No hospital...
- Nós vamos colocá-lo em primeiro na fila de doadores. Assim que surgir um doador compatível, faremos o transplante. Agora é só rezar para que ele resista a tempo. Vocês precisam se unir, para que o filho de vocês busque força para suportar, até que façamos o transplante. – disse o médico.
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O Felipe resolveu voltar para o hospital. Queria ficar perto do seu amor, por mais que a situação era o mais difícil possível. Ele estava totalmente desnorteado e sem rumo. Não sabia o que fazer... Apenas entregar a Deus, a vida da pessoa mais importante em sua vida.
Ele chegou ao hospital, e naquela altura, toda a família estava reunida, inclusive primos, tios e tias. A mãe dele também estava no local, e o Felipe não resistiu em provocá-la.
- O que faz aqui? Veio desejar a morte dele? – ele falou com fúria nos olhos.
- Não diga isso meu filho O Nando é o meu sobrinho, e estamos mobilizados com esta situação.
- Mobilizados? Você?... Hã, acho meio difícil! Pra quem criou uma mentira descabível, ao ponto de querer o sofrimento do próprio filho, ao invés de sua felicidade... Parabéns dona Kátia! Você conseguiu, junto a minha tia, estragar a minha vida. Ganharam alguma coisa com isso? Pelo que vejo nada! Apenas um ser humano numa sala de um hospital, entre a vida e a morte que nunca fez mal a ninguém e que não merecia o que vocês duas fizeram. – ele se voltou para a mãe e a tia. Todos ali presentes, ficaram em silêncio, pois não sabia o que fazer. Felipe continuou o desabafo.
- Prestem atenção todos vocês. – ele se voltou para a família. – Eu e o Nando, somos apaixonados um pelo outro. Não adianta fazerem cara de espantos ou coisa do tipo. Somos primos sim! Mas e daí? A gente se ama e eu estou pouco me lixando pro que vão pensar ou falar! A única coisa que eu quero neste momento, é ter o Nando junto a mim.
Os membros da família não disseram uma palavra. O Felipe nem permitiu a isso. Sua preocupação era a cura do seu grande amor. O Gui, o Victor e o Paulo, o abraçaram para que ele se sentisse acolhido. Os amigos do Nando estavam abatidos.
De repente, em meio o tumulto, o médico surgiu novamente.
- Trago boas notícias. – ele cruzou os as mãos, e todos se voltaram para ele. – Como os havíamos posto o Fernando em primeiro na fila de doação, és que surgiu um doador de medula óssea. E nós já fizemos o exame de compatibilidade...
- Então doutor? Fala logo. – Felipe ficou impaciente.
- É compatível! Estaremos realizando o transplante ainda hoje.
Todos comemoraram com abraços e sorrisos. O Felipe foi o único que ficou apreensivo. Ele andou de um lado para o outro, inquieto, em silêncio, sem dar uma palavra, e apenas ficou pensativo. Seu corpo estava cansando, mas não arredaria o pé daquele hospital.
A mãe dele, vendo o estado do filho, tentou uma aproximação, mas ele foi frio. O que ela fez, em sua concepção era imperdoável!
- Eu não quero falar com você. Me deixa aqui sozinho! – ele se esquivou.
- Não faz isso meu filho. Perdoa a sua mãe. Eu não fiz isso por mal, apenas queria protegê-lo dos julgamentos.
- Isso não lhe dar o direito de interferir na felicidade alheia. Escuta aqui, ele vai sair dessa e a gente vai feliz juntos! Não adianta você e nem ninguém atrapalhar. Eu tenho certeza de que o meu Nando, o amor da minha vida, não vai me deixar aqui sozinho, com um bando de mentirosos!
- Eu estou arrependida meu filho. – ela começou a chorar. Eu sei que o que fiz foi grave, mas na hora que me disse que era homossexual, eu fiquei doida. Toda mãe reage de forma diferente e eu não consegui suportar esta ideia. Sem contar que você e o Nando são parentes, o que me deixou mais abalada.
- E por acaso alguém já te falou que a gente não escolhe quem a gente ama? Que eu e o Nando somos seres humanos e temos sentimentos? Pelo visto não! A senhora junto com a tia Sueli, esmagaram nosso coração. Tripudiaram em cima do nosso sentimento. E o pior de tudo, eu sou teu filho! Nem isso a senhora respeitou. – as lágrimas começaram a cair dos olhos dele. – Mas tudo bem! Eu sou um homem de fé, e acredito que tudo vai se resolver. Eu e o Nando vamos ter a nossa casa, a nossa vida!
