Ele me lançou um olhar de surpresa, que dirfarçou rapidamente e abriu um sorriso.
- Ora, e porque não? - Perguntou.
- Sei lá, você é bem legal, querendo de novo, só me chamar que vou. Certo? - Não queria soar tão oferecido como soei, fiquei com uma curiosidade sobre ele e queria conhecer ele melhor e o sexo com ele foi bem gostoso também.
- Pega meu Whatssapp, a gente fica em contato. - Falou ele me dizendo o número, que digitei no celular, deu um beijo no rosto dele e desci.
A noite já estava alta, olhei no celular e estava passando das 22 horas. Subi as escadas devagar, uma dor nos joelhos estava forte e eu acho que foi de ficar tanto tempo de quatro dando e chupando pinto. Quando cheguei na minha porta, coloquei a chave na fechadura e já estava aberta, puta que pariu, minha mãe havia chegado.
Abri a porta e me deparei com ela vendo TV na sala.
- Boa noite, Senhor Caleb. - Falou me olhando inquisidora. - Espero que tenha uma boa desculpa para esse sumiço.
- Mãe, porque a senhora não me ligou, não avisou nada.
- Então é isso que você faz com a liberdade que te dou? Desaparece no meio do mundo?
- Eu estava na Nat.
O olhar sarcástico dela deixou claro que ela tinha encontrado a Nat.
- A Nat estava aqui e ela também não sabia o seu paradeiro, nem ela nem o garoto da vizinha, que disse que já te conhecia também.
- Desculpa, mãe. Eu sai com uma pessoa.
- Está vendo, não precisa mentir. - Falou ela rindo levemente. - Tem pizza na cozinha, vai jantar.
Minha mãe sempre foi um pouco bipolar, muda de humor bem rapidamente. Ela nunca foi de me prender em casa, deve ter começado a conversa para ver se eu mentiria. Fui para a cozinha e comi um pouco de pizza só para ela não encher achando que eu estava dormindo com fome.
Quando voltava pela sala para ir para o meu quarto ela novamente me interrompeu.
- Ah, você conheceu a mãe do Ahnrí e a esposa?
- Sim, dei água a eles quando se mudaram. São gente fina, a senhora se incomoda de morar do lado de um casal gay?
- Claro que não, é a coisa mais chique do momento. Me sinto no primeiro mundo. - Respondeu ela rindo. - O filho delas é também?
- Acho que sim. Tô doido pra pegar ele, é meu número.
- Ele me pareceu um garoto super sério. Não tirar onda com a cara dele. - Falou ela rindo.
- Que é isso mãe? Cadê o respeito comigo? E eu lá sou de tirar onda com ninguém.
- Respeito é uma surra de cinto para você tomar jeito. Eu te amo e faço tudo por você, mas sei que você não vale nada. - Soltou ela junto com uma sonora gargalhada.
Fiz uma careta para ela e fui pro meu quarto. Talvez eu não valesse nada mesmo. Minha mãe achava que eu era um devasso, que só pensava em sexo e não queria relacionamento, mas o fato é que eu não via nenhuma perspectiva de relacionamento, todo cara que já me relacionei só quis sexo, mandar ver no meu rabo e ir embora. Para mim amor e carinho não eram coisas que eu deveria esperar de um homem, devia esperar apenas rola e sêmen para não me decepcionar, porque isso eles nunca me negaram. Mal sabia isso naquele momento, mas aquele dia foi exatamente o começo de um evento que me fez mudar completamente minha visão a respeito disto.
Minha mãe sabe que sou gay desde os 13 anos, na verdade ela sabe bem antes, pelo meu comportamente, mas foi com 13 que assumi diretamente pra ela. Certa vez ela chegou do trabalho e eu estava transando com um colega do colégio, estava deitando na minha cama com ele em cima de mim mandando ver no meu traseiro. Minha mãe ouviu o barulho e sem pensar muito abriu a porta. Eu quase morro de vergonha e o garoto praticamente perdeu a voz de susto, se vestiu e saiu correndo. Fiquei olhando sem saber o que dizer para a minha mãe, joguei um lençol por cima da minha bunda nua e esperei desde uma pisa até ser expulso de casa. Ela sabia e aceitava minha homossexualidade, mas não é fácil calcular a reação de uma mãe ao ver seu único filho dando a bunda para outro homem. Mas ela pediu desculpa, envergonhada também e aquela situação fez com que perdêssemos os pudores de falar dessas coisas, criamos mais intimidade. Ela sabia quando eu saia para ficar com algum garoto e não se importava que eu transasse em casa, ela só se incomodava mesmo com o David, porque desde que eu tinha 14 ele tinha certas atitudes comigo que ela reprovava por ele ser bem mais velho. Ela não sabia que aos 16 eu tinha finalmente cedido aos assédios dele e transado e se ela sequer imaginar que eu fiz um ménage com o David e outro cara, também com bem mais idade que eu, acho que ai sim ela ficaria extramamente brava.
