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Ele olhou para mim, parecia estar triste. Mas chacoalhou a cabeça e mudou de feição de uma hora para outra.
- Não sabia que esses viados eram tão sentimentais assim – disse sorrindo. Levantou-se e foi até a cozinha. Eu o segui.
- Você ainda não respondeu. O que houve?
- Você ainda não entendeu... Beleza, irei explicar de forma rápida e simples – ele bebeu a água que havia colocado no copo – Eu comia os dois e agora eles sabem disso. Brigaram feito duas mulheres por mim hahaha.
- O que? – perguntei.
Não acreditei no que ele havia falado, logo ele que bancava o homem com h maiúsculo transou não só com um, mas com dois homens, isso até onde eu sabia. E o pior de tudo era saber que o Marvin estava envolvido, eu precisava ir falar com ele, perguntar como ele estava. Mas antes resolveria com o meu irmão.
- Você dizia que sentia nojo do que eu fazia e agora fez. Você é bem hipócrita não é? – disse sério, mas ele continuava com um sorriso.
- Eu só como, diferente de você que deve dar essa sua bunda. Nojento! – disse tirando o sorriso do rosto.
- HAHAHA você além de hipócrita é ignorante. Não importa se você come ou dá. Sabe o que você é? Agora eu vou falar de forma bem rápida e simples... VO-CÊ É GAAAY! – falei alto e silabicamente.
Senti meu rosto arder, ele havia me dado um soco. Eu peguei em seus braços e o joguei, ele atravessou a porta e ficou no chão do corredor batendo a cabeça na parede. Caminhei até o seu encontro e o levantei segurando pelo braço. Levei ele até o sofá e o joguei novamente. Ele ficou sentado me olhando meio espantado. Eu fiquei andando de um lado para o outro me martirizando por ter batido no meu irmão, mas era necessário. Eu comecei a formar um discurso, ele precisava parar com o seu preconceito e eu não sabia como reeducar um marmanjo.
- Okay, Jacob. Vamos falar de homem para homem! – ele olhava para a escada atrás de mim, me ignorando – Olha para mim porra! – disse um pouco mais alto e ele finalmente olhou para mim – Você é um moleque preconceituoso. Eu entendo e sei quem te educou, mas isso tem que mudar! Ele te abandonou, você continuará seguindo o que aquele doente ensinou para você? Olha em volta, Jake, o mundo não é o que ele te disse. Qual é? Você é um professor! Deveria ser sábio e respeitar a todos.
- E respeito, só quero distância... – disse baixo.
- Como é que é? Hahahaha você quer distância, mas está transando com homens? Não no singular e sim no plural, homens! – ele ficou calado – Em que era você vive? Por favor, você não tem mais que se enganar, Jake. Eu senti o mesmo. O Douglas não está mais aqui para te repreender por algo que você quer. Apenas permita-se a ser quem você é e seja feliz por isso, ninguém é obrigado a ser igual, mesmo porque não existe padrão. Não existe normal.
Ele pareceu pensar, mas era muito difícil saber o que ele pensava, não dava para decifrar, desde quando eu o conheci ele sempre foi bastante fechado, acredito que por consequência de ter sido criado e por ter vivido com o nosso pai. Sempre tinha que ser do jeito dele, deveríamos fazer o que ele achava certo, ele nunca nos deu opção, nem caminho, nos davas obrigações. Douglas é o nome do nosso pai.
Estávamos calados ainda quando o Gui abriu a porta e entrou sorridente até nos ver. Ele olhou para a bagunça e em seguida me analisou perguntando se eu estava bem, ele olhava para o Jake como se já soubesse que ele havia feito besteira. Eu disse para o Jake arrumar toda aquela bagunça, ele não se contrapôs a minha ordem e começou a arrumar tudo. Chamei o Gui para o meu quarto e lhe contei tudo que havia acontecido, ele pareceu entender e perguntou sobre o outro garoto, esqueci-me dele.
- Jacob, o outro garoto... – iniciei para ele continuar.
- Ele é o garoto que eu dou aulas de inglês, mora a poucas casas daqui e é maior de idade.
