Eu não sabia o quanto era ciumenta até Sofia resolver encontrar Fernanda,eu queria ir junto,só de imagina-las juntas me dava revertérios.
-- Mas pra que isso Sofia?
-- Amor,ela é minha prima! mais dia menos dias vamos nos encontrar.. Eu quero esclarecer as coisas Bia,não gosto das coisas como estão.
Fiz um bico e uma cara de indignada com o que tinha ouvido ela falar.
--Eu quero ir junto Sofia, não quero vocês duas sozinhas, ela vai dar em cima de você eu tenho certeza disso!
Eu estava completa e inteiramente desconfiada,nunca me senti assim antes,tão possessiva, e confesso que nem sempre era,mas se tratando de Fernanda não sei o que me dava,simplesmente quase tive uma sincope só de imagina-las sozinhas.
-- Não Bia! eu preciso falar com ela a sós,você pode me esperar aqui,prometo que não vou demorar.
É, não teve jeito,Sofia estava irredutível e não me deixaria mesmo acompanha-la,fechei a cara pra ela mas de nada adiantou,ela se despediu de mim com um beijinho prometendo mais uma vez que não demoraria.
Eu pensei em seguir ela sem que me percebesse atras mas por medo de ver algo que não me agradasse retirei essa ideia da cabeça me jogando novamente na cama dela.
Meia hora se passou e parecia mais que eu tinha passado 3 horas esperando Sofia chegar do maldito encontro,pra gastar liguei o computador e entrei no Facebook,mas parecia que tudo conspirava contra eu me distrair,ninguém que valesse a pena conversar estava online,diante disso resolvi verificar o histórico da internet e descobri que Sofia lia contos eróticos,dei um sorriso sacana e resolvi entrar pra ver. No final das contas nem vi o tempo passar,os contos eram todos muito interessantes e alguns me deixaram bem acesa alias,estava totalmente concentrada em um quando minha namorada entrou pela porta perguntando:
-- Demorei minha marrentinha?
-- Han? - Não falei que eu estava concentrada?
-- O que você ta vendo ai hein?
Ela me perguntou se prostrando atras de mim pra ver o que eu via,dei uma risadinha quando olhei pra traz e a vi corar rapidamente,tão linda!
-- Então é isso que a senhorita fica fazendo quando eu não estou aqui,lendo contos eróticos?
Ela ficou toda sem jeito e se distanciou de mim se sentando em sua cama,dei outra risada do jeito encabulado que ela me olhou,não entendi porque da vergonha,eu via videos pornos em casa as vezes,e também tinha gostado muito dos contos que eu li,mas conhecendo Sofia já era de se imaginar a vergonha de ser pega.Me levantei e fui ate ela me sentando ao seu lado ainda com um sorriso nos lábios.
-- Eu gostei sabia? nunca tinha lido amor,teve uns que me deu até um calorão.. Uii pensei em você!
Foi o suficiente pra vaze-la abrir um sorriso,retribui com outro fazendo ela se levantar e se sentar em meu colo com as pernas ao meu redor.
-- Não vai querer saber como foi minha conversa com a Nanda?
Cheirei seu pescoço passando a língua logo em seguida fazendo minha namorada se arrepiar toda,mordisquei seu ouvido falando baixinho
-- Depois meu anjo.. Agora eu quero você!Naquele mesmo dia a noite recebi a ligação do meu pai me chamando pra almoçar com eles no domingo,meu sorriso acho que ia de orelha a orelha só de pensar em fazer as pazes com eles,antes de me apaixonar por Sofia eu não ligava pra nada e agora estava eu ali,quase chorando de alegria por causa de um convite de almoço dos meus pais,como a vida surpreende a gente.
Minha linda me contou tudo o que ela e Fernanda conversaram,eu fiquei bem satisfeita quando ela me disse que iria se afastar por um pedido dela mesmo,mas logico que não deixei que ela percebesse meu entusiasmo com a noticia,ver Sofia longe dela era tudo o que eu mais queria.
Naquela noite eu fiquei na casa da Sofi mesmo,já fazia um tempo que ela não ia na minha,meus pais tinham deixado de me mandar dinheiro e minha mãe não tinha feito a tão costumeira compra que faz todos os meses,com isso começaram a acabar as coisas e eu fiquei com vergonha da linda.
Enfim o tão esperado dia chegou,levantei bem cedinho pra passar em casa antes de ir ate a casa dos meus pais,era difícil almoçarmos todos juntos,sempre quando eu ia até la nunca encontrava meu pai em casa,ele estava sempre enfurnado naquele hospital.Minha namorada se mostrava animada por mim mas eu sabia que poer dentro ela estava morrendo de aflição,antes de sair da casa dela nos despedimos com um beijo e ela me disse.
-- Promete que vai ficar bem?
-- Credo amor! você fala como se eu estivesse indo pra guerra ou sei la! - Falei rindo.
-- Não tem graça amor,eu tenho medo de te machucarem outra vez.
-- Sei disso vida,vai ficar tudo bem! Vou indo,te ligo quando acabar ok?
Terminamos de nos despedir e assim sai,o caminho todo fui pensando na reviravolta que minha vida deu desde que me apaixonei,em todas as coisas que antes pra mim não fazia diferença nenhuma e que agora tinha todo um valor,passei a enxergar a vida,as pessoas e seus valores com outros olhos.
Cheguei na casa dos meus pais por volta das 11 da manhã,totalmente ansiosa por vê-los e nervosa por não saber os motivos deste almoço,ao me ver minha mãe foi a unica a se aproximar e me dar um abraço,fechei meus olhos e deixei a cabeça apoiar em seu ombro,naquele momento percebi o quanto um carinho de mãe me fazia falta,o quanto eu estava com saudade daquele abraço que sempre fugia e que agora era tão bem vindo.
