Capítulo 12
Victoria fez consulta com o psicólogo, acharam melhor mudá-la de ala, pois ver o marido morto não é algo normal, acham ser um estresse traumático devido à doença dela, então vão estudar o caso detalhadamente.
A todo instante Victoria chamava por sua filha, Anna foi avisada da piora no quadro clínico de sua mãe, embora estivesse preocupada preferiu cuidar de si própria, indo ao fórum fazer um pedido para sua emancipação.
À caminho do fórum parou em um orelhão, estava com muita saudades de Rafaela, precisava ao menos ouvir sua voz, também indagar sobre a traição da entrega de seu paradeiro à polícia.
- Alô.
- Rafa, que saudade. O quê houve? Por quê me traiu?
- Trai em quê? Se está falando sobre ter aviso à polícia, passou da hora. Se mantenha em silêncio sobre algo desagradável, está entendendo?
- Sim. Quando vou te ver de novo?
- Não sei se é uma boa ideia você continuar se envolvendo comigo. Tenho assuntos inacabados e não me importa o que irá acontecer comigo depois, mas quero proteger você.
- Rafaela, está com alguém ai? Nenhuma vez usou palavras carinhosa ou usou meu nome.
- Sim, depois te conto tudo, agora preciso desligar. Se fosse em outra vida, nós teríamos uma chance.
Anna ficou revoltada com Rafaela por desligar a ligação sem direito de resposta. Após sua ida ao fórum iria para o hospital montar plantão, pois se Rafaela queria se vingar de Dyoxe teria que ir buscá-lo no hospital.
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- Como está se sentido, Michele?
- Viva.
- Sinto por você ter perdido sua mãe, não consegui controlar minha raiva.
- Por quê tanto ódio contra o Dyoxe e toda sua família?
- Porque ele tirou a minha. Meus pais foram mortos na minha frente por ele, quando ele era policial. Eu jurei vingança, ele vai confessar a inocência de meus pais que ele acusou de serem traficantes de mercadorias e de drogas, disse também que eles resistiram à prisão por isso Dyoxe se defendeu. Eu estava lá, era só uma criança que ainda acreditava em príncipes e princesas... Hoje eu acredito na lei de Deus; olho por olho, dente por dente. Aqui se faz, aqui mesmo se paga.
Michele ficou calada, argumentar sobre um homem que mal conhece. Poucos minutos depois estaria na casa de Rafaela, melhor seguir suas ordens.
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Dyoxe acordou tonto, pedindo água, sentindo dor nos ferimentos costurados. Realizaram exames, sorrindo com o resultado. Apesar dos ferimentos ser em uma região delicada, o fato dele acordar consciente ajudará muito em sua recuperação.
- Minha esposa... Onde ela está?
- Victoria está internada no hospital, teve um desgaste mental. Não se preocupe, estão sendo tratados pelos melhores médicos do país.
- Obrigado, Doutor Dimas. Anna está fazendo companhia à mãe?
- Anna ainda não chegou ao hospital, disse que virá mais tarde.
- Peça para que venha me visitar.
- Sinto muito Sr. Dyoxe a menina Anna o denunciou por tentativa de estupro, pedindo consecutivamente para o Juíz autorizar uma ordem restritiva contra você. Dyoxe você não pode mais conviver no mesmo ambiente que sua enteada.
- Isso é um absurdo! Chame meu advogado aqui, não posso deixar que esta menina mimada faça mais uma gracinha com algo tão sério.
- Sim, senhor.
- Meu celular, preciso dele.
- Seu celular não foi encontrado no local do resgate. Posso providenciar um novo.
- Faça isso imediatamente.
Dyoxe se preocupou com a polícia estar de posse de seu aparelho de celular, deles puxarem seus telefonemas recentes e descubrir parte de alguns crimes que ele cometeu.
Com o novo celular ligou para Paula, quem atendeu o celular foi um homem de voz grossa. Desligou o celular sem falar uma única palavra, só rezava para que sua filha estivesse bem. Tinha consciência de todo mal praticado por ele, sua filha não merecia pagar por seus pecados.
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Seo Zé foi chamado na delegacia para prestar depoimentos, notaram seu ferimento na cabeça, perguntando a causa.
- Foi um acidente, escorreguei e caí no banheiro enquanto tomava banho. Coisas da idade, sabe? - Sorriu.
- Qual seu envolvimento com Rafaela Silva?
- Ela trabalha em meu estabelecimento, uma padaria na área nobre da cidade. Inclusive foi eu quem forneci mais da metade dos quitutes servidos na festa de casamento dos Rottler.
