Mantive-me fixo nos olhos de Felipe, enquanto Renato me puxava para trás. Ele estava tão assustado quanto eu. Depois de me jogar para trás, Renato avançou em cima de Felipe, pronto para lhe sentar a mão. Não sei de onde tirei forças, mas consegui me levantar e jogar Renato no chão antes que conseguisse tocar um dedo em Felipe.
Na sequencia me joguei em cima do corpo nu de Felipe, não deitado, mas em uma postura defensiva.
— Não vai fazer nada com ele — disse olhando para os olhos furiosos de Renato, ele estava se levantando. — Eu que procurei e comecei. Felipe tinha tomado banho e se deitou de toalha e acabou dormindo, quando sai do banho o encontrei assim, então resolvi... — sei que não precisava dizer o resto. Agora só esperava que Renato batesse em mim, não em Felipe.
— Eu falei para não encostar-se a ele — bufou Renato me jogando de costas do outro lado. Enquanto tentava me levantar ouvi o som de alguns golpes. Ao virar-me vi que Felipe tinha se sentado e armado dos pés para bater em Renato, caso este viesse para cima de dele. O rosto de Felipe estava vermelho, e o olho meio fechado.
— Eu não tenho culpa de nada — disse Felipe cerrando os punhos. — Ouviu o que ele disse.
— Ah, que legal — Renato o lançou uma cara feia que mostrava, sem sombra de duvidas, que não tinha nada de legal ali. — Você deveria ter tirado ele do seu pau, não deveria nem ter gozado na boca do meu precioso.
— Ele não te ama — Felipe começava a falar merda. — E sei que ele não é feliz com você, pode me matar por apenas seguir meu coração, mas eu faria tudo de novo. Pois sei que comigo o Enzo tem a felicidade que não tem com você.
Renato ficou calado, fungando lentamente. Lançou um olhar para mim. Acho que agora estava filosofando sobre sua promessa de: nunca mais me bater. Certamente ele levava as promessas como coisas momentâneas, mas para minha sorte não avançou em minha direção. Caminhou até a porta. Quando estava quase saindo se virou para trás, me encarou, depois encarou Felipe e para este ele disse "Eu vou ter minha vingança". Logo depois foi para a sala.
— Você está bem?— perguntei para Felipe. O puxando para ficar de frente comigo. Seu olho agora estava começando a ficar roxo. — Aquele filho da puta — disse passando a toalha sobre a boca vermelha de Felipe.
— Obrigado Enzo. Eu quem o mandou me chupar, cobrei isso de você e no final tomou toda a culpa — disse Felipe me abraçando. Ainda estávamos pelado e seu pau mole roçou minha barriga.
Coloquei minha mão em seu peito e disse: — vamos nos trocar.
PESSOAS, AGORA A HISTÓRIA VOLTA NO PASSADO.
Estava na aula de educação física, e o treinador nos separou em duplas. Dois homens e duas mulheres. Tentei fazer dpbla com Felipe, é claro. Mas o Sr. Arthur, disse em uma voz seca:
— Vocês ficam juntos por mais tempo que as meninas ficam, está na hora de se socializarem — isso provocou alguns risos das meninas que eram nossas amigas.
Ao invés de fazer par com Felipe, me foi designado outro cara. Harry Mazzaro. Ele tinha entrado na nossa turma no começo do semestre e não éramos nada amigos. O treinador levou ao pé da letra a expressão "socializar-se".
— Agora meninos e meninas, quero ver um belo trabalho em equipe e sem trapaças — disse o treinador segurando o apito. Logo depois deu o sinal para começarmos a correr. Os meninos primeiro, depois seriam as meninas.
Era simples: dar duas voltas no campo de futebol. Quando terminei minhas duas voltas, bati na mão de Harry, que saiu correndo logo depois. Quando me sentei para tomar água, Felipe acabara de dar o tapa na mão do seu parceiro e foi ao meu encontro.
— Não gosto nada daquele sujeito — disse ele apontando para Harry com a cabeça.
— Está com ciúmes? — perguntei. Não pude deixar de rir da cara de Felipe.
— Claro que estou, mas... Enzo — ele me trouxe de volta. Meus olhos estavam perdidos no corpo de Harry. — Ouvi dizer que ele é igual à gente, mas fica com meninas para disfarçar. E soube que foi expulso da outra escola por bater no colega de classe. Colega de classe gay. Não ficaria surpreso se soubesse que ele comeu o cu do cara e depois não quis nem conversa com ele.
