Sai da casa dos meus pais e fui direto pra casa da minha linda,o caminho todo pensei em tudo o que vivi durante esse um mês do nosso namoro,estávamos cada vez mais ligadas uma a outra,eu adorava tudo em Sofia,queria viver esse sentimento sem medo,sem culpa,queria poder abraçar e beijar minha namorada sem me importar se estamos em algum lugar publico,nunca me importei com o que os outros pensam a meu respeito,afinal todos somos alvo das más línguas,não seria eu imune a tudo isso,enfim.. Nunca tinha parado pra pensar se valia a pena ou não largar tudo aquilo que um dia era minha vida pra ficar ao lado dela,simplesmente porque eu sempre soube que sim,se existe mesmo esse negocio de alma gêmea e cara metade,ela é a minha,meus pais querendo ou não,eu estava disposta a viver isso.
Mas infelizmente tinha uma coisa pra atrapalhar todo esse meu plano de vida,mas precisamente uma pessoa que insistia em ficar entre nós,Fernanda. Mesmo sabendo que as duas não tinham mais contato algum por pedido da mesma eu não conseguia evitar o ciume quando Sofia falava dela perto de mim,eu via carinho e saudade em seus olhos e isso me deixava louca da vida,a linda percebia que sempre que isso acontecia eu simplesmente fechava a cara e saia de perto,eu estava conhecendo um lado meu que ate então eu nem sabia que existia,não brigávamos por isso,mas eu sabia o quanto estava sendo estupida.
Aquela tarde apos ver a maldita foto perdi completamente a cabeça,disse coisas que no momento não me importei em dizer mas que depois me arrependeria,eu queria feri-la,queria que ela sentisse pelo menos um pouco da dor que eu estava sentindo,e sem pensar direito nas consequências duvidei de seus sentimentos e acabei com tudo.
Antes mesmo de sair pelo portão da casa dela já tinha me arrependido de ter dito aquelas coisas,eu não queria ficar mal com ela,queria nunca ter visto aquela foto,meu ciume me deixava cega ao ponto de acreditar que existia algo alem de amizade entre as duas,parei e pensei,mas depois de me lembrar da foto senti uma raiva tão grande me dominar e o arrependimento ir embora,decidia a não voltar mais eu fui embora.
Ja na rua eu não sabia pra onde ir,pensei em procurar Maya mas desisti no minuto seguinte,eu precisava ficar sozinha e esfriar a cabeça,tentar pensar com mais calma em tudo o que havia acontecido a poucos minutos,foi quando vi a mesma lanchonete que eu tinha ido quando procurei Sofia pela primeira vez,impossível não me lembrar daquele dia,o beijo que trocamos em seu quarto,finalmente as lagrimas que eu tanto segurei pra que ela não as visse rolaram por meu rosto e com passos decididos atravessei a rua e entrei no local,rapidamente escolhi uma mesa mais escondida e me sentei já pedindo mesmo Whisky que tinha pedido da outra vez.
Não sei quanto tempo fiquei ali pensando na vida,eu tinha três meses pra sair de casa e agora estava sozinha,eu não voltaria a morar com meus pais de jeito nenhum,meu pai com certeza ficaria feliz em saber do fim do nosso namoro,podia imaginar seu sorriso de satisfação.
Seria fácil fingir que nada aconteceu e voltar a ser a filhinha perfeita,eu continuaria em meu apartamento ganhando tudo de mão beijada sem precisar trabalhar e continuaria com aquela vida vazia de pegação sem nada serio,até poderia funcionar como sempre foi se .. Se eu não tivesse totalmente apaixonada por Sofia.
Presa em meu drama já estava pronta pra pedir outra dose quando senti meu celular vibrar no bolso da calça,na mesma hora retirei o aparelho de dentro e vi o nome dela na tela,era uma mensagem,coloquei o aparelho sobre a mesa indecisa se lia ou não lia,antes de tudo resolvi pedir a outra dose e depois dessa veio outra e mais uma,minha visão começou a ficar embaçada,meus pensamentos voavam ate onde Sofia estava e eu podia jurar que se obedecesse minhas pernas elas me levariam até la,mas ao me lembrar da foto a raiva voltava outra vez,depois de beber sei la quantas o dono do lugar me informou que estava fechando,paguei a conta e peguei meu celular me lembrando na mesma hora que ainda não tinha lido a mensagem,decidi por fim ler de uma vez.
