AH, gente!... eu adoraria dizer que o Rafael estalou os dedos e a doença sumiu, lembro que isso passou pela minha cabeça na época, mas não aconteceu assim. Infelizmente o Rafael nem sabia que podia curar outras pessoas, lembrem, até agora (nessa linha de tempo) o Nosso quase anjo foi treinado para a batalha, para ser forte e 'mau', ele estava fortalecendo seu lado escuro, e as sombras trazem a dor... Queria dizer que no final nossos dois protagonistas viveram felizes para sempre, mas isso vocês não vão encontrar em minhas histórias (quem sabe eu não mude de ideia quanto ao felizes)... Enfim, o mundo não vai acabar (ainda)... Se mais delongas, ao conto!
Parte 25
Rafael – o que?! – senti o corpo dele tencionando.
Eu – não dá para operar, eu vou fazer a quimioterapia, mas as chances são quase inexistentes. Eu devo ter no Máximo dois anos de vida.
Agora ele deveria inventar a desculpa para me abandonar, eu fechei o olho e esperei, esperei algo que nunca veio. Ele me deixou na altura de seus lábios e beijou. Um beijo cheio de carinho, um beijo que correspondi com gosto, ele passava as mãos nas minhas costas e eu colocava as minhas no peito dele, sentindo a musculatura. Por fim fomos parando com selinhos.
Rafael – meu amor, não tenha medo, eu vou estar sempre ao seu lado. Vamos passar por isso junto, isto é, se você me quiser ao seu lado.
Eu – é claro que eu quero, eu te amo – então eu dei um sorriso e mais lágrimas rolaram, mas agora de felicidade.
Eu olhei para fora e estava escuro. Eu fiquei agarradinho no meu homem aproveitando ele, que por falar nisso tirou a camisa. Era umas sete e meia quando minha mãe bateu na porta, ela perguntou se nos íamos jantar. O Rafael disse que já estávamos indo. Fomos para o banheiro para mim ficar um pouco mais apresentável, ele me passava o sabonete e acariciando muito bem.
Demos vários beijos, ai descemos para comer e sentamos lado a lado na mesa. É claro, eu estava radiante, do jeito que fico peto do Rafael. Uma coisa curiosa que eu notei, os olhos dele agora eram claramente de cores distintas, um azul e outro verde.
Maria – realmente Rafael, você tem o poder de fazer meu filho feliz. Nem parece o Lucas dos dias antes do acampamento.
Rafael – o Lucas que me faz bem, ele me deixa feliz e deixa mais... Bom.
João – sei...
Rafael – eu queria falar na frente de vocês, eu levaria o Lucas para conhecer meus pais, mas eles já morreram então os únicos interessados além de mim e ele são vocês.
Eu – algum problema?
Rafael – de modo algum. Eu iria te pedir em namoro, mas dadas as circunstancias
O Rafael se ajoelhou ao meu lado, e puxou uma caixinha de madeira com uns símbolos esquisitos. Dentro, outra de veludo branco.
Rafael – Lucas Conte, aceita casar comigo?
Ele abriu a caixinha e revelou uma aliança, ela era linda, de ouro com entales leves que brilhavam levemente, eu conseguia ler a palavra “Incipies” gravado nela.
Lucas – Ca... Ca... casar? Mas Rafael, não somos jovens?
Rafael – como eu disse antes, eu ia te pedir em namoro, mas como as circunstancias são tão severas, por que esperar? Afinal, eu quero te dar o nome dos Augustin. Então, aceita?
Lucas – eu aceito, mas só se meus pais permitirem.
Maria – não podemos dizer que estamos felizes com sua opção, eu queria netinhos, mas se isso vai te fazer feliz vai lá.
Eu ia pegar a aliança, mas o Rafael segurou minha mão.
Rafael – toma cuidado, essa aliança foi presente de um amigo. Até agora todos que a tocara se machucaram, eu posso tocá-las, e, como são alianças, acredito que foi feita para uma pessoa especial para mim. Eu acredito veemente que você é essa pessoa.
É claro que eu achei que ele estivesse brincado, mas fiz como ele pediu, peguei com bem cuidado a aliança. Quando ele viu que nada acontecia ele a colocou em meu dedo. Eu senti um formigamento gostoso. A aliança era linda.
Maria – que lindo, deixa eu ver – e ela estendeu a mão para tocá-la – ai – ela continuou afastando a mão assim que fez contato com o anel – ela me deu um choque.
João – deixa eu ver – ele tocou ela e como a mamãe levou um choque.
Maria – porque isso acontece?
Rafael – eu não sei, mas não acontece com o Lucas e isso só pode ser um bom sinal.
O jantar prossegui sem mais perguntas, meus pais não queriam estragar minha felicidade e eu não estava realmente interessado nas respostas. A coisa certa agora era que eu estava noivo, sério, eu não esperava e só aceitei porque eu não tenho muito tempo. Já era final da noite, o Rafael e eu estávamos na minha cama, eu estava sobre o peito dele.
Rafael – Lucas quero que saiba que você é a coisa mais importante para mim.
Eu – sério? – minha mente viajou para o passado do Rafael, um passado que eu não conhecia, mas a dorzinha no fundo da minha cabeça me dizia que eram segredos realmente complexos.
Rafael – eu quero que você me conheça melhor antes de nos casarmos, todavia eu estou preocupado...
Eu – por quê?
Rafael – na verdade eu estou morrendo de medo que você me deixe depois de saber mais sobre mim.
Eu – sabe, antes de você aparecer eu estava acabado, meus pais acham que eu não percebo, porém é óbvio que eu reparei que eu estava... Morrendo, eu estava ficado mais fraco a cada semana e eu sentia isso. Meu corpo tinha dificuldade até para respirar. Ai apareceu você e... Bem, olha como eu estou.
Rafael – mesmo assim, o que eu sou, as coisas que eu fiz, as coisas que eu fiz as pessoas fazerem, eu não sou uma boa pessoa Lucas, eu sou mau, extremamente mau – eu sentia a dor na voz dele em dizer aquelas coisas.
Eu – hei! Você me ama?
Rafael – sim...
Eu – você quer o meu bem?
Rafael – sim...
Eu – você vai me machucar?
Rafael – ...
Eu – você vai me machucar?
Rafael – ...
Eu – Rafael?
Rafael – eu seria incapaz de te fazer mal... mas... Se você ficar perto de mim pode se machucar, eu machuco as pessoas, eu machuco todos que estão por perto. Em menos de um ano e já destruí a vida de dezenas de pessoas.
Eu – eu não sei se posso te pedir...
Rafael – fala.
Eu – não mata mais ninguém ta?
Rafael – eu vou tentar, por você – ele deu um beijo no topo da minha cabeça.
Eu virei e beijei a boca dele...
Continua...