- O Senhor não foi visto por nenhum empregado que trabalhou na festa.
- Justamente antes de ir para a cerimônia eu me machuquei, cheguei lá com sono devido aos medicamentos que tomei no posto de saúde, Rafaela foi trabalhar e eu fiquei descansando na Van, por isso não fui visto por ninguém exceto a menina Rafaela.
- Seu interesse por Rafaela é estritamente profissional? Ela é uma moça muito bonita.
- Rapaz, eu a considero como uma filha. Não sei qual a história de vida da menina Rafa, só sei que ela apareceu assustada com uma mala na minha padaria um dia, ela mal podia pagar uma refeição. Eu estava com menos empregados que o habitual, um de meus clientes a confundiu com uma garçonete e lhe fez o pedido, ela o atendeu com toda gentileza. Me pediu um emprego, eu a contratei. Até hoje não houve motivos para desgosto com esta menina.
- Muito bem, está liberado. Cuidado Seo Zé, algo me diz que Rafaela Silva não é tão inocente o quanto tenta parecer.
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- Este será seu quarto a partir de agora.
- Rafaela você pode me descrever o quê tem no quarto?
- Sim. Você está sentada na cama, à sua direita tem a janela, embaixo da janela tem uma mesinha com uma jarra de água, um copo, um vasinho de planta artesanal. É um girassol de plástico. À sua esquerda é a porta, antes da porta tem um guarda-roupa de duas portas.
- Se não for muito abuso, eu posso pedir para você trazer a televisão para o quarto? Eu gosto de ouvir os desenhos, programas de culinária e filmes.
- Pode sim, mas antes eu quero que você faça uma coisa pra mim.
- O quê?
Rafaela levou Michele para outro cômodo, a ajudou a se sentar em uma cadeira, amarrou seus pulsos com uma braçadeira de couro. Explicou que iria gravar um pequeno vídeo para mostrar ao pai dela, o rosto de Michele estava bem machucado, inchado, para simbolizar ser recentes os machucados Rafaela jogou uma mistura de chocolate com beterraba batido no liquidificador no rosto e camisa de Michele.
Quem a olhasse acreditava ser sangue saindo do machucado. Ainda mandou Michele pedir ajuda para a câmera.
- Corta. Ótimo! Agora vou te levar para o banheiro, quando voltar para o quarto a televisão vai estar lá.
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Dyoxe recebeu a visita de seu advogado, soube que era verdade a queixa de tentativa de estupro, já se imaginou sendo "mulherzinha" dos presos na cadeia. Assinou o cheque para pagar o advogado, assim que ele saiu Dyoxe recebeu uma mensagem multimídia.
No vídeo sua filha pedia socorro para ele, toda machucada, no final da filmagem uma pessoa encapuzada aparecia falando que alguém iria buscá-lo no hospital e ele deveria ir sem contestar ou do contrário iria cortar a cabeça de Michele para mandar à Dyoxe de presente.
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Anna entrou na sala do Juíz Alves Souza, sentou em sua frente com o pedido de emancipação para administrar seus bens materiais.
- Novamente a Senhorita com este pedido. Passou recentemente por psicólogos?
- Antes ou depois de eu quase ser estuprada pelo Dyoxe na festa de casamento dele?
- Esse caso ainda não foi a julgamento não pode pesar como prova em minha decisão.
- Minha mãe está doente, não poderá administrar minha herança, eu não posso permitir que Dyoxe seja o meu tutor.
- Anna Rottler, você é uma moça muito decidida, tem bons argumentos, mas antes de tomar qualquer decisão preciso falar com sua mãe.
- Minha mãe está internada na mesma clínica que o Dyoxe, eu já iria lhe fazer uma visita assim que saísse daqui. Quer me acompanhar?
- Sim.
O hospital era perto do fórum, foram andando pela calçada da avenida.
Victoria estava sedada não podia receber visitas, o Juíz e o Doutor psicólogo tiveram uma conversa de quinze minutos.
- Em 24 horas a papelada estará pronta. Anna Rottler, faça bom uso de sua herança.
- Obrigado.
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Na saída do hospital Alves Souza trombou com Rafaela vestida de enfermeira, estranhou o fato de uma enfermeira estar servindo mesas na recepção da família Rottler. Chamou por ela, Rafaela fingiu não ouvir, entrou no elevador. As portas do elevador se fecharam, apertou o botão 3 e esperou a subida rápida.
Ao sair do elevador ficou de frente com o balcão da recepção do andar, pediu uma cadeira de rodas, depois foi para o quarto de Dyoxe.
- Mas aquela ali não é a Rafaela? - Anna se perguntou.