No outro dia...
Lucas acordou e estirou o braço mas sentiu que Tony já não se encontrava mais lá.
Enquanto isso... Tony acordou mais cedo para encontrar Samanta ainda em casa, queria saber da história direito.
Tony: Samanta?
Samanta: Oi.
Ambos estavam na cozinha, Samanta fazia café.
Tony: Pode me contar a história da tempestade direito?
Samanta: O Lucas te contou? Eu ví que ele dormiu com vc! Ele sempre dorme com a gente em noites de tempestades, mas pelo visto ele já está confiando muito em vc também.
Tony: Fico feliz com isto. É ele me contou tudo, mas é o que ele lembra... Me contou que quando acordou contaram que havia batido a cabeça...
Samanta: Foi mais grave que isso! Havia hematomas, na verdade os garotos bateram nele antes de tudo. Muito feio. O pai dele e eu processamos os pais. Foi caso de justiça, o garoto era transtornado, teve que fazer terapia, não era só o Lucas que ele intimidava, não gosto nem de lembrar desse tempo, meu Lucas quase entra em depressão.
Tony: Não consigo entender como existe alguém assim. O Lucas é tão maravilhoso! Como jugar alguém antes de conhecer só pela sua deficiência ou aparência? Que triste!
Samanta: Sim... Não gosto de pensar que meu Lucas pode passar por isso. Ele é tão indefeso, vulnerável sabe? Não gosto nem de pensar...
Nesta hora Samanta ficou com seus olhos marejados e Tony a abraçou comovido. Então ela se afastou e disse: Bem, tenho que trabalhar, não é hora para tristeza, não é mesmo? – E foi retirando-se.
Lucas chegou na cozinha...
Lucas: Tio, hoje vou encontrar uns amigos. Quer ir?
Tony: Claro!
Lucas: Legal... Vou falar com a Nessa.
Tony: Lucas... Você usa o telefone, digo, celular?
Lucas: Sim. Bem, tem que ser um celular simples, com as teclas contadas, se for destes modernos não dá! Gravo os números na cabeça e os principais estão em discagem rápida.
Tony: Legal. Para adivinhar as teclas vc sente e conta não é?
Lucas: Sim. Vou ligar para ela.
À tarde...
Lucas: Tio, vamos?
Tony: Claro! Vamos onde?
Lucas: Numa pracinha aqui perto. Eu e meus amigos sempre nos encontramos lá.
Tony: Tenho umas coisas para te perguntar... Mas vamos deixar para depois.
Lucas: Ok.
Tony pegou o carro do pai de Lucas que estava na garagem e ambos saíram.
Chegando lá...
Vanessa: Lucaaaaas estamos aqui...
Lucas foi andando para onde a voz de Vanessa estava... Tony estava saindo do carro...
Vanessa: Tá todo mundo vindo, só estamos aqui o Greg e eu. A Ashley tá vindo e a Emily também.
Tony: Poxa Lucas nem para me esperar?
Lucas: Gente esse aqui é meu tio Tony.
Vanessa: Putz... Quando você me falou que iria trazer seu tio, imaginava um velho! – Vanessa era linda, cabelos negros, longos, morena canela, olhos mel, magra e muito simpática.
Todo mundo caiu na risada.
Vanessa: Pode me chamar de Nessa ok?
Tony: Não me chame de Ton porque eu odeio.
Greg: Acho meu nome feinho... Prefiro Greg mesmo kkkkkk...
Lucas: Todos me chamam de Luc... Eu gosto.
Tony: Vc é meu bebê. E só eu posso te chamar assim.
Vanessa: Me mate... As vezes eu também chamo meu bebê assim.
Tony: Pois agora está terminantemente proibida!
Todos riram.
Ashley se aproxima... Ashley é loira, cabelo longo, franjão caído no rosto para o lado, branquinha, magra, olhos castanhos. Encarou Tony que parecia que iria come-lo com os olhos.
