aula. Fui sozinho, porque o Murilo estava cuidando dos passos da Ana.
_Você veio então – disse Manoel ao me convidar para entrar- Acho que não veio pra tomar um whisky, certo?!.
_Manoel, você sabe muito bem quais são os meus motivos.
_É claro, vocês estão sendo monitorados por boa parte do dia. Os olhos da Ana conseguem ver tudo o que vocês dois estão fazendo.
_E o que esse povo que de nós?
_Zoar com a cara de vocês.
_E até que ponto vai essa zoação?
_Bom, se eles quisessem quebrar a cara de vocês, já teriam o feito. Eles até se esqueceram de você Rafa, mas desde o dia em que o cara deu um soco no Murilo, gerando toda aquela confusão, o seu nome circula com força pelo beco.
_Mas porquê?
_Porque você tem uma vida bacana, e eles estão com um pouco de inveja.
_E você não pode fazer nada pra ajudar?
_Mais ou menos. Eu posso conversar com as duas, para depois ver no que dá. Não creio que isso resolva, então a melhor oportunidade é aguentar tudo e mudar para o mais longe possível do seu apartamento.
_Você ainda vai muito pra la?
_Não. Tô ficando longe um pouco, tô precisando.
_Ótimo. Cara, eu preciso ir agora. Mas caso seja possível, veja o que tú pode fazer por mim.
_Pode deixar rafa. Nossas diferenças não impedem que eu lhe faça um favor.
Antes de sair ele segurou o meu braço.
_Mas muita atenção. E se ela tentar partir pra cima de você, não pense que ele é uma patricinha que não sabe se defender.
_Valeu pelos conselhos, até mais.
No caminho de volta par o campus fiquei pensando em todas a informações que já conhecia. Era uma situação ridícula, digno do prêmio “Essas coisas não acontecem só em filmes”.
Quando estacionei o carro ao lado da moto do Victor, logo senti o perfume que eu tanto aprendi a evitar.
_Oi Rafael. Estava te esperando.
Tentei ficar calmo, como se estivesse desinteressado pelo assunto.
_O que você quer?
_Só quero dizer que vou dar uma festa para algumas pessoas mais próximas nesse final de semana e quero que você – com ênfase no você- vá, já que quase nunca sai de casa.
_Tenho compromisso.
_Desmarque. Quero muito que você compareça. Estou ansiosa por você. Quero que você venha a mim rapidamente.
_Olha, eu já disse e não vou repetir. Não estou afim.
_haahahahahahahahah, isso você diz agora.
Nisso, foi se aproximando.
_Olhe nos meus olhos e diga que é ele quem você ama.
_Não vou ficar com você aqui nessa palhaçada.
_Vamos para outro lugar....
_Claro. Que tal a nossa sala.
_hahahaah você dificulta muito o meu trabalho.
_Que pena. Agora se me dá licença....
Nisso ela me olhou com um olhar diferente, e quando percebi ela estava me empurrando em direção a o meu carro estacionado. Se aproximou mais, sua respiração ofegante era nítida em meus ouvidos. Tentei tirá-la a força de perto de mim, mas ela era bem esperta e possuía certa força. Então aumentei minha preção contra os seus braços insistentes, afastando-os de mim, aumentando a distância entre nós.
_Fica longe de mim.
_Você não sabe com o que está lidando.
_E você não faz ideia do que eu sou capaz.
_Me beije! Isso acaba aqui, sem nenhum problema depois. Acabe com isso, me leve pro motel, me coma, me possua.
_Isso é ridículo.
Ela ficou me encarando, e após alguns segundos pude ouvir o som de uma moto. Quando o indivíduo chegou, percebi que era o Manoel.
_Ana, saia daí.
Discutiram um monte, até que ela foi embora.
Ao chegar na sala de aula, ela já estava por lá, porém sentada no meu lugar, frente ao Murilo, ao invés de atrás como de costume.
Ao fim das aulas, mais uma vez no estacionamento, ela me encontrou. Porém dessa vez o Murilo estava comigo, assim como o Victor.
Ela disse mais algumas coisas atoa, o que deixou a todos com raiva. Mas relevamos e fomos embora.
Já em casa, o Murilo não parava de gritar pela casa que iria acabar com ela etc. Até que ele parou, me olhou e disse:
_Vamos até a casa do pai delaPessoal, nada de importante nesse capitulo, porque senão iria ficar longo, e o meu sono não permite mais delongas. Qualquer dúvida ou comentário, mande um e-mail rafael_hanchuka@outlook.com