" EU AMO VOCÊ BEATRIZ"
Juro que na hora toda a raiva que eu estava sentindo sumiu,ao terminar de ler a mensagem senti minhas pernas bambas e meu coração acelerado,ela tinha dito tudo o que eu queria ouvir,lagrimas correram pelo meu rosto,mas estas eram de felicidade,me senti completa mais uma vez e sem pensar em nada andei a passos largos ate parar em frente ao seu portão,a casa estava toda escura,procurei pela janela do quarto dela e este também estava escuro,só então olhei as horas,01:52
-- Puta merda!
Soltei antes de dar as costas ao portão e caminhar novamente pela rua,eu estava feliz por saber que Sofia me amava,mas ainda sim tinha um problema,Fernanda! Não adiantaria fazermos as pazes se toda vez que a linda falasse esse nome eu tivesse crises como esta,mas o que fazer? eu não conseguia me controlar,mas uma vez senti raiva de ter visto aquela foto,as duas abraçadas e sorridentes,era nítido o brilho nos olhos da Nanda,talvez ela amasse Sofia a muito mais tempo do que imaginava.
A amizade entre eu e a mais nova acabou no momento em que eu e Sofia começamos a namorar,meus ciumes não me permitiam vê-la como amiga e sim como uma rival,aquela que queria minha namorada,e na minha cabeça ela faria de tudo pra tira-la de mim,trinquei os dentes com ódio da Fernanda nesse momento e quando dei por mim já estava batendo furiosa na porta de sua casa. A porta se abriu e uma Fernanda com a cara amassada apareceu por traz dela,ao perceber de quem se tratava vi seus olhos se esbugalharem tanto pelo susto,quanto pela surpresa.
-- Ta fazendo o que aqui Beatriz? isso é hora de aparecer na casa dos outros?
-- Preciso falar com você,prometo ser rápida!
Disse já passando por ela mesmo sem ser convidada,eu estava eufórica,e ainda guiada pela cachaça no cérebro,me sentei no sofá,Fernanda sem opção alguma fechou a porta e parou no meio da sala me encarando.
-- Bia ,posso te oferecer um chá ou uma água? você parece meio atordoada,já ta tarde e eu preciso..
Nem deixei que ela terminasse de falar e a cortei ríspida,com ela eu seria a Bia de antes,não seria simpática muito menos compreensiva seja la com o que fosse dito por ela,ela queria Sofia e eu tinha que deixar bem claro pra ela que Sofia era minha.
-- Eu não quero nada que você possa me oferecer,como eu já disse sera rápido,não se preocupe com a merda da hora!
Nanda cruzou os braços me olhando furiosa.
-- Então sera que da me dizer o que esta fazendo aqui?
Me levantei e caminhei ate ela parando em sua frente sem deixar de encarar seus olhos,com isso nossos rostos ficaram bem próximos,entre dentes dei o aviso a ela.
-- Vim te apenas te dar um aviso,fique bem longe da Sofia!
Minha ex amiga (e a meu ver rival),recuou dois passos pra traz me olhando como se não entendesse nada.
-- Você ta querendo me dizer que veio aqui a essas horas me acordar pra me pedir o que já estou fazendo?
Ponto pra filha da mãe,ela tinha razão,já tinha se afastado da linda,mas ainda assim eu achava que estava certa,se ela ainda estava assim é porque ainda amava Sofia e enquanto ela ainda estivesse por perto nunca me sentiria segura.
-- Você gosta dela eu sei disso,mas ela me ama e eu a amo também,não queremos você por perto pra estragar isso!
-- Você só pode estar maluca Beatriz! Esta bêbada,da pra ver e sentir o cheiro de bebida de longe..
-- Por sua causa eu estou assim,por sua causa brigamos e agora estamos separadas,se eu bebi não importa a você,apenas faça o que eu estou dizendo,fique longe dela!
Eu estava fora de mim,perdi completamente o controle,Nanda tentou segurar meu braço afim de me acalmar em vão,me desfiz de suas mãos e simplesmente desabei no sofá chorando copiosamente,eu estava com medo,medo de perde-la pra sempre,mesmo depois daquela mensagem,eu havia dito coisas que ela não merecia ouvir,tinha sido estupida e estava sendo mais uma vez,antes que Nanda pudesse chegar perto me levantei e caminhei em direção a porta,antes de sair me virei pra ela e pedi.
-- Eu não estive aqui,por favor não conte a ela! - E sai.
Eu estava me sentindo estranha,a bebida tinha me ajudado a fazer toda aquela bagunça,mas eu estava consciente,sabia muito bem o que estava fazendo,era muita merda pra uma noite só,resolvi ir finalmente ao meu apartamento esfriar a cabeça,estava decidida a procurar minha amada no outro dia,por hora precisava mesmo era de dormir.