Mas o que os olhos não veem o coração não sente, pensei nisso e fui dormir.
No outro dia pela manhã fui novamente com o Ahnrí.
- A Nat está chateada com você. - Falou ele no caminho.
- Ué, porque?
- Ela veio no condomínio e você sumiu, mas foi bom que a gente conversou muito, ganhei uma nova amiga. - Riu ele.
- Que bom, eu tive um compromisso sabe.
A Nat me evitou o a manhã inteira, mas quando estava saindo para ir embora com o Ahnrí senti alguém me abraçando por trás, quando me virei era ela.
- Porque eu não consigo ficar com raiva desse viado muito tempo hein? - Ela falou rindo.
- Desculpa amiga. - Falei com ar triste. - Eu tive que ir resolver uma coisa.
- Um problema de ânus neh? - Ela riu.
- Me respeita rapariga. - Falei dando um leve empurrão. O Anhrí riu também e caminhamos juntos até a saída da escola, quando a Nat pegou o ônibus para ir para casa.
Naquele dia a atração que senti inicial pelo Ahnri pouco se manifestou, estava vendo ele bem como um amigo mesmo.
- Ahnri. - Falei ao chegarmos na entrada do nossos AP’s. - Vamos assistir um filme juntos ou qualquer outra coisa? Pra compensar minha falta ontem?
- Claro. Posso bater na sua porta às 14?
- Pode. - Confirmei abrindo a porta e entrando.
Escolhi uma das várias caixas de comida semipronta no refrigerador e esquentei, almoçei, tomei um banho e fui me deitar ouvindo música. Antes que passasse muito tempo, ouço uma batida na porta e é o Ahnrí.
- Entra aí. - convidei. - Vamos pro meu quarto.
Costumo receber os amigos no meu quarto porque minha cama é de casal, dá pra ficar deitado confortavelmente conversando ou vendo filme na TV do meu quarto, que é do mesmo tamanho da TV da sala. Chegando no quarto falei com ele novamente.
- Escolhe aí, que filme a gente vê?.
- Você disse que a gente podia fazer filme ou fazer qualquer outra coisa. Prefiro o qualquer coisa coisa. - Falou ele me encarando de uma forma tão intensa que até fiquei envergonhado.
- Que coisa você quer fazer? - Sussurrei baixinho dominado pelo seu olhar.
- Essa. - Respondeu ele me segurando pelos ombros e pressionando meu corpo contra a parede enquanto invadia minha boca com sua língua ávida e me dominava com seus lábios grossos.
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Gente pelo fim de semana é só, retorno segunda feira à noite. Queria falar a vocês que esta história é baseada em várias histórias reais que já vi. Existem muitos gays que só veem sexo na vida, não que sejam devassos, é apenas porque é o que a vida mostra. Todos sabem que quando um garoto gay está descobrindo a sexualidade, não faltam "machões" que caem em cima querendo se aproveitar da situação para usufruir sexo. O garoto muitas vezes é lançado em um turbilhão disso e não sabe nem diferenciar o que é sentimento de verdade. Sou da opinião de que no fundo, todo mundo só quer ser amado de verdade, mesmo aqueles que parecem só pensar em sexo é porque de alguma forma se desiludiu com o amor, deixou de acreditar, foi muito ferido e tal.
A História de Caleb é uma homenagem a esses garotos. O Caleb é um garoto que teve uma iniciação meio difícil e traumática (ainda vou contar isso) já foi muito usado e passou a se defender não se envolvendo emocionalmente com ninguém, ele acha que não existem caras que podem amá-lo. A história é exatamente sobre como ele vai aprender a acreditar em amor novamente, a aprender que a vida não tem só um bando de encubado FDP querendo comer ele a jogar fora, que existem caras que querem relacionamento e que vale a pena lutar por esses relacionamentos.
Um grande abraço a todos e muito grato pelos comentários.
Kahzim (Ian).