Agora fazia sentido o meu carro parado dias atrás em frente à casa. Era a casa do tal garoto. Senti um alívio ao saber que ele era maior de idade, a besteira foi menor do que poderia ter sido. Mesmo assim não perdi a oportunidade de brigar com ele. Pode parecer que eu fui muito chato com ele, mas a verdade é que eu fui mesmo. Ele era mais meu filho do que um irmão. Já sabia que ele era problemático, mas eu faria o que pudesse para “educar” ele. Ainda disse que ele teria que pedir desculpas para os dois, aí sim ele fez birra, mas eu fiz mais um discurso e ele entendeu. Persuasão!
O Gui e eu começamos a levar as coisas dele para o nosso quarto. Quando terminamos fomos tomar banho, eu fiz um almoço rápido (macarrão, sempre o macarrão salvando-nos). Todos nós comemos, incluindo o Jake. Conversamos pouco, ele parecia estar triste de verdade, o Gui me olhava e debochava um pouco por eu ter feito tantos discursos. Assim que terminamos o Jake lavou os pratos e o Gui enxugava.
Eu avisei que iria na casa do Marvin, claro que o Gui ficou com os charmes dele, mas eu o convenci de deixar de besteira e fui. Estive poucas vezes na casa do Marvin, aliás, só ia lá para deixa-lo quando o buscava na faculdade e/ou quando ele estava bêbado. Os pais dele me conheciam e sempre me trataram bem. Eles deixaram-me entrar e disseram que o Marv estava no quarto. Fui até lá e bati na porta. Ele não respondeu, a porta estava destrancada então eu simplesmente entrei.
Ele estava dormindo, apenas de cueca e estava frio. Sentei próximo dele e passei minha mão no seu cabelo. Ele foi acordando lentamente até notar que era eu que estava ali com ele.
- Vocês se parecem tanto... Posso dar um soco em você? – disse sonolento.
- Na barriga eu até deixo – disse sorrindo. Ele também riu e me abraçou.
- Você está quentinho, deita aqui – eu me deitei e ele me abraçou – Acho que as coisas sempre darão errado para mim...
- Obvio que não, meu amigo. Olha a minha história, era para eu estar muito ferrado, mas as coisas estão se resolvendo. Sei que não pude te atualizar, mas já estou morando com o Gui – disse e sorri.
- Como assim viado? Me conta tudo! – falou empolgado.
Lhe contei toda a história desde a aparição do Thiago, até o momento que o cheguei em casa. Foi aí que ele travou. Ele estava muito feliz enquanto eu falava.
- Por que você não me contou o lance com o meu irmão?
- Porque aquele enrustido pediu para que eu não contasse... Eu estava começando a gostar dele. Nós nos víamos sempre que você estava no trabalho. Acho que era isso que eu gostava naquele outro inútil, o prazer do proibido... Enfim, deu no que deu. Eu me arrependi de ter batido no garoto, mas ele veio me chamar de bicha fura olho, aí não dá né? – eu ri.
- O garoto pelo menos é maior de idade...
- Não parecia...
- Também pensei que não... Ele quer se desculpar contigo – disse e ele saiu dos meus braços.
- Quer se desculpar é uma porra. Aposto que você que fez ele querer, estou certo? – eu demorei mas afirmei com a cabeça – Esperava... Vou quebrar a cara dele se ele vier, avisa ele.
Nós conversamos mais um pouco, por sorte ele não estava tão apaixonado pelo meu irmão e depois dessa eu tinha certeza que o Marv não daria mais papo para ele, azar do meu irmão.
Voltei para casa e assim que cheguei o Gui estava sentado no sofá comendo batata, ele me olhou e virou o rosto para a televisão. Me joguei e do lado dele e tentei pegar uma batata, ele esquivou o pacote de mim e me olhou com cara feia.
- Oxi meu bebê ficou com raivinha – falei fazendo aquela vozinha irritante que ele odeia haha. Tentava beijar ele, mas ele afastava.
- Vai fazer essa vozinha escrota pros teus machos.
- Estou fazendo para o meu único macho. Eu te amo tanto – disse voltando a irritar ele.
- Ai, meu Deus, dai-me paciência, por favor!
- Hahaha, ô meu amor, eu estava só dando ombro amigo para o meu melhor amigo.
- Notei que deu o ombro, está até com o cheiro dele... E eu espero que tenha sido só o ombro mesmo.
