Não deixe que ele se case, ouviu bem? Diga-o que o Nando está morrendo, e que somente ele poderá salvá-lo.
- Ok! Eu vou arrastá-lo para o hospital. Este casamento não vai acontecer. – o Victor desligou o telefone e correu para igreja.
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Naquele sábado, dia do casamento do Felipe, chovia muito. Talvez aquela chuva fosse para avisar que a alma do Nando estava sendo lavada. O céu estava escuro, sem nenhum brilho... As chamas da morte estavam próximas...
Victor pegou seu carro e partiu bruscamente para a igreja central. Ele quase não raciocinava, apenas era guiado por seus reflexos.
ENQUANTO ISSO...
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- Bingo! Eu não disse a você que ele viria par este lugar? – disse o Gui ao Paulo.
- Eu não vejo a hora de acabar com a vida deste filho da puta. O que ele fez não tem perdão. Foi cruel!
Os dois esperaram o Arthur entrar na tal casa de campo; por sinal, ele estava acompanhado de outro cara, ao qual se beijavam vagarosamente.
- É a cena mais nojenta que eu já vi. Este cara não passa de um pegador de garotos de programa. – comentou o Gui.
- Maldita foi à hora que o Nando se envolveu com este infeliz! – disse o Paulo.
- Vamos! Ele já entrou. Tá na hora da festinha começar. – os dois desceram do carro, e foram em direção ao portão da casa. Imaginando estar sozinho, o Arthur nem se deu ao trabalho de fechá-lo. Guilherme e Paulo entraram em silêncio, e ao abrir a porta da casa, viu o Arthur no maior amasso com o tal cara.
- Estamos atrapalhando alguma coisa? – esbravejou o Paulo. O Arthur olhou assustado e incrédulo para os dois.
- O que estão fazendo aqui? Como sabiam deste lugar? – a voz dele quase não saiu. O rapaz apenas encarava todos, sem entender nada.
- Você achou mesmo que nós, sendo amigos do Nando, iríamos deixar barato o que você fez com ele. – Paulo lançou um olhar de ódio para ele. Na verdade, o Paulo era muito forte.
Percebendo que a coisa iria ficar feia, o Arthur tentou se justificar.
- Aquilo que eu disse a vocês foi tudo mentira! Eu inventei toda a historia da AIDS, apenas para assustar o Nando. Eu sabia que ele iria ficar abalado, e como transamos sem camisinha na primeira vez, eu sabia que ele não iria fazer exame de sangue. Na verdade, eu queria ganhar tempo, até encontrar outra forma de me vingar. Pronto! Já falei... Foi tudo mentira. O amiguinho de vocês não tem vírus nenhum.
- Disso nós já sabemos sue idiota! – o Guilherme gritou. – O Nando tentou se matar por sua culpa. Por sua doença mental! Tu pensa que tem o direito de estragar com a vida dos outros? Hein seu otário? – Guilherme foi se aproximando dele e o intimidando.
- Vamos esquecer este assunto... Ele nem está morto, para vocês fazerem tanto drama. – ele foi sarcástico.
- Ahhh... Essa já é demais pra mim. – Paulo foi com tudo pra cima dele, e lhe deu um soco no rosto. Arthur tropeçou nos objetos da casa. Paulo Che deu mais dois socos sem pena.
- Quem merece morrer aqui é você sabia? Seu cretino! Você deve ser do tipinho infeliz, que só tem dinheiro, mas que no fundo, ninguém te quer, porque você é tão sujo por dentro. – Paulo chutou ele.
- E em pensar que no inicio eu te achava um cara bacana... – dizia o Gui. – Mas vejo que me enganei muito ao seu respeito. O que você fez com nosso amigo... – Guilherme pegou ele pela camisa e cuspiu em sua cara. – Hoje nós viemos aqui, para lhe dar uma surra! A surra que você merece por causar sofrimento ao nosso amigo.
- E você, babaca! Cai fora, para não sobrar pra você! – Paulo ameaçou o rapaz que apenas observava a cena, o colocando pra fora.
- Por favor! Não me batam. Eu tenho dinheiro, posso dar uma boa quantia a cada um. – disse o Arthur, que estava com o olho roxo.
- HAhahahahahaha... Paulo riu alto. Você acha mesmo que a gente veio aqui atrás de dinheiro? – Vem Gui, trás ele.
Eles foram até a cozinha, arrastando o Arthur, que tentava de soltar a todo custo. Paulo conseguiu achar um balde e o encheu de água. A intenção era afogar o Arthur.
- Põe a cabeça deste idiota aí dentro! Vamos brincar um pouquinho. – Guilherme fez o que o Paulo pediu, e mergulhou a cabeça dele na água, deixando-o sufocado. Arthur batia com as mãos, implorando ajuda.
- Nossa... Olha só a carinha dele. Tá gostando, tá? – Os dois riam.
- Parem, por favor. Me desculpem por ter feito aquilo com o Nando. Me perdoem.
- Nós não somos homens de perdoar. Afoga ele Guilherme. – Paulo pulsava raiva.
