Cap.2
Ele era moreno, era alto, todo encorpado e largo, tinha uns olhos castanhos, estava usando gorro e um moletom. Ainda não tinha visto ele ali. Ele entrou de cabeça baixa, andou um pouco, olhou seu nome na lista da turmas, e subiu a escada.
- Quem é esse garoto ?- perguntei
- Não sei- Augusto chegou mais perto do meu ouvido e falou- já quer né ?
- Deixa pra lá- falei, com um sorriso de canto. Mas estava intrigado pra conhecer aquele novato. Passamos mais um tempinho ainda observando as novidades, até subirmos. Ainda rindo e conversando, ao entrar, dou de cara com aquele garoto da entrada. Ele estava sentado bem no canto da sala, no fundo, parecia mexer no celular. Me sentei aonde sempre sentava, no lado esquerdo, na frente, colado na parede. Gostava de virar a cadeira e sentar sempre de lado. Aos poucos isso virou mania na minha sala, todos que sentavam nos cantos sentavam de lado. Me sentei e fingi que nada acontecia, mais a verdade é que eu não conseguia tirar os olhos do tal novato. Ele olhava pra o horizonte, através da nossa janela, parecia pensar, estar longe e ao mesmo tempo perto. Foi ai que pudi notar alguns dos seus traços. Ele tinha uma boca pequena, seu rosto era praticamente sem espinhas, tinha um nariz bem afilado. Ele era bem bonitinho. Parecia aquele ator, Stephan Bender. Logo o professor chegou. Todos os outros entraram, e a sala ficou lotada. Muitos, assim como eu, estávamos curiosos pra saber quem era aquele misterioso garoto. Antes, um clichê de aula.
- Olá alunos, meu nome é Eduardo, Dudu pra os íntimos, sou prof de Filosofia, tenho 22 anos, não fumo nem bebo, sou casado, hetero, só um aviso para os gays- ele riu, convencido esse prof- então, agora que vocês me conhecem, quero conhecer vocês !- a sala fez um "ahhhhhh" coletivo- sem chororo, de um por um aqui na frente, começa por você- falou, apontando pra mim. Me levantei, quase me arrastando, e fui na frente da turma.
- Bem, me chamo Pablo Augusto, tenho 16 anos, moro no bairro xxxxx, também não bebo e nem fumo, gosto muito de músicas, e de romances- falei tentando ver a reação do novato. Antes, ouvi uma gracinha.
- Do que você gosta ein ? Homem ou mulher? - adivinha quem perguntou, o furacão Danilo
- Pergunta pra sua mãe que ela te responde direitinho !- falei. Ele ficou irritado. Olhei para o novato, ele deu um sorriso super fofo e tímido que eu quase desmanchei ali mesmo →←. As apresentações continuaram, até chegar a vez do tal novato, que logo deixaria de ser tal novato. Com as mãos nos bolsos, ele saiu da sua cadeira, meio curvado, e veio na direção da frente.
- Bem. Meu nome é Angel, tenho 15 anos, ainda não sei o nome do bairro em que moro, antes eu morava na Argentina, por isso não estou muito habituado com esta enorme cidade, eu adoro ler, ver séries e filmes românticos, é meu passatempo preferido- falou, olhando pra mim. Mas como sempre, o terremoto Danilo não ficava de boca fechada.
- Olha aí Pablo, esse garoto combina com você, aproveita e perde o BV menino- todos riram, e me deu uma vontade de jogar a mesa nele de tanto ódio. Angel baixou a cabeça, e seguiu até a sua cadeira. A partir dali, a aula seguiu rapidamente. Os professores ficaram falando de como iriam nos avaliar, sobre os assuntos de todo o ano, até bater o intervalo. Desci com os meus amigos. Costumava ficar sentado na quadra, e era o que eu iria fazer aquele dia. Fui direto pra lá, e fiquei conversando com Augusto. Ane foi ver seu namorado.
- Sério que você tem aquela música Augusto, eu adoro ela, me passa !- falava, já ligando meu Bluetooth. Mexia no celular, quando desvio o meu olhar, o garoto estava passando na nossa frente, com uma lata de refrigerante, se sentou bem no canto, e lá ficou.
- Ei, ou !- foi quando prestei atenção em Augusto- vai ficar prestando apenas atenção nesse novato agora Pablo.
- Vai te fuder !- falei, o empurrando levemente.
- Ele parece ser muito tímido !
- Pois é, percebi isso também !
- Dã, besta !- falou, dando um tapinha na minha nuca- me senti excluído hoje, você ficou apenas dando atenção pra esse novato.
- Ochi, mas eu nem falei com ele.
- Mas pensou
- Você não lê meus pensamentos- falei sorrindo
- Mano, não sei se percebeu, mas a gente é amigo do tipo que se eu chegar na sua casa, o wifi conecta automaticamente !- ri dessa doidera- então eu sei quando você fica interessado em algum garoto
- É
- Viu, você se enrola sozinho.
- Epa, pera... eu...
- Assume logo Pablo !- ele falou, rindo
- Tá, eu achei ele bonitinho, satisfeito, planeta Terra, que não consegue passar um dia longe do sol aqui kkkkkk- essa era a minha amizade com Augusto. Por isso entendem por que somos melhores amigos. O resto da aula passou rapidamente de novo (clichê de primeiro dia detected) e enfim deu a hora de ir embora. Eu não gosto de ficar conversando então, peguei logo o meu caminho. Fui andando, só de boa, até chegar numa lanchonete que vendia um pudim que eu amava. Então, comprei, óbvio. E continuei andando, comendo. Quando olho pra frente, vejo um corpo conhecido. Forcei um pouco a vista e vi que era o novato.
- Ué, ele mora perto da minha casa ?- pensei. Continuei andando, até que vi ele subir uma escada, na casa ao lado da minha. Subi as escadas da minha casa, ainda olhando pra ele. Ele olhou pra trás, me viu, e deu outro sorriso de canto de rosto. Novamente, me derreti demais e quando vi, estava estabanado no chão. Havia tropeçado sem perceber- merda !!!!- olhei novamente pra casa dele, pra ver se ele tinha me visto fazer essa idiotice, ao ver que não, corri pra dentro de casa. Aquele horário não tinha ninguém lá, e eu aproveitava pra ouvir as minhas músicas favoritas. Ligava a TV e botava bem alto Katy Perry, Coldplay, Adele pra tocar, e ficava cantando como um idiota( qualquer um que visse aquilo ia pensar que eu era um retardado mental de quinta categoria). Comia algumas besteirinhas na cozinha e subia pro meu quarto. Tirava toda aquela roupa e aproveitava pra acessar a net. Ouvi um barulho de carro e fui ver pela minha janela o que era. Não era na minha casa. Era na do vizinho. Uma mulher tinha acabado de entrar na casa, e ele estava lá fora, recebendo. Parecia ser parente. Continuei olhando ele da janela da minha casa. E de repente, uma luz clareia o quarto de janela de frente pro meu. Um corpo aparece, só vejo a sombra. Começa a tirar sua camisa, e é quando eu percebo que era o tal garoto. Eu estava fascinado por ele.
Continua
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