Depois do encontro entre o Álvaro e a Luana as coisas ficaram meio estranhas entre nós, ele fazia de tudo para melhorar o clima, mas eu fiquei profundamente magoada com o que aconteceu, hoje vejo que exagerei um pouco, mas na época eu estava ferida, muito ferida com a situação, assim nossa relação esfriou um pouco.
Como o Juninho já estava grandinho eu resolvi voltar para a faculdade, no início foi difícil pois eu estava acostumada a passar todo meu tempo em casa com meus dois maiores amores, mas depois de um mês de aula eu me acostumei com a nova rotina, passei a estudar de manhã pois assim o Juninho ficava com a Clarisse e com a minha mãe e eu tinha as noites livres para ficar com meu filho e meu marido.
Já tinham se passado dois meses desde que brigamos e nossa relação era o que posso chamar de cordial, eu não podia sonhar em perder o meu amor, mas não conseguia me entregar a nossa relação como fazia antes, ele era super carinhoso, mas nos últimos dias ele vinha perdendo a paciência, certo dia ele disse:
Álvaro: Eu não vou mais aguentar isso, Fernanda! Eu já disse para vc milhões de vezes que eu não fiz nada, eu sou inocente, mas isso não parece ter a mínima importância para vc! Eu não quero e não vou viver um casamento de aparências, então vc vai ter que se decidir, ou me perdoa pela mancada que dei e retoma nossa relação de companheirismo, amor e “felicidade” ou então é melhor nós nos separarmos.
Aquilo caiu como uma pedra sobre minha cabeça, ele estava me dando um ultimato, ele ia me deixar, eu comecei a ficar desesperada, eu não sabia o que fazer então resolvi conversar com minha mãe, contei tudo para ela e ouvi seus conselhos, mas eu não imaginava que esse assunto ainda geraria tanta confusão, no mesmo dia a noite quando estava em casa jantando com o Álvaro e o Juninho, meu pai aparece.
Pai: Eu quero conversar com vc, Álvaro!
Como o Juninho estava já caindo de sono eu fui coloca-lo para dormir e deixei os dois sozinhos na sala de jantar, quando voltei eles não estava mais lá, então ouvi vozes vindas da varanda e fui devagarzinho ao encontro delas.
Pai: Você não vai enganar a minha filha, está me ouvindo!
Álvaro: Eu não estou fazendo isso! De onde vc tirou essa barbaridade, Paulo?
Pai: Eu encontrei aquela mulher na rua hoje, ela me contou detalhes do encontro de vcs, disse que vc prometeu deixar minha filha para voltar para ela, que vc sempre esteve andando atrás dela enquanto ela estava com aquele cara e que agora ela resolveu deixar ele para ficar com vc! Eu estou te avisando Álvaro, eu não posso te impedir de deixar sua família para voltar para aquela vadia, mas se é isso que vc quer fazer faça de uma vez, eu não vou permitir que fique enganando a minha filha!
Meu coração se partiu de vez, depois de ouvir aquilo eu pensei que nada mais poderia curar meu coração.
Eu: Vc vai me deixar? Eu perguntei, mas minha voz era pouco mais que um sussurro. As lágrimas escorriam silenciosamente pelo meu rosto.
Os dois viraram para me encarar.
Eu: Então era isso que vc estava tentando me dizer ontem, que vc ia me deixar?
Álvaro: Não... claro que não...
Pai: Pare de mentir, Álvaro! Vamos acabar logo com isso, filha faça suas malas e as do Juninho, vc volta pra casa comigo de uma vez e agente acaba logo com isso.
Então era isso, tudo estava acabado... meu sonho, minha felicidade, minha família tudo estava acabado e eu voltava a estaca zero, era ela que ele amava? Sempre tinha sido ela? Eu estava sufocando, eu me sentia morrendo por dentro, então eu ouvi.
Álvaro: NÃO, MIL VEZES NÃO! NINGUÉM VAI TIRAR A MINHA FAMILIA DAQUI... ESTÁ É A NOSSA CASA, ELA É A MINHA ESPOSA E O JUNINHO É O MEU FILHO E NINGUÉM VAI TIRÁ-LOS DE MIM, NEM VC PAULO E NEM AQUELA VADIA MENTIROSA!