Acordei com a luz do dia nos meus olhos,a janela estava aberta,achei engraçado pois não me lembrava de te-la aberto,ignorei completamente a claridade cobrindo a cabeça,mas levei um susto quando senti alguém se sentar em minha cama.
-- AAAAAAAAAAAAAAAAAhhhh!- o susto foi tão grande que eu dei um pulo da cama gritando e assustando também o enxerido,ou melhor dizendo,a enxerida que estava em meu quarto,depois de refeita do susto mas ainda nervosa pela visita inesperada me sentei novamente em minha cama olhando curiosa pra Fernanda que ainda estava vermelha pelo susto tomado também.
Ficamos durante um tempo nos encarando,ate não suportarmos mais e ai sim foi estranho,começamos a rir,tivemos um ataque de risos,a cena toda foi hilaria.
-- Caraca,você foi parar do outro lado da cama- Nanda falava se contorcendo de tanto rir,eu não estava diferente dela,paramos juntas quando já estávamos com lagrimas nos olhos.
-- Veii achei que fosse um fantasma que veio puxar o meu pé!
Voltamos a rir tudo de novo,ta confesso,eu morro de medo desse negocio de espíritos,alma penada que vem no meio da noite atormentar,odeio filmes de terror,sou cagona mesmo!
-- De manha Bia?
UÉ,e fantasma tem hora pra aparecer? eu pensei,não perguntei,mas me conhecendo muito bem Fernanda já sabia o que eu tinha pensado,sem dizer nada ela ria mais ainda.Quando já não aguentava mais perguntei.
-- O que ta fazendo aqui?
-- Antes de tudo,eu ainda tinha aquela copia da sua chave Bia.
-- Eu sei.
-- Eu vim falar com você,vim falar sobre a merda que você ta fazendo!
Me levantei da cama incomodada e caminhei sem direção pelo quarto.
-- Isso é estranho,mas você ta parecendo a Sofi quando ta nervosa andando de um lado pro ou...
O meu olhar fez que com que ela interrompesse o que estava dizendo,parei de andar no mesmo instante em que ela se levantou.
-- Que merda eu estou fazendo?
Eu já sabia! mas queria ouvir dela,queria saber o que ela faria se estivesse no meu lugar,mas nunca imaginei que ela fosse me dizer tudo o que me disse,ela respirou fundo e começou.
-- Eu acabei de vir da casa da Sofi e ..
Arregalei os olhos sentindo um gelo subir pelo corpo,cortei Nanda incrédula,ela foi mais rápida do que pensei.
-- Você já foi contar sobre ontem pra ela?
-- Deixa de ser besta! não contei as coisas que você me disse,nem que apareceu as duas da manha bêbada,muito menos que..
-- Ta ta já entendi! eu me lembro,não precisa me contar!
--Calma! solta as pedras,eu não vou roubar Sofia de você!
-- Ah mais não vai mesmo!
-- Cala a boca e me escuta Beatriz!
Nuss.. ela nunca falou comigo desse jeito,fiquei quieta e deixei que ela terminasse o que tinha pra me dizer.
-- Eu fui la dizer pra ela vir atras de você..
Ela ficou me encarando na espera que eu dissesse algo,mas eu não sabia o que dizer,Nanda veio ate onde eu estava e segurou em minhas mãos,sentamos as duas novamente em minha cama e olhando em meus olhos ela continuou a falar.
-- Bia,nos eramos amigas,e eu sinto falta da sua amizade,não queria que você tivesse essa raiva toda de mim. Não foi fácil pra mim procurar a minha prima hoje cedo e dizer a ela pra vir atras de você,porque seria bem mais fácil tentar conquista-la agora que vocês terminaram,eu sei que qualquer pessoa no meu lugar faria isso,era o que eu queria,mas Sofi não vê em mim o que ela vê em você,ela me vê como uma irmã e nunca em hipótese alguma haveria algo a mais entre a gente,enfim.. ela te ama e você tem que deixar de ser idiota e parar com esses surtos,até parece um louca Beatriz!
Antes mesmo que ela terminasse de falar eu já estava chorando,soltei de suas mãos pra secar as lagrimas e ela sorriu.
-- Bem que me disseram que você não era a mesma de antes,ta até chorando!
Grandes coisas,todo mundo chora,se bem que era a primeira vez que alguém me via assim.
-- Levanta dai e vai tirar essa cara de mosca morta que daqui a pouco Sofia esta ai,eu vou indo.
Ela se levantou e caminhou em direção a porta mas antes que ela saísse eu chamei.
-- Nanda!
-- Oi?
-- Também senti sua falta!
-- Eu sei,eu sou insubstituível.
Piscou pra mim e saiu me deixando com um sorriso bobo nos lábios.
