ESTA É UMA HISTÓRIA LIVREMENTE INSPIRADA EM UM CONTO QUE LI NO EXTINTO SITE DO PAPAI, DE NOME "INCESTO NA FAZENDA". INFELIZMENTE, O SITE SAIU DO AR E NUNCA MAIS O ENCONTREI, ENTÃO RESOLVI CRIAR MINHA PRÓPRIA VERSÃO DE UM DOS RELATOS MAIS QUENTES E CHOCANTES QUE LI.
26 de janeiro de 2000.
Querido diário, já faz um bom tempo que te deixei de lado. Te troquei por revistas de homens pelados e livros de faculdade. Sim! Eu já estou na faculdade de administração como meu pais tanto desejavam, e estou achando um saco, mas ok. Ter 18 anos inclui tomar decisões mais complicadas, do que as que me incomodavam 3 anos atrás, tipo escolher qual roupa vestir para ir à festa com o pessoal da escola.
Aliás, desde que cheguei a maioridade, uma pulga atrás da orelha não estava me deixando dormir. Relendo algumas de suas páginas, vejo que essa dúvida já me atormentava há uns 4 anos, desde que fucei a papelada que meus pais acumulam no escritório aqui de casa e descobri que, além das fazendas que eu conhecia e até enjoei de tanto visitar, eles tinham mais uma, maior que todas as outras e pra qual nunca quiseram me levar. Outra coisa que passou a me incomodar é que, conforme comecei a amadurecer, cada vez mais fui ficando parecido com a família da mamãe e quase nada com meu pai. Ele, cabelo preto e ondulado, pele bronzeada, pelos no peito e pernas, olhos grandes e escuros, naturalmente robusto e com músculos definidos na academia. Já eu, filho único, branquelo, cabelo liso, loiro médio, olhos castanhos claros, assim como a mamãe. Ah, também tenho uns pelos ralos nas pernas e no saco, da mesma cor que meus cabelos, e um corpo que só depois muita natação começou a dar sinais de alguma definição.
Engraçado que me descobrir e me aceitar gay não foi um problema como foi para meus colegas e amigos. Meu drama passou a ser o desconfiar ser adotado, e se isso tinha alguma relação com a tal fazenda que, segundo meus pais, era feia, mantida somente pela produção, tinha difícil acesso e não sei mais o quê. Inúmeras foram as desculpas deles querendo evitar meu contato com aquele lugar.
Porém, semana passada, quando finalmente chegou a minha habilitação, decidi que pegaria o carro, arrumaria um mapa e iria investigar o lugar. Disse que tinha um churrasco da faculdade pra ir e que queria chegar de carro, impressionando meus amigos, e meus pais aceitaram. Eu me sentia elétrico e nervoso.
Era sábado, dia 24, e era a primeira vez que eu pegava estrada, e sozinho ainda! Tirando minhas saídas escondidas para encontrar caras, eu não costumava mentir pros coroas. "Mas eles estavam mentindo pra mim! Ou não?", eu me perguntava no caminho, tentando me localizar no mapa. Fazia um puta calor, bem típico de janeiro e, naquele momento, me arrependi de voltar antes do litoral. E além dessas sensações todas, um tesão do caramba me invadia! Não transava há dias, e estava morrendo de vontade de fazer passivo pela primeira vez.
- Bem que eu poderia encontrar um peão gostoso por essas estradas... - me peguei falando isso sozinho e ri da minha própria fantasia.
Logo a frente, passei por um grupinho de colhedores de tomate que não era de se jogar fora. Quando dei por mim, já estava me aproximando da misteriosa fazenda. "Ué, o acesso não era difícil?" Não. Não era, e acho que de todas as propriedadas da família, era um a mais próxima da capital. A entrada do local era discreta. Parei o carro, desci e me apresentei a um senhorzinho simpático, que cuidadava das flores que ornamentavam o local. Tuco era seu nome, e ele sorriu muito e ficou espantado ao saber quem eu era:
- Olha só! Achei que vósmecê não gostava de campo, por isso nunca aparecia.