— Quem te contou tudo isso? — indaguei me levantando. Harry estava quase terminando de dar a segunda volta.
— Não interessa. Mas não quero que se misture com esse tipo de cara. Eu posso não estar perto para te defender — dito isso Felipe correu até seu parceiro, que acabara de ganhar a tal corrida de dupla.
Depois que Felipe se afastou fiquei refletindo sobre o que me disse a respeito de Harry. Ele não parecia ser do tipo agressor. Eles nunca parecem. Fiquei curioso para saber mais sobre ele, então peguei a fixa do treinador que estava ao lado das águas.
Harry Adams Mazzaro. Idade: 18 anos. Peso: 75 quilos. Altura: 1,78. Branco. Tipo físico: atlético. Melhor esporte: futebol.
Joguei a fixa onde estava quando percebi que Harry avançava em minha direção, ou a direção das águas, o que acho mais provável.
— Quase ganhamos, mas infelizmente não fui rápido o bastante — disse ele ainda respirando com dificuldade.
— Eu nem ligo para esses testes do Sr. Arthur — disse dando e ombros e jogando uma garrafa para Harry. Ele a pegou no ar com perfeição e abriu um sorriso.
PESSOAS, AGORA A HISTÓRIA VOLTA PARA O PRESENTE.
Sexta-feira chegou. Fazia 24 horas que Renato tinha me pego limpando o resto de gozo do pau de Felipe. As coisas não estavam nada boas, e depois da última discussão, Renato tinha dado até segunda-feira para Felipe ir embora. Então eu tinha que ir hoje mesmo ao velho cemitério.
A decisão de Renato, por outro lado me ajudou e muito. Pois Felipe disse que iria para outra cidade no sábado de manhã, era a última chance de ver o irmão. Ele não hesitou quando disse que deveríamos ir.
No caminho vi que o tempo estava mudando. O inverno se aproxima e as nuvens carregadas começavam a rodear a cidade. Na TV dizia que teríamos neve logo na próxima semana. O que dificultava ainda mais meu plano.
— Chegamos — disse Felipe depois que andamos por varias lápides.
O irmão de Felipe estava na parte sul do grande e velho cemitério. O lugar era cheio de reservas e quando essas acabassem ninguém mais iria descansar ali e sim no novo cemitério. Grandes prédios cercavam o lugar, o que deixava o ar parado e pesado.
Segurei firme na mão se Felipe, depois lhe entreguei a rosa branca que trouxe do portão principal.
— Tudo bem se chorar — disse o vendo segurar algo na garganta. Ele deu um sorriso amarelo e depois se abaixou para colocar a rosa. Foi nesse momento que percebi a pequena foto ali em baixo. Era o irmão de Felipe, mas na verdade parecia uma foto minha tirada ha alguns anos.
Enquanto Felipe colocava a flor, minha cabeça trabalhava. A senhora do cachorrinho disse que o corpo tinha sido enterrado no mesmo local que o resto da família. Então Bernardo deveria estar aqui perto, pois aqui eram as lápides mais recentes. Comecei a andar pelos túmulos.
— Aonde vai? — perguntou Felipe me olhando de baixo. Sua voz estava triste, me segurei para abaixar e lhe dar um abraço.
— Andar... — disse lhe lançando um sorriso.
Fiquei de cabeça baixa, lendo os nomes e as datas. Por sorte eram poucas, a população de massa deveria ficar no novo cemitério. Cheguei ao final da fileira, estava na segunda, quando meu chão se abriu e eu cai num abismo sem fundo.
BERNARDO CHERMAN — 25 DE NOVEMBRO DO ANO DE 2013.
Eram essas as letras sobre a placa de ferro presa ao concreto da lápide. Finalmente meu plano tinha se concluído. Consegui achar o corpo de Bernardo. Automaticamente sua imagem fluiu na minha mente.
Cai de joelhos sobre a calçada de pedras. Comecei a chorar e soluçar. Uma chuva fina caiu sobre minhas costas. Senti a mão de Felipe me levantando.
— Precisamos ir — disse ele olhando meus olhos, depois olhou para a lápide. — Não sabia que tinha parentes aqui.
— Um velho amigo — disse limpando meu rosto, molhado pela chuva e pelo choro.
PESSOAS, AGORA A HISTÓRIA VOLTA DE NOVO.