Ele veio andando em minha direção e me segurou forte em seus braços.
Álvaro: Já chega dessa situação, nós vamos resolver isso de uma vez por todas, juntos, nós vamos resolver isso juntos, por favor amor?!
Pai: Já chega disso Álvaro, não piore as coisas, o que vc quer? Manter minha filha como estepe caso a Luana te deixe de novo?
O Álvaro me soltou e partiu para cima do meu pai com tudo, quando eu dei por mim meu pai já tinha o lábio sangrando e um olho roxo.
Álvaro: NUNCA MAIS SE ATREVA A INSINUAR QUE EU FUI INFIEL À MINHA MULHER TÁ OUVINDO, NUNCA MAIS OUSE DIZER QUE EU COLOQUEI QUALQUER COISA OU PESSOA ACIMA DELA!
Meu pai tinha uma cara de espanto, afinal o Álvaro nunca tinha partido para cima de ninguém, nem do homem que ele pegou na cama com a ex esposa, nem do Bernardo quando ele havia me beijado, ele estava completamente fora de si, eu entrei na frente dele, não podia deixa-lo bater no meu pai.
Eu: Álvaro por favor se acalma, por favor!
Álvaro: COMO VC QUER QUE EU ME ACALME, EU COMETI O ERRO DE SER AMIGÁVEL COM AQUELA MULHER A DOIS MESES ATRÁS, ELA ESTAVA DESESPERADA E EU FUI EDUCADO, SÓ ISSO, MAS DE LÁ PRA CÁ MINHA ESPOSA ME EVITA, É FRIA E DISTANTE, NÃO ME QUER MAIS, EU TENHO QUE ATURAR AS INVESTIDAS DAQUELA VADIA E AGORA MEU MELHOR AMIGO E MEU SOGRO QUER LEVAR MINHA FAMÍLIA EMBORA E ME ACUSA DE ESTAR QUERENDO DEIXAR MINHA FAMÍLIA QUANDO A ÚNICA COISA QUE EU QUERO E TER MINHA FAMILIA DE VOLTA!
Ele começa a chorar e senta no chão, volta a falar, mas agora não grita mais, sua voz é baixa e triste.
Álvaro: Eu não aguento mais isso, eu não fiz nada, pelo amor de Deus!
Meu pai levanta do chão onde esteve caído até agora e se aproxima do meu marido.
Pai: Eu não quero tirar sua família de vc, eu só quero proteger minha filha! Vc tem um filho agora, o que vc faria, ou melhor o que vc não faria para protege-lo?
Álvaro: Ela que me deixar?
Pai: Eu não sei se ela pode responder a essa pergunta com clareza agora, mas eu acredito que ela precisa de um tempo! Não é como se vcs fossem estar em estados diferentes, nós moramos ha duas ruas de distancia.
Álvaro: É longe demais para mim! Aquela frase foi cheia de significado.
Meu pai pode não ter entendido o que ele quis dizer, mas eu entendi, naquele momento eu entendi tudo, eu estava deixando minha felicidade escapar por... sei lá... medo, magoa de algo que eu sentia no fundo do meu ser que não tinha acontecido, eu não podia... eu não ia fazer isso. Meu pai estava falando, mas eu o interrompi.
Pai: é só um tempo...
Eu: NÃO! É longe demais para mim também!
Ambos olharam para mim, mas eu só podia prestar atenção aos olhos verdes marejados de lágrimas que me olhavam com um agradecimento profundo estampado em meio às lágrimas, então ele se levantou e veio até mim, me abraçou forte.
Álvaro: Eu juro que....
Eu: Shii... não precisa, eu sei, eu acredito em vc!
Álvaro: Obrigado!
Eu não consegui segurar o choro.
Eu: Não me agradeça, me perdoe!
Álvaro: Sempre! Eu amo você, só você!
Eu: Eu amo você também!