Ashley: Olá gente?
Nessa: Olá Ash? Este é o tio do Lucas... O nome dele é Tony.
Tony: Olá – Ambos deram as mãos.
Emily chegou logo depois, ela tinha cabelos até os ombros, vermelhos que a mesma gostava de tingir, lisos e usava franginha, tinha um pircing no nariz, seus olhos eram negros e puxados pois a mesma tinha aparência japonesa, era bem branquinha e magrinha, também não era muito alta, tinha uma tatoo no pescoço onde dizia Kiss me. Adorava se vestir com roupas estilo roqueira, calças rasgadas, camisetas onde sempre tem palavras ou frases de impacto, etc.
Emily: Olá...
Todos: Oi Emy.
Vanessa: Este é o tio do Lucas.
Emy: Oi pode me chamar de Emy ok?
Tony: Ok. Mas não me chamem de Ton.
Todos riram. Conversaram bastante. Era visível e audível para o Lucas e para todos as investidas de Ash encima de Tony. Ashley já sentava perto dele e alisava seu braço.
Lucas: É gente eu vou comprar um sorvete. – Na verdade Lucas não estava nem aí para sorvete nenhum. Só queria sair dalí para não ver mais seu tio retribuindo as investidas da Ash. Afinal, Ashley sempre dava encima dos garotos, bastava ser bonito ela investia, não era uma galinha, mas se achasse que realmente valia a pena, dava mesmo encima. Mas ficou muito surpreso do seu tio está retribuindo.
Lucas voltou com o sorvete.
Tony: Oi bebê, me dê um pouco. - Pegou a colher e comeu um pouco.
Ashley: Tony posso falar com vc a sós por favor?
Tony: Claro!
Nesta hora Lucas ficou muito tenso.
Vanessa percebeu e ficou olhando para os dois de longe. Ashley passava as mãos nos braços fortes de Tony, enrolava seus cabelos longos nos dedos para Tony ver, ria de qualquer coisa que Tony falasse, era insuportável, típico de uma patricinha dando encima de um garoto. Ash era uma verdadeira patricinha.
Nessa: Você tá bem?
Lucas: Tô sim.
Nessa: Nem tocou no sorvete...
Lucas: Perdi a vontade. Alguém quer?
Greg: Eu quero. – Lucas entregou.
De repente todos se calam.
Lucas: Porque vocês calaram?
Vanessa não conseguia acreditar... Não faz nem uma hora que a Ash conhece o Tony e já estava pendurada em sua boca.
Vanessa: Definitivamente ela bateu tempo recorde.
Antes de Lucas perguntar o que era, um cachorro pulou em seu colo. Lucas o acariciou. A dona do cãozinho foi pegá-lo – Ele sempre faz isso, me desculpe – Lucas saiu correndo. De longe Tony viu a cena e deixou Ashley falando sozinha. Correu atrás dele. Vanessa também ia mas Tony disse que iria só.
Tony: Lucas, Lucas espera.
Lucas: ...
Tony conseguiu alcança-lo... O segurou pelos braços.
Tony: O que foi? O que aconteceu? Você não pode sair correndo assim. Você pode tropeçar, cair.
Lucas virou e Tony pôde ver suas lágrimas. Tony ficou ainda mais preocupado.
Lucas: Eu quero ir embora.
Tony: Mas porque Lucas?
Lucas: ...
Tony: Me fala.
Lucas: Eu só quero ir.
Tony se dirigiu a turma e disse que iria.
Vanessa: O Lucas está melhor?
Tony: Não entendo o que deu nele.
Vanessa levantou – Você não sabe?
Tony: O que?
Ambos foram se afastando para falarem sozinhos.
Vanessa: O Lucas tinha um cachorro, ganhou quando era bem pequenininho. Ele era um cão guia, mas na verdade era mais que isto, ele era a vida do Lucas, os olhos dele, mas morreu. Faz um ano. O Lucas ainda não superou direito. Ele nem saía de casa, mas já sai.