Ela foi tentar abraça-lo, completamente arrependida da gravidade que cometeu, mas o coração do Felipe era duro e ele se esquivou. As atenções foram novamente voltadas para o médico, que veio até a sala informar que a cirurgia iria se iniciar.
- Rezem para que o transplante dê tudo certo! Unam-se para que o paciente busque força pela vida. – o doutor respirou fundo e seguiu para sala de cirurgia.
Felipe foi abraçado pelos amigos do Nando e pela Natasha.
- Vai dar tudo certo meu querido. – disse a doce Natasha.
- Acredite Lipe! Nosso Fernando estará com a gente novamente. – Guilherme segurou firme em sua mão.
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Na sala de Cirurgia...
A equipe médica estava pronta para a difícil missão de salvar a vida do Nando. Todos se comoveram com o paciente, que foi além das expectativas e superou momentos de dores e dificuldades. O médico responsável comandava a equipe e a vida do Nando estava em suas mãos.
Do lado de fora, o Felipe estava ansioso, inquieto. Aliás, todos estavam. Felipe foi num cantinho do hospital e rezou baixinho.
- Meu Senhor adorado, eu sei que sou pecador, que tenho falhas... Mas ouça ao meu pedido... Salva a vida dele. Eu o amo tanto Deus! O Senhor conhece o meu coração e sabe que eu o amo. Sei que o nosso amor não é condenado por ti... Não deixa ele morrer.
Felipe chorou na última frase. O Felipe estava um caco. Seu corpo estava fraco, mas ele buscou forças em seu interior, para ficar ali, ao lado da pessoa que ele amava tanto.
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- Doutor, está dando tudo certo. – um assistente fez o comentário.
- Sim. – ele fez positivo com a cabeça. E pediu ao assistente um utensílio medico.
O Nando estava ligado a um monte de aparelhos, assim como o seu doador.
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LembrançasSai Lipe, este é o meu esconderijo! Vai procurar outro. – dizia o Nando com apenas sete anos.
- Eu quero ficar perto de você. Eu gosto de ficar perto de você. – o Felipe era insistente, e queria dividir o mesmo espaço que o primo. A brincadeira era pique esconde, e acontecia no sitio da tia Laura.
- Ai que garoto chato! Tá bom, vem logo, senão vão perceber a gente aqui.
O Felipe fez um esforço, para entrar debaixo da pia da cozinha, o lugar era apertado.
- Eu posso te falar uma coisa? – disse o Felipe, que na época tinha dez anos.
- Agora não! Podem nos ouvir. – Nando sussurrou.
- Você é o meu primo mais bonito e que eu mais gosto. – a carinha que o Felipe fez foi muito bonito. E o Nando, como era temperamental explodiu com ele.
- Você vive me dizendo isso... Se gostasse de mim mesmo, me dava seu joguinho de cartas.
- E se eu te der? O que você vai me dar em troca? – Felipe perguntou
- Isso! – Nando deu um selinho nele, e os dois se olharam cúmplices!
- Eu acho que eu te amo pra sempre! – o Lipe sorriu.
- Você é chato, mais eu também gosto de você.
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- Doutor, os batimentos do paciente pararam. Ele está tendo uma parada cardíaca.
- Meu Deus! Rápido, me passa o desfibrilador! – O Nando estava morrendo.
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-Na sala de espera, O Felipe sentiu algo estranho, como se fosse um aviso. Um aperto forte no peito, e do nada ele gritou para o hospital inteiro ouvir.
- Ele está morrendo, eu posso sentir! Ele está morrendo! – ele correu para sala de cirurgia, e adentrou com tudo. Os médicos tentavam reanimar o Nando, e o Felipe se jogou com tudo em cima do amado. A cena era realmente chocante!
- Se afaste! – pediu o médico. Vamos tentar mais uma vez. Aumente a potência.
- Nando. – ele gritou, sendo segurado pelos assistentes. Voltaa! – o desespero tomou conta.
CONTINUA...
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Enfim, a última parte será postada no próximo post. Haja emoção pra este conto. Eu fico tentando desenhar as cenas, e sofro junto aos personagens. Não percam o Final! Vocês vão gostar. Beijos lindos!