Eu ri num tom de deboche, que ele não entendeu, e respondi:
- Que nada! Eu gosto sim, só não tinha tido a oportunidade de vir nessa daqui ainda.
- O capataz que vai gostar de conhecer vósmecê, seu Gustavo!
Eu estranhei aquela observação:
- Ah é, seu Tuco? E como se chama o capataz daqui?
- Álvaro. Procura ele que ele vai gostar de apresentar a fazenda toda, seu Gustavo.
- Pode me chamar só de Gustavo. E obrigado por me receber tão bem, seu Tuco!
O senhorzinho disse que eu não precisava agradecer e me deu um aperto de mão, se despedindo. Voltei pro carro e segui pela estradinha de terra, que levava à fazenda. Passei pelas mais belas plantações, pomares fartos, árvores grandes, donas de um verde único. O ar que se respirava por ali era incrivelmente puro. Recebi alguns cumprimentos assustados, outros tão simpáticos quanto o seu Tuco. Gente trabalhadora e educada, uma propriedade incrível, um capataz que ia gostar muito de me conhecer... e meus pais mentindo todo o tempo à respeito daquele lugar! Eu estava tão intrigado e tão revoltado com aquilo, que não vi um cavalo, conduzido por um homem, parar bem na minha frente. Freiei com tudo e quase mijei nas calças com o susto!
- Quem é você? Quem te deixou entrar? Isso aqui é propriedade privada!
Era o homem em cima do cavalo, falando num tom de voz elevado comigo, tentando acalmar o animal, que ficou assustado com a freiada do veículo. Com o sangue subindo à cabeça, desci do carro, peguei minha carteira e comecei a falar sem nem olhar pra cara do tal peão:
- Você quer saber quem sou eu? Deixa eu te mostrar minha carta de habilitação e você vai saber quem sou eu!
Peguei o documento e apontei pra direção dele. Quando finalmente o olhei, meu nervosismo se transformou na mais profunda admiração. Devo ter ficado de queixo caído, literalmente, assim como ele se mostrou surpreso e bem mais manso ao ler meu nome em voz alta.
- Então é você?
Aquele homem, além de viril e forte, tinha um olhar penetrante e um tom de voz imponente, que me fizeram ficar de perna bamba na hora. Sempre gostei de caras um pouco mais velhos que eu, mas aquele peão tinha algo mais, que a princípio, não entendi o que era. Ele continuou a falar:
- Me desculpe. Eu devia ter imaginado que para o seu Tuco deixar entrar, devia ser algum dos donos. Muito prazer, eu me chamo Álvaro e sou o capataz aqui da fazenda.
Meu tesão foi atravessado pelo meu maior medo em dois palitos. Álvaro estendeu a mão querendo me cumprimentar, e em poucos segundos, caiu a ficha de que aquele cara podia ser, sei lá... meu verdadeiro pai! "Ele tinha idade pra isso? Acho que sim. E por que diabos ele ia gostar muito de me conhecer, afinal?" Dei minha mão a ele e quase derreti com aquele aperto de mão forte. Ele tinha dedos grandes, calejados. Que fetiche! O olhei da cabeça aos pés e ele deve ter notado, pois ficou com um riso maroto no canto da boca. Álvaro era barbudo, queimado de sol, tinha um peitoral estufado, com pelos castanhos aparecendo pela camisa, desabotoada em cima. Seus braços eram musculosos, mas diferentes do meu pai, por exemplo. Eram fortes pelo trabalho braçal, assim como suas coxas que eram grossas e ganhavam destaque naquele jeans agarrado e surrado. Pra completar, tinha um volume delicioso no meio das pernas e usava um chapéu que lhe dava um charme típico de peão, simplesmente irresistível.
- Vamos - disse ele - Eu vou na frente e você me segue até o casarão. Dá pra deixar o carro lá e eu mando celar um dos melhores cavalos pra você, aí eu te mostro a propriedade.
