O Pebleu Raivoso e O Príncipe Temeroso.
Já estava de punho em riste, pronto para acabar com ele... Mas o garoto parecia tão fraco e inútil, que o mais simples gesto de violência poderia destruí-lo...
Alec respirava pesadamente, encolhido no canto do beco, com a cabeça martelando de dor. Pensava já ter sarado, mas agora percebia quanta dor todos esses impactos que sofreu lhe causaram e causariam. Respirou fundo e fechou os olhos. É melhor aceitar o que a vida lhe dá, do que sofrer mais tarde por resistir.
Mas não podia fazer isso... Seria uma covardia, usar seu tamanho e sua força contra aquele garotinho que era engolido pela capa. Em vez disso, voltou a atenção pra quem tinha mais ou menos, toda culpa.
O Cavalo.
-Covarde Burro!! -Ele deu um soco de leve, porém usando força no focinho do animal, que relinchou, ofendido e acertou o pé dele com um casco. -Maldito!!! -O garoto berrou. O cavalo empinou para cima, assustando-o e o derrubando perto de Alec. O garoto loiro de olhos azuis esperneou e berrou no chão, gritando vários nomes embaralhados ou ao contrário.
-Ei, não foi culpa do pobrezinho!! -Reclamou Alec. -Foi minha culpa. Eu devia ter saído daqui antes de alguém aparecer.
-Não, ele é um covarde miserável que eu tenho que suportar!! Por quê logo ele foi ser o meu?!
Alec levantou e se limpou do resto daquele lodo insuportável e anormal do Reino Vermelho esquisito.
-Ei... -O garoto levantou também e arrancou o capuz da cabeça de Alec, revelando sua cabeleira castanha escura. -Você é um... -Percebendo que falava muito alto, ele abaixou o tom da voz -Terráquio...!
Alec arregalou os os enormes olhos castanhos e ele arregalou seus enormes olhos azuis. Alec, num movimento rápido, tentou correr para longe e esquecer aquelas mochilas idiotas ali, mas...
-Não vai não!! -Alec ouviu passos pesados atrás dele, antes que sentisse seu corpo sendo forçado contra o chão.
-Sai de cima de mim!!!!! -Alec se debateu -Me largue!!! -O garoto o empurrou contra a parede e o forçava contra ela com força o suficiente para mantê-lo preso.
-Achou que eu ia deixar você fugir, garoto invasor do planeta terra?! -Rosnou ele.
-Eu já estava voltando pra casa. -Alec soprou seu cabelo, para que saísse da frente de seus olhos e continuou -Então me solta. Eu vou seguir o rastro do raio de luz e ir embora.
Os lábios dele deram uma encurvada e ele aderiu à uma expressão esnobe.
-Ia mesmo? Você estava mais perdido do que cego em tiroteio..
"Argh, Cëla, por quê você nunca aparece quando eu quero e quebra a cara das pessoas?! Principalmente as pessoas insuportáveis como ele?! " -Alec grunhiu em pensamentos. Ele imaginou a resposta de Shulåãn, como um resmungo irritado.
-Me deixa em paz, eu nem conheço você!! -Alec socou o peitoral largo e musculoso dele, mas percebeu como seria inútil, então pôs a mão no seu peito e o empurrou. -Você é maluco, me solta!!!
-Quer ajuda até o raio? -Ele o soltou con rapidez e o carpo pequeno e dolorido de Alec se acomodou no chão. -Eu tenho uma entrega para o castelo e o raio fica em frente a ele.
-Você é esquisito -Resmungou Alec -Ia quebrar minha cara à dois minutos atrás. Agora está me oferecendo ajuda.
-Se me conhecesse, saberia que eu sempre estou irritadiço.
-Não quero te conhecer, se é isso que está insinuando. -Alec já sentia seu reflexo transparecendo dentro de si -E eu sei me guiar muito bem sozinho, obrigado.
-Não seja teimoso. -Reclamou ele.
-E você, não seja intrometido. -Rosnou Alec.
-Eu também sou teimoso. E não vou lhe dar sossego, até você aceitar minha ajuda.
Alec já estava no fim do corredor, quando se virou pra encarar ele. Havia uma carroça cheia de toras de madeira e o cavalo estava celado à ela. Seria melhor aceitar... Cameron, se estivesse alí, lhe aconselharia a aceitar. Oh, Came... Papai... Alec sentia tanta saudade deles que chegava a doer.
-Tá, eu aceito. Depois que eu for embora não precisa mais perder tempo comigo. -O garoto pegou suas mochilas e as colocou na carroça. De certa forma, Alec já estava familiarizado com esse tipo de veículo. Só andava em uma,j desde que chegou aqui.
-Então... -Alec tentou quebrar o gelo. -Você entrega lenha para o castelo, todo mês?
