Cap.4
Me levantei de uma vez só.
- Não queria que você descobrisse assim- falei, de cabeça baixa.
- Tudo bem. Eu já tinha me acostumado com a idéia- falou ela, continuando a limpeza no meu rosto.
- Como você sabia ?- perguntei, com uma cara de dor.
- Acho que todas as mães sabem. Sempre achei que você fosse. Você não é como os outros meninos. Você era mais fechado, não jogava futebol, não trazia namoradas- falou, olhando pra mim
- Desculpa- falei, novamente abaixando a cabeça
- Porquê está se desculpando ? Isso só faz de você especial, diferenciado dos outros. Eu não tenho vergonha de você filho, e sim orgulho, por ser esse filho estudioso que eu tanto admiro. Eu te aceito assim mesmo, eu te amo assim, sempre te amei assim- olhei pra ela com um sorriso largo no rosto, e a abracei.
- Obrigado, por ser essa mãe incrível, e por me aceitar. Te amo mãe.
- Também te amo filho- falou ela, lagrimando. Não pude conter o choro, e acabei entrando em prantos- mas você tem que ter cuidado. Seu pai, não pode saber disso, ele não vai aceitar- falou ela, limpando os olhos.
- Eu sei, e eu vou tentar fazer de tudo pra que ele não saiba.
- E tem mais. Não ligue pra nada que o Roberto falou, você vai superar essa paixão, vai encontrar alguém muito melhor que aquele garoto louco, e vai ser muito feliz meu filho- falava ela, acariciando meu cabelo.
- Tá bom mãe. Agora, deixa eu ir pro quarto, tenho que ir dormir.
- Ok filho, boa noite.
- Boa noite- falei, me segurando na parede. Logo cheguei no quarto. Com dificuldade, entrei no banheiro e tomei um bom banho, tirando todos aqueles sentimentos ruins. Sai pelado mesmo do banheiro, me sentei na cama. Olhei para o espelho, estava cheio de hematomas, todo marcado de chutes. De repente, comecei a chorar- porque eu tive que me apaixonar por aquele maluco ?- falei, encolhido na cama, estava me sentindo sozinho, desprotegido, parecia que um ventinho só se tornaria um furacão, e acabaria comigo. A tristeza me consumiria naquela madrugada.
NO DIA SEGUINTE
Acordei bem tarde, estava merecendo um bom sono. Naquela hora, meus pais não estavam mais em casa. Levantei, limpei meu rosto, e vesti um short que eu costumava usar pela manhã. Desci as escadas devagar, minha coluna ainda doía bastante. Coloquei o pó na cafeteira, peguei uma maçã e fui comer. Aquele dia, era dia de aula. Eu não sabia nem como iria enfrentar aquele colégio, depois do acontecido de ontem. Fiquei na frente da TV, vendo um bom desenho, que por alguns minutos, me tiravam daquela realidade triste, e me fazia voltar a época em que eu podia ver desenhos despreocupado. O tempo passou rápido e logo eu teria que ir ao pequeno inferno. Tomei um banho, peguei meu uniforme, coloquei minha calça jeans, meu tênis, um casaco por cima de tudo. Peguei minha mochila e fui apenas segurando, minhas costas estavam doendo demais. Nem me preocupei em disfarçar aqueles hematomas. Quando ia sair, tomei um susto.
- Bu- quase morro do coração, quando me virei, o susto passou- oi
- Oi Marco Aurélio, o que você está fazendo aqui ?- tranquei a porta e fomos andando
- Vim te buscar. A partir de hoje vou vir aqui todo dia. Tá tudo bem com você ?- falou ele, pegando a minha mochila e colocando o braço no meu ombro.
- Cuidado, minhas costas doem ainda !
- Desculpa (TRILHA SONORA:BEIJO ROUBADO EM SEGREDO- TATA AEROPLANO)
- De resto, estou bem, só com um pouco de dor, e essas marcas terríveis, mas isso vai passar, o que não vai passar, é a marca que aquele babaca deixou no meu coração- de repente, ele beija o meu rosto.
- Eu juro pra você, que eu ainda vou fazer você gostar de mim, e você vai esquecer esse babaca, e a gente vai ser muito feliz juntos- sorri
- Como você consegue ser tão fofo ?- falei, mexendo na sua franja.
- É de natureza- falou, sorrindo e abrindo a porta do carro pra mim.
- Kkkkk que garoto convencido !- falei, também sorrindo. Logo ele entrou e fomos indo.
- Você dormiu bem ontem ?
- Mais ou menos, as cenas daquele acontecimento não saiam da minha cabeça, em momento algum. Consegui dormir, mas tive alguns pesadelos. Alem disso, minhas costas doeram bastante a noite.
- Como eu queria bater naquele garoto até ele chorar. Como ele pode fazer isso com você ? E o pior, eu não pude evitar ? Me sinto culpado- falou ele, prestando atenção no caminho.
- Não se sinta- falei, colocando a mão no seu rosto- você já fez muita coisa por mim, e olha que nos conhecemos a poucas horas.
Logo fomos chegando no colégio.
- Então você gosta de rock ?- falei, saindo do carro.
- Claro, muito, quem não gosta.
- Meu pai não gosta.
- Milagre- fomos andando, e todos olhavam pra mim, alguns, com olhar de pena, outros, com olhar de condenação. Me senti mais triste com aquilo, não sabia o que iria enfrentar dali pra frente. Ellen e Joaquim estavam no portão me esperando.
- Migo, você tá bem ? Nem me avisou de como estava, fiquei muito preocupado com você.
- Desculpa amiga, depois de tudo o que aconteceu, toda a escola descobrir, minha mãe descobrir, levar uma surra, eu nem lembrei de dar notícias a alguém. Pelo menos uma coisa boa aconteceu.
- O que ?
- Eu fiz um novo amigo- falei, puxando Marco Aurélio, pra apresentar- esse é o Marco Aurélio.
- Eu sei, a gente estuda na mesma sala bobão, só não se comunica muito.
- Pois é, foi ele que me ajudou a chegar em casa ontem, inteiro- Ellen chegou perto do meu ouvido, e falou.
- Tem certeza que é só amigo ?
- Claro que sim Ellen, ao menos por enquanto, porque ?
- Você está segurando a mão dele.
Continua
Gostaram ???