Chegamos até o calçadão e de longe eu avistei o Luiz, com o celular na mão, na certa estava falando com a Mara, era engraçado ver ele com aquele bendito celular rs.
Ele saiu viajar com o celular só podia, antes de dormir, antes de sair, quando estava com a molecada, na praia, em tudo quanto era lugar eles dois estavam se falando, aquilo era amor, o Luiz e a Mara, o mais legal é que ninguém botou fé no relacionamento dos dois.
Eu mesmo achei que fossem durar dois meses no máximo, só que todos nós nos enganamos.
Ao longe eu acenei para ele, que desligou o celular e nos esperou.
E ae Luizão cadê o resto da galera?
Estão todos sentados ali na frente!
Quando chegamos junto à galera, um monte de menininhas ao redor dos meninos, umas bem novinhas mesmo, rindo e dando um mole da pourra!
Eu tirei minha camiseta, peguei uma cerveja e me sentei olhando e ouvindo o papo da criançada, umas coisas bobas do tipo, estamos nesse hotel cinco estrelas aí em frente, nosso pai é dono não sei do que, é empresário do ramo tal e varias outras besteiras ditas por crianças que querem impressionar alguém.
Pensei comigo:
Antigamente na minha época os homens mais velhos que tentavam impressionar as novinhas, e agora é o contrario.
Lembro que o William olhava para o nada, ou para o céu e o chão, as vezes nos meus olhos e sorria.
Eu peguei no braço dele e brinquei.
Paixão não precisa desviar o olhar das menininhas, pode olhar eu não ligo.
Nossa! Nada ver Fabiano!
Coitadinho morrendo de medo que eu ficasse bravo, mas eu não faria nada, só cortaria o instrumento de trabalho dele caso ele fizesse algo errado rs.
E outra você esta numa praia cheia de gente seminua e não tem como não olhar ou reparar em alguma coisa.
Bebi uma cerveja e resolvi cair na água, o Raul veio junto comigo, deu um pulo nas minhas costas e eu corri pulando as ondas com ele dependurado em mim.
Rimos tanto das besteiras que ele fazia ou falava.
Binho olha para trás e veja se o magrelo esta olhando?
Claro que ta né Raul!?
Ele disfarça , mas não tira os olhos de nós, tem ciuminhos irmão.
Mas é um ciúmes gostoso de proteção, amor mesmo, nada de posse como ele tinha antigamente, hoje ele está bem mais maduro.
Nós paramos no meio do caminho e começamos a conversar sobre alguma coisa boba, sem sentido, mas quando se está num lugar que te lembra várias coisas, eis que do nada me para um rapaz na nossa frente.
Paramos de falar e ficamos os dois olhando.
O rapaz de costas, um corpo magro definido, bem alto, cabelos loiros, na mesma hora o Raul me olhou e disse:
Nossa mano se eu não estivesse lá naquele dia, eu podia jurar que esse cara aí é o Igor, nossa de costas é muito semelhante.
Eu andei até o rapaz e de verdade parecia muito o Igor, seria uma benção divina se ele estivesse vivo, mas o moço se virou e me cumprimentou.
Naquele momento a minha cabeça deu um salto para o final de 2011, e eu me lembrei do dia que eu conheci o Igor, no mesmo dia que o William entrou no carro da biscatinha, e naquele momento o William estava sentadinho na cadeira rindo e brincando com os outros meninos.
Eu olhei para o Raul e nós dois não falamos nada, só demos uns mergulhos e depois de algum tempo voltamos a sentar com a galera.
As meninas não estavam mais lá, o Renan com o Iago e o Carlão também tinham sumido.
Perguntei deles ao Luiz achando que tinham ido atrás das meninas, só que tinham ido até o banheiro.
O Iago me passou um copo com caipirinha e sentou-se ao meu lado, ele continua lindo com os furinhos nos cantos da boca, é meu irmão também e hoje esta feliz graças a Deus, a mãe dele está até namorando um homem muito legal.
Naquela noite teve show de uma banda baiana que eu não me recordo o nome, só sei que o vocalista deixava as meninas pegarem no pinto dele por cima da calça, e as vezes até fazia uns gestos estranhos com o corpo para a mulherada, muito vulgar para meu gosto, mas fazer o que se estávamos na chuva o jeito era se molhar rs.
Na terça teve dois shows, primeiro um grupo de funk da região que abririu o show do grupo turma do pagode, nós aproveitamos o show e assim que acabou eu resolvi ir embora, avisei os meninos que ia descansar.
O William veio junto pra ir embora comigo, mas eu o liberei para ficar com os moleques, não teria problema algum, ele insistiu em vir embora comigo, mas eu sabia que ele queria continuar na bagunça, por isso o deixei e voltei para a casa.
Quem já estava abrindo a boca de sono era o Jorge que me chamou e veio caminhando comigo, e no caminho nós falamos sobre um pouquinho das nossas vidas, dos meninos e das coisas que já nos aconteceram.
O Jorge me disse que uma vez começou a sair com um rapaz mais novo, muito bonito e com um belo corpo, o Jorge sabia que o negócio do garoto era dinheiro e por isso fazia todas as vontades de boy rs.
Um dia o garoto marcou um encontro.
Quando o Jorge chegou para pegar o menino viu que tinha mais dois garotos com ele, o rapaz pediu que o Jorge levasse os meninos até a casa deles, que ficava numa região meio distante.
O Jorge muito bobo e sem noção colocou os garotos no carro e os levou até o tal bairro, só que no meio do caminho numa estrada mais afastada e deserta, o boy sacou o revolver e apontou na cara do Jorge.
Ele me disse que naquele momento ele viu toda a vida dele passar na sua frente em menos de dois minutos.
Os garotos o fizeram descer do carro, raparam todo o dinheiro dele, pegaram tênis, calça, camisa e o relógio, o deixaram só de cueca no meio da estrada.
Ele ficou desesperado e começou a correr no meio da rua, quando ele avistou uma casa com luz acesa, ele chegou até a casa e viu que estava tendo uma festa.
O dono da casa viu que ele estava nervoso e apreensivo o convidou a entrar, nisso o Jorge contou sobre o acontecido para o rapaz.
Esse mesmo rapaz que estava fazendo aniversário naquele dia levou o Jorge para dentro deu-lhe roupas para vestir, pegou o carro e foi para a delegacia deixando os convidados para ajudar um desconhecido.
O Jorge chegou até a delegacia e registrou um BO, descreveu todos os meninos e na mesma hora conseguiram encontrar o carro dele, estacionado numa lanchonete a mais ou menos cinco quilômetros da delegacia.
Os meninos foram presos e o Jorge ganhou um amigo naquele dia.
Graças a Deus eu nunca passei por isso, nunca fui assaltado e se Deus quiser nunca serei, morro de medo de morrer por causa dessas coisas.
Nós dois estávamos muito cansados, mas em casa ainda conversamos muito, rimos e brincamos com essas situações.
O Jorge é um homem muito legal, ele quase não fala com os pais e sempre morou sozinho, acho que isso que acabou o afastando da família, só que nós o adotamos, ele é um super amigo e meu primo esta com os quatro pneus arriados por ele, e o que importa é que sejam felizes juntos.
Continua