Tony: O Lucas já passou por muita coisa pelo que ando sabendo. Preciso te perguntar algumas coisas, me preocupo com ele, quero saber mais da vida dele ok?
Nessa: Claro!
Ambos se despediram.
Chegando em casa Lucas foi direto para o quarto. Ligou para Vanessa.
Vanessa: Oi amor.
Lucas: Pode me dizer o que aconteceu entre meu tio e a Ash?
Nessa: O que pode ser? Ela já conseguiu pegar ele né? Pensava que seu tio iria ser um pouco difícil... Mas foi o record de tempo.
Lucas: Eles... Ficaram?
Nessa: Deram uns beijos... Olha cada beijo que vou te contar. Ela disse que vai investir, quer namora-lo.
Lucas não acreditou no que ouviu. Uma lágrima escorreu em seu rosto. Ele não falou mais nada, apenas desligou o telefone. Claro, só podia ser – ele pensava – Como seu tio iria olha-lo? Como? Ele era homem e ainda seu sobrinho. Era um garoto insignificante, cego, não tem nada a oferecer.
Lucas deitou em sua cama e chorou até dormir.
Tony foi até o quarto de Lucas mas ele já estava dormindo.
No céu se formavam nuvens, era obvio que iria chover novamente. Não demorou muito e o mundo parecia que iria acabar de tão forte que estava a tempestade. A mãe de Lucas ainda não havia voltado do seu trabalho e provavelmente com a tempestade que estava rolando lá fora, não voltaria tão cedo.
Lucas estava apavorado. Não sabia o que fazer. Estava ficando sem ar, com muito medo, suava muito, sua boca estava seca e a cada trovejada ele se assustava e tremia. Estava sentado em sua cama abraçando suas pernas e com a cabeça deitada sobre os joelhos. Lucas chorava tanto que soluçava. Chorava pela lembrança de seu cão que viera à tona por conta daquele cachorro que pulou em seu colo, por seu tio e pela tempestade que estava deixando-o atordoado. Ele soluçava e a cada trovão sentia seu coração saltar do seu peito. Não aguentou mais e correu para o quarto do seu tio que estava com seu fone no ouvido.
Tony estava no computador falando com Ashley em uma rede social. Não ouvia a tempestade pois estava ouvindo musica. Lucas entrou em seu quarto. Não estava conseguindo andar direito pois estava tonto. Estava passando muito mal, sentia dores no peito, seu coração parece que iria saltar pra fora a qualquer instante, sua boca estava seca, estava soando muito, não conseguia respirar... Estava sem ar.
Lucas com muita dificuldade: Tio Tony?
Tony não ouviu pois a música estava alta. Ria bastante das besteiras que Ash falava.
Lucas: Tio – Não conseguiu terminar a frase.
Tony olhou para a porta de relance: Ah oi Lucas?
Tony percebeu que o Lucas estava mal, foi na mesma hora em que o mesmo desmaiou, Tony largou o fone e correu para segura-lo. Lucas desmaiou em seus braços.
Tony passa a mão na cabeça de Lucas: Lucas? Lucas acorda bebê – Tony estava desesperado.
Tony pegou Luc em seus braços e colocou-o em sua cama. Não pensou em outra coisa a não ser ligar para Samanta.
Samanta: Oi Tony?
Tony: O Lucas desmaiou. O que... O que ele tem?
Samanta: Ah meu Deus... É a tempestade. Ele tem crise de pânico. Tony você estava com ele?
Tony: Eu estava com o fone muito alto no ouvido e falando com uma amiga na net. Não ouvi a tempestade. Ele veio aqui agora.