-- Como você esta minha filha? - Minha mãe perguntou sem esconder o quanto estava feliz em me ver.
-- Estou bem mãe.
Neste momento olhei para meu pai que continuava parado na porta que ligava a sala a cozinha ,percebi o quanto seu olhar pra mim era gélido e decepcionado,naquele instante me dei conta de que ele jamais aceitaria minha escolha e que amargaríamos isso por muito tempo,mal sabia eu o quanto estava certa.
-- Nem vou te perguntar se ainda continua com a aquela imundice que você chama de vida Beatriz!
-- Acho muito bom papai,porque você poderia não gostar da resposta!
Diante da nossa pequena batalha de olhares minha mãe resolveu intervir e me levar pra outro lugar,se continuássemos naquela guerra de olhares e ofensas feitas por meu pai não haveria almoço algum naquela casa,exatamente por sermos iguais,extremamente cabeças duras a ponto de defender as suas ideias contra tudo e todos,pois é,como diz o ditado,tal pai ...
Eu e minha mãe fomos pra cozinha onde dona Claudia preparava nosso almoço caprichosamente,Dona Claudia trabalha na casa de mamãe desde que me entendo por gente,nos tempos em que minha mãe ainda trabalhava, ela era minha unica companhia,foi praticamente ela quem me criou e até na adolescência era ela quem me dava os melhores conselhos e me apoiava quando preciso,porem sempre que meus pais estavam por perto ela pouco falava comigo,ali na cozinha percebi apreensão em seu olhar,pude sentir um arrepio quando constatei que aquele almoço não era pra matar as saudades e que algo estava pra acontecer.
A conversa com minha mãe estava extremamente agradável,embora ela se mostrasse um pouco apreensiva e ansiosa por algo pode perceber em mim o quanto minha mudança era visivelmente boa.
-- Você esta diferente Bia,esta mais suave,mais carinhosa,nem parece mais aquela marrenta que sempre foi!
Dei uma risada,minha mãe sempre me chamava assim,desde pequena.
-- Até me deixou te abraçar,geralmente você não gosta dessas demonstrações de afeto,você esta com um brilho diferente no olhar minha filha,e até mais simpática sabia?
Dona Claudia que estava de costas nada disse,mas pude observar que tinha um sorriso nos lábios quando ela deu uma pequena olhadinha em minha direção.
-- As pessoas mudam mãe,hoje eu tenho alguém que me ensinou a ver a vida de outra maneira,e esse brilho em meus olhos é o reflexo disso tudo que... - Fui cortada pela voz de meu pai alta e ríspida.
-- Vamos almoçar? tenho muito o que fazer!
Ja na mesa em total silencio fiquei atenta a tudo,meu pai olhava pra qualquer canto,menos pra minha cara enquanto minha mãe me olhava com angustia vez ou outra,não aguentando mais aquele clima pesado larguei o prato de lado e decidida a acabar com aquela palhaçada quebrei o silencio instalado.
-- Tenho certeza que não me chamaram aqui porque sentiram minha falta!
-- Não da minha parte! - meu pai disse hispido.
-- Então qual foi o motivo?
Ele colocou seu prato de lado olhando seriamente,no momento em que ia dizer algo minha mãe interrompeu.
-- Querido,seja razoável.
-- Ser razoável? por um acaso não vê o que ela esta fazendo? não vê que ela esta acabando com nossa família? nos envergonhando com essa ideia infundada de homossexualismo? não vê o quanto isso é um absurdo?
-- Ela é nossa filha Eduardo e ...- Meu pai a cortou gritando enfurecido.
-- SUA FILHA! EU NÃO TENHO FILHA SAPATÃO!
Eu ouvia tudo calada e indignada com tanto preconceito vindo do meu pai,diante do que ele tinha acabado de dizer não pude deixar de fazer uma observação em tom de deboche
-- A palavra certa é LÉSBICA pai!
Ele me olhou incrédulo com minha petulância,ficamos um tempo nos encarando todos em silencio,até meu pai se levantar e apontar o dedo em riste na minha cara e soltar.
-- Seja la qual for o nome que vocês dão a essa pouca vergonha não me interessa Beatriz! Você tem exatamente 3 meses pra desocupar MEU apartamento caso continue com essa palhaçada..
-- Seu apartamento?
-- Sim,e quero que saiba que se essa pouca vergonha continuar,te quero não só fora do apartamento como também de nossas vidas!
-- E você vai me dar apenas 3 meses? - perguntei indignada.
-- Estou sendo generoso diante da sua total falta de vergonha!
Aquilo me ofendeu profundamente,ta bom que ele não me aceitava,mas ficar me ofendendo ai já era demais,com toda raiva me levantei da cadeira onde estava ao lado de mamãe e disparei.
-- Pois fique tranquilo Doutor Eduardo,em menos de 3 meses saio do seu tão apartamento,quem sabe eu e Sofia não possamos nos casar e passar a morar juntas? Se era só isso que queria me deem licença porque neste momento minha futura esposa me aguarda!
Dei as costas a eles que ficaram em silencio enquanto eu saia,passei pela cozinha pra me despedir de Dona Claudia,já que não voltaria mas ali,fomos juntas ate o portão e conversamos um pouco,aproveitei bem os conselhos dela.
Estava decidido,eu arrumaria um emprego e sairia daquele apartamento nem que fosse a ultima coisa que eu fizesse e Sofia estava mais do que incluída nos meus planos.