Obedeci. Aquilo era um deus e eu reles mortal à mercê do que ele me falava. A essas alturas, a ideia dele ser meu pai pareceu tão estúpida... E eu já estava achando que ele queria me mostrar outra coisa além da propriedade! "Será que ele é casado? Tanto faz", pensava eu, reparando em sua bunda ao descer do cavalo. Era gostosa e parecia firme, como todo seu corpo. Chegamos ao casarão, que era lindo, com uma arquitetura típica do começo do século. Minha família ocultar aquele lugar belíssimo de mim ainda não entrava na cabeça. Desci do carro e fui ver como era o casarão por dentro. Rústico e de muito bom gosto, por sinal. Logo, Álvaro me chamou e, quando saí do casarão, ele já estava com os dois cavalos:
- Nem perguntei se você sabe montar...
- Sei sim. Aprendi nas outras fazendas.
- Imaginei. Pronto?
Aquele homem maravilhoso me ajudou a subir no animal, e quase fiquei ali mesmo, sendo segurado por aqueles braços. Voltei a mim, e comecei a prestar atenção em suas explicações, enquanto o seguia latifúndio adentro. Ali, era cultivado de tudo um pouco. Boa parte dos produtos e do gado eram comercializados, mas principalmente, eram utilizados para consumo dos que ali viviam. Observei uma casa menor, desabitada e percebi que ela tinha características do lugar onde minha contava ter passado parte de sua infância. Resolvi perguntar:
- E você trabalha aqui há muitos anos, Álvaro?
- Toda a vida. Antes de falecer, meu pai cuidava das plantações com o Tuco.
- Então você conhece bem a minha mãe?
Álvaro se voltou pra mim, novamente com um sorrisinho maroto, e depois de ficar um pouco em silêncio, disse:
- Conheço... A dona Magnólia e o seu pai, seu Thomaz! Mas conheço ela melhor, porque a gente brincava junto quando ela passou uma temporada aqui, naquela casa menor que a gente acabou de passar.
Bingo! As insinuações da minha tia e da minha saudosa avó me voltaram a cabeça: "A Mag era uma danada na sua idade, Gu!", "Ai, essa minha filha... Hoje ela criou juízo, mas ela me deixou de cabelo branco antes da hora, Gustavo!". Sem mais, disparei:
- Vocês namoraram?
Uma gargalhada cínica parecia ser minha única resposta, até que Álvaro completou:
- Não... Nunca chegou a ser namoro. Mas vamos parar de conversa.
Gelei!
- Você não tá com fome não? - perguntou ele, me desanimando um pouco.
- Pra falar a verdade, agora que você disse, acho que estou.
- Vamos voltar pro casarão! Você perdeu o almoço, mas tá na hora do café da tarde.
Nisso, ele voltou a dar aquele risinho, enquanto gotas de suor escorriam de sua testa, assim como de seu peitoral. Meu Deus, que confusão de sentimentos! Eu desejava aquele exemplar de homem mais que tudo, mas a possibilidade dele ser meu pai, voltou a me atormentar. Consegui relaxar fazendo aquela refeição caseira maravilhosa. Percebi que a cozinheira tinha uma leve queda pelo Álvaro, e que a sua ajudante debochava da situação. Como lá pelas tantas, eu tinha confirmado que ele era solteiro, imaginei que ele devia ser um galinha ou então gay, e jamais poderia se assumir num lugar como aquele. Típico. Ou então ele era as duas coisas! Só sei que, quando terminei de me empanturrar, eu já me sentia um velho conhecido daquelas pessoas. Me chamou a atenção que elas faziam comparação entre meus modos e da minha mãe ou do meu pai a todo momento. "Quer dizer eles sempre estão por aqui?", me questionava em pensamento. Em nenhuma das outras propriedades conheci funcionários tão bacanas, que tinham liberdade, sem perder o respeito pelos donos. E o Álvaro, apesar de ser rude quando o assunto era trabalho, era muito divertido pra falar sobre outras coisas. Eu disse que estava cansado e uma das empregadas preparou rapidamente um dos quartos para eu tirar um cochilo. E foi o que fiz.
Acordei suado e de pau duro, com o Álvaro me tocando com força no ombro:
- Ei, garoto! Vamos dar mais uma volta! O dia ainda não acabou...
CONTINUA.