Desta segunda vez, eles deixaram um pouco mais, a cabeça do Arthur submersa na água. Quando foi puxado, sua respiração estava ofegante, quase sem fôlego.
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O Victor acelerava muito. A chuva não parava de cair, e a única coisa que vinha em sua cabeça, era a imagem do Nando. Finalmente ele havia chegado, e nem se preocupou em estacionar o carro. Apenas partiu feito um foguete porta adentro.
- Para com esta palhaçada agora! – no fundo, ele sempre quis fazer aquilo.
Todos olharam para ele, inclusive o Felipe que não entendia nada. Ele só estranhou o Nando não ter comparecido com a família. Mas nem imaginaria que o Victor fosse aparecer daquela forma.
- Você ficou louco Victor? – disse ele.
- Louco está você em se casar com essa...
- Me respeite, seu... A Paloma ensaiava uma fala, quando foi cortada.
- Fala vadia. Fica na tua que o meu papo não é contigo. – ele se voltou para o Felipe. – Felipe, o Nando precisa de você. Vem comigo!
- Como assim? O que você está dizendo cara?
- Que o Nando está morrendo e você é o único que pode salvá-lo. Não perca mais tempo, ou pode ser tarde de mais. Vem comigo para o hospital.
- Ele está mentindo! – gritou a Paloma.
O Felipe ainda processava as informações, e quando o Victor disse “morrendo”, uma pontada feriu o coração dele. Automaticamente, seu amor pelo Nando reacendeu de forma intensa, inundando a sua alma. Ele não podia perdê-lo.
Felipe apenas olhou de forma singela para a Paloma, como forma de perdão, por ter de abandoná-la na igreja.
- Eu preciso ir. Você sabe o porquê! – foi o que ele conseguiu dizer.
- Vai me deixar aqui? Pagando este mico? – ela chorou.
- Não chora. Me perdoa. – ele correu para a porta, e junto ao Victor, entrou no carro, rumo ao hospital. No caminho, Victor deixou-o a par de tudo que estava acontecendo com o Nando.
Felipe chorou muito, e se condenou por não está perto do seu grande amor. Seu coração rasgava por dentro. Era uma dor sem tamanho. O medo de perder o Nando, o dilacerava por dentro.
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- Tá vendo isso aqui? – o Paulo sacou do bolso, uma seringa com sangue.
Arthur só em olhar, tremia de medo. Ele gritou por socorro, mas nada adiantava. Os meninos o amarraram numa cadeira, e bateram mais um pouco nele.
- Dentro desta seringa, tem sangue de um portador do vírus da AIDS. Doença, da qual você brincou. É... Meu caro, sua mãe nunca lhe disse que jamais brinque com coisa séria? Pois é, o que vai, volta. – o Paulo se divertia com ele.
- Enfia logo esta agulha neste filho da puta! Vamos ver como vai ser daqui pra frente, quando ele sofrer com este vírus.
Arthur se desesperou, e gritou ainda mais alto.
- Por favor! Não façam isso. – ele começou a chorar.
-Agora é tarde! – Paulo enfiou a agulha nele, e este gritou. Na verdade, era apenas sangue comum, sem contaminação. Eles fizeram aquilo para assustá-lo, afinal, estavam devolvendo na mesma moeda, o que ele fez com o Nando.
- Vamos embora Paulo. Deixa ele aí amarrado.
- Vamos. – Paulo cuspiu na cara dele. – Você é um lixo!
Já dentro do carro, os dois riam de toda a cena. Pronto! Estavam vingados pelo amigo. Partiram também para o hospital as pressas.
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Felipe entrou com tudo no hospital.
- Cadê ele? Eu quero vê-lo. – ele viu a Natasha sentada numa cadeira.
Ela o abraçou forte, chorando muito.
- Ele não vai resistir Lipe. – ela foi aos prantos.
- Não diga isso! Ouviu bem? – ele se desesperou. Seu corpo tremia. Sua voz estava embargada. – Cadê o médico? Eu vim fazer o transplante. Eu vim salvá-lo.
O doutor apareceu logo em seguida. Os pais do Nando estavam na capela do hospital, orando a Deus.
- Oi doutor. Eu sou o outro irmão dele. Não vamos perder tempo.
- Venha comigo! Vamos fazer o exame de compatibilidade.
Felipe seguiu o médico, deixando o Victor e a Natasha sozinhos. Algo dentro dele dizia as coisas não estavam bem. Ele foi para sala de exames e seguiu todo o procedimento. Teve de aguardar um pouco até sair o resultado. Ao voltar para sala de espera, encontrou os pais do Nando. Dona Sueli o encarou com um olhar perdido, assustado, vago. Todos ali, estavam temeroso e apreensivos.
Uma hora depois, eis que surge o doutor.
- E aí, vamos? – ele se levantou.
- Na verdade... – ele pausou. Vocês dois não são compatíveis. Vocês nem são irmãos.
Aquilo foi um baque!
CONTINUA...
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Olá meus queridos. Este conto está mexendo muito comigo, e esta reta final está difícil de escrever. Bom, quero mais uma vez, agradecer pelo carinho de todos. E aguardem o final! Beijossss!