Ele estranhou minha reação. Nem bem abri a porta e já fui dizendo:
"Você me deixou sozinha. O que você foi resolver?"
Não me respondeu apenas me observou e eu continuei: "Hoje meu dia foi péssimo. Volta outra hora. Não se deixa ninguém só por tanto tempo. Não sei o que aconteceria comigo se a Larissa não estivesse aqui. Eu não quero conversar e também não quero brigar! Saia!". Ele me segurou o braço, tentou me abraçar, beijar e eu saí de perto. Eu sabia que a Larissa estava observando e eu não queria brigar com ela.
"Apenas um beijo, Amor! Por que você tá fazendo isso?" – Me disse isso segurando no meu rosto e puxando meu queixo para poder me beijar.
Afirmei convicta e me desvencilhando dos seus carinhos:
"Hoje não, Rodrigo! Sai!".
Caminhei até a porta principal e abri. Olhei pro lado. Ele se foi. Tranquei a porta me certificando que ele não entraria caso quisesse voltar e em direção ao quarto eu fui.
Nem precisei chegar e ela já vinha com suas coisas em mãos. Passou por mim igual furacão e disse:
"Eu avisei que ele iria te agarrar! Tentar beijar você mas, não. Você é teimosa e agora como vai ser? Vai dizer o que a ele?"
Ela gesticulava e brigava e me olhava zangada. Eu tentava falar e ela não deixava. Eu tentava me aproximar, ela recuava.
"Eu dispensei o Rodrigo pra passar o resto do dia com você. Eu tô te querendo faz tempo e você quer fazer escândalo por besteira? Se você quer sair, sai. Agora chega! Leva suas coisas e pronto. Acabou. Cansei dessa palhaçada!"
Me olhou assustada.
"Da mesma forma que mandei ele sair, mando você também e não vai fazer diferença alguma."
"Haaaaa é assim? Ok, Daniela!"
Nossas discussões eram completamente infantis. Ela me tirava o controle.
Saí da sala e fui em direção a cozinha. Eu precisava de uma água. Me estressei completamente e fui me sentindo mal mais uma vez. Ela falava coisas sem parar e eu sussurrei:
"Não me sinto bem..."
Acordei e ela e o Rodrigo brigavam.
"Não é possível gente. Até aqui?". Disse olhando os dois.
Ela sem se controlar disse:
"Dani, amor, que bom que você acordou."
O Rodrigo se espantou com a reação dela. Ficou pálido e não conseguiu me falar nada.
Eu perguntei o que tinha acontecido e por qual motivo eu estava no hospital. Eles não queriam responder.
Perdi mais um dia de aula e descobri que era só uma virose e eu precisaria repousar bastante.
Liguei para minha mãe e pedi que viesse ficar comigo. Não aguentaria os dois no meu pé, não iria me controlar. E não queria ouvir sobre casamento. Nem queria alguém que me deixasse no limite dos nervos.
Eu precisava me decidir, precisava saber de quem eu gostava de verdade e queria para mim.
Os dois me deram o tempo necessário apesar da insistência de mensagens e ligações.
Uns dias se passaram e eu voltei a vida normal.
Mudei de turno na faculdade, não queria encontrar com ela. Adiei a data do casamento já que não sabia mais se queria isso. Cancelei o ciclo social em comum em relação aos dois e me confortava nos braços da minha mãe. Apesar de não saber o que de fato estava acontecendo, ela me ajudava e me amava mais que tudo.
Eu queria sumir mas, meus problemas não iriam sumir junto comigo. Eu queria encontrar a coragem de assumir o que estava sentindo pela Larissa e ao mesmo tempo precisava acabar com o casamento já que adiar não bastaria.
"Me diz o que está acontecendo?" - Minha mãe me perguntava insistentemente.
Segurei em suas mãos e disse:
"Preciso de um tempo e ninguém me deixa em paz. Me sinto sufocada e atolada por coisas, sentimentos e cobranças. Eu não vou aguentar se continuar assim."
Ela só precisava ouvir isso e me disse:
"Você vai pra São Luís comigo. Já comprei as passagens. Arruma suas coisas."
Fiquei feliz. Em casa eu teria meus pais, minha irmã, minha família.
3 da manhã do dia 09 de agosto eu estava na minha cidade natal. Enfim, em paz.
Eu vi o celular e ela ligava. Senti um frio percorrer a coluna e me arrepiei toda.
Não atendi. Não podia.
Vi suas mensagens e me deparei com a seguinte informação:
" Pensei sobre tudo. E por mais que você se afaste, eu vou te esperar. Eu estou apaixonada por você e sinto sua falta."
Eu sorri e senti o ar faltar. Não sentia nada melhor do que aquilo. Resolvi responder apenas quando eu chegasse em casa. Não queria fazer nenhuma besteira.
A mensagem seguinte me fez parar de controlar meu impulsos e ser intensa tanto quanto ela:
"Você volta pra mim?"
Eu respondi de imediato:
"Eu sou sua. Desde o primeiro beijo. Logo estarei em seu braços. "
O sorriso que se formou, me fez ter a certeza que era ela quem eu queria. Sem me importar se duraria ou não, era ela. Eu tinha certeza!