-É... -Alec viu um pássaro com a penagem alaranjada avermelhada se curvando em uma árvorezinha para escutar o que ele dizia -Eu faço essa porcaria aí. -O pássaro partiu com rapidez e desapareceu entre as nuvens.
-Você não devia falar isso. -Alec advertiu.
-Por quê?! -O garoto olhou feio.
-Os linguarudos estão ouvindo.
-Ah, você acredita nessa porcaria ridícula?! -Irritou-se ele.
-É sério -Alec observou um lampejo fraco no céu -Um deles, ouviu o que você disse.
-Problema dele. Que queime no Oiniuq Sod Sonrefni. -Disse ele, com
despeito.
-O quê? -Alec não entendia aquela linguagem muito bem.
-Quinto Dos Infernos, ao contrário. -Impôs ele, irritado. -Por quê terráquios são tão burros?
"Arh, esquentadinho chato. Não converso mais com você. " -Pensou Alec, contrariado.
-Eu não sou terráquio -Resmugou Alec baixinho. -Nem burro.
-É sim. -O garoto tirou os enormes olhos azuis da estrada para encará-lo e retesou os músculos enormes e contidos do braço.
-Não sou não.
-É sim! -Ele fungou -E também é um cabeça dura teimoso!
-Não sou não!! -Alec não conseguia gritar. Sua voz por ser baixa e fraca, o deixava inútil e até que engraçadinho e fofo.
-É sim!!
-Não sou!!!
-É sim!!!!
-Não, eu não sou!!!!! -Berrou Alec, com toda a força de seus pulmões.
-Nossa, que persistência irritante. Desiste logo! -Reclamou o garoto.
-Não vou desistir de coisa nenhuma. -Disse Alec -Desistir, é mostrar a seu inimigo, sua verdadeira fraqueza.
-Nossa, pra um cabeça dura, você é bem sábio, né?! -Ele ironizou, dando um piparrote no nariz de Alec.
-Idiota!! -Alec deu vários socos com o máximo de força que conseguiu. Mas ele parou quando seus punhos doeram. O garoto riu da tentativa dele.
"Uuuh, ele é tão idiota, chato, metido, esnobe e egocêntrico!!! Acha que é o centro do universo e que os mundos giram à sua volta, a seus pés." -Alec se consumiu de raiva em pensamentos. Aquele garoto parecia ter sempre na ponta da língua, o que sabia que ia irritá-lo.
-Obrigado. -Falou, com um sorrisinho metido.
Alec sentou de lado, para poder ficar de costas para ele. É por esse e outros motivos, que só tinha Came, como amigo. Ele odeia se socializar e principalmente com gente ignorante e insuportável como esse garoto, que nem ao menos sabia o nome. Deve ser Ferradura ao contrário (Arudarref) ou Patada embaralhado (Tadapa).
Passaram-se horas de silêncio absoluto. O garotos, depois de ver a gravidade do ódio que Alec estav juntando, pediu desculpas. Tão arrastado, que parecia que alguém estava montando uma escolta armada e milhares de revólveres estavam mirando em sua cabeça. Alec já estava distraído com outra coisa: As casas do reino vermelho. Agora estavam maiores, e pareciam distorcidas. Portões tortos davam acesso à jardins com arbustos fofos e bem cuidados de folhagem vermelha, que podados, criavam formas esquisitas.
-Ah, que coisa, eu já pedi desculpas e mesmo assim, você vai ficar de cara fechada pra mim? Desculpa!! Desculpa, ...
-Alec.Meu nome é Alec -Ele falou em voz baixa -Essa cidade é muito grande assim mesmo?
-É. São quilômetros, quilômetros e mais quilômetros de terra. O Castelo do Príncipe Vermelho está no meio da cidade, onde o raio de luz está. Quando anoitecer, o raio vai embora e só volta no outro dia.
-E pra quê esse raio serve aqui? -Perguntou Alec, curioso.
-Ah, voltou a falar comigo?! Não estava me ignorando, agora à pouco? -Ele esnobou com ironia.
-Sínico. -Alec xingou.
-Eu?! Sabe como eu sou difícil de pedir desculpa?! Eu nem devia ter...
-Olha, eu assustei seu cavalo sem querer e pedi desculpas, mas não precisava me dar carona na sua... - "Quinquilharia" -Alec imaginou - Carroça. Já que eu tenho pernas e se fosse pra ficar discutindo com você, toda vez que abríssemos a boca, seria bom você não ter me xingado de terráquio, burro, teimoso e cabeça dura!!
-Ah, mas você é terráquio!!
-E você não é?!
-Não. Sou Maravilhano. Meu planeta é o planeta das maravilhas.
-Tanto faz, tudo isso acaba, quando eu acordar na cama de um hospital, ou no outro lado da vida. -Alec pensou em voz alta.