- Hahaha besta – disse e ele finalmente me deixou beijá-lo, ficamos nos beijando por um tempo – Gui, estava pensando em nós sairmos para jantar, para comemorar.
- É uma boa mesmo, amor – disse e me beijou tirando meu ar, assim que nos separamos ele sorriu para mim.
Ficamos assistindo televisão até ficar um pouco mais tarde e fomos nos arrumar. Nós iríamos em um restaurante não tão chique. Agora vou descrever em uma palavra de como ficou o meu quarto depois das coisas do Gui: irreconhecível. Sério, era muita coisa espalhada por todos os lugares, eu não encontrava mais as minhas coisas, meu armário era mais dele agora. Ele até disse que com o tempo ele iria arrumando, mas vocês sabem, somos homens.
Enfim, nós nos arrumamos e ele disse que preferia ir no carro dele, já que ele não queria beber. Eu concordei e nós fomos. No caminho nós conversamos coisas banais. Ele tem mania de dirigir com a mão na minha coxa, não sei se é só comigo, mas ele tem essa mania.
Chegamos no restaurante e sentamos em uma mesa para dois, próximo da janela, o Gui que pediu. A janela dava vista para uma praça, tinha uma fonte bonita também, ficamos conversando e tomando vinho, por fim ele quis sim beber.
Estávamos decidindo onde passaríamos o réveillon, seria nossa primeira viagem juntos, primeiro natal, primeiro réveillon, etc. Ele queria sair do Brasil, optamos pela França. Sonhos... Lembrei que possivelmente já estava demitido, mas preferi não tocar no assunto, só naquele dia haviam acontecido muitas brigas e confusões. Fora que ainda havia o Arthurzinho, entre vários outros pontos importantes para serem pensados novamente.
Enfim, já estávamos jantando quando fomos interrompidos.
- Que bonitinho... – disse sorrindo.
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Olá meus fofos, dessa vez não demorei nada. Espero que vocês tenham gostado da minha decisão, caso contrário, só deixar sua opinião aí em baixo.
E eu imagino o "garoto que saiu da casa no skate" (que possivelmente vai se chamar Eduardo porque eu gosto muito desse nome) assim: http://imgur.com/sVaZD72
Quem entende de moda sabe quem é esse rapaz, quem não, é o Francisco Lachowski, acho que esse é o nome, o Cadu acabou de soletrar assim, então é.
Venho com novidades dessa vez, finalmente criei um e-mail para falar com vocês. Não vou poder responder sempre, mas tentarei. Bom, aí está: patrickgms@outlook.com
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. pedrolima03, erroooou, errou tudo dessa vez hahaha. Primeiro, agradeço sempre todos os seus elogios, amigo. Adoro mesmo. E sim, eu o entendo porque os sofrimentos que eu descrevo certamente já aconteceu comigo ou com algum próximo. Segundo, hahaha não, não é Bahia, mas próximo! haha. De qualquer forma, deixei o e-mail aí, cara! Abraços.
. nunocapixaba, a minha ideia desde o começo foi deixá-los sem unhas MUAHAHA, lamento por isso hahah. Espero ter matado a sua curiosidade. Obrigado!
. Alguem93, não satisfeito em arrumar um macho, eu arrumei dois hahaha. Aprovado? Sobre triângulo... Meio dificil de acontecer, mas vou deixar rolar haha.
. geomateus, matei a sua curiosidade? espero que sim haha.
. Neguinha_evangélica*, e aí? Ele curte? Adoooooro! hahahahaha. O que você manda, para mim é ordem, flor haha. Abraços!
. CrisBR1, muitas águas para rolar ainda, espero ter matado um pouco a curiosidade. Obrigado! deixo aqui meus parabéns pelo seu conto também, muito bom! Eu adorei de verdade e já estou acompanhando.
. Gui/Luiz1001, tudo que já estar ruim pode piorar (ou quase isso. Sou péssimo com ditados haha). Notei que você também escreve, assim que tiver um tempo prometo ler também :) Abraços!
. Ru/Ruanito, hahaha, toda história merece um pouco!
. GUINHO, espero ter acabado com sua curiosidade e ter criado mais uma hahaha. Abraços!
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Obrigado a todos que acompanham. Desculpem-me os erros. Até a próxima.
Abraços a todos!