Parece que todos os professores estavam adotando o método de socialização do Sr. Arthur. Na aula de biologia, a Srta. Pâmela, também nos mandou se sentar em lugares diferentes. Como não tinha Felipe, ia Harry mesmo, pelo menos já havia feito dupla com ele.
O trabalho de biologia não era nada fácil, e com certeza precisávamos do tio Google para nos ajudar. No final Harry e eu chegamos a um acordo: iríamos fazer o trabalho em casa, na casa dele, para ser mais específico.
— Não acredito no que está me falando — protestou Felipe quando nos encontramos no portão da escola. Eu acabará de dizer que não iria para casa com ele, pois estava indo para a casa de Harry.
— Ele não é nenhum louco — disse acenando para Harry. Ele nos observava do outro lado da rua.
— Enzo, você é maluco — disse Felipe ficando do outro lado da rua.
Quando chegamos à casa de Harry, ele trouxe suco e bolachas. Enquanto eu comia, ele começou a tirar a blusa. Depois pegou o laptop de cima da escrivaninha e o colocou no colo, após se sentar na cama.
— O que devo procurar? — perguntou ele olhando para mim.
Engoli o que mastigava.
— Hummm, sobre os anfíbios. Precisamos saber o habitat natural e o comportamento em relação aos predadores. Para começar é isso, depois tem mais coisas.
— Que chatice — disse Harry teclando no laptop. Dei um sorriso para ele e terminei meu suco.
Depois de uma hora anotando coisas e pesquisando, até eu estava achando aquele negócio uma chatice. Trabalhos de 15 paginas sempre são um saco.
— Chega disso — disse Harry colocando o laptop de lado. Acenei com a cabeça e fechei o caderno.
— Não fizemos nem 10 paginas — disse desanimado. Ficamos em silencio por algum tempo, o que acontece quando não se conhece a pessoa.
Harry ficou olhando para mim, não exatamente nos meus olhos. Ele olhava meu corpo. O encarei e perguntei: — que foi? — ele sorriu e deu de ombro. Lembrei-me do que Felipe tinha me dito.
— Você já ficou com garotos? — perguntei baixo.
Harry não pareceu surpreso, ficou me olhando.
— E você, já? — ele perguntou e se aproximou de mim ao mesmo tempo. Seus lábios frios tocaram os meus. Antes que ele começasse a chupar minha língua, o afastei.
— Eu não quero te beijar. Só fiz uma pergunta, e estou saindo com outro cara.
— Ele não precisa saber — disse Harry, insistindo em me beijar, não tive muitas forças para mantê-lo longe.
— Pare! Está me machucando! — pedi sentindo sua mão prender meu braço com força. E seu peso tinha caído sobre minha perna.
Harry parecia não ter ouvido nada. Sua língua entrou na minha boca, a mordi. Ele se irritou e deu um tapa na minha cara. Não parando por ai, me deitou sobre sua cama, e começou a abrir meu short. Tentei impedir, mas ele segurou minhas mãos. Quando vi já estava com o pau para fora e com a bunda sendo levantada. Ele olhou para mim com um sorriso falso e abriu seu próprio short. Um pau saiu de sua cueca. Harry colocou uma mão no meu pescoço e outra no pau, depois abriu minhas pernas e entrou no meio. Seu pau nojento estava entrando no meu cu, sem saliva, sem gel. Simplesmente no pelo. Aquilo estava me machucando.
— Sai de cima dele — disse Felipe dando um soco no rosto de Harry. Não sei de onde Felipe surgiu, e estava ocupado de mais para perguntar. — Eu te disse que esse cara era encrenca, pegue suas coisas — Felipe deu um chute na barriga de Harry, ele estava caído no chão. — E você, nunca mais encoste um dedo no Enzo. Ele é meu!
Quando terminei de colocar minha roupa e pegar meus livros, sai da casa de Harry, ao lado de Felipe. Sua bicicleta estava encostada no muro.
— Ele não é nenhum louco né? — perguntou Felipe com um sorriso debochado.
— Cala a boca e vamos embora — Subi na traseira e partimos.
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Achei que ninguém iria ver isso, mas finalmente o Vi(c)tor, viu que eu mudei as letras do titulo do conto.
Listinha de pessoas legais: kaduNascimento , LaaLah, CrisAC, fabi26, Peludodf, #Edu. Que sempre tão dando sua opinião no conto.