-Quê?! Como assim?! -Ele desceu da carroça, tirou uma cenoura da bolsa que havia no cavalo e lhe deu na boca -Você tá morto, é isso?
-Não, é que... Ah, esquece. -Alec deu de ombros.
-Chegamos. -Disse ele. A rua chegou ao fim, e chegaram à uma praça gigantesca e espetacular. Havia uma laguna (lago pequeno) desenhado no meio da praça de forma super realista e um relógio estava marcado no circuito do relógio e na sua adornagem. No meio exato do relógio/lago, havia uma cratera de seis metros de largura e de uma coloração alaranjada. O brilho era tão intenso, que parecia uma linda chuva de gliter e papel picado dourado e tinha uma firmeza tão grande, que parecia cola brilhante passando por um tubo de vidro.
-Uau, que lindo... -A beleza das plantas vermelhas contrastava com o brilho das plantas. Até o desenho do lago e o números e os raios de relógio brilhavam com o efeito do raio.
-Você pega um lápis ali. -Ele apontou para um pedestal pequeno na entrada do muro do castelo -E desenha do seu jeito, uma moeda lá na laguna, que chamamos de "Poço Do Inferno" .
"É, o do meu quintal eu sei que é. " -Alec já imaginava se continuasse vivo, mandando demolir o poço, enchê-lo de cimento ou concreto.
-Tá, e depois?
-Depois, você faz como num poço dos desejos. Deseje o lugar onde você quer estar de todo o seu coração. Ah, e respondendo sua pergunta, esse raio aqui, serve pra exilar os traidores do reino vermelho. Mas quem não quer ir embora, morre por não conseguir respirar o temível oxigênio. -Ele estremeceu ao falar desse tipo de ar.
"Hum, algo me diz que tá fácil demais " -Pensou Alec.
-Bem, obrigado pela ajuda. E... Qual é seu nome?
Ele coçava o cabelo loiro claro e fofo. Fixou os olhos azuis enormes nele e disse neutro.
-Meu nome é esquisito. -Disse.
-E o meu nome é feio! -Retrucou Alec, curioso pra saber o nome dele -Mas mesmo assim eu falei.
-Você falou um apelido -Ele cruzou os braços, retesando os músculos, que já estavam apertados na blusa vitoriana. -Aposto como não é esse o seu nome.
-Mas eu disse um Apelido. Nem isso você disse!!
Ele já estava ficando irritado (mais uma vez) esse "Alec" é muito teimoso e insistente.
-Tá certo... -Ele virou-se pra Alec -Meu nome é Tsol.
-Tsol? -O menino parecia incrédulo. -Embaralhado ou ao contrário.
-Contrário.
-Lost. Perdido.
-É, mas isso, não necessariamente quer dizer que eu seja um louco perdido.
-Não disse isso. -Alec sorriu.
-Vem. -Tsol o desceu e depois, ajudou Alec a pular. Deu suas malas e Alec ficou de costas pra o castelo.
-Nem tenho como agradecer.
-Não agradeça. Odeio gratidão. E... Se cuida, Alec. Não seja tão chatinho e teimoso.
-Digo o mesmo à você. -Alec o cutucou com a ponta do indicador -E seja mais paciente. Você é muito irritadinho.
-Certo. -Ele viu algo. Perceu que era uma péssima hora pra...
-Thau. -Alec se virou, entusiasmado, revigorado e esperançoso!! Iria voltar pra... -Hunf!
Alec esbarrou ruidosamente em alguém, que era de muito, muito longe, mais forte que ele e caiu pra trás. Tsol o segurou antes de se esborrachar e o colocou de pé, novamente. À frente de Alec, havia um jovem alto, muito alto. To tamanho de Tsol, concerteza e vestia galantes roupas chiques vermelho escuro e vermelho claro. Botas de couro preta e suas aparências não eram tão assustadoras, quanto a dos outros dali. Lábios cor sangue, cabelo e olhos da mesma cor. O seu cabelo parecia poder pegar fogo a qualquer momento. Ele se abaixou, curvando-se, até ficar do tamanho de Alec e tomou uma de suas mãos, onde depositou um beijo.
-Olá -Alec fez uma careta tão feia de descrença, que podia imaginar a feiúra em seu rosto. A sensualidade na voz do garoto era irresistível. -Qual é o seu nome?
Alec tinha acabado de concluir isso mentalmente, quando Tsol fez uma reverência e, de cara feia disse.
-Ó Magestade, Príncipe Vermelho.
"DROGA!!" -Alec choramingou em pensamentos "Agora sim, tô morto. Preferia ter apanhado de Tsol ".
Agora, o garoto da terra, estava diante da pessoa mais odiada desse mundo. E o mais temido: O Príncipe Vermelho!
Continuo?