Antes das seis II

Um conto erótico de Carpenter
Categoria: Homossexual
Contém 714 palavras
Data: 07/07/2014 20:59:18
Assuntos: anos 50, Gay, gays, Homossexual

Não há um momento,uma circunstância exata que marque o princípio de tudo.Desde que o conheci,aos seis anos,já me semtia integrado a ele como líquen à pedra.Éramos vizinhos de chácara,sendo a propriedade da mãe dele duas vezes maoor,mais bem estruturada e lucrativa do que o pequeno algodoal que o meu pai cultivava.Era ruim admitir que no começo eu sentia um tanto de inveja daquele garotinho alourado,de pulôver,carrinho de madeira na mão me convidando para brincar.Minha madrinha e ama,a Dita,assando o pão para o lanche do pai e do mano que lidavam com a roça,me instava a ir com ele,até que eu aceitava.

Seguindo-o pelo carreadouro do pomar,imaginava se na casa dele os adultos se embriagavam como na minha,se pai e filho discutiam aos berros algumas noites,se o irmão dele era calado à base de socos ou uma bordoada nas costas vinda do "cajado do capeta",o comprido pau nodoso que ficava ao canto do fogão e do qual eu tinha medo,pois o vira muotas vezes arremetido nas costas do mano durante as violentas discussões de sábado à noite.

Fernando era orfão de pai e tinha um irmão que andava pelos dez anos(estranha e taciturna criança asmática,proibida de brincar com os outros).Via-o sempre com o olhar tristonho,na varanda,vendo o mais novo brincar comigo no gramado limpo da casa deles.As vezes,trazia uns cadernos para a área e então desenhavamos com ele,mas por pouco tempo;era ainda analfabeto aos dez,mas a mãe prometia para logo um professor particular,pois sua educação ia tardando.Eu frequentava o Grupo Escolar da cidade junto do Fernando e todas as manhãs íamos e voltávamos na charrete da mãe dele,conduzida por um empregado.

Durou bastante aquela fase onde,cessada a inveja dos primeiros tempos,eu me encontrava nele,dormia e acordava pautando meu dia pelo dele.Achava admirável aquele menino forte e corado subindo na mangueira com destreza,correndo na grama,armando arapucas para apanhar canários e chupins com uma engenhosidade da qual eu não seria capaz.No riacho esverdeado ,meio sujo da propriedade do pai,ele mergulhava com vigor,aos risos,gritando para que eu viesse tambem.Porem,me recuperava duma gripe forte e se o pai soubesse dessa extravagancia me colocaria de cama outra vez,mas de tanta surra.

Abafado,esbraseante,o dia se ia por detrás da mata escura onde a orquestra correta de cigarras azucrinava os ouvidos.Fernando saia da água,a cueca de pano grosso e listrado colada a ele,como outra pele,coberta de ciscos do rio.

-Água boa--ele dizia,sentando na pedra quente ao meu lado.

Não me sentia estranho ou culpado por,à noite na cama,ouvindo no quarto ao lado o mano roncar,ficar pemsando naquela cena da cueca encharcada dele,quase esverdeada,moldando-lhe as partes íntimas.Pensava sem querer e sem proposito nisso,bem como naquela tardinha em que apanhamos laranjas para os lados do galpão.Na escadaria do lado de fora ficamos sentados,ele me abraçando por trás porque tinha medo daqueles casos de fantasma que eu gostava de contar.Escurecia e ele ouvia quieto as historias,contadas bem baixinho;me apertava forte,o rosto apoiado no meu ombro.Tremia um pouco,apesar do clima morno.

-Termina outro dia.Amanhã cedo!Não quero saber mais--ele murmurou,sentido.

Ri dele,mas estava sobretudo atento ao odor peculiar de seu suor,de seus cabelos que constituiam grandes cachos fulvos e revoltos,perto demais de meu rosto.Exalavam um cheiro amargo.Naquela tarde,apesar do final do caso aterrorizante que lhe contara,ele demorou mais um pouco a se desgrudar de mim,parecia olhar as estrelas que surgiam,miudinhas no céu quase azul marinho.Acariciou meu braço devagarinho,olhando para cima e senti,não pela primeira vez,meu sangue gelar e esquentar alternadamente nas veias.

-Se eu me concentrar na beleza do céu,esqueço dos fantasmas--disse ele,num riso preguiçoso.

Seu calor,unido ao meu,me impediu de responder,me amorteceu por uns minutos.Aquele pedaço de céu estrelado,cada vez mais escuro,me pareceu de encanto novo e pleno.

Mais uma vez,desculpem eventuais erros,a enrolaçao,o texto prolixo,etc,etc...Até o proximo!

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Comentários

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Olha serio... ja felei que consigo sentir noire na forma que vc conta, consigo me enxergar sentado de longe olhando tudo acontecer. vc escreve muito muito bem. vou continuar lendo td que vc escrever :************

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Cara. Estou gostando. Assim, você marca inocência quando narra a história. A descoberta dos sentimentos. É bonito isso. Não sei como estão os outros capítulos, mas vou comentar em todos para marcar a minha leitura. Olhando de forma mais atenta. O texto não é confuso. Acho o que eu que tenho dificuldade mesmo de manter o foco. São tantas palavras se complementando de forma coerente e bem colocada. Mas que pra mim, me fazem perder o foca o que me faz perceber que talvez o problema seja comigo. Tipo sempre tive dificuldade de compreender textos assim porque tem esse lance de DDA – então para ler, sempre tive que por o máximo de atenção para conseguir entender o significado das palavras, porque qualquer dificuldade de compreensão minha cabeça perde todo o texto. É por isso que normalmente procuro escrever de forma simples, até mesmo pra poder entender o que escrevo. Mas ainda assim, a Sua é uma escrita meio rebuscada. É um tipo de leitura que ficaria excelente para um livro. Daqueles que você tira um tempo especial para saborear as palavras.

Só pra finalizar. Seu texto é bom Irish. Gostaria que deletasse meu primeiro comentário do capítulo um, porque estou um tanto presunçoso.

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