Samanta: Faz mais ou menos uns 20 minutos que começou. Mas é o suficiente. A pressão dele baixou. Molhe um pedacinho de algodão com álcool e coloque no nariz dele. Fará com que ele recobre a consciência. Depois dê uma pitada de sal. Dê o remédio dele que está no criado mudo. Tony não desgrude dele esta noite ouviu bem? Faça ele ficar calmo. Abrace-o, converse, mime.
Tony: ok. Tchal.
Tony foi ao banheiro e molhou o algodão. Chegou em Lucas e colocou para o mesmo cheirar. Lucas foi acordando aos poucos...
Tony: Calma, calma, vc desmaiou.
Lucas: Não me sinto muito bem... Vc tem q me dar um pouco de sal.
Tony: Vou buscar.
Lucas: Não me deixa aqui sozinho?
Tony: Tá bebê... Vem.
Tony pegou Lucas, escanchou em sua cintura e o levou até a cozinha. Lá o colocou sentado no galpão.
Tony: Espera um pouco. Ok? – Tony pegou o vidrinho do sal que ficava sobre o galpão da cozinha, sacudiu e caiu uma pitada em seu dedo – Tá aqui bebê toma – Nessa hora pôs o dedo na boquinha de Lucas que chupou. Ao sentir o seu dedo na boquinha quente de Lucas e ver seu rostinho chupando-o como um bebê a uma mamadeira Tony ficou meio perturbado.
Tony: Pronto! – Tirou o dedo da boca de Lucas.
Lucas: Tio Tony, Vc e a Ash estão namorando?
Tony: Não.
Lucas: O que vcs falaram lá no passeio em que a gente fez?
Tony: Sobre muitas coisas.
Lucas: Vcs se beijaram né?
Tony: Como vc sabe?
Lucas: A Nessa me disse.
Tony: Sim.
Lucas: Vc gosta dela?
Tony: Não sei Lucas, é muito cedo para dizer...
Lucas: Mas vc pensa em namora-la?
Tony: Talvez.
Lucas baixou a cabeça triste.
Lucas: Tio Tony me põe no chão?
Tony: Claro. – Tony coloca Lucas no chão.
Lucas vai andando sem falar nada.
Tony: Lucas espera, vou beber água e pegar um copo com água para vc tomar o seu remédio! – Tony ouve um suspiro. Corre para ver o que Lucas tem e o ver chorando. – Lucas o que foi bebê o que vc tem? É a tempestade não é? Sua mãe me pediu para não desgrudar de vc e eu não vou. Vamos subir.
Tony passou a noite inteira grudado em Lucas, mas não adiantou, pois Lucas estava triste, ele entendia que Tony o amava apenas como tio, cuidava do mesmo como uma criança e nada mais.
Passara-se a noite e logo de manhã Tony acorda para saber como Samanta chegou em casa já que dormiu e não percebeu.
Tony: Samanta como vc chegou em casa? Que horas?
Samanta: Ai nem me pergunte... Passei a noite com medo de vir, neste tempo é muito perigoso, só tive coragem lá pra 2:00 horas quando ví que a chuva tinha diminuído.
Tony: Fez bem. Nessas tempestades as estradas ficam muito escorregadias.
Samanta: Nem me fale. E o Lucas?
Tony: Olha, ele ficou muito agitado, chorou e tudo, mas eu soube lidar com os problemas, ando me preocupando um pouco com outras coisas.
Samanta: Com o que?
Tony: Com essas histórias de Bulliyng, não sei, fiquei um pouco assustado. Não consigo nem pensar em um garoto batendo no Lucas.
Samanta: Pois é.
Tony: em uma oportunidade vou falar com a Vanessa para saber melhor sobre o Lucas na escola.
Samanta: Mas estou mais calma, pois neste ano o Lucas vai ter vc por perto, vc estudar na mesma escola que ele, não é?
Tony: Sim. Vou cuidar dele como se fosse um bebê.
Samanta rir: Assim espero. Bem estou atrasada. Juízo.
Tony: Vou ter.
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Obg pelos comentários